terça-feira, 2 de julho de 2013

Vendendo o Almoço para poder Jantar uma variante da frase "Não existe Almoço de graça" - José do Vale Pinheiro Feitosa

Este texto é um desdobramento daquele outro sobre a natureza imoral, predatória, corrupta e anti-humana do capitalismo.

O título já identifica um valor essencial da história do que é o humano e por isso é preciso circunscrevê-lo numa dinâmica de amor e paz como valor moral; de solidariedade e distribuição igual do que é necessário para viver e para se obter a felicidade; que a todos sejam aplicados os mesmos direitos segundo sua natureza, potências e fragilidades e que tenha o humano como valor universal e não como valor privado promotor de ordenamentos, competições e hierarquizações de um ser humano sobre o outro.

Desde as ideias primitivas do cristianismo até as concretudes do pensamento a partir do renascimento que a ideia do socialismo permeia como a formulação para um novo modo de organizar a sociedade humana. Com as revoluções populares após a revolução francesa, tipo a de 1848 em Paris que é objeto do musical – recomendável - chamado os Miseráveis, que os povos tentam buscar uma base filosófica e científica para o estabelecimento da sociedade socialista.

Um personagem central nesta base teórico-prática para a conquista do socialismo foi Karl Marx. Não porque ele formulasse uma espécie de decálogo do que seria uma sociedade socialista hipotética, ele foi muito além da utopia de outros pensadores de sua época. Marx analisou o sistema em curso, caracterizado por uma dinâmica de competição e hierarquização, por empobrecimento dos povos através da subtração dos valores de seu trabalho, dos seus bens próprios e naturais, pela manipulação do desenvolvimento técnico-científico numa pauta contínua de monopolização e controle com a finalidade de explorar seu uso em benefício próprio.

A Revolução Russa de 1917, a grande Marcha Chinesa durante e após a Segunda Grande Guerra, além da luta geopolítica entre o Comunismo e o Capitalismo sustentaram mesmo que marginalmente uma larga formulação alternativa aos países em todo o mundo. Em primeiro lugar fez surgir os modelos sociais democratas com direitos sociais e humanos além da dinâmica capitalista embora dependentes dela.

Em segundo lugar gerou uma série de lutas libertárias de ex-colônias na África e na Ásia, encerrando um período hegemônico e cruel dos estados nacionais e das economia europeias. O mesmo aconteceu em toda a América Latina com o exemplo central vindo de Cuba, mas também tendo enorme importância com lideranças originárias de vários países como na Argentina, no Peru e, principalmente no Brasil, como Miguel Arraes em Pernambuco e Leonel Brizola que chegou a ser um dos líderes revolucionários mais promissores da América Latina inclusive por momentos com maior destaque do que Guevara.

Nos anos noventa a aparente vitória americana na guerra fria incluindo aí o furor privatista, anti-estatizante e as ideais neoliberais sufocaram as grandes questões da humanidade em busca do seu bem estar e da igualdade entre todos. A maciça propaganda vinda pelos mecanismo dominados, incluindo o Vaticano de João Paulo II gerando uma literatura vitoriosa do capitalismo e tornando as ideias socialistas em mero arcabouço do Estado Soviético e seus erros históricos.

Não é que se criou, pelo menos nas mentes brasileiras, uma nova ideia de sistemas políticos socialistas. Apenas a propaganda anti-comunista originária dos países capitalistas centrais acentuou o que já formulavam há muito, tornando-se hegemônica e a partir daí parecia que a história imoral, predatória, corrupta e anti-humana do capitalismo havia desaparecido. Passou tudo a ser a única possibilidade de existir. Não havia mais espaço para pensar, raciocinar e lutar por algo diferente.

Mas nem a história para e nem as necessidades humanas desaparecem. Menos ainda num sistema que se caracteriza por vantagens originárias dos muitos ricos que transferem suas heranças para os rebentos, que criam sistema de merecimento discriminatórios na base e que extraem continuamente riquezas de quem a produz sem lhes dar retorno.

É o sistema que nestes estágio chegou ao topo do seu formato competitivo, individualista, consumista, excludente, concentrador e monopolista. E chegou por uma questão central em filosofia: a transformação icônica do que era a base para medir o valor do trabalho e da mercadoria. A era do capitalismo financeiro, com seus fetiches e dinâmica de jogo como num cassino de ganha ganha e perde perde.


Quem quiser continuar comigo voltarei depois sobre o destino do Brasil. Será submeter-se à necessidade da ordem capitalista e se tornar uma potência regional com as mesmas característica monopolista e predatória? 

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