quinta-feira, 30 de junho de 2011
As Contradições Nacionais: Os Casos da Antropologia e da Saúde Pública - José do Vale Pinheiro Feitosa
Os bancos e a ética, segundo Camdessus - Mauro Santayana
LANÇAMENTO DE LIVRO INFANTIL
Estaremos lançando, na próxima Quinta-Feira, dia 07 de Julho , no Cine Teatro Moderno, aqui em Crato, o livro : "O Mistério das 13 Portas no Castelo Encantado da Ponte Fantástica" de J. Flávio Vieira e Ilustrações de Reginaldo Farias. O livro engenhosamente faz uma tessitura dos mitos caririenses e acompanha um CD com 15 Músicas e um Audio-Livro com a narração da história. O Projeto foi vencedor do I Prêmio Rachel de Queiroz da SECULT. No evento teremos um Show com a presença de vários músicos e compositores cearenses que participaram do Projeto : Luiz Carlos Salatiel, Lifanco, Ibbertson Nobre, Luiz Fidelis, Pachelly Jamacaru, Amélia Coelho, Ulisses Germano, Zé Nilton Figueiredo, João do Crato, Leninha Linard, Abidoral Jamacaru e muitos outros.
Dia- 07/07/2011 (Quinta)
Local- Cine Teatro Moderno ( Crato)
Hora- 19 H
Entrada Franca
Todos Lá !
Apoio : Secult, Governo do Ceará, Urca, Geo Park, Secretaria de Cultura do Crato, Unimed Cariri, OCA
Não capitule. Se precisar, defenda-se.
Não custa repetir:
Clipping de André Setaro: Falta um estadista
Tudo muda - Emerson Monteiro
As tais voltas que dá a vida dizem isso. O eterno movimento, que carece sabedoria para acompanhar. Ninguém vanglorie dias e coisas, turbilhão de passageiros em volta do velho trem, cinema cativo em permanentes atitudes positivas. Característica por demais das existências, a mudança reclama respeito no fim de aceitar os tamanhos que se possui. Contudo, adotar compreender o tanto que cabe, de um por um, sem invadir o território alheio e querer tomar à força o que lhe pertence.
O giro da Terra no espaço em torno de seu próprio eixo demonstra o ensino desta efetiva mudança. Olhar o céu e notar nuvens, deslocamentos do ar, os astros a correr, as posições do Sol. Saber seguir no ritmo que a natureza impõe. O humor variável das pessoas. O calor das temperaturas. Lições permanentes de flutuação, que chamam à responsabilidade os protagonistas do drama da continuidade.
Quais habitantes de enorme formigueiro, exército fervilhante de criaturas cria asas e voa, perante os cenários desta representação coletiva, às vezes, com boa vontade, conhecendo os mistérios que envolvem de perguntas assustadoras. Outras, arrancando raízes da tranquilidade e chamando a si o direito de reger a orquestra do silêncio ainda que ignorando o sabor das notas musicais.
Entretanto adotar, com humildade, o funcionamento independente das peças no tabuleiro, que reclamam qualquer norma, dos princípios e das origens. Caso contrário, o formigueiro entraria em compassos de espera ou destruição, num resultado melancólico.
Conhecer o espaço que nos cabe de herança no bolo em elaboração, e ajustar os valores que precisamos adquirir na viagem dos giros que a vida oferecer.
Por maior seja nome, posição, fama, a dimensão do freguês só comporta os conceitos de Igualdade, Liberdade, Fraternidade. Todos iguais perante a Lei comum. Seres dotados de Liberdade para criar as proporções pessoais e sociais. Irmãos entre irmãos sob teto azul do Infinito.
Deveras, como tudo muda neste chão, e ninguém se vanglorie quando há um Eu que fala disso todo tempo nas ações da Natureza perene; dentro do coração das pessoas; na luz de toda consciência. Há um núcleo de perfeição em tudo isto. Um foco dominante de claridade que indica certeza e persistência. O otimismo qual razão de trabalhar os momentos com extrema habilidade, semelhante aos artistas que produzem suas telas nascidas da inspiração pura. A arte de viver, que exige, por isso, dedicação, paz e aceitação das transformações que a vida impõe, para contar histórias felizes aos nossos filhos e aos filhos deles, os novos atores vindos alegres ao mesmo palco.
quarta-feira, 29 de junho de 2011
terça-feira, 28 de junho de 2011
O Caso do Filho falso ou do DNA falso de FHC - Por Palmério Dória
O Brasil nesta manhã - José do Vale Pinheiro Feitosa
Setaro's Blog: "Tocaia no asfalto", de Roberto Pires
Eu também sou filho do Chico Buarque.
(João Nicodemos)
É isso mesmo minha gente: declaro publicamente que eu também sou filho do Chico Buarque. Ainda que ele nem saiba de mim e nem desta paternidade não intencional, posso dizer com certeza que eu também sou filho do grande Chico.
Quando ouvi “A Banda” pela primeira vez, na voz de uma prima mais velha nos bem passados anos 60, senti uma coisa estranha. Mas não tomei nota, nem percebi direito o que era aquela identificação. Mais tarde, na adolescência, com “Sabiá”, “Realejo”, “Quem te viu, quem te vê” senti a mesma sensação de pertença. Uma identificação que não podia explicar, nem precisava. Simplesmente me senti em casa. Suas melodias e seus versos se encaixavam em meu universo emocional e intelectual (em formação) com uma justeza única.
“Junto a minha rua havia um bosque, que um muro alto proibia...”; “...hoje a gente nem se fala, mas a festa continua...”; “Toda gente homenageia Januária na janela, até o mar faz maré cheia pra chegar mais perto dela...”; “O velho vai-se agora, vai-se embora, sem bagagem... não sabe pra que veio, foi passeio, foi passagem...” Com estes versos vi girar a Roda Viva e, como quem partiu ou morreu, eu também cultivei a mais linda roseira que há... vi a banda passar e sonhei com Januária na janela. Com açúcar e com afeto, mergulhei no universo feminino e conheci algumas sutilezas do amor, cantado e decantado em suas canções. Mulheres de Atenas me aguardaram, guerreiro,à beira do cais; e com a morena de Angola eu também dancei e cantei sobre a tumba dos generais. Cantei a esperança de um dia ver o “dia raiar sem pedir licença” debulhei o trigo para o milagre do pão e chorei com a Morte Severina por ele musicada. Quantas vezes deixei a medida do Bonfim que não valeu e guardei, e guardo até hoje os discos do Pixinguinha, sim... o resto é seu. Trocando em miúdos pode, guardar aquela esperança de tudo se ajeitar, nem vou lhe cobrar pelo seu estrago... meu peito tão dilacerado... ...como? se na desordem do armário embutido, meu paletó enlaça o teu vestido e o meu sapato ainda pisa no teu? Como? Se nos amamos feito dois pagãos, teus seios ainda estão nas minhas mãos... me explica, com que cara eu devo sair?
Revisitando minhas lembranças, examinando como sinto o mundo e minha formação, posso dizer que, devido a tão intensa identificação e influência que recebi, eu também sou filho de Chico Buarque. E se você se lembra de algumas das músicas que citei, você também é!
segunda-feira, 27 de junho de 2011
O problema não é de DNA: é político - José do Vale Pinheiro Feitosa
Vencer a si próprio - Emerson Monteiro
Eita luta feroz essa que se trava dentro de nós, da gente com a gente mesmo. Pugna de maiores proporções jamais haverá. Um conflito de dois cachorros grandes, semelhante à comparação das lendas indígenas dos povos norte-americanos. A luta do Mal contra o Bem. Vencerá aquele animal que for mais bem alimentado, e quem os alimenta somos nós.
Assim acontece, pois, em face de passar por dentro das individualidades a lei que tudo atravessa neste mundo, a dualidade nas existências da matéria. No fim de resultar em equilíbrio, os dois pratos da balança mostram seu peso e flutuam, durante o tempo das relações humanas espalhadas nos palcos deste chão.
Certa hora vem pelos pés; outra, pela cabeça, no correr dos dias infinitos. Algo similar aos dias e às noites, noites e dias, andar das histórias que sucedem.
Essa peleja constante de administrar as individualidades significa amaciar os caminhos do dia seguinte. Vêm as provocações, a mensagem invade o ego e o comando responderá. Caso exista controle, algum conhecimento das consequências, o resultado produzido demonstrará o grau das pessoas. Os sentenciados de reações violentas ou as vítimas de depressão, comuns nestes ares nebulosos, sabem disso. Elas conhecem de perto o quanto as fronteiras da consciência precisavam de vigilância. Diante das limitações, impulsos descontrolados ocasionaram estragos de não ter tamanho.
Isso porque a quadra estreita do presente de velocidade acelerada na sobrevivência, rotinas estressantes, fere constante a paz social, regida pelo signo do desgaste na válvula da paciência.
O autodomínio, com tamanhos desafios, ganha mais que antes dimensões transamazônicas. Apagar o fogo dos instintos animais que ainda transportamos exigir o ensino de Jesus a todo segundo de Orai e vigia para não cair em tentação.
Os direitos individuais falam a linguagem desses tempos. Respeitar o direito dos demais para merecer o respeito que lhe cabe. As avenidas já estreitas viraram campo de prova. Sinais estabelecem pausas, na corrida do ouro. Lugares desapareceram debaixo dos pés dessa gente conduzida nas mãos dos especialistas da contenção e do inesperado. Pressa. Aflição. Fumaça. Poluição e desassossego. Tantas viagens distantes, na psicologia das almas, em um único lugar das cidades que diminuíram de tamanho no ritmo dos passos perdidos.
Vencer a si próprio requer, qual jamais, coragem extrema. Enquanto, nas mesas de negociação final, achar-se-ão reunidos aqueles a quem fizemos sofrer pela incompreensão e ausência do perdão, eles, os semelhantes que vieram junto a nós ensinar o quanto necessitávamos, na aquisição da humildade verdadeira.
Eis só algumas observações sobre a realidade presente nas condições desta jornada.
Projeto sobre cultura popular será fortalecido na URCA
O Projeto “No Terreiro dos Brincantes” desenvolvido pela Universidade Regional do Cariri – URCA, através da Pró-reitoria de Extensão, Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC e o Coletivo Camaradas será fortalecido. O projeto é desenvolvido desde o ano passado e consiste na pesquisa, registro e divulgação das manifestações da cultura popular da região do Cariri, a partir da produção de pequenos documentários que são disponibilizados publicamente na rede mundial de computadores, a internet. O material é um importante instrumento pedagógico que pode ser utilizado nas escolas do Ensino Básico.
Já foram produzidos pelo Projeto os seguintes documentários: As Mulheres do Coco da Batateira; Mestre Cirilo; Mestra Zulene Galdino e Reisado Dedé de Luna. Estão sendo finalizados mais quatro documentários: Reisado do Sassaré de Potengi; Festa Popular da Malhação do Judas; A diversidade na Festa do Pau de Santo Antônio e o Carregamento do Pau de Santo Antônio de Barbalha.
Além dos vídeos, o projeto visa propiciar vivencias e momentos de estudos em parceria com estudiosos, mestres e brincantes da cultura popular.
No Período de 17 a 20 de agosto será realizada a primeira Mostra de Vídeos Brincantes que receberá trabalhos de diversos estados brasileiros e o acervo recebido seguirá a mesma lógica do projeto, ou seja, estará disponível para ser reproduzido para as escolas e pesquisadores.
A Pró-reitoria de Extensão da URCA visando fortalecer o projeto abriu “convocatória” para preenchimento de 20 vagas na monitoria voluntária para alunos dos cursos de graduação da Instituição. Os alunos selecionados passaram por oficinas sobre noções de fotografia e filmagens, palestras com pesquisadores e mestres da cultura popular.
Para a Pró-Reitora de Extensão, Arlene Pessoa, o projeto faz um resgate importante da cultura popular e contribui para despertar o olhar das novas gerações. Ela destaca que essa é uma experiência exitosa dos trabalhos de extensão desenvolvidos pela URCA, com investimentos de baixo custo.
Serviço:
Projeto “No Terreiro dos Brincantes”
Pro - Reitoria de Extensão – PROEX/URCA Campus Pimenta
(88) 3102-1200
domingo, 26 de junho de 2011
Clipping de André Setaro: Acorda, Dilma! Eles enlouqueceram.
Setaro's Blog: Peido também é cultura
sábado, 25 de junho de 2011
Na busca da palavra certa - Emerson Monteiro
Por melhor que seja o sonho, quando a gente acorda se sujeita correr logo a pegar a bagagem de ontem que largara em um canto no início do sono. Por mais limpo que esteja o sentimento adquirido com o repouso, a leveza no pensamento, se recorre aos velhos trastes deixados de ontem. Não sei explicar bem o motivo disso. Talvez acomodação. Insegurança de si. Ausência das alternativas práticas. Ou apego aos territórios do conhecido. Razões diversas, que todo mundo tem as suas.
Mas pode ser diferente. Se rever os conceitos e aprender outras razões que sirvam de base para construir de estradas reveladoras do que se sonhou com sofreguidão. Pode ser diferente, com certeza. E diante dessa oportunidade, conceitos internos carece de mostrar a nós próprios este direito de refazer a vida através das nossas buscas e nossos encontros.
O estudo das palavras significa esta visão de renovar o mundo em nós, pois a cara do mundo nada mais representa do que cara que a gente oferece todo dia. Dominar as camadas internas da criatura que nós somos, é nossa principal meta diária. O papel que a gente desenvolve tem tudo a ver com a forma de acreditar neste processo continuado.
Os artistas sempre falar disso. Os músicos, do som universal. Os pintores, da tela ideal. Os filósofos, dos mundos perfeitos. Os místicos, do reino da realização do ser, o Paraíso. Pais, de uma família unida e forte. O discurso de Luther King, dizendo que teve um sonho em que lobos pastavam ao lado de ovelha.
Para mudar os tempos já existe um ator, a raça, a dos seres humanos.
Nisso, todo momento vem qual ocasião pronta na edificação da paz, objetivo da multidão inteira. Por mais que haja o instinto do poder, a fome do ouro e a ânsia do prazer, de plena consciência o que todos desejam é viver longe das aflições da intranquilidade e da insegurança.
Saber o que facilita em tudo a tal busca guarda estreita ligação consigo mesmo e com o próximo. Saber pisar esse chão com o espírito desarmado, porque deixou de existir pretextos de defesa constante das armadilhas, porquanto os humanos resolvem tirar do sonho e trazer à realidade o valor da amizade.
Usar a inteligência em nome desta condição de harmonia social tornou-se a via principal das existências. Aquela mania feia de subir na cacunda dos outros para chegar no alto deixará de justificar tanta guerra, miséria humana, tantos abismos cavados diante da história.
Esta palavra mágica, a Paz, deverá sair de dentro dos discursos e ganhar as ruas e os campos, realizar maravilhas. Conhecer e usar este conhecimento produzirá os milagres que a vida oferece no barco do tempo e encherá as medidas da alegria, traduzindo em bênçãos as colinas infinitas da Esperança.
PROF. PINHEIRO GARANTE APOIO A GRUPO PARA INTERCÂMBIO CRATO PORTUGAL
Prof. Pinheiro e Cacá Araújo |
Cacá Araújo expondo o projeto |
Orleyna Moura, Prof. Pinheiro e Cacá Araújo |
sexta-feira, 24 de junho de 2011
E língua portuguesa hein? José do Vale Pinheiro Feitosa
São "80" - José Nilton Mariano Saraiva
Nada menos que 12 (doze) partidos estão representados-envolvidos, e a trinca PSDB (21), PMDB (14) e PRB (13) representam exatas 60% das prefeituras envolvidas.
A lamentar que a prefeitura do Crato (PSDB) conste de tal lista (sem que isso implique qualquer julgamento de valor).
Vejam a relação (partido/número de prefeituras):
PSDB - 21
PMDB - 14
PRB - 13
PT - 08
PSB - 06
PP - 06
PTB - 04
PR - 03
PC DO B - 02
PPS - 01
PHS - 01
PSC - 01
TOTAL - 80
Adivinha
Hortelina já havia disparado todos os tiros da macaca, já não mais havia projéteis na cartucheira. Só projetos. Mesmo assim, solteirona de longo curso, via seu sonho de casamento de vela na mão , na UTI. Até que lhe foram aparecendo pretendentes enquanto o fulgor da juventude ainda rescendia seu perfume de jasmim. Sistemática, Hortelina escolheu demais. Queria um par perfeito, um homem desses que não existem nem nos livros de ficção: bonito, rico, fiel, eterno, inteligente, elegante, educado. As amigas já lhe vinham alertando que ela precisava fazer um upgrade na folha de exigências: hoje até Homem mesmo, sem nenhum outro atributo, estava difícil de achar. Hortelina, no entanto, insistiu nos critérios rigorosos e ali estava varando a quarta década, sem a menor expectativa de ter seu sonho realizado. Mantinha, na capa, um certo ar de dignidade e placidez, uma tentativa inalcançável de mimetizar o desespero que lhe roia a alma.
Talvez tenha sido por isso mesmo que na última noite de São João caprichou no figurino. Caracterizada para a festa, desdobrou-se nas adivinhas. Tomou umas cinco colegas mais distantes, com quem se indispusera anteriormente, como comadres de fogueira. Enquanto os balões corriam pelos céus, sob o ribombar das bombas e dos rojões, enfiou uma faca virgem na bananeira do quintal. Colocou o nome de vários possíveis e desejados pretendentes em pedacinhos de papel, os enrolou e mergulhou numa vasilha com água, próximo à fogueira, voltou após a meia noite. Esperava que um dos papelitos desenrolasse o que indicaria o nome do futuro consorte. Para sua surpresa , na volta, todos estavam intactos e fechados. O desapontamento inicial, no entanto, foi minorado logo depois. Hortelina atou um anel a um fio de cabelo e equilibrou-o dentro de um copo meio d´água. O anel bateu apenas uma vez na superfície do copo, indicando casamento próximo: em um ano. À tardinha já tinha colocado uma clara de ovo em um outro copo d´água , coberto cuidadosamente com um lenço branco e uma tesoura aberta em forma de cruz. Observou o copo ao varar a meia noite: no fundo formara-se a imagem indiscutível de um navio. As amigas sorriram e confirmaram : viagem próxima. Quem sabe de luz de mel?
Hortelina dançou a quadrilha com um sorriso indisfarçável no rosto.À beira da fogueira ainda tentou ver o rosto refletido na bacia, mas não deu nenhuma importância ao fato de não ter conseguido. As outras profecias mais favoráveis já lhe bastavam. Até se arriscou um pouco mais na batidinha e ficou loquaz, como macananã em roça de milho verde. Pela manhã, arrancou com cuidado a faca da bananeira e lá estava a letra do nome do futuro noivo estampada pelos poderes de São João : “W”. Pensou, pensou, mas não lembrou de nenhum paquera conhecido que se chamasse Washington, Wanderley, Wellington. Deve ser algum arrivista, algum representante comercial que chegará pela cidade nos próximos dias, pensou Hortelina com seu califón.
Os meses se passaram e nada de se concretizarem as profecias. Um belo dia Hortelina , sem mais nem menos, apareceu com uma dor de cabeça súbita e que piorou em poucas horas. No velório disseram ter sido um tal de aneurisma cerebral. As amigas inconsoláveis não entendiam as falhas proféticas de São João: teria comemorado demais no próprio aniversário? Depois começaram a fechar o firo. Hortelina não vira a imagem refletida no espelho: sinal de que aquele era o última festa junina. A clara do ovo mostrara um navio, indicando viagem e nossa solteirona acabara de empreender uma gigantesca: com passagem apenas de ida. O anel , no entanto ,indicara casamento em um ano e a bananeira até apontara que o noivo teria o nome começado por “W” . Onde estava o furo profético? Uma comadre de fogueira foi quem desvendou o enigma. Hortelina tinha olhado a faca ao contrário e virá “W” ao invés de “M”. Seu noivo chegara a tempo e se chamava Morte: bonito, elegante,fiel e principalmente eterno. O noivo que Hortelina sonhara durante toda a vida chegara súbito e apaixonado montado no seu cavalo selvagem.
J. Flávio Vieira