quarta-feira, 20 de agosto de 2008

RITO DE EXPIAÇÃO


Se tanto, não era quase.
Do quanto precisava, apenas pranto de fome.
Um milharal de bonecas murchas.
Aves de ovos gorados.
Ninhos de tramas municipais.


E na Siqueira Campos?
Vozes catando parcos substantivos,
Numa enxurrada de ruídos adjetivados.
Tantas exclamações, superlativos,
Quadras e rimas abreviadas.


Mas nada de novo sob os céus.
Os mesmos pés em busca.
A mesma bunda que assenta.
Assim penas que não se cumprem,
Como asas que não voam.

Mas o vestido roto é pele.
A mesma desnutrição de herança,
O diploma do semi-analfabetismo escolarizado.
A renda contada em moedas.
As lágrimas que limpam a face.


E na praça da ?
Cadeiras ocupadas por cervejas bebendo gente.
Algum barato se mostrando nas hiluxs.
Um capacete trafegando em moto.
E tanta conversa trançando pessoas.


E não falam de política.
Dos nitratos das raízes.
Das almas depenadas,
Dos corpos desalmados,
Nada, não falam nada.

Apenas do adversário de assento,
Não de eleger a realidade, para variar.
A verdade de cada um na pauta.
A prioridade para o escasso.
A adição onde existe menos.

Um comentário:

  1. A expiação é jiló, sal amargo.
    O homem ,em seus lugares torturados ...
    O jardim desfolhado; o vestido que já virou trapo ; os olhos perdidos , numa chuva que não passa...O silêncio de quem não sabe pedir ... a fragilidade de quem não pode fazer... e a displicência de quem não enxerga , o tudo a ver.
    Tristeza no ar ...Moitas nativas ,rasgadas por um propósido descabido ...
    Não magoem com o olhar , o canto que nós amamos...
    Sorriso amarelo , do verde que aspiramos. A natureza chora por nós... Vale da madrugada... Nem tudo está perdido !

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