quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

E os Zangões surgirão por sobre as Nuvens - José do Vale Pinheiro Feitosa


Em 1986 os EUA fizeram um filme para louvar o espírito guerreiro e ousado dos seus pilotos de caça. Chamava-se em inglês “Top Gun” que realçava o “créme de la créme” da capacidade de destruir o adversário. No Brasil chamou-se Ases Indomáveis. Dirigido por Tony Scott, o filme ganhou o Oscar de Melhor Canção por Take my Breather Away do grupo Berlin. Canção publicada abaixo. Com Tom Cruise na sua fase “bonitinho da América”, o filme tem boas cenas de combates aéreos.


Banda californiana Berlin, do final dos anos 70, tendo como centro a vocalista Terri Nunn. Ficou mundialmente famosa como o filme e esta música. Escolhi a versão com legenda em português.

Tal filme é letra morta na métrica destruidora das guerras em andamento e a desenvolver tecnologias cada vez mais mortíferas e invasoras de intimidades. Os guerreiros estão dando lugar, novamente, aos espiões como nos anos 60. Nunca se espalharam tantos espiões pelo mundo todo. Aqueles personagens cinza com o papel infiltrado de apontar alvos e destruir objetivos militares ou civis. A honra e o espírito desafiador foram para baixo dos panos, numa patologia viral, ilegal e danosa, pois sob o manto de operações secretas com o fito único de assassinar e destruir grupos.

Uma das práticas de destruição mais criticada no mundo e posta em questão pela própria ONU é o uso de Veículos Aéreos Não Tripulados (VANT), utilizados especialmente por organizações secretas de estados nacionais como é o caso da CIA. Os EUA são o mais antigo executor destes tipos de aeronaves espiãs, desde os anos 50 e a partir de 1994 elas passaram a ser teleguiadas por meio de satélites e a carregar mísseis ar-superfície com grande capacidade de destruição e precisão.

Os pilotos destas aeronaves, agora chamadas de Drones (que significa zangão, dor, zumbido, rumor) ficam em salas refrigeradas a destruir pessoas, grupos, instalações, vilas no Afeganistão, no Paquistão, Iraque, Iêmen, Líbia e dizem que também na Somália. São milhares de operações de destruição com mais este modelo de guerra fria, não importa que não mais tão ideológica, mas certamente guerra de dano quando as armas atômicas se multiplicam a zerar grandes incursões militares. Por isso as prisões, torturas e assassinatos dirigidos em surdina se tornaram a ponta do iceberg da guerra suja de grandes nações contra os povos mais sofridos.

Eles chamam esta fase de Guerra Cirúrgica, de poucos efeitos colaterais, mas isso apenas significa que a morte é praticada em pacotes ou drops que ao final se tornam uma grande lixeira de vida desfeita. São típicos destas eras mais ou menos ameaçadas entre os desafiantes, um tanto quanto equilibrados por potencial de destruição, todos acovardados em provocar a ação maior e universal. Por isso praticam a covardia oculta que tende a promover grupos autônomos de destruição, acima e além da sociedade.

Vivemos uma ironia completa de linguagem. Os drones mais famosos se esmeram em nomes cínicos: Predator – Predador; Gray-Eagle – duas palavra: cinza e águia. Gray também pode ser triste, grisalho, pálido em referência à cor escolhida para o veículo. Reaper – ceifeiro, aquele que ceifa. Avenge – vingar-se.

A tecnologia dos drones está dominando, os orçamentos para construção e desenvolvimento, bases são formadas pelo planeta, porta-aviões estão ultimando drones para pouso e decolagem neles. Estados Unidos, Europa, Rússia, China e muitos outros países desenvolvem drones. A característica do drone é usar armas e atacar à distância. A evolução deles partiu desde carregar mísseis, até outros armamentos. A velocidade foi aumentado de um pouco mais de 220 Km/h até os modernos que são sub-sônicos altos. A altitude chegou a dimensões em que as aeronaves tripuladas não podem ir e a autonomia é sempre muito grande, ultrapassando a 30 horas.

Mas isso é apenas um passo. A destruição em massa ainda continua na ordem histórica da luta entre os povos. 

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