Ota Benga.
Enjaulado no Jardim Zoológico de Nova York. Junto com
macacos. Exposto à visitação pública. Andando pelo bosque do Zoológico e
perseguido por uma multidão curiosa. Que, por vezes, lhes dava rasteiras apenas
para se divertir.
Fora aprisionado na sua tribo de origem. Pigmeus. No meio
das florestas tropicais da África. E transportado a Nova York sob o manto da
hegemonia branca, que incrivelmente se tomava ares de ciência. Usando até mesmo
a teoria da Evolução das Espécies de Darwin.
Segundo este preconceito travestido em ciência, ali,
enjaulado, estava o elo perdido entre o macaco e o humano. E no “cavalo de pau”
mirabolante das ideias que devastam a desumanidade estavam figuras destacadas
da sociedade americana, mesmo nortistas, que diziam: ser os negros uma espécie
diferente, “uma raça degradada e degenerada”.
Grupos de igrejas evangélicas negras, por dentro do mesmo
cristianismo branco e europeu, mas com especificidade política em superação de
suas condições sociais protestou contra o enjaulamento de Ota Benga. Isso abriu
um grande debate entre a mídia reacionária do país e estes setores.
Durante meses prevaleceu o “direito” dos diretores do museu
de enjaular o pigmeu junto aos macacos. Mas a opinião pública virou, inclusive
porque até mesmo setores do sul racista ironizaram a vestal Nova York e o jovem
foi entregue para adoção por um orfanato da igreja cristã negra.
Finalmente Ota foi entregue a uma família na Virgínia, no
interior, onde brincou com as crianças. Aprendeu inglês. A religiosidade deles.
Ensinou coisas às crianças. Foi se desenvolvendo nos preceitos da “civilização
americana cristã”.
À proporção que foi chegando à adolescência, era uma criança
pigmeia quando fora aprisionado, Ota foi sendo tomado por um profundo banzo.
Uma fossa de nostalgia que apenas terminou com uma bala no coração, dentro de um
galpão cinza e degradado que ficava no outro lado da rua onde morava.
Toda esta miséria humana formada por vestais do pensamento
humano. Que se tomam de poderes para demonstrar olhos de fogo e pelos seus
dedos lançarem raios destruidores do desamor ao outro. A loucura que transforma
seres humanos em bonecos de retalhos.
Retalhos de ideias incoerentes e contraditórias. Apenas
balas raivosas que, por vezes, resultam em adolescentes que fulminam os outros com
armas de fogo.
Porque estamos falando dos nossos pensamentos, palavras e
atos. Todos exposto em público nesta rede de comunicação interpessoal. E para
um país com predomínio de cristãos, com frequência figuras que junta fé com
preconceitos, dogmas com copos de fel e jamais compreenderam sequer o que diz o
Novo Testamento.
São personagens mais do mundo amorfo de uma confusão do que
propriamente compreensivos cristão das palavras de Paulo: “Se eu falasse todas
as línguas, as dos homens e as dos anjos, mas não tivesse amor, seria como um
bronze que soa ou um címbalo que retine”.
São personagens perplexas diante do Papa Francisco, que
disse aos repórteres que levava consigo a escultura do Padre Espinal
(assassinado pela direita boliviana) da foice e martelo com o cristo em cima.
Levava e compreendeu a escultura como o espírito de uma época a teologia da
libertação.
E mais do que as pedras que se imaginam irremovíveis disse o
Papa Francisco ao se referir às suas declarações: “Às veze, vêm notícias que
tomam uma frase e ainda fora do contexto. Sim, eu não tenho medo, simplesmente
digo: olhem para o contexto! Se eu erro,
com um pouco de vergonha, peço desculpas e vou em frente.
Finalmente um papa Humano. Que admite o erro, se desculpa,
mas não desiste de seguir em frente.
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