quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009


Doroteu não aperta campainhas. Diz que não gosta. Diz que tem medo. Que alguém pode ter deixado um fio descascado de propósito. Diz que não lê um livro se encontrar com ele aberto. Diz que não bebe água se o copo encher sem que ele veja. Diz que não ri se não escutar a história inteira. Diz que o teto é frágil. Que a escada não dá em um corredor. Diz que não tem plano de vôo. Diz que conhece uma velha, mas nem sabe direito se ela ta viva. Diz que não sabe se vem. Diz que não escuta rádio. Diz que um dia fizeram uma sangria no seu peito. E que o sangue caindo, matou ele pelo meio. Que nunca mais olhou em um espelho depois disso. Não acredita que ela venha, não acredita que exista essa palavra revelia. Que come um desejo. Que o desejo é uma palavra boa de dizer, mesmo sozinho. Não acredita no relógio. Não sabe se o sol é de verdade. Doroteu diz que detesta documentos. Que não sabe de verdade se nasceu as quatro da tarde. Diz que não sabe se vem. Se ela vem. Diz que não passa recibo. Nem a pau.

2 comentários:

  1. Olhe se tem um sujeito que admiro é o Doroteu. Quem não passa recibo nem a pau tem todo o meu sentimento de gratidão pela humanidade.

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  2. Doroteu não se preocupa com mapa astral !




    Beijo , Lupeu !

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