quarta-feira, 3 de junho de 2009

"Better dead than red"

Desculpem a atitude de reproduzir outros sites e blogs. Mas tem coisas que são acintosas demais. 

 

Onde é que as coisas vão parar? Os antagonismos de classe aparecem mais claramente é nessas horas. 

 

O jogo político só vale quando certos interesses não são afetados? Somos feitos sempre para perder o jogo? É isso que eles esperam de nós? A atitude da eterna derrota? Ora bolas, estão muito enganados! 

 

Do site Conversa Afiada: 

 

 

"Tasso e Kátia Abreu ameaçam de morte Ministro de Lula

 

. “Better dead than red” – foi uma palavra de ordem que os anticomunistas americanos usaram no macartismo e na Guerra Fria: “melhor morto do que vermelho”, ou “comunista bom é comunista morto”.

. A propósito do Ministro do Meio Ambiente Carlos Minc, os senadores Tasso Jereissati e Katia Abreu ofereceram agora ao Brasil uma versão de jagunço para a famosa frase: “ambientalista bom é ambientalista morto”; ou “melhor morto do que ambientalista”. 

. O ex-presidente do PSDB, Tasso Jereissati, disse o seguinte, da tribuna do Senado Federal da República: 

“V. Exª (Kátia Abreu) disse uma frase muito importante: “Se dez Mincs desaparecessem da Terra hoje, nenhuma falta…” Não estou querendo que eles desapareçam, até porque eles são engraçados, são divertidos, apenas que não falem bobagem. Mas, se desaparecessem, não fariam a menor falta a nenhum brasileiro.”

. Antes a senadora Katia Abreu, do PFL e presidente da Confederação Nacional da Agricultura, tinha dito:

“Eu quero dizer a esse ecoxiita profissional, alienado da economia nacional, que o Brasil e o Governo podem viver sem o senhor, Ministro. O Brasil sem o senhor não sentirá nenhuma falta. Mas o Brasil sentirá muita falta se os produtores rurais perderem a sua posição. Com a ausência de V. Exª no Ministério, o Brasil não alterará uma vírgula, porque o senhor não conhece o que é trabalho, o senhor não conhece o que é produção, o senhor só trabalhou e conseguiu até hoje acumular um pequeno patrimônio político para ser Deputado Estadual. “

Veja aqui os discursos de ambos.

. Ou seja, a Oposição resolveu partir para a ameaça de morte.

. O Ministro Carlos Minc deveria pedir proteção à Polícia Federal.

Paulo Henrique Amorim

 

Em tempo: uma amiga navegante me contou que o Arthur Xexéo na CBN, hoje de manhã, disse que isso que a Kátia e o Tasso fizeram é coisa de ruralista: contratam jagunço e mandam matar. A mesma amiga navegante gostaria de ver o presidente Lula, nesse momento em que sofre ameaça de morte, dar total apoio a Minc e mandar a Polícia Federal protegê-lo." 

Saiba mais sobre “Better dead than red”

7 comentários:

  1. Prezado colega Darlan,

    Permita-me dizer algo em cima de sua transcrição:

    Vivemos hoje neste Brasil uma plena democracia onde a liberdade de expressão é sagrada. Não se incomode com certos dizeres (e até suposta besteiras) ditos por quem quer que seja.

    Não existe nenhum risco plausível de uma pessoa ser assassinada porque pensa e age diferente, neste momento, neste país. Nossas instituições são fortes e estão em alertas. Diferentemente dos EUA, nunca um presidente brasileiro foi assassinado. Nem o será. Tenho fé em Deus e em nossas instiuições.

    Sobre os comunistas, a propósito, li no livro de Sebastião Nery - Folclore Político - o seguinte episódio:

    "Em junho de 1976, dois meses antes de morrer, Juscelino Kubitischek estava em Belo Horizonte e foi à casa de Vivaldi Moreira, presidente da Academia Mineira de Letras, um dos seus mais diletos amigos. Pedro Moreira, jornalista (TV Globo), filho de Vivaldi, estava lendo o Jornal do Brasil, JK chega perto:
    _ O que é que o JB está contando?
    _ O Armando Falcão, falando no Congresso Internacional Anticomunista, no Hotel da Glória, disse que o comunismo é a lepra vermelha que assola o mundo...
    - Não é nada disso, Pedro. O Falcão não é médico, não tem condições de fazer um diagnóstico correto. Como médico e urologista eu posso diagnosticar. O comunismo não é lepra. Na ilegalidade, ele é blenorragia mal curada: vai e volta."

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  2. Carlos Rafael, usando um tom de fé não acredita que figuras maiores da política brasileira venham a ser assassinadas. Ele tem razão, não é uma prática nacional, embora o golpismo seja e temos muitos exemplos até mesmo recentes. A questão do assassinato no campo por questões fundiárias e sindicais, especialmente nas áreas de fronteira agrícola, é um dado punjante da nossa realidade. Basta a notícia em tom maior do assassinato da freira americana (aqui era até uma questão moral e religiosa). E foi sobre ela que o vício de linguagem da senadora Kátia Abreu reverbereu. Não imagino que após isso venham cometer um ato insano (mas vejamos: bem estão estimulando isso e o quê não falta nos dias atuais são malucos agindo por estímulos) pois o desejo dos dois senadores (DEM e PSDB) seja mesmo a derrubada do ministro e seu "assassinato" político. O contraditório é da política, não o assassinato por efeito do valor democrático.

    Sobre o diálogo de JK, novamente vem a tona, em tom de piada, a questão que o comunismo seja uma doença. Portanto uma patologia na voz de quem se faz forte reação. Mesmo a piada não esgota aí, afinal a blenorragia tem cura e não recidiva, mas a cronicidade do anti-comunismo é até hoje uma questão. E continua sendo pois emergiu da modernidade vários modelos de sociedade, a democracia liberal, a ditadura, a monarquia parlamentar, o socialismo, o comunismo etc. Todas as possibilidades ainda estão em valência.

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  3. Entendo.
    O ministro não será assassinado. Quem morre mesmo é quem está o campo, na labuta dos canaviais ou na luta por terra. É desses que a senadora do PFL tem ojeriza. É desses que o senador tucano se incomoda. O ministro cometeu o "erro" de falar ao lado deles.
    Vozes dissonantes ainda incomodam e olha que são apenas vozes.
    Do comunismo não podem esperar nada, essas figuras decrépitas da política brasileira.

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  4. Prezado José do Vale,

    Acredito piamente na sincronicidade dos pensamentos, mesmo que sejam díspares, pois tinha citado no meu comentário anterior o assassinato da religiosa norte-americana Dorothy Stang. De última hora, decidi retirar. Eis que você, magistralmente, o cita.

    Claro! Poderíamos elencar outros lamentáveis assassinatos por questões políticas ou afins, mesmo depois do regime de exceção, como os de Chico Mendes e Celso Daniel, ou até mesmo o do meu primo Edmilson Rocha, que era prefeito de Potengi, pelo PSDB, e foi barbaramente assasinado em 1992. Crime esse que até hoje não foi solucionado.

    Mas, no caso transcrito pelo prof. Darlan, creio haver um certo exagero, e deliberadamente planejado, para sempre manter viva a tese do golpismo da direita contra a esquerda.

    Permita-me, por fim, transcrever outro episódio narrado por Sebastião Nery no seu livro folclore político:

    "Magalhães Pinto encontra Renato Costa Lima em São Paulo, pergunta-lhe o que está achando da situação. Renato responde contando a Magalhães a história do caboclo, da cascavel e da onça.

    "Era uma vez um caboclo que estava no meio do mato tirando lenha para seu fogão. De repente, vê uma cascavel enrodilhada junto dele bem à altura de seu pescoço. Esfriou, parou, ficou imaginando como livrar-se da situação.
    Ouve um barulho na folhagem, sente que é um animal grande, espera, lá vem uma onça enorme, de olhos iluminados, avançando para cima dele. O caboclo toma a decisão em um segundo: pega a cascavel pelo pescoço, dá um salto com ela, enfia a cabeça da cascavel atrás da onça, a onça dá um salto, sacode a floresta com um gemido, estremece, cai, e a cascavel enfiada nela, como um dardo.

    "Magalhães ouve a história, sorri:
    _ E eu com isso, Renato?
    _ Você, não, Magalhães. Outros, sim. Outros têm muito a ver com a história.
    _ Mas, nela, eu sou o quê?
    - Você é o caboclo, Magalhães. E não deixe de ser."

    Moral da história: não há "golpismo" nessa história nem na de Juscelino sobre os comunistas. É só pra descontrair. Pelo menos, os que têm senso de humor.

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  5. Carlos eu entendi a piada. Tão bem que a apontei com seu verdadeiro valor político. Veja bem, o humor é política pura, serve para juntar as partes e enfraquecer os adversários. Veja que é possível ao longo das próximas décadas que ocorra redução de piadas com judeus, negros, prostitutas, homossexuais, portugueses e assim por diante. Repito, é possível, tudo depende da superação da questão política por trás do humor. Por último, certamente que existem piadas menos politizadas e mais universais, mas o certo é que na matriz tem uma crítica: social, cultural, étnica etc.

    Por último, acho que de fato o golpismo no Brasil é um termo de referência histórica à partir dos anos 50, tendo na raiz política a UDN, na matriz econômica alguns setores da economia paulista vinculados ao capitalismo internacional, os latifundiários com horror à reforma agrágria e, claro, certo empresariado com mão forte sobre o operariado e suas lutas sindicais.

    Agora um assunto que pega no teu pé. Por trás deste nosso debate, existe um consenso entre nós, subentendido até o momento. Na verdade o que esta postagem tem é a emergência da questão ambiental, especialmente na Amazônia. O marqueteiro Minc chama os ruralistas de vigaristas e recebe um troco. Aí é a parte evidente, cômica até. Mas existe mesmo a questão entre este modelo de progresso exportador, exaurindo as florestas tropicais e equatoriais e os defensores de uma cautela de sustentabilidade.

    Quem sabe mereçamos mesmo um debate que agregue mais valor à cadeia produtiva nacional, do quê apenas servir de celeiro para os automóveis do primeiro mundo. A questão toda é esta: a luta entre o agronegócio sem peias e uma luta que emerge no meio do povo e se institui nas universidade na governança das secretarias e ministério do meio ambiente.

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  6. Não tratei aqui do golpismo. Ele existe, mas o assunto aqui não é esse. As viúvas da Ditadura Militar proliferam e a mídia corporativa faz de tudo para desestabilizar o governo, ou seja, cumpre seu papel histórico.
    Na verdade, trato da forma como o setor do agronegócio reage às críticas. Dessa maneira que vimos.
    E o senador tucano prestou a solidariedade de classe ao referido setor.

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  7. Golpismo existe é claro, porque existem os golpistas de plantão, desde Bolsonaro ao o outro deputado que recolhe assinaturas para propor uma emenda à Constituição visando um terceiro mandato para o "Cara".
    Mas sobre JK, acredito que ele deva ser perdoado pela piada contra os comunistas, pois foi o presidente mais democrático que este país já teve. Sofreu inúmeras tentativas de golpe e nunca retaliou ou perseguiu ninguém. Pelo contrário, anistiou a todo. Inclusive, permitiu que o líder comunista Luís Carlos Prestes saísse de uma longa clandestinidade. Apoiou o golpe militar de 1964 e esse foi o seu grande erro. Pagou com a cassação dos seus direitos políticos e morreu em circunstâncias, no mínimo, misteriosas. Mas, deve-se fazer justiça a JK. Esse sim, foi o Cara!

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