domingo, 11 de julho de 2021

A "FOTOGRAFIA" - José Nílton Mariano Saraiva

 A "FOTOGRAFIA” - José Nílton Mariano Saraiva

Não deve existir coisa pior do mundo para o ser humano do que ser pego no “flagra”, no exato momento do cometimento de algum deslize ou da materialização (prática) de um ato excrescente, não tão convencional, que vá de encontro aos bons costumes e à normalidade.


E quando tal situação (ou momento) é “imortalizada pela fotografia” e posteriormente veiculada em primeira página num veículo de penetração nacional (como um jornal de grande circulação, por exemplo), o constrangimento de quem o praticou deve ser algo amazônico, capaz até de fazê-lo recolher-se durante um tempo, até que a poeira baixe e os ânimos serenem. Pelo menos pra quem tem um mínimo de SEMANCÔMETRO.


Pois bem, como é de conhecimento público, nas eleições para a Prefeitura de Fortaleza normalmente o clima é pau puro, briga feia, embate acirrado, jogo bruto e pra lá de pesado, com acusações de ambas as partes.


Pois, à época, despedindo-se do cargo, a então prefeita Luizianne Lins lançou seu candidato, que concorreria com o candidato do governador do Estado (Cid Gomes).


No meio do embate, como fiel da balança e alvo de todas as atenções, quem findou levando a melhor foi o eleitor dos bairros periféricos da capital, porquanto caminhões e mais caminhões, com carradas de “dinheiro vivo”, teriam sido distribuídos na noite anterior ao pleito. E aí, por uma apertada margem de votos (presumivelmente comprados) o candidato apoiado pelo senhor Governador do Estado acabou por suplantar o indicado da prefeita.


Vida que segue, compreensivelmente, dia seguinte, as manchetes (garrafais) dos jornais matutinos da capital se referiam ao seu resultado, destacando a minguada vitória de um praticamente noviço na política cearense, o médico e deputado Roberto Cláudio, criação da equipe de marqueteiros da máquina governamental (sim, porque se pessoalmente trata-se de uma figura afável, esteticamente é um autêntico desastre: baixinho, careca, redondo de gordo e pesando quase 200 quilos).


Muito mais que a manchete do jornal em si, o que chamou a atenção foi a “FOTOGRAFIA” de meia página, publicada para ilustrá-la: nela, com um sorriso de orelha a orelha e claramente turbinado por alguma substância milagrosa (qual ???), o assessor do Governador, ex-prefeiturável, ex-governamentavel, ex-tudo e, por fim, secretário de Governo, senhor Ferrúcio Feitoza, deixara de lado a formalidade do terno e gravata e carregava nos ombros, sozinho e até com certa facilidade, o peso-pesado Roberto Cláudio e seus quase 200 quilos.


Foi o bastante para se compreender o repentino destaque conseguido pelo senhor Ferrúcio Feitoza que, de uma hora pra outra passara a ser “vendido” como um dinâmico e moderno gestor, modelo de executivo a ser cortejado e imitado; não passava, na realidade, segundo se veiculou à época, de um monumental puxa-saco, bajulador dos poderosos.


Pra seu azar, meses após, através das “redes sociais” (sempre elas) o senhor Ferrúcio Feitoza foi novamente “flagrado” e como sempre sorridente, dessa vez dentro do carro do amigo Governador do Estado, Cid Gomes (evidentemente que no banco de carona), num desses passeios em que o chefe do executivo cearense se permitia realizar sem a companhia do motorista particular e todo o seu séquito de seguranças.


O detalhe curioso: como que para corroborar o pejorativo “juízo de valor” a seu respeito, que houvera sido emitido lá atrás, na época da eleição, o senhor Ferrúcio Feitoza levava no colo, dedicando extremado atenção, carinho e zelo, o “cachorrinho” do chefe (ninguém sabe se levou alguma mijada) . Bendita “fotografia”.


Mas, aqui pra nós, PUXA vida, haja SACO.


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