terça-feira, 25 de dezembro de 2012

“Ninho de aviões” – José Nilton Mariano Saraiva

O “Bairro de Fátima”, aqui em Fortaleza, é um desses lugares onde qualquer pessoa com um mínimo de bom gosto gostaria de fixar moradia. E por uma razão simplória: é perto de tudo (da rodoviária, do aeroporto, do Iguatemi, do centro da cidade, do comando da polícia militar, da praia, e por aí vai) tem de tudo, e de tudo todos usufruem. Tem bares, barzinhos e barzões, farmácias, pizzarias, mercadinhos, óticas, churrascarias, supermercados, agencias bancárias, hospitais, lotéricas, revendedoras de automóvel, postos de combustível, feiras livres, o Estádio Presidente Vargas, pedintes nas esquinas, feirinhas semanais, vários shoppings e , enfim, o que você possa imaginar. O habitat é tão atraente e “apetitoso” que, hoje, – e aí é aí que mora o perigo – existem mais de 20 torres (cada uma com mais de 15 andares) sendo erguidas (e em ritmo alucinante) já que a procura é intensa.  E, como sabemos, na esteira da especulação imobiliária vem a falta de sossego, o caos no trânsito, a absurda valorização do metro quadrado (para os que pretendem adquirir algum imóvel por aqui), enfim, a barafunda tende a ser respeitável.  
Mas, pra completar e fazer a diferença, o “Bairro de Fátima” tem algo que nenhum outro bairro de Fortaleza possui: um autêntico “ninho de aviões”.  Explicando melhor: localizado à rua Luciano Carneiro (caminho do aeroporto), o Shopping Fortaleza Sul é um equipamento relativamente modesto em relação aos seus congêneres espalhados pela capital, já que com apenas 167 lojas, todas  elas dedicadas ao ramo de confecção, preferencialmente feminina. E aí temos o “pulo do gato”, aí é que se esconde o exemplar segredo, a utilização competente do tal marketing, o uso do fetichismo econômico na sua mais pura essência: para exibir as mercadorias (ainda devidamente etiquetadas), os proprietários da lojas resolveram que nada melhor que o emprego de possantes “aviões”. No caso específico, mulheres esplendorosas, na flor da idade, exalando sensualidade por todos os poros, perfumadas, super produzidas, cujos corpos esculturais, metidos em suas mini-saias generosas, parecem ter sido torneados e esculpidos à mão, de tão perfeitos, de par com uma simpatia contagiante, e que guardam uma missão exclusiva: “taxiar” (desfilar) pelos corredores do shopping, pra cima e pra baixo, indo e voltando, num balanço cheio de charme, graça e atração. E aí é só você se acomodar na área central onde existe um self service, pedir um chope com um tira-gosto básico e ficar literalmente “babando” ao assistir o desfile daquelas máquinas fabulosas, fantásticos “aviões”, autênticos monumentos em carne e osso, ali, à sua frente. A dúvida (que não tivemos ainda coragem de tentar elucidar), é saber se o preço fixado nas “etiquetas” penduradas nas saias e blusas exibidas contempla, também, o seu “recheio”, o seu “miolo”, a sua essência. Será que com uma “cantada” competente você finda levando tudo ???  A conferir. 

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