domingo, 28 de julho de 2013

Vendemos o nosso tempo através do trabalho, mas é preciso libertar o ser humano do comprador que lucra com isso - José do Vale Pinheiro Feitosa

Na democracia representativa, os meios de comunicação se constituem no instrumento mais eficiente de influenciar políticas econômicas. Os grandes grupos midiáticos sempre responderam às demandas dos grandes anunciantes e grandes grupos econômicos, estabelecendo uma não isonomia com outros setores.”
                                                                 Jornalista Luis Nassif em seu blog

A cortesia de José Flávio enviando-me um convite para o lançamento de seu novo livro, aliada da divulgação nos blogs da região que leio com frequência, me levam a comemorar esse lançamento. Mais um livro do Zé. Comemorar, pois como é óbvio o livro acabou de ser lançado, e não tenho muito o que dizer sobre ele quando ainda não o li. Mas como li na resenha parece-me que alguns dos textos já me sejam conhecidos.

Mas o essencial desta história é a independência e a expressão do pensamento e da criatividade de Zé Flávio. Livre expressar e coragem de se tornar público. E mais ainda. É a natureza da independência do escritor. Ali tudo passa pelas lutas no limiar entre a dignidade e o ganha pão a que todos se obrigam como parte da classe que ganha a vida pelo seu trabalho.

Quando leio Zé Flávio sei que aquele texto não está fisgado por nenhuma bula de laboratório, apenas para lembrar a principal função econômica dele. O que codifica em palavras é o Zé Flávio no mundo sem cargos comissionados, sem arranjo eleitoral, sem acordos de conveniência, embora tenha os acordos dos códigos das leis.

Por isso os locais onde ele publica tão bem representa a beleza, a leveza e fluidez das escritas do Zé. São blogs que não aderiram. E nunca venderam sua alma à Prefeitura, ao Estado e nem à União. E olhe que estamos tratando de um livro que pelo que li teve apoio público, mas não sujeitou o escritor ao tacão da burocracia e dos chefes políticos.
Lembro que alguns anos passados entrei num debate aí no Crato quando uma pessoa muita ativa nos blogs da região resolveu vender seu talento, e junto com ele seus instrumentos da internet à situação governista. Levantei a lebre que não haveria mais liberdade e que os instrumentos seriam paulatinamente objetos do “abraço de urso” do governo.

Enquanto em me debatia com a pessoa sobre esse assunto, um terceiro emitiu uma opinião que efetivamente me deixou desnorteado. Este terceiro é um artista muito destacado no amplo meio de manifestações da imagem e ponderou que as pessoas tinham o direito de ganhar sua vida com seu talento e de acordo com a oferta que é tão cruel e exígua na nossa cidade. Não falei mais no assunto e até senti-me envergonhado de viver numa realidade em que a oferta é mais generosa.

Mas agora ao acompanhar o sucesso do lançamento do Zé Flávio sinto que minha vergonha não pode albergar a alegria que sinto em ter uma voz autêntica e livre se manifestando na minha terra. E mais ainda: sinto a alegria imensa de ver esta luz enquanto naquele caso, sinto a penumbra e o dissabor de ter visto um talento daquela ordem ser triturado pelas circunstâncias e por um governo tão menor do que era o seu contratado.   

Hoje é domingo. Aqui no Rio foi uma semana inteira de Papa e Frio. Da minha janela vi quase todos os dias a imagem ao vivo do helicóptero da FAB que a televisão mostrava, uma vez que moro encostado ao morro do Sumaré. E lá no alto aquela nave, pequena na distância, mas de grande porte, passava indo para a praia de Copacabana, assim como daqui vi a nave da voz do Cariri livre e solta a manter vida e esperança no futuro.   

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