quarta-feira, 17 de junho de 2020

O "DESPERTAR" DO DRAGÃO - José Nilton Mariano Saraiva


Em obediência ao “misticismo” que caracteriza sua milenar cultura, a República Popular da China optou pela figura de um imponente “dragão” para representá-la. E esse dragão, após uma longa e quase interminável noite de sono, despertou; e despertou disposto a recuperar o tempo perdido, provocando um autentico terremoto global.

Como metade do mundo e a outra banda sabem, 40/50 anos atrás o que conhecíamos a respeito da China é que se tratava de um país de dimensões continentais e que abrigava a maior população (de “olhos puxados”) do mundo (hoje, algo em torno de 1,4 bilhão de pessoas) e comandada com mão de ferro pelo “revolucionário” Mao Tse Tung.

Eis que (não mais que de repente), quando resolveu implementar um misto de “socialismo-capitalista” (pra lá de paradoxal, não ???), a China explodiu e assustou a humanidade e, dúvidas não tenham, daqui a pouco assumirá a condição de maior potência do mundo (se já não o é), deixando para trás Estados Unidos, Japão e outros).

O segredo disso tudo tem a ver com a “mão de obra” sobrando e barata, investimento pesado na educação, e a necessidade premente de se inserir na cadeia produtiva capitalista, objetivando produzir “rendimentos de escala”.

Para os menos íntimos nos fundamentos da ciência econômica, a variável “rendimentos de escala” é a determinação de se produzir priorizando a “quantidade”, de forma que o custo se reduza ao final do processo produtivo, possibilitando uma considerável diminuição no preço final; ou seja, pratica-se propositadamente um preço baixíssimo, aparentemente impossível de ser exercitado, de modo que o produto “rode” bastante (tenha saída), fazendo com que o rendimento obtido na “quantidade vendida” se sobreponha à sua venda em “menor quantidade e por um preço elevado”.

O resultado está aí: em qualquer cidade do mundo, tanto numa visita aos mais sofisticados shopping centers e lojas de departamento, quanto na birosca da esquina de um chinfrim bairro periférico, “batemos de frente” com uma infinidade de produtos “made in China” (o que leva os não conhecedores dos “rendimentos de escala” a se perguntarem: como é que pode, um negócio ser fabricado lá “do outro lado do mundo” e ser vendido aqui por um preço tão baixo; tem produto vendido a R$ 1,99, por incrível que pareça).

Para tanto, lá atrás a China formou um verdadeiro exército de executivos de alto nível e os distribuiu mundo afora, com a ingente missão de “catalogar” quais produtos eram produzidos nas mais diversas áreas; assim, quer você queira um prosaico cortador de unhas ou um smartphone top de linha, um alfinete diminuto ou um computador último tipo, um foguete espacial ou uma simplória baladeira, de tudo a China produz e exporta em quantidade (alguns, às vezes de qualidade duvidosa).

Pois foi a partir da visão de estadista do então presidente Lula da Silva que o Brasil literalmente “descobriu” a “comunista” China; primeiramente, ao se “libertar” das garras dos “xerifes do mundo” (norte-americanos, que até então, sob Fernando Henrique Cardoso, mandavam e desmandavam por essas bandas).

Num segundo momento, sabedor que a China teria uma extraordinária importância para a arrancada do Brasil rumo à condição de potência mundial, já que um carente e potencial mercado consumidor de um portfólio de produtos que tínhamos condições de supri-la com sobras, despachou uma bem treinada missão diplomática com o intuito de mostrar tudo isso e estreitar os laços de amizade.

Bingo. Hoje (pelo menos até recentemente), a China se transformou no principal IMPORTADOR dos produtos brasileiros (petróleo, produtos agrícolas, pecuários e por aí vai) e até um Banco de Desenvolvimento, congregando as principais potências emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul – BRICS) foi fundado, visando fortalecer e alavancar os interesses recíprocos.

No momento, lamentavelmente, aconselhado por seus “filhos-numerais” (01, 02 e 03) o mentecapto (00) que por um aborto da natureza está Presidente do Brasil, já reatou com os gringos e mostra disposição de romper de vez com os “comunistas” chineses.

Assim, depois de uma “construção” tão trabalhosa e difícil comandada por um estadista, a “desconstrução” vapt-vupt, patrocinada por uma cambada de “sem noção”.

É a volta do velho complexo de “vira-lata”.

Um comentário:


  1. Em nossa postagem anterior, O "DESPERTAR" DO DRAGÃO, um lapso imperdoável, mas que há de ser compreendido por quem se atreve a ler nossos textos: na pressa, usamos a palavra "EXPORTADOR" ao invés de "IMPORTADOR" (vide abaixo o parágrafo já corrigido). Nossas desculpas (tal correção deve-se a um colega da nossa estima, que nos alertou sobre).

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    Bingo. Hoje (pelo menos até recentemente), a China se transformou no principal IMPORTADOR dos produtos brasileiros (petróleo, produtos agrícolas, pecuários e por aí vai) e até um Banco de Desenvolvimento, congregando as principais potências emergentes do mundo (Brasil, Rússia, Índia, China e Africa do Sul – BRICS) foi fundado, visando fortalecer e alavancar os interesses recíprocos.

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