segunda-feira, 17 de junho de 2013

Povo é Povo e Velhaco é Velhaco - José do Vale Pinheiro Feitosa

Quando algo nasce primeiro ouve-se o choro do respirar. Depois vêm os cuidados com a fragilidade do novo. Mas o novo mesmo leva algum tempo até se tornar o presente.

Isso para usar como metáfora sobre o movimento da juventude brasileira que se aproxima dos movimentos mundiais contra a crise do capitalismo e todo o seu conteúdo político: neoliberalismo, corporações econômicas, imperialismo, neocolonialismo, conservadorismo e sociedades a serviço de poucos.

Agora a metáfora não explica a enorme capacidade humana e suas manifestações. Os seres humanos aprendem com a história e sabem utilizar este aprendizado.

O primeiro deles é que a ninguém é dada a liberdade de usar os benefícios que fez a todos para errar sem reparos. O que vale na relação política é a prática em curso. O que não significa o imediato, mas o mediato que se entende como um rumo. Mas só porque acertou não se pode errar, a vaia sempre acontecerá. Principalmente se alguém acabou de assistir à pauleira da polícia em manifestantes e sentiu os olhos arderem com o gás lacrimogêneo.

O segundo é que movimentos sociais e políticos bem estruturados conhecem o rumo de sua luta e aprendeu a ler a realidade nas ruas no calor das refregas. O comandante da polícia de São Paulo, cargo comissionado do governador do PSDB, sugeriu à lideranças do Movimento do Passe Livre, que lidera as manifestações, que usasse a bandeira do pedido de prisão dos condenados pelo mensalão.

O terceiro que para se encontrar na luta das ruas é preciso reconhecer os aliados e os inimigos. O Secretário de Segurança de São Paulo numa desfaçatez de fazer corar até uma pedra de cal fez duas sugestões às lideranças do MPL reveladoras das estratégias da repressão contra o próprio movimento.
Sua Excelência sugeriu que as lideranças avisassem bem antes o roteiro das manifestações. Vamos sair deste ponto, cruzar tal rua, dobramos aqui, seguiremos por lá de tal modo a revelar todo o campo onde a forças de repressão se posicionarão. Assim como preparar um corredor polonês para levar cacetada em fileira.

A outra sugestão do sacripanta foi que os membros do MPL vestissem as mesmas camisetas com as mesmas cores para que a polícia pudesse distingui-los do restante da população. Aí seria mais fácil do que jogar videogame. Era só passando camisetas e os alvos atingidos.


A resposta do MPL para as três propostas do fino da velhacaria foi não. Mas no fundo borbulhava algum palavrão.   

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