sexta-feira, 3 de janeiro de 2020

CONFIDÊNCIAS NA MADRUGADA" - José Nilton Mariano Saraiva


Desde tempos imemoriais criamos o saudável hábito (ou seria pura insegurança ???) de, ao sentar para tentar redigir alguma coisa, termos ao lado um velho companheiro de luta: o dicionário.
Assim, logo após o seu lançamento no Brasil, em 2001, adquirimos o Dicionário Houaiss (embora já tivéssemos o do Aurélio) por entender tratar-se de uma grande, necessária e imprescindível obra.
Para que tenhamos ideia da sua grandeza, basta atentar que, na sua elaboração, nada menos que 200 (duzentos) lexicógrafos e especialistas no mister participaram da empreitada, e que em suas 2.924 páginas o “livrão” nos traz cerca de 228.500 verbetes, 376.500 acepções, 415.500 sinônimos, 26.400 antônimos e 57.000 palavras arcaicas, além de um sem número de consistentes informações técnicas, evidentemente que versando sobre a Língua Portuguesa (daí também ter sido lançado em Portugal). Sem qualquer demérito ao “Dicionário Aurélio”, o Houaiss lhe dá de goleada. Temo-lo, pois, como um companheiro inseparável, sempre que – como agora – queremos colocar o preto no branco, tentar passar alguma coisa pra você, aí do outro lado da telinha.
Pois foi exatamente numa dessas íntimas trocas de “confidências na madrugada” (vocês também conversam com o Dicionário, no silêncio da noite ???) que a porca torceu o rabo: a palavra que procurávamos (que não nos recordamos no momento), começava com a letra “P”, cujo vastíssimo banco de dados se encontra relacionado entre as páginas 2.099 a 2.340 do Houaiss, para onde nos dirigimos.
Uma primeira pesquisa e a surpresa desagradável: nadica de nada da dita-cuja. Pacientemente, creditamos o seu “não encontro” à zonzeira típica da chegada do sono àquela hora da madrugada, razão porque nos dirigimos à cozinha para bebericar um gole d’agua e “lavar a fuça”, objetivando acordar de vez.
Numa nova tentativa, nada da palavra. Ficamos um tanto quanto “baratinados” e murmuramos cá com os nossos botões: como é que pode, um “bichão” desse tamanho (2924 páginas) não ter uma simplória palavra dessa. E assim fomos nos deitar com a pulga atrás da orelha.
Pela manhã, já descansado e alimentado, partimos pra encarar a fera de frente, convictos que dessa vez ela não nos escaparia. Ledo engano. A tal palavra, definitivamente, não constava do estupendo Houaiss. Inconformados, tomamos então uma decisão radical: como que a procurar uma agulha no palheiro, sofregamente conferimos, uma a uma, da página número 01 à página número 2.924, na perspectiva da falta de alguma página.
Xeque-mate.
Encontramos, não só no espaço dedicado à letra “P”, mas, também, em mais duas outras letras (N e O ???), quatro ou cinco páginas faltando (em cada uma das letras) e, em seu lugar, páginas repetidas, num imperdoável erro de impressão (ou organização, ajuntamento e por aí vai) para uma obra de tamanho vulto.
Imediatamente acionamos o site ao qual o havíamos solicitado via Internet (Livraria Saraiva) e fomos orientados a devolver o Dicionário, via sedex (evidentemente que sem custos) e, semanas depois, recebemos um outro exemplar de volta (e aí já completo), com o agradecimento da editora responsável (Objetiva), que alegou que no “lote” em que se encontrava o exemplar que adquirimos originalmente teria havido o tal problema (repetição e falta de páginas).
Se, por conta disso, houve um “recall” a posteriori (solicitação de devolução de um lote ou de uma linha inteira de produtos, feita pelo responsável pela impressão do mesmo), não sabemos e nem nos foi dado conhecimento (mas, aqui pra nós, se você chegou a adquirir um Dicionário Houaiss, confira pelo menos a letra “P” à procura de páginas repetidas e consequentemente à falta das que deveriam ali constar, ok ??? ).
No mais, tirante esse detalhe (atípico), vale a pena investir no Houaiss (e como vale).












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