segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

UMA CANTINA NO TOPO DA LEMBRANÇA.

E no centro da cidade. Rua Santos Dumont em Crato, um município que não pertence a nenhum Estado, é o umbigo de toda uma macrorregião. Qualquer ponto no litoral nordestino fica distante em torno de 700 quilômetros. O seu corpo físico é um abraço ao Piaui, Pernambuco e Paraíba. O Maranhão é num amanhecer, o Rio Grande do Norte num Entardecer e Alagoas na metade da noite.

A Bahia é num território mítico da cultura e Sergipe a ancestralidade. Como diploma de sucesso na civilização pós-valor da terra, os lustre as luzes se encontrava em Recife. No Recife como dizem. A Bahia uma lembrança de ser médico. O Rio o destino da política e da arte. Fortaleza o lugar para o qual os políticos eleitos se diplomavam.

Melhor não podia descrever o Crato. Agora falta a Cantina. E não espere algo italiano no sentido da refeição pronta. Mas no sentido do mercadinho, da mercearia, da bodega e, portanto, já se destacava pelo nome. Mas fique no terreno da Mercearia como adereço, a que falo é sobre refeição, inclusive.

E qual refeição? No campo o prazer de acordar com leite recém chegado do curral, café moído e feito na hora, um pedaço de queijo coalho assado na brasa e cuscuz. Com leite, encharcado de leite. Colheradas num e gole no outro.

Então vou ao Crato, aluno das pernas arranhadas por garrancho na beira da caminhada e ao encontro do mundo de gente que descobre novos mundo. Entre eles, dois irmãos, Wilson e Veím, a falar sobre os desassombros da vida urbana. Das horas que se esticam no entremeado de vidas e domicílios. Nos cinemas, nas praças, nas calçadas, no rádio e até numa radiadora.

Então na hora do recreio. Uma novidade. Na Cantina Oliveira tem uma "merenda" especial. E não era perto do colégio. Mas íamos. Um grupo até o burburinho da grande freguesia. O enche e seca pratos. O ocupa e desocupa banco em enormes mesas.

E ali algo tão normal nos tempos de comida a quilo, de buffets, destas misturebas de tudo com tudo. Um tempo em que as associações alimentares eram verdadeiramente canônicas. Um tempo em que o que estivesse em certas panelas não se somada ao conteúdo de outras.

E na Cantina Oliveira uma mistura com a força da cultura local, mas nunca antes experimentada, pelo menos para o jovem comensal. Ambas fumegantes dos recipientes que a cozinharam diretamente ao nosso prato: uma base de cuscuz daquele milho da cor intensamente alaranjada e com uma carne moída cuja receita ficou lá no topo da lembrança.

Na Cantina Oliveira.

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