sábado, 18 de junho de 2016

FILHOS SÃO COMO NAVIOS (Içami Tiba)

Ao olhar um navio no porto, imaginamos que ele esteja em seu lugar mais seguro, protegido por uma firme e indestrutível âncora. Mal sabemos que ali está em preparação, abastecimento e provisão para se lançar ao mar, ao destino para o qual foi criado, indo de encontro das próprias aventuras e riscos. Dependendo do que a força da natureza lhe reserve, poderá ter que desviar de rota, traçar outros caminhos ou procurar outros portos alternativos. Certamente retornará fortalecido pelo aprendizado adquirido e mais enriquecido pelas diferentes culturas percorridas. E haverá muita gente no porto à sua espera.
ASSIM SÃO OS FILHOS.
Estes têm nos pais o seu porto seguro, até que se tornem independentes. Mas, por mais segurança, sentimentos de preservação e de manutenção que possam sentir juntos aos seus pais, eles nasceram para singrar os mares da vida, correr seus próprios riscos, viver suas próprias aventuras, traçar o próprio destino. Certo que levarão consigo o exemplo dos pais, o que eles aprenderam e os transmitiram, bem como os conhecimentos da escola; mas a principal provisão, além das materiais, estará no interior de cada um: a capacidade de ser feliz.
Sabemos, no entanto, que não existe felicidade pronta, algo que se guarda num esconderijo para ser doada, transmitida a alguém. O lugar mais seguro que o navio pode estar é no porto. Mas ele não foi feito para permanecer ali. Os pais também pensam ser o porto seguro dos filhos. Mas não podem esquecer do dever de prepará-los para navegar mar adentro e encontrar o seu próprio lugar, onde se sintam seguros, certos de que deverão ser, em outro tempo, este porto para outros seres. Ninguém pode traçar o destino dos filhos, mas deve estar consciente de que na bagagem devem levar VALORES herdados, como: humildade, respeito, humanidade, disciplina, honestidade, gratidão e generosidade.
Filhos nascem dos pais, mas devem se tornar CIDADÃOS DO MUNDO. Os pais podem querer o sorriso dos filhos, mas não podem sorrir por eles; podem desejar e contribuir para a felicidade dos filhos, mas não podem ser felizes por eles. A felicidade consiste em ter um ideal a buscar e ter a certeza de se estar dando passos firmes no caminho da busca. Os pais não devem seguir os passos dos filhos e nem devem estes descansar no que os pais conquistaram. Devem os filhos seguir de onde os pais chegaram, de seu porto e, como os navios, partirem para as próprias conquistas e aventuras. Hão de singrar “mares calmos e tormentosos” e saberão vencê-los pelas valiosas lições recebidas dos pais. Mas, para isso, precisam ser preparados e amados, na certeza de que, quem ama educa.


COMO É DIFÍCIL SOLTAR AS AMARRAS."

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