sexta-feira, 27 de dezembro de 2019

O PODER E A FORÇA DA TV - José Nilton Mariano Saraiva

Basta um rápido click no controle e lá estão elas: simpáticas, normalmente bem afeiçoadas, impecavelmente “produzidas”, sorriso no rosto e dicção perfeita. São as apresentadoras dos telejornais de certa emissora de TV, aqui de Fortaleza.

De princípio, um tanto quanto tímidas, aos poucos vão pegando os “macetes” da profissão e começam a se soltar, findando, em pouco tempo, por nos apresentar não só a beleza física, mas também um trabalho de boa qualidade, competência e, às vezes,  corajoso (uma delas, recentemente, numa reportagem sobre o circo, se meteu dentro de um daqueles “globo da morte” e ficou ali, estática, enquanto duas possantes motos zanzavam a toda velocidade em torno dela).

Um detalhe, no entanto, as caracteriza (pelo menos parte delas) e não é preciso ser tão observador pra constatar: apesar de todo o treinamento e técnica que adquiriram a fim de se habilitarem a se postar diante das câmaras (que inclui até a forma como se deve empunhar um microfone), com a diária exposição midiática não mais que de repente, elas não se seguram ou “esquecem” momentaneamente tudo que aprenderam e fazem questão de orgulhosamente nos mostrar a consequência e produto do trabalho: uma “argola” no dedo.

De ouro puro, normalmente grossa e polida o suficiente pra ser visualizada a quilômetros de distância, enfiada no dedo anular da mão direita (a que segura o microfone), como a nos anunciar: “AQUI, BICHO, TÔ NOIVA”, VIU ???

A coisa é tão séria que, recentemente, uma delas chegou a convencer o próprio “chefe” a comparecer ao programa esportivo que apresenta, a fim que anunciasse ao vivo e a cores que ela estava noiva.

O que impressiona, entretanto, é a velocidade com que a tal “argola” transmuta-se da mão direita pra a mão esquerda e a “necessidade imperiosa” que elas sentem de – mesmo  destras – empunharem o tal do microfone agora com a mão esquerda, como a nos anunciar (num silêncio ensurdecedor): “OLHA AÍ, CARA, CASEI, SACOU, ???”.

Mas, como o número de fãs é expressivo e o assédio certamente que idem, de repente lá estão elas no vídeo trocando INCESSANTEMENTE, até de forma acintosa, o microfone de mãos, como se fizessem questão de mostrá-las agora sem nenhuma “argola”, só nos faltando gritar: “E AÍ, BONITÃO, TÔ LIVRE, PODE CHEGAR JUNTO”. 

E como a vida continua, dentro de pouco tempo a história recomeça numa velocidade impressionante: a “argola” na mão direita, transferência para a mão esquerda e, de repente... tomou doril, a “argola” sumiu.


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