sexta-feira, 27 de março de 2015

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO ADERE AO GOLPE CONTRA DILMA - José do Vale Pinheiro Feitosa

A radicalização do quadro político brasileiro se consolida como uma verdade. Junto com uma crise econômica, que tem razões internas e muitas externas e com um quadro de tensões mundiais que parece indicar uma guerra global, será (ou serão) um ano (os) de muitas incertezas, agitações, frustações e tentativas de superação através do esgarçamento institucional.

O mais típico nestas crises ou radicalizações é a constituição de forças e contra-forças a buscar uma solução parcial pois atende apenas a certas classes sociais de uma sociedade dividida em classes. Mais ainda é verdade em sociedades sofisticadas como a brasileira (muito mais do que o complexo de vira-latas imagina) onde há um forte vetor para se tornar um país tipicamente de classe média. Ou seja, sair da crise é uma solução histórica de desenvolvimento de classe através de um vetor político dominante e não parcial.

Temos potencial. Gente. Terras, água, energia, e conhecimento para constituir tal vetor. Buscamos uma estratégia de inserção internacional neste mundo em crise e conflitado, onde todas as forças se rearranjam em nova ordem multipolar. Mesmo gigantes como a China, EUA, União Europeia e até Rússia, vivem uma movimentação tensa e intensa sobre como será o futuro da governança mundial.

Inclua certamente os próprios problemas do capitalismo liberal (é incrível mas a velha URSS e a China criaram um capitalismo de Estado e a Europa um capitalismo social) e do sistema hoje dominante, que é o sistema financeiro. Especialmente da quantificação e expressão do valor do capital, antes centrado na realidade objetiva da sociedade americana e nos fundamentos da sua economia. Mas as dificuldades do dólar é o centro, exato, de tal rearranjo.  

Pode considerar que em campos de radicalizações todas as forças se açulam em busca de uma estratégia para conquistar maiores posições. E este açulamento decorre do próprio ataque direcionado ao PT que se encontra sob escombros e, portanto, inativo ou hibernante a depender do curso dos acontecimentos.

Por isso Eduardo Cunha, Presidente da Câmara, sai pelo país fazendo uma pregação política para ocupar o espaço da crise. Renan Calheiros ocupa a mídia muito interessada na crise. Ou seja, as facções do PMDB sentem a oportunidade de ocupar uma maior fatia da política.

O Estado de São Paulo, por sua sociedade e por sede da direita que pensa e tem estratégia é um “locus” importante da crise. Especialmente porque ali sob um manto majestoso, se esconde o velho jogo do “oportunismo” político tendo como porta voz semanal Fernando Henrique Cardoso. Que agora passou a “admitir” bem no seu estilo matreiro (para muita gente covarde) o golpe contra Dilma. Nesta semana suas palavras:

“Eu vou dizer uma coisa arriscada: o Lula perde hoje. Hoje (se Dilma cai e fazem novas eleições), o Lula perde. Mas não penso eleitoralmente. Sou democrata. Não vou dizer: Então vamos fazer o impeachment porque o Aécio ganha, o Geraldo ganha, ou eu ganho”.

Traduzindo: é hora de fazer impeachment pois o PT é apenas uma terra arrasada. Nem o Lula salva mais a situação deles. E na soberba de suas palavras ele se imagina sendo reeleito para governar o Brasil.


Agora a prova  desta tradução das palavras de FHC: “Não estou dizendo que nunca vai se chegar a tal ponto (do impeachment). Não sei”. Que dizer ele está na operação para derrubar a Dilma agora em Abril (igual ao golpe de 64). 

Um comentário:

  1. O clamor das ruas não pode ser considerado como golpe em nenhuma hipótese. Você da esquerda, deve sentar e estudar e tentar aprender que a democracia não é uma roupa a ser escolhida ocasionalmente por sua ideologia. Ou melhor, quando lhe convém. Aceite isso e dormirá mais feliz.

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