domingo, 31 de agosto de 2008

Começa os anos 90 e com ele o Governo Collor, o Caçador de Marajás. Uma das primeiras vítimas de tal volúpia de coronelzinho de engenho foi a demissão do poeta Hermínio Bello de Carvalho dizem que por vingança de um diretor da Televisão Educativa. Naqueles dias as reformas de faz de conta fazia suas vítimas entre os servidores públicos, mas a facada certeira foi na sociedade brasileira, não só pelo confisco do dinheiro, mas até pela cultura nacional. Hermínio é um símbolo e com símbolos não se brinca. A não ser estes seres desconexos da bolsa farta. Para recordar o valor do Hermínio, o mesmo letrista do Sei Lá Mangueira do Paulinho da Viola, segue esta belíssima letra que ele fez para um chorinho de Jacob do Bandolim, chamado Noites Cariocas. Vejam que beleza.

Noites Cariocas

Sei que ao meu coração só lhe resta escolher
Os caminhos que a dor sutilmente traçou
Para lhe aprisionar
Nem lhe cabe sonhar com o que definhou
Vou me repreender pra não mais me envolver
Nessas tramas de amor
Eu bem sei que nós dois somos bem desiguais
Para que martelar, insistir, reprisar
Tanto faz, tanto fez
Eu por mim desisti, me cansei de fugir
Eu por mim decretei que fali, e daí?
Eu jurei para mim não botar nunca mais
Minhas mãos pelos pés

Mas que tanta mentira eu ando pregando
Supondo talvez me enganar
Mas que tanta crueza
Se em mim a certeza é maior do que tudo o que há
Todas as vezes que eu sonho
É você que me rouba a justeza do sono
É você quem invade bem sonso e covarde
As noites que eu tento dormir meio em paz

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vou ter que expulsar todo o mal
Que você me rogou
Custe o que me custar
Vou desanuviar toda a dor que você me causou
Eu vou me redimir e existir, mas sem ter que ouvir
As mentiras mais loucas
Que alguém já pregou nesse mundo pra mim

Sei que mais cedo ou mais tarde
Vai ter um covarde pedindo perdão
Mas sei também que o meu coração
Não vai querer se curvar só de humilhação


A DISCIPLINA QUE TRANSFORMA E LIBERTA: MENTALIZAÇÃO, REFLEXÃO E ORAÇÃO

Em 1988 passei por uma experiência mística-espiritual que me marcou profundamente. Ao longo desses 20 anos tentei dar uma explicação e encontrar uma resposta racional para um fenômeno que eu havia vivenciado: o poder da imaginação da luz violeta. A pergunta que me fiz nesses longos vinte anos era: como a mentalização contínua de uma chama violeta havia provocado uma mudança radical e ontológica no caráter do meu ser? “Isso é coisa para místico e não para um cientista”– era a minha crítica e perplexidade! Como uma mente racional de engenheiro como a minha havia se libertado de repente das lógicas e dos paradigmas do mundo moderno para entrar e perceber um universo jamais imaginado e vivenciado por uma mente racional? Hoje, após assistir um vídeo emprestado por uma amiga retornei a fazer um exercício que havia quase abandonado desde 1988. Isto porque uma pessoa entrevistada, que aparece no vídeo, afirmou algo que encontrou ressonância em mim e me fez voltar no tempo. Hoje, comecei a especular baseado nos conhecimentos acumulados da física quântica que muito provavelmente o sistema sutil que antecede ao sistema físico é um sistema que se “alimenta” de vibrações sutis tais como pensamentos, imaginações, mentalizações, emoções, repetições de sons etc. Isso implica dizer que o cérebro e o restante do corpo são parte de um sistema complexo no processo de transformação de energias sutis (altíssima freqüência) em energias de baixa freqüência. Em outras palavras, tudo o que percebemos no mundo objetivo são matéria-prima no processo de transformação e circulação de energias em planos e dimensões do multiverso humano. Isso implica dizer que uma “simples” (mas contínua) mentalização de uma luz violeta, ou outra qualquer, desencadeia um fluxo de energia que percorre as diversas dimensões da natureza humana podendo trazer bem-estar, paz e cura para quem se disciplina em manter o exercício por longo “tempo” (as orações das rezadeiras e as meditações dos iogues também!). Por isso, Albert Einstein chegou afirmar: “A imaginação é mais importante do que o conhecimento”. E ele disse ainda : “estudem a fé”.
A realidade que vemos e participamos é análoga à percepção do som ou da imagem que saem de uma TV, mas a energia que está por detrás do som e da imagem não é percebida e sentida por nós. Percebemos os efeitos, mas não a causa. A causa está no plano sutil e invisível que “alimenta” o mundo concreto do corpo e da psique. E por que não conseguimos compreender esse universo sutil? Por que queremos através da razão “ver” um fenômeno que a antecede – isso é impossível! É como se quiséssemos “ver” a natureza do som ou “escutar” a natureza da imagem: para cada plano da realidade humana exige-se uma percepção específica. A mentalização ou meditação em verdade é um exercício de focalização ou concentração da energia sutil de tal forma que a intensidade desse exercício produz uma potencialização da energia acumulada, elevando e acelerando o poder de transformação humana. E dependendo do sentido da orientação do fluxo de energia podemos ter dois processos: materialização (condicionamento) e desmaterialização (descondicionamento). Os físicos quânticos já descobriram que a consciência do observador afeta a experiência observada. E por isso estão afirmando: somos criadores de realiadades! A ciência moderna está começando a experimentar e revelar um novo mundo – o nascimento de um novo paradigma revolucionário que mudará nossa concepção do cosmo e do ser!Prof. Bernardo Melgaço da Silva – (88)92019234 – bernardomelgaco@hotmail.com

GOLPE A VISTA?

Golpe de Estado, em resumo, é a tomada do governo fora das regras de sucessão e manutenção do poder. No Brasil os golpes de Estado são conhecidos e suas práticas exaustivamente estudadas pelos historiadores. Normalmente estas rupturas de processo ocorrem sob tensões sociais, quando setores conseguem manipular a opinião pública numa escala em que a manutenção do poder se torna insuportável. Os exemplos mais clássicos foram a instalação da república, a revolução de 30, a deposição de Getúlio em 45 e o Golpe de 64. No entanto tentativas frustradas sempre ocorreram ao longo do século XX sendo a maior frustração aquela em que Getúlio suicida-se para desespero dos golpistas.

Não parece que o país reúna uma situação de tensão social que sustente uma ação golpista. No entanto a prática de levantamento da opinião pública é constante, especialmente através da mídia. Hoje o centro da tensão, no entanto, é política, especialmente a política que envolve a própria noção de Estado "Mostesqueiriano". O poder executivo ultrapassa os limites do poder legislativo através de medidas provisórias e o poder judiciário, através do STF ultrapassa simultaneamente os poderes legislativo e executivo. Voltou-se à república dos "sábios" dos "doutos" que sob o manto medieval de suas vestimentas, decidem sobre tudo, até sobre o território nacional. Agora sobre algemas, noutro dia sobre aborto e segue a substituição dos poderes.

Os presidentes do STF se tornaram, por isso mesmo, agentes de visibilidade dos poderes econômicos e político. O atual presidente Gilmar Mendes não passa um dia que se apresente como o verdadeiro detentor de todos os poderes. Hoje mesmo diz que chamará o presidente da república "às falas". Um coloquialismo de esquina que não honra quem pronuncia a frase arrogante e nem a liturgia do cargo. No mesmo dia os principais jornais do eixo Rio-São Paulo, abrem suas manchetes para o fato. Gilmar Mendes atua como correia de transmissão de uma reportagem da revista VEJA.

Correia de transmissão, o motivo deve ser esclarecido. A revista publica na edição de final de semana uma denúncia de ação ilegal de escuta pela ABIN. O Gilmar Mendes e o senador Demóstenes Torres teriam sido grampeados. Fonte da notícia não esclarecido, documentação da matéria não apresentada, os órgãos denunciados desmentem a notícia. Então se trata de suspeitas e suspeitas devem ser resguardas para a investigação.

No entanto, é aí que o golpe, na velha prática histórica brasileira se manifesta. Toda a mídia que tem peso estampa e denuncia a ABIN. Gilmar Mendes puxa as orelhas do presidente de um outro poder. Provoca uma situação de confronto. No mesmo dia, o senador Heráclito Fortes, convoca uma tal de Comissão de Controle das Atividades de Inteligência do Congresso. Uma comissão mista que já quer ouvir o Diretor da ABIN Paulo Lacerda e o General Jorge Félix. O presidente do Senado já se manifestou. Nesta semana tem golpe em todos os textos. Claro que haverá a manifestação do contragolpe, isso é sempre necessário nestas questões políticas.

Pelo que se pode vislumbrar, a operação pode ser mais provinciana. Como estão presentes personagens importantes das organizações Daniel Dantas, inclusive a VEJA, é possível que tudo se organize para derrubar Paulo Lacerda e atar os braços da Polícia Federal na investigação SATIAGRAHA. É possível, mas no Brasil golpe é fato recorrente. E de qualquer modo as instituições já estão combalidas, especialmente o Senado e o STF (este por excesso de protagonismo político).

A LISTA (para breve reflexão)

Oswaldo Montenegro
Faça uma lista de grandes amigos
Quem você mais via há dez anos atrás
Quantos você ainda vê todo dia
Quantos você já não encontra mais...
Faça uma lista dos sonhos que tinha
Quantos você desistiu de sonhar!
Quantos amores jurados pra sempre
Quantos você conseguiu preservar...
Onde você ainda se reconhece
Na foto passada ou no espelho de agora?
Hoje é do jeito que achou que seria
Quantos amigos você jogou fora?
Quantos mistérios que você sondava
Quantos você conseguiu entender?
Quantos segredos que você guardava
Hoje são bobos ninguém quer saber?
Quantas mentiras você condenava?
Quantas você teve que cometer?
Quantos defeitos sanados com o tempo
Eram o melhor que havia em você?
Quantas canções que você não cantava
Hoje assobia pra sobreviver?
Quantas pessoas que você amava
Hoje acredita que amam você?

Noticias do domingo


Resgatando a memória de Crato
O Cura da Sé, Padre Edmilson Neves Ferreira, está tentando junto à Prefeitura de Crato reaver a pequena imagem de São Fidelis de Sigmaringa, ora exposta no Museu Histórico. A imagem pertencia à Catedral, mas foi doada ao museu anos atrás. Para quem não sabe, São Fidelis de Sigmaringa foi declarado co-padroeiro de Crato, por Frei Carlos Maria de Ferrara, quando este erigiu a pequena capela de taipa, coberta de palha, dedicada a Nossa Senhora da Penha. Se conseguir a devolução, Padre Edmilson construirá, na catedral, um nicho para expor a imagem de São Fidelis. Já existe até um projeto nesse sentido – feito por Armando Lopes Rafael – que prevê um afresco (pintura sobre parede) com Frei Carlos de Ferrara e sua capelinha e apequena imagem do co-padroeiro de Crato. Até que enfim seria materializada a primeira homenagem ao fundador da cidade!

Aqui me tens de regresso...
Em maio passado, a OceanAir anunciou o encerramento de suas atividades no Cariri. Agora, a empresa aérea voltou atrás. Nos próximos dias reiniciará suas operações no Aeroporto Orlando Bezerra de Menezes. Brevemente serão divulgados os novos vôos – e novos horários – da OceanAir, a partir de Juazeiro do Norte.

Só no Crato...
E a nota publicada neste site, sobre a cassação do nome da Rua Imperatriz Leopoldina, como patrona de uma rua de Crato teve repercussão com lances inimagináveis. Descobriu-se que existem em Crato 3 (três) ruas com o nome Orestes Costa (uma no Grangeiro; uma avenida ao lado da Grendene e a mais recente: substituindo o nome da primeira imperatriz, a quem o Brasil deve na prática sua independência política). Pois é! Enquanto isso, o maior benfeitor de Crato – Dom Vicente de Paulo Araújo Matos – não foi considerado digno de ter seu nome numa rua da cidade. Até onde vai a insânia dos nobres vereadores...

Bem-vindos
O jornalista Lira Neto – que está escrevendo nova biografia do Padre Cícero – desembarca no próximo dia 12 em Juazeiro do Norte. Vem participar da consagração (no dia 15 de setembro), da Basílica-Santuário de Nossa Senhora das Dores. Quem também virá a Juazeiro do Norte, com igual finalidade, é o jornalista irlandês Tom Henningan, correspondente do “The Sunday Times”, de Londres, no Brasil. Tom também escreve para o jornal “Irish Times”, de Dublin, Irlanda.

Na crista da onda
E por falar em Juazeiro do Norte, o jornal eletrônico “Juazeiro do Norte on line”, está publicando matérias resgatando as visitas de Presidentes da República a Terra do Padre Cícero. Foram seis visitas: Castelo Branco, Ernesto Geisel, José Sarney, Collor de Melo, Fernando Henrique Cardoso e Lula da Silva. Foi em Juazeiro do Norte, durante visita para lançar o projeto de saneamento da cidade, que Collor de Melo, republicanamente, disse que “tinha aquilo roxo”...

A Imperatriz Leopoldina



No início de 1817, a Arquiduquesa austríaca Leopoldina de Habsburgo chegava ao Brasil, para se casar com o herdeiro do Trono de Portugal, o futuro Dom Pedro I. A vida do casal demonstrou que havia poucos pontos em comum entre ela e D. Pedro. Era Dona Leopoldina a primeira pessoa com uma boa bagagem cultural com quem ele entrou em contato íntimo. Ela o excedia muito em educação e cultura: Falava francês e italiano, estudava o inglês e aprendia o português rapidamente. Ainda pintava retratos e paisagens e tocava piano com perfeição. Tinha grande inclinação pela natureza e pelas ciências naturais. Com muita dedicação colecionava coisas referentes às ciências naturais, sobretudo à mineralogia. No setor da flora, da fauna e mineralogia, adquirira apreciáveis conhecimentos (OBERACKER, 1985 : 156).
Dona Leopoldina veio com sua Corte, formada de médicos, zoólogos, botânicos e músicos. A eles devemos os primeiros estudos feitos sobre o Brasil, na área das ciências naturais. Deve-se, ainda, à Imperatriz Leopoldina a primeira floresta urbana do mundo, a Floresta da Tijuca, existente na cidade do Rio de Janeiro.
A essas virtudes, era possível acrescentar um senso político extremamente aguçado, uma notável capacidade de pressentir o momento da ação, e sugeri-la ao marido. Vinha esse senso marcado por um acentuado amor, que desde logo desenvolveu, pela terra e pela gente do Brasil.
Dona Leopoldina teve um papel decisivo na nossa independência. Em agosto de 1822, os brasileiros já estavam cientes que Portugal pretendia chamar D. Pedro de volta, rebaixando o Brasil, de Reino Unido para voltar a ser uma simples colônia. Com a eminência uma guerra civil que pretendia separar a Província de São Paulo do resto do Brasil, D. Pedro passou o poder à Dona Leopoldina no dia 13 de Agosto de 1822, nomeando-a chefe do Conselho de Estado e Princesa Regente Interina do Brasil, com todos os poderes legais para governar o país durante a sua ausência e partiu para apaziguar São Paulo.
Neste ínterim, a Princesa Regente recebeu notícias que Portugal estava preparando uma ação contra o Brasil e, sem tempo para aguardar a chegada de D. Pedro, Leopoldina, aconselhada pelo Ministro das Relações Exteriores José Bonifácio e usando de seus atributos de chefe interina do governo, reuniu-se na manhã de 2 de Setembro de 1822 com o Conselho de Estado, assinando o Decreto da Independência, declarando o Brasil separado de Portugal. José Bonifácio convocou o oficial de sua confiança, Paulo Bregaro, para levar a sua carta e a de Leopoldina para D. Pedro em São Paulo. Bregaro encontrou-se com o Príncipe e a sua comitiva nas margens do riacho Ipiranga no dia 7. Ao ler as cartas sobre os acontecidos no Rio, D. Pedro, referendando a medida tomada pela Princesa Regente, proclamou a Independência do Brasil.
Enquanto se aguardava o retorno de D. Pedro ao Rio, a Princesa Leopoldina, já como a primeira governante interina do Brasil Independente, idealizou a Bandeira do Brasil: Com o verde da família Bragança e o amarelo ouro da família Habsburg.
A Princesa Leopoldina assinou o Decreto da Independência, separando o Brasil de Portugal em 2 de setembro de 1822, mas temendo uma repercussão negativa, por ela ser austríaca, José Bonifácio aconselhou-a a deixar o anúncio do decreto assinado a cargo de D. Pedro, este proclamou em 7 de setembro de 1822 o Decreto da Independência assinada pela Princesa Regente.
Leopoldina dedicou seu trabalho à construção do Império do Brasil, depois da Coroação de D. Pedro, o casal visitava repartições públicas, inspecionava a alfândega e hospitais.
Morreu no dia 11 de dezembro de 1826, longe de seu país e de seu marido. Quando os sinos das igrejas e os canhões das fortalezas anunciaram sua morte, a população em massa foi prestar sua homenagem a Imperatriz, que era extremamente bem quista. Mulher de educação esmerada, à frente de seu tempo, de fino trato com as pessoas fizeram dessa mulher uma das personagens mais queridas do Brasil no início do século XIX.

sábado, 30 de agosto de 2008

Passos nos Versos - Nilo Sérgio Duarte Monteiro



®CIÚMES



Ciúme que me corta a carne
Com faca cega,
Que me faz beber o ácido de tua ausência.
Que me amedronta
Que me sacode
Me faz doente,
Ciúme,
Que me acorda do sono
E me joga subjugado
De joelho
Aos teus pés.


®LUGAR PARA AMAR


Por não ficar ao teu lado ao amanhecer
Não desprezei o prazer do teu calor
Dos demorados beijos que te dei.
Meu corpo só é aprisionado pela roupa que o reveste
Sim! Desejo as emoções que tu me guardas
Mas no ritmo que me resguarda de sofrer novamente
Os reveses da paixão.
Haverá, quando menos esperares,
Um novo lugar para amar,
No entardecer de Olinda
Sob o brilho das estrelas e sob
A luz calma do luar.








SOLIDÃO COMPARTILHADA

E assim partes sem nada dizer,
Sem bilhetes carmins do teu batom no espelho...
Sem adeus...
Sem explicações...
Desnecessárias talvez?
Meias palavras?
Melhor assim!
Segue! Assumo o passo seguinte
Mas, se for possível...
Compartilha comigo esta solidão
Mesmo não estando mais comigo.


®COMO ORAÇÃO


Corre enfim livre o pensamento
Desejando ter asas
Na pressa de chegar a ti.
Pulsa forte o sangue nas veias
Na vibração incontrolável
Do desejo de teu corpo e alma.


®IMAGENS I



Sentas
Sorrindo
Contando
Estórias
Sonhos
Imagens.
Teu hálito
Quente
Cheiro de canela
Bafeja meu rosto.
Acordo sobressaltado!
Pela janela aberta
Entra o frio da madrugada
Já não estás aqui...


®MEDO



Ao me olhar no espelho
Desvio o rosto.
Assusta-me a visão caleidoscópica
Do amontoado de histórias
Caminhos, ruínas
Que deixei pra trás!
XXX
P.S. Mais um poeta cratense ...
Mais um companheiro das madrugadas !
Seja bem-vindo , Nilo Sérgio !







Cariri vai ganhar sua Basílica Menor no próximo dia 15 de setembro

N. Sra. das Dores

500 mil fiéis devem participar da romaria

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Todos os dias serão realizados devocionário e louvores, missas, confissões e caminhadas com os fiéis pelas principais ruas de Juazeiro do Norte (Foto: Elizângela Santos)

A elevação de Santuário Diocesano à Basílica Menor será um dos grandes momentos marcados para o evento

Juazeiro do Norte. Começa amanhã, com uma grande carreta saindo da Matriz e percorrendo as principais ruas do Centro de Juazeiro do Norte, às 8 horas, uma das maiores romarias do ano, a de Nossa Senhora das Dores, padroeira do município, carinhosamente chamada pelos fiéis de “Mãe das Dores”. Este ano, em virtude do período eleitoral, estima-se a participação até o dia 15, dia da grande festa, de cerca de meio milhão de pessoas. O evento abre o calendário das grandes romarias. A elevação de Santuário Diocesano de Nossa Senhora das Dores à Basílica Menor, a segunda no Estado do Ceará, será um dos grandes momentos deste ano.

A Procissão das Bandeiras acontece no final da tarde, saindo da Rua do Horto. É um ato tradicional, em que os fiéis percorrem a pé o trajeto do Horto até o Santuário Diocesano. Às 18h30 está previsto o hasteamento das bandeiras.

A missa de abertura, às 19 horas, será presidida pelo padre Paulo Lemos. Todo um trabalho de organização para início do calendário das grandes romarias começou no final de julho. A meta é poder dar um suporte maior no atendimento aos visitantes.

Os serviços de saúde e segurança, conforme o secretário de Turismo e Romaria, Felipe Figueiredo, serão ampliados. Um posto de saúde, próximo ao Santuário, estará aberto até às 22 horas. Os serviços de plantão nos hospitais também estarão preparados durante o período. Para o padre Paulo Lemos, administrador do Santuário, este será um momento histórico para a Igreja. Ele afirma que todos os preparativos estão sendo ultimados nesse sentido e a população católica preparada para este momento. O tema escolhido para este ano será “De capelinha a Santuário, a Matriz dos romeiros agora é Basílica Menor”. A Igreja comemora a bênção do Papa Bento XVI, com a elevação do Santuário à Basílica Menor.

Programação

Todos os dias serão realizados devocionário e louvores, missas, confissões e caminhadas. De 12 a 14, datas de maior fluxo de visitantes de outros Estados, serão realizadas missas dedicadas aos romeiros, com o tríduo. Confissões antes das santas missas e de forma intensiva acontecerão diariamente. O dia de oficialização da Basílica Menor de Juazeiro acontece na data da grande procissão, às 16 horas, nas principais ruas da cidade.

SAIBA MAIS

Programação

Todas as noites serão realizados Devocionário Mariano, Missas, pregações, noitários, diversas homenagens, quermesses, leilão, e shows religiosos. Após as missas do tríduo da romaria, terá animação com Show do Chapéu com os grupos Sal da Terra, Javé-Yré (Sagrada-Face), Jota Farias, João Cláudio Moreno e outros.

Carreata

A partir das 8h, acontece carreata com a imagem de Nossa Senhora das Dores pelas ruas da cidade, saindo da Igreja Matriz. Por volta das 17h30, terá saída da Procissão das Bandeiras, com início na Rua do Horto, 146.

Noitários

Os noitários acontecem no Setor VII (Padre Cícero), Pastoral da Saúde, Consciência Negra, Grupo Santa Clara, São João Batista, Infância Missionária, Poço de Jacó, catequese em geral. A partir das 18h30 terá o hasteamento das Bandeiras. Às 19h, será celebrada a Missa de Abertura da Festa da Padroeira, presidida pelo padre Paulo Lemos.

Encerramento

Às 9h, do dia 15 de setembro, será realizada a oficialização do Título de Basílica Menor para o Santuário Diocesano Mãe das Dores. Ao meio-dia, acontecerá a despedida dos romeiros de Juazeiro do Norte. No fim da tarde, acontecerá a grande procissão, Festa com Orações, benção e também show pirotécnico.

Mais informações:
Romaria N. Senhora das Dores
Secretaria de Turismo e Romaria
Memorial Padre Cícero
Juazeiro do Norte (CE)
(88) 3511. 4040

"V eja", edição 2076 de 03/setembro/2008:

E para os que não acreditavam, Barack Obama chegou lá...

Quando o Brasil terá um negro com chances de chegar à Presidência da República?

Internacional
O show e a sua estrela

Obama quebra um tabu histórico e vira candidato
oficial à Casa Branca num evento grandioso, que
misturou muita televisão e até um pouco de política


André Petry, de Denver

Emmanuel Dunand/AFP

A CONSAGRAÇÃO DO POP STAR
Obama, saudando 80 000 pessoas no estádio de futebol: as colunas dóricas eram bregas, mas funcionaram


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Exclusivo on-line
Quem é quem: As trajetórias de Obama e McCain

Todo mundo sabia o resultado, mas não deixa de ser histórico: Barack Hussein Obama, um havaiano de 47 anos, filho de mãe branca do Kansas e pai negro do Quênia, tornou-se oficialmente, às 20h14 de quinta-feira, 28 de agosto de 2008, hora de Denver, no estado do Colorado, o primeiro negro a candidatar-se à Presidência dos Estados Unidos por um partido majoritário. "Eu aceito a sua indicação", anunciou Obama. A platéia de quase 80.000 pessoas, instaladas num moderno estádio de futebol, como convém a um pop star, veio abaixo. Obama falou durante 42 minutos, fez seu discurso mais duro contra o adversário, o republicano John McCain, e também o mais substancioso de sua campanha até agora. Falou de saúde, educação, emprego, energia, aposentadoria, Iraque, terrorismo. Foi aplaudido 67 vezes. Estava assim encerrada a convenção do Partido Democrata, um espetáculo que durou quatro dias, mobilizou 26 000 voluntários e injetou cerca de 160 milhões de dólares na economia de Denver. O prefeito, John Hicken-looper, ria com 300 dentes.

Para quem está habituado às pancadarias do PMDB, o evento deixou duas lições elementares: ensinou como se faz show e como se faz até um pouco de política. O ponto alto do espetáculo foi o discurso de Obama no estádio de futebol, pronunciado à frente de uma fachada de templo grego com colunas dóricas, cenário cuja intenção era evocar a monumentalidade arquitetônica de Washington. Era desalentadoramente brega, mas funcionou. O público ali presente adorou. O público em casa, confiando-se na audiência da televisão, também. Não podia ser diferente. Para fazer um show, tudo é pensado em função da TV. Antes de Obama subir ao palco, testaram-se os ângulos de câmera, de modo que o candidato aparecesse sempre com a multidão, e não acima da multidão. A chuva estragaria as imagens, mas dava para arriscar. A meteorologia informava que, nos últimos vinte anos, choveu só uma vez em Denver no dia 28 de agosto. Também deu certo. De dia, o sol estava radiante. De noite, Obama discursou sob um céu estrelado. Para ofuscar seu sucesso, McCain anunciou sua companheira de chapa no dia seguinte: é a governadora do Alasca, Sarah Palin. Ela não tem experiência nenhuma, mas possui um belo rosto para a televisão e, sendo mulher, pode rivalizar com a estrela em ascensão da temporada, Michelle Obama (veja quadro). Imagem é tudo.

Mario Tama/AFP

EM NOME DA IMAGEM
McCain, com sua companheira de chapa, Sarah Palin: belo rosto para aparecer na TV


O grosso da convenção transcorreu em outros dois lugares. Um deles foi o enorme centro de convenções de Denver, onde as reuniões partidárias misturavam anônimos descolados e famosos engravatados, tudo muito parecido com o Congresso Nacional em Brasília, ou, como se apelidou aqui, "uma Hollywood de gente feia". Ali, fazia-se um pouco de política. O outro lugar era o Pepsi Center, ginásio para mais de 15.000 pessoas, onde ocorreram os principais discursos de cada dia. Ali, fazia-se televisão, a começar pela platéia, que recebia cartazes, bandeiras e estandartes, cada qual com hora certa para ser levantado. Hillary Clinton entrou no palco? Levantam-se cartazes com fundo branco e a assinatura da senadora em azul. Hillary endossou a candidatura de Obama? Erguem-se estandartes azuis, num lado escrito "Hillary", no outro escrito "Unidade". O candidato a vice Joe Biden está no palco? Estandartes vermelhos com "Biden" escrito nos dois lados. Uma banda, com duas baterias e coro com vozes masculinas e femininas, fazia sonoplastia ao vivo. Biden chamou sua família inteira, filhos e netos, para o palco? A banda ataca com o clássico dos anos 70 imortalizado pelo quarteto Sister Sledge: We Are Family.

Como as câmeras amam um rosto em lágrimas, discurso que se preze tem de apelar para a família e as tragédias familiares. Chelsea, a filha dos Clinton, chamou Hillary ao palco. Com vocês, "minha heroína e minha mãe". Caroline Kennedy, sobrinha do senador Edward Kennedy, que interrompeu sua luta contra um câncer no cérebro para aparecer uns minutos na convenção, anunciou o senador. Com vocês, "meu tio Teddy". Craig Robinson foi escalado para convidar ao palco sua irmã Michelle Obama. Com vocês, "minha irmãzinha". Biden foi introduzido ao público por um de seus filhos. Com vocês, "meu amigo, meu pai, meu herói". Biden começou seu discurso falando do seu orgulho do filho e do desejo de que seu pai estivesse vivo para vê-lo ali, e saudando a mãe, velhinha, na platéia. A tragédia familiar de Biden, que perdeu a mulher e uma filha de 13 meses num acidente de carro em 1972, foi mencionada três vezes: no telão que resumiu sua vida, na fala do seu filho e na sua própria. Só não pegou lágrima o cinegrafista que não quis.

Gilberto Tadday

NUNCA SE VIU NADA IGUAL
Agora, Michelle também tem broches com sua imagem: nunca se viu uma candidata a primeira-dama assim

Com patrocínio da AT&T, da Coca-Cola e de uma enormidade de empresas menos conhecidas, de shopping center a escritório de advocacia, houve, além do espetáculo, uma convenção partidária – e altamente profissional. As divisões internas numa legenda não existem só na miríade de facções de um PT ou no retalho confederativo de um PMDB. Mas só aparecem ao público quando o pessoal perde o juízo. Temia-se que Hillary desse apoio apenas protocolar a Obama, em razão dos ressentimentos das primárias, ou que seus delegados fizessem confusão no plenário; Obama tinha uma tropa de choque de prontidão. Ninguém perdeu o juízo. Hillary fez um endosso inequívoco do ex-rival e chamou seus partidários à unidade. Bill Clinton, outro magoado, ainda queria falar de economia, para jogar confete em sua gestão, e o escalaram para abordar a política externa. Foi outro profissional. Deu apoio cristalino a Obama, fez um atalho para mencionar a economia, mas centrou seu discurso no fracasso da política externa de George W. Bush. Do próprio Obama, o partido vinha pedindo menos retórica e mais conteúdo. Ele cumpriu o roteiro à risca, com promessas de cortar impostos de "95% dos americanos" e chegar à independência do petróleo do Oriente Médio "em dez anos". Todos, de ex-presidente a candidato a presidente, devidamente enquadrados.

Há vida no Partido Democrata. Os 4 400 delegados e milhares de militantes sem voto fizeram muita festa em Denver, lotaram bares e boates, fecharam restaurantes, mas até trabalharam. Os encontros setoriais – cáucus – estavam por toda parte no centro de convenções. A reunião dos latinos tinha dois telões, com orientações sobre como capturar o voto hispânico. Na dos ruralistas havia programa impresso com propostas de Obama para o setor, mas não tinha gente. A dos índios tinha café de graça. A dos gays e lésbicas não tinha café, nem programa, mas havia distribuição de balinhas com o desenho da bandeira americana. E tudo objetivo. O que querem os ruralistas? "Saúde", diz Richard Machacek, 57 anos, que planta milho e soja no sul de Iowa e paga 1 200 dólares de plano de saúde. "Uma exorbitância." E o que querem os gays e lésbicas? "Casar", diz Vanessa Foster, 51 anos, de Houston, Texas. E os índios? "Voz", diz Michael Matanane Bell, 24 anos, da tribo cheyenne e arapaho. "Somos 630 tribos reconhecidas e não temos voz." Como sempre acontece na euforia antes das urnas, todos acham que, com Obama na Casa Branca, terão o que querem. É óbvio que não terão, mas não deixa de ser histórico.

"Ela não é adorável?"

Mike Segar/Reuters

A GARANTIA É ELA
Michelle, saudando suas multidões: certificado de ser negra e americana


No início da campanha, Michelle Obama estava um tanto reticente, ressabiada pelas campanhas anteriores do marido, que achou um tédio. Perguntada certa vez se realmente não via nada de bom numa campanha, pensou um pouco e respondeu que, depois de visitar tantas casas de famílias, tinha novas idéias de decoração. Quando o marido passou a virar um fenômeno eleitoral, ela começou a se empolgar, soltou o verbo e lhe pegaram no pé, questionando o sentido de suas tiradas irônicas. Ela se retraiu e voltou à cena com o figurino que lhe pediram: mais contida, muito participativa e muito família. E é assim que Michelle está se tornando uma estrela. Ela é tratada como se fosse candidata. Tem mais segurança do que o candidato a vice Joe Biden. Sua imagem, só a dela, sem mais ninguém, está em broches de campanha vendidos a 3 dólares. Por onde passa, Michelle arrasta um mar de seguranças, cinegrafistas e um público aos gritos de "Michelle, nós te amamos". Na segunda-feira passada, ela fez o discurso principal do dia, abrindo a convenção democrata, um papel jamais dado a uma candidata a primeira-dama. Nem com Jackie O. foi assim.

A equipe de campanha faz o que pode para manter Michelle sob os holofotes por boas razões. Quando o eleitor negro começou a achar que Obama, sendo filho de mãe branca, não era um negro autêntico, Michelle entrou em cena com sua negritude de quatro costados. Agora que o eleitor anda questionando se Obama, sendo filho de queniano e tendo nascido no Havaí e morado na Indonésia, é um americano autêntico, Michelle é quem aparece para dar o certificado de pedigree. "Barack e eu fomos criados com muitos valores em comum", disse ela, no discurso de segunda-feira. Ao encerrar sua fala, e para mostrar que Obama é tão americano que tem uma família igual à de todo mundo, as filhas, 7 e 10 anos, entraram no palco. Num telão, apareceu a imagem de Obama ao vivo:

– Onde você está, papai? – perguntou a pequena Sasha.

– Em Kansas City, querida – respondeu o candidato, para um ginásio encantado.

Michelle mandou beijo para o marido, agradeceu os aplausos e saiu com as meninas, ao som da canção de Stevie Wonder Isn’t She Lovely, ou "Ela não é adorável?".

A IMPORTÂNCIA DA GEOGRAFIA NO ENEM


Galera não esqueçam que a avaliação é feita por critérios de competências e habilidades. De acordo com o Ministério da Educação, competências são as modalidades da inteligência que usamos para estabelecer relações entre o que desejamos conhecer. Já as habilidades são competências adquiridas e estão ligadas ao "saber fazer".
Veja quais são as cinco competências cobradas:
I- Dominar linguagens;
II- compreender fenômenos;
III- enfrentar situações-problema;
IV- construir argumentações;
V- elaborar propostas de intervenção solidária.
Agora vamos conhecer as 21 habilidades do Enem e a importância do conhecimento geográfico no sucesso da resolução das questões:
1.Compreender e utilizar variáveis- Matemática;
2.Compreender e utilizar gráficos – Geografia e Matemática;
3.Analisar dados estatísticos – Geografia e Matemática;
4.Inter-relacionar linguagens – Língua Portuguesa;
5.Contextualizar arte e literatura – Geografia e História
6.Compreender as variantes lingüísticas – Língua Portuguesa;
7.Compreender a geração e o uso de energia – Geografia e Química;
8.Compreender a utilização dos recursos naturais – Geografia;
9.Compreender a água e sua importância – Geografia e Química;
10.Compreender as escalas de tempo – Geografia e História;
11.Compreender a diversidade da vida – Geografia e Biologia;
12.Utilizar indicadores sociais - Geografia
13.Compreender a importância da biodiversidade – Geografia e Biologia;
14.Conhecer as formas geométricas – Matemática;
15.Utilizar noções de probabilidade – Geografia e Matemática;
16.Compreender as causas e conseqüências da poluição ambiental – Geografia e Química;
17.Entender processos e implicações da produção de energia – Geografia, Química e Física;
18.Valorizar a diversidade cultural – Geografia e História
19.Compreender diferentes pontos de vista - Geografia e História;
20.Contextualizar processos históricos- Geografia e História;
21.Compreender dados históricos e geográficos- Geografia e História.
Pessoal, estas informações acima só reforçam meu discurso em sala de aula da importância da Ciência Geográfica, a sociedade pós-moderna exige que o cidadão compreenda a diferença entre técnica e ciência. A geografia dentre outras ciências é a que possibilita termos um conhecimento de nossa realidade envolvendo as categorias tempo e espaço, possibilitando assim compreendermos claramente que FAZER O SABER, é papel das ciências e SABER FAZER CADA VEZ MELHOR, é resultado da evolução técnica.

No dia do Enem: cinco dicas para fazer uma boa redação e como dividir o tempo no dia da prova

Evitar o nervosismo é o principal desafio do estudante. "A prova é basicamente de leitura e interpretação de textos, portanto deve-se ler as questões com calma, pois na maioria das vezes o que é pedido está no próprio texto". Lembrem-se do que repito demasiadamente em sala, questões com recursos como: textos, gráficos, charges, tabelas e mapas, são as melhores de resolverem, pois as respostas estão na análise dos mesmos.
È consenso entre todos os colegas professores que, a melhor maneira de saber como usar o tempo na prova é estudar por provas anteriores. "É um jeito de se acostumar com o tempo, com o formato da prova e com a forma como as questões são apresentadas".

A temida redação

É opinião da grande maioria dos professores de português, ressaltarem que é preciso ter concentração na hora de escrever: "o estudante deve fazer o que já fazia em sala de aula".
O ideal é fazer a redação em uma hora, com cerca de 30 linhas e, no mínimo, 3 parágrafos. Ressaltam também que é melhor usar períodos mais curtos: "são mais objetivos e são melhores para evitar erros de concordância nominal, que ocorrem geralmente em frases longas".
Vejam ai os 5 passos da boa redação:
1.Ler com atenção os textos que serão dados na proposta de redação;
2.observar se o texto tem coerência e coesão;
3.reler;
4.corrigir eventuais erros;
5.passar a limpo.

Saudações Geográficas!
João Ludgero

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

O CAPRICHOSO BOI DOS CIDS



- Quem quiser que eu cante o boi

É de me dar quatro vitém,

A depois do boi cantado (bis)

Todos gostam muito bem.

“O Rabicho da Geralda”.

Quem se detiver um pouco no nosso processo de Colonização, haverá de entender que o país foi, pouco a pouco ,ocupado na sua região costeira. A expansão em busca do nosso inóspito interior começou a acontecer , um pouco depois, por conta de do maior impulsionador de aventuras e descobertas deste mundo: a ambição. A mineração fez com que um sem número de garimpeiros adentrassem sertão afora, em busca de ouro e pedras preciosas. No dizer inesquecível do nosso grande Bilac, eles sequer percebiam, na sua busca, o verdadeiro tesouro : iam plantando um colar brilhante de pousos e vilarejos e plantando as pérolas de uma civilização futura. Do outro lado, de importância similar no Brasil, e bem superior em todo Nordeste brasileiro, a atividade pecuária , introduzida pelos colonizadores portugueses, expandiu-se interior adentro, tornando-se imprescindível às atividades econômicas da Colônia. Primeiro por conta da possibilidade de servir de transporte como veículo de tração, máxime nos engenhos de cana de açúcar, depois por servir de alimento básico à população e finalmente por ceder o couro , artefato indispensável ao modus vivendi da Colônia. A criação de gado se tornou entre nós a mais importante atividade de fixação do homem no campo. Nossos centros mais antigos de criatório vinham do Nordeste Canavieiro, se estendendo do Médio São Francisco até o Rio Paraíba , nas fronteiras do Piauí e Maranhão. O Boi, então, tão presente entre nós, nas nossas antigas sesmarias, passou a ser um companheiro próximo, quase um irmão do homem interiorano. E ele rapidamente se mitificou entre nós. Este ato, não poderia ser de todo imprevisível, já que o Boi estava fartamente presente na mitologia de vários povos. Animal sagrado no Egito e na Índia; Guardião do Labirinto de Creta; personificação de Zeus; a primeira letra do alfabeto hebraico é representada pelo boi. Nesta complexa e ambivalente simbologia o Boi representa o espírito macho combativo, o poder fertilizante, vezes ligada à sexualidade, vezes à força espiritual.

No Nordeste brasileiro, pois, é inequívoca a presença do boi na nossa Cultura. Nos nossos romances populares mais históricos e tradicionais pululam a sua figura : “O Boi Surubim”, “O Rabicho da Geralda”, “O Boi Espácio”, “O Boi Liso”, “O Boi Misterioso”; “O Boi Mão de Pau” e tantos incontáveis outros. A maior parte dos nossos folguedos populares, também, contam com a presença mitológica do Boi. Um dos mais importantes entremezes do nosso Reizado, é o boi. O Carnaval de Olinda possui vários bois famosos , como o emblemático “Boi da Macuca”. “O Boi-Bumbá” um dos mais portentosos folguedos brasileiros, uma manifestação típica brasileira, presentes em muitos estados do Nordeste, segundo alguns pesquisadores, nasceu no Piauí , coincidentemente um dos Estados brasileiros onde a atividade pecuária foi mais difundida no Século XVII e início do XVIII. Nos estados do Norte do Brasil, como Maranhão, Pará e Amazonas, o “Boi-Bumbá” é, de longe, a festa mais importante. Talvez muito por conta da atividade pecuária e, um outro tanto, pela profunda colonização advinda do Nordeste brasileiro, onde os cearenses, legitimados judeus brasileiros, se tornaram a parcela mais importante desta diáspora.

O ouvinte certamente já deve ter visto pela TV “A Festa do Boi de Parintins”ou “Festival Folclórico de Parintins”, uma verdadeira ópera aberta, que acontece num grande estádio, chamado de “Bumbódromo”, anualmente, em fins de Junho. A pequena cidade de Parintins , à margem do Amazonas, se entope de gente. O estádio mal consegue acomodar os mais de 35.000 expectadores. A TV transmite o espetáculo para todo o mundo. O Festival acontece desde 1965 , nestes moldes , envolvendo no ritual personagens inúmeros : O levantador de toada, o amo do boi, a Sinhazinha da Fazenda, Porta Estandarte, Rainha do Folclore, Cunhã-Poranga e muitos outros, todos envoltos e embalados num figurino lindíssimo e num cenário de encher os olhos. A disputa se faz historicamente entre dois bois : “O Garantido” e o “Caprichoso” e toda a região se divide entre estas duas agremiações, com toda a rivalidade própria das torcidas de futebol.

Pois bem, amigos, aqui vem o mais interessante, “O Boi Caprichoso” , vencedor das últimas duas edições do Festival, foi fundado por cratenses da gema: Raimundo Cid, Pedro Cid e Félix Cid. Os três teriam migrado do município de Crato, passando pelos estados do Maranhão e Pará, até chegarem à ilha de Parintins, em 1913, onde fizeram uma promessa a São João Batista para obterem prosperidade no novo município. Isso foi moti­vado pelas influências recebidas pelos Cid durante a trajetória até a ilha, quando puderam conhecer vários folguedos juninos por onde passaram. Duas manifestações folclóricas chamaram a atenção: o Bumba-Meu-Boi, maranhense, e a Ma­rujada paraense.

Tudo isto é sintomático da força da cultura caririense, o coração cultural do Ceará. Os irmãos Cid, que não têm parentesco com nosso atual governador, refizeram ,caprichosamente distante, o mito do testamento do Boi :

“ E pra quem vai a língua

Do nosso Boi Cariri

--- Manda lá prá Parintins !



Bibiografia

Alcoforado, Doralice Fernandes Xavier

http://www.anpuh.uepg.br/xxiii-simposio/anais/textos/DORALICE%20FERNANDES%20XAVIER%20ALCOFORADO.pdf

ABREU, J. Capistrano. Capítulos de história colonial. 4.ed. Rio de Janeiro: Briguiet, 1954.

ALENCAR, José de. O nosso cancioneiro. In: Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1952. v. 4.

AMARAL, Amadeu. Tradições populares. São Paulo: Instituto Progresso Industrial, 1948.

ANDRADE, Lauro Ruiz de. Bumba-meu-boi e outros temas. Fortaleza: UFC, 1985.

BRANDÃO, Théo. Os romances do ciclo do gado em Alagoas. In: ANAIS do I Congresso Brasileiro de

Folclore. Rio de Janeiro, 1973. v. 2.

CARVALHO, José Rodrigues. Cancioneiro do norte.

CASCUDO, Luís da Câmara. Tradições populares da pecuária nordestina. Rio de Janeiro: Ministério da

Agricultura, 1956.

CASCUDO, Luís da Câmara. Vaqueiros e cantadores. Rio de Janeiro: Tecnoprint, s/d.

COSTA, F. A . Pereira da. Folk-lore pernambucano: subsídios para a história da poesia popular em

Pernambuco. Recife: Arquivo Público, 1974.

GALVÃO, Walnice Nogueira. O sertão e o gado. In: As formas do falso. São Paulo: Perspectiva, 1972.

LIMA, Jackson da Silva. O Folclore em Sergipe I: romanceiro. Rio de Janeiro: Cátedra; Brasília: INL,

1977.

LIMA, Nei Clara de. Narrativas orais: uma poética da vida social. Brasília: Editora da UNB, 2003.

NASCIMENTO, Bráulio do. O ciclo do boi na poesia popular. In: Literatura popular em verso: estudo.

Rio de Janeiro: MEC e Fundação Casa de Rui Barbosa, 1973.

PRADO, Caio. Formação do Brasil contemporâneo. São Paulo: Brasiliense.

QUEIROZ, Washington. Vaqueiros e cantadores: vivências e mitologia.

ROMERO. Sílvio. Folclore brasileiro: Cantos populares do Brasil. Belo Horizonte: Itatiaia; São Paulo:

EDUSP, 1985.

J. Flávio Vieira

Sem endereço

A sombra deixou
O prato de comida na mesa
E saiu sorrateira, sem explicações
Dizem que se foi com o povo do circo
De manhã as dadivosas maçãs estavam intactas
Sonhavam com monitoramentos eletrônicos
Do outro lado da rua estavam os bisbilhoteiros
Eles seguravam fios elétricos e deixavam
Escorrer dos narizes, veios de agonia
Velhas ideologias hibernavam
Enquanto um sábio zombeteiro
Achava-se dono do mundo inteiro
Só aquele cara soturno
Vasculhou trinta e duas sacolas de plástico
Mais vinte e seis contas perdidas
Uns quarenta isqueiros mofados
E uma meia dúzia de honestidade
Mas a sombra já tinha ido
Com o povo do circo

Quem escreve na certa não é para esperar o messias
Quem escreve quer o anjo degolador
Quem escreve quer a ciência
De nunca saber o suficiente
De nunca escrever o suficiente
De nunca saber qual é o limite do suficiente
Quem escreve sabe que é medíocre na sua medida
Quem escreve nunca vai escrever melhor
Quem escreve não quer escrever melhor
Porque na verdade, ninguém agüenta seguir sozinho
Porque na verdade, melhor ser estrela e ficar
Do que ser meteoro e seguir
Quem escreve se afasta
Quem escreve diz, que quando escreve, se aproxima
Quem escreve pensa, que é a linha que segura a pipa
Mas a pipa não quer a linha, quer o céu
Mas a pipa não quer a pipa, quer ser nuvem
Mas a pipa não quer a nuvem, quer vir no vento
Quem escreve pisa na água da chuva
Quem escreve sonha com uma jerusalém nunca vista, abatida a tiros
Quem escreve, odeia quase todo mundo
E ama, seu reflexo colorido
Nas prateleiras dos supermercado.
O crime na internet

Por Antunes Ferreira
Não há duas sem três, dizia-se. Agora, sem margem para dúvidas, não há dias sem muitos. Leia-se: actos criminosos. Aqui há umas semanas rabisquei aqui uma «coisa» em que dizia, mais ou menos, «vou ali assaltar o banco e volto num instante». Agora, no mínimo, terei de utilizar muitos plurais. Demasiados, infelizmente.

Por estes conturbados tempos, aqui em Portugal, há de tudo: para além dos já calinos assaltos a bancos e outros alvos, rouba-se, a dinamite em plena auto-estrada, mata-se quem quer que seja, sobretudo porque o infeliz tentou negar-se a entregar a carteira, o cartão de crédito, e muito mais. Como o nosso Povo comenta, mata-se, esfola-se, viola-se, vigariza-se e rouba-se.

Estamos feitos. Estaremos? Tudo aponta para isso. Os «brandos costumes» característicos dos Portugueses estão, como estavam os dinossauros, em vias de extinção. E as imensas quantidades de armas que «andam por aí» ajudam e participam. E entram, ao contrário dos testículos.

A violência, como tudo o resto, não é um exclusivo made in Portugal. Estende-se pelo Mundo inteiro, tem tentáculos aos milhões, pobre do polvo nas suas limitações. Mas, como dizia o Jacintinho de Tormes, tudo chega atrasado a Portugal, Zé Fernandes. Ou algo assim. Em «A Cidade e as Serras», o Eça botou lá tudo. Lixado, o Queiroz. Não me refiro ao seleccionador nacional, claro.

Realmente do seu Paris natal até ao seu País de origem, as coisas demoravam o seu tempo a chegar. Ainda que viessem de comboio – vinham au ralenti. Logo na Estação de Tormes, quando se voltou para trás, já a caminho da quinta, e viu o zeloso chefe inclinado no cesto do lixo, a apanhar avidamente as revistas de mulheres nuas que trouxera da Cidade-Luz, ele acentuara a ideia mater.

Até as modas. As de senhora e as do procedimento. Diabo. Entrámos, portanto, no crime violento – atrasados. Sorte malvada. E não se diga que tal acontece por sermos… um País periférico. A União (???) Europeia, ainda e só considera a (des)qualificação para a Madeira e para os Açores. Nada disso. Progredimos à nossa velocidade de cruzeiro, mas progredimos. Devagarinho? Não nos podemos cansar muito. O clima-que-temos é quem paga as culpas.

Quando escrevo estas linhas, acabei de ler, no CM, que «são jovens, moram nos subúrbios das grandes cidades e apelam ao crime de forma directa. Ostentam armas, objectos roubados e desafiam a polícia. Estão espalhados na internet, não escondem o rosto e definem-se como bandidos». Ou seja, as novíssimas tecnologias aplicadas ao crime. Estamos bem. Estamos na onda. Somos bué da fixes, actualizados. Progredimos.

O combate a e, sobretudo a prevenção destes procedimentos, vai ser duro, complexo e dificílimo. Vencê-lo-emos? Seria bom que, no mínimo, o limitássemos e o fossemos atenuando. Singular convergência: Presidente da República, Governo, Oposição e Procurador Geral da República estão em consonância. Ainda bem. Neste particular, não há lugar para os luso-famigerados «brandos costumes».

Também, e como habitualmente, publicado no www.travessadoferreira.blogspot.com e no www.sorumbatico.blogspot.com

DESTINO


Armou-se o destino de punhal e caminhou em direção a Roseira
Despetala-a? Não...Decepa-a pela aste.
Armou-se o destino e feriu as frutas com brilhante punhal
Lacrimejou a uva, a maçã, os figos...
Armou-se o destino como nobre cavaleiro, montou seu corcel
Partiu em rumo incerto, cavalgando florestas e desertos
Em busca de alegrias singulares
Assim armado, decepou-me o braço da fortuna, deixou-me em feio inverno
Presenteou-me com mil pesares...
Galgou por cima de poetas, quebrou liras, calou mil brados
Podou sonhos, sonhadores vis tornaram-se seus escravos
Marchou imponete, com sua morte companheira
Matando desde um vil ordinário, até uma nobre roseira.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Endereço errado?

Sempre descontando
Os dedos absortos dos amigos
Andei na mão e em aberto
Velhos fantasmas
Velhos balcões
Velhos carros
As esquinas passam em disparada
Nem sempre é bom tomar cachaça
Muito menos cortar as asas
E permanecer anexo ao liquidificador
Que fica grudado ao abscesso
Misturar anjos com virgens
É uma boca cheia de quinhentos
E do mesmo jeito ando
Contando os amigos
Em busca de dedos verdadeiros

Aborto X Anencefalia

Médicos defendem direito da mulher interromper a gravidez em caso de anencefalia

Piero Locatelli
De Brasília
Atualizado às 12h58

Representantes de comunidades médicas foram unânimes ao defender o direito das mulheres de antecipar o parto de fetos anencéfalos na primeira parte da audiência pública realizada nesta quinta-feira no STF (Supremo Tribunal Federal).

Roberto Luiz D`Ávilla, do Conselho Federal de Medicina, criticou o fato de que, atualmente, as mulheres precisam recorrer a um juiz para interromper a gravidez nesses casos. Segundo ele, é comum a decisão sair somente depois do nascimento e da morte das criança. D`Ávilla ainda disse ser "inadimissível" que um médico seja tomado como criminoso ao realizar a antecipação terapêutica. "Assim como os médicos não estão satisfeitos, os juízes também ficam incomodados em ter que tomar uma deicisão que é médica", disse.

Uma junta médica concluiu que a menina Marcela de Jesus, que sobreviveu por 1 ano e 8 meses no interior de São Paulo, não tinha anencefalia. Foi a primeira vez que um grupo de médicos se reuniu com os exames em mãos para analisar e esclarecer o diagnóstico. O caso da criança tem sido utilizado por grupos religiosos como argumento no debate no Supremo Tribunal Federal, que deverá decidir até o fim do ano se a interrupção da gravidez deve ser permitida em casos de anencefalia. Leia mais
CASO MARCELA
MÉDICOS E CIENTISTAS NO STF
'INTERRUPÇÃO TERAPÊUTICA'
OPINIÃO DE RELIGIOSOS
O fato de pessoas contrárias à interrupção da gravidez terem usado o caso da menina Marcela, que viveu 1 ano e 8 meses, foi criticado por Heverton Petterson, da Sociedade Brasileira de Medicina Fetal. Ele disse que não se trata de um caso de anencefalia, pois houve a formação de uma parte do encéfalo da criança, permitindo uma sobrevida maior. Ele também mostrou, através de estatísticas, que a gravidez de feto anencéfalo é mais perigosa para a mãe. Segundo estudo realizado com 80 mulheres pela Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), somente 2,8% delas não apresentaram intercorrências na gravidez. O risco de depressão na gestação nesses casos também foi 80% maior.

A única voz destoante, até agora, foi a do deputado Luiz Bassuma (PT-BA). Ele reiterou diversas vezes durante seu discurso que a anencefalia é uma deficiência grave, "mas uma deficiência". Para ele, isso poderia abrir portas para o aborto de fetos com sindrome de Down ou outras doenças. Ele ainda foi contra o argumento dos palestrantes anteriores, que afirmaram ser possível diagnosticar a anencefalia por meio do ultra-som. "O ultra-som é para os ricos", enfatizou.

O ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, representante da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, refutou a crítica do deputado, dizendo que o SUS faz cerca de 2,5 milhões de exames de ultra-som por ano, em um universo de 3 milhões de partos anuais. Esse número também seria complementado pelos atendimentos privados o que, segundo Gollop, seria o suficiente para atender todas as gestações.
Endereço certo

Sempre andei absorto
Contado os amigos nos dedos
De minha mão aberta para o gesto
Velhas esquinas
Velhas pradarias
Velhas porcarias
Os fantasmas bebem cachaça no balcão
Os anjos falam de boca cheia
E as virgens são mais quinhentos
Nem sempre é bom ver um carro em disparada
Muito menos protocolar em anexo
O abscesso que fica grudado
Bem abaixo das asas cortantes do liquidificador
São outros tempos do mesmo
E do mesmo jeito ando
Contando os dedos
Em busca de amigos verdadeiros

A VOLTA DOS PICA-PAUS

Pedro Esmeraldo

Numa manhã fria de junho, andando absorto nas ruas do Pimenta deparei-me com um senhor de idade (citando Machado de Assis), que apenas conheço de vista e de boné. Aproximou-se de mim dizendo que se o Crato tivesse dez homens da minha estirpe, corajoso e audacioso, a cidade tomaria outro rumo.

Continuando com seu colóquio, argumentava que considerava alguns políticos parecidos com um bando de pica-paus, pois, vivem maltratando as árvores sem conseguir exterminar. Por essa razão, alguns políticos do Crato, a partir da década de 1980. tentaram arruinar o Crato. mas felizmente, o Crato continua progredindo às custas do esforço dos seus filhos. Por este motivo, Crato perdeu grandes obras que seriam o estopim do avanço tecnológico desta região. Felizmente, não lograram êxito no seu intento, visto que esta cidade é bem alicerçada e ninguém pode destruí-la.

Continuando com sua conversa, dizia-me que o Crato sofreu o abalo em seu progresso devido a caturrice de seus administradores, pensando eles que poderiam confundir bagulho com bugalho. Prosseguindo com sua conversação, afirmava que o Crato precisa de sangue novo, devendo-se encostar com pessoas honestas, eficientes, capacitadas e técnicas. Devem-se afastar dessa velharia arcaica e intolerante vez que permanece no mesmo ritmo de outrora, praticando o clientelismo, enganando o povo com banana e bolo: dizendo que são os maiorais e complacentes com o progresso.

Afirmava com toda sinceridade; uma frase filosófica que se não me engano pertence a Abraão Lincoln engana-se o povo parte do tempo; engana-se parte do povo todo tempo, mas não se engana o povo todo o tempo". Concluindo, essa frase dizia: esses homens desejam entrar no céu à força, não auscultam o povo e muitas vezes já velhos e carcomidos, teimam em querer dizer que têm garra suficiente para enfrentar o batente.

Insistindo em sua conversa longa, confirmava que havia políticos sedentários, não arredam o pé nesta cidade, e permanecem sem investir em obras estruturais que podem elevar o bom desempenho do progresso da cidade. Prolongando ainda em sua conversação, dizia que um político de tempos passados saiu daqui para ir a capital federal a fim de conseguir verbas para dar início às obras projetadas no seu governo. Chegando lá, mudou de rumo, partiu para uma fazenda no interior de Goiás.

Finalmente, coçou a cabeça, tornou a usar o chapéu e saiu enraivecido com o comportamento desses políticos ruidosos.

Eu, portanto, fiquei matutando, tentando decifrar as palavras desse senhor. Talvez, seja pura realidade.

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

Calunga

Calunga é mar de Angola. Falange de Iemanjá. Divindade do grande cemitério. O mar. A grande massa na qual desaparece a pessoa. O mar a grande e vaga coisa. Calunga, povo banto. Povo de terra. Que atravessou a grande morte e no outro lado do inferno, retornou à terra. Noutra vida, nova ordem, escravo precificado, leiloado, investimento produtivo. Calunga é a borda do Brasil.

O quimbanda disse ka "lunga", é o Deus dos missionários europeus. Quer dizer: vago como a imensidão dos mares. Vago porque não era preciso como os deuses bantos. Eram representados por figuras e bonecos. Calunga é natureza de nossas vidas.

As bonecas das feiras nordestinas. Muitas de matéria plástica. Brancas e pretas. Toda menina desejaria brincar com uma calunga em seus sonhos induzidos de cuidar. Afinal quando se brinca já se ensaia o trabalho. E as crianças dirigem seu ensaio, de outro modo vira trabalho infantil.

A unidade calunga

Uma teoria ligeira. Frágil. Mas presente como a haste de bambu ao vento. De onde viria a não fragmentação do Brasil em diversas repúblicas lusitanas? Certamente tem fortes raízes na colônia. Quando o país se liberta como a sede de um ex-reino europeu, os diversos levantes provinciais, tanto na regência quanto no império foram controlados pelo poder central. Mas nem sempre a marcha militar teve que se fazer. O controle, em nome central, era local mesmo.

Então esta unidade controlada tem origens na colônia e na própria organização pré-colombiana. Certamente que a unidade tupi-guarani desde São Paulo até o Nordeste contemplava um território por demais extenso e uma cultura tão forte que resultou na primeira unidade lingüística da colônia. Tão sólida e vasta e só superada no período pombalino, entre 1750 e 1777.

A unidade religiosa, inclusive feita através da linguagem indígena, qual seja a tal língua geral com que todas as tribos e os portugueses se comunicavam, especialmente os religiosos de todas as ordens. A fusão entre língua e religiosidade portuguesa (católica) deu origem a este imenso Brasil.

Então quando o mito da nacionalidade se tornou universal, o Brasil imediatamente caiu na vala comum, todos os elementos necessários estavam presentes. As revoluções a moda americana, inglesa ou francesa, não tiveram o povo, apenas uma elite esclarecida e distante da massa amalgamada nesta religiosidade vaga como a imensidão do mar.

Vem de longe...

Do ladrão ao barão
Tesoureiro-mor de d. João 6ø, Francisco Targini é um caso exemplar de corrupção e impunidade nas altas esferas da administração pública


Durante o reinado carioca de D. João 6ø, tornou-se popular uma quadrinha que dizia: "Quem furta pouco é ladrão,/ quem furta muito é barão,/ quem mais furta e mais esconde/ passa de barão a visconde". Seu alvo era o tesoureiro-mor do reino, Francisco Bento Maria Targini, visconde de São Lourenço.
Nascido em 1756, em Lisboa, Targini era filho de um italiano e começara a carreira numa casa de comércio como caixeiro, progredindo depois para guarda-livros. Na vida pública, seu primeiro cargo importante foi o de arrecadador de rendas da Província do Ceará.
Nomeado em 1783, lá permaneceu até 1799, segundo Oliveira Lima, malquistando-se com os governadores e ouvidores por seus excessos no combate a práticas administrativas desonestas. Targini veio para o Rio com a corte em 1807.
Ao que parece, sua rápida elevação a homem forte das finanças da época teve o apoio de um poderoso grupo de negociantes ingleses.
Depois de nomeado tesoureiro-mor, ele foi agraciado com o título de barão de São Lourenço, em 1811, e elevado a visconde, em 1819.
Santos Marrocos menciona em suas cartas que, no Rio de Janeiro, circulavam muitos pasquins contra Targini com quadrinhas como esta: "Furta Azevedo no Paço/ Targini rouba no Erário/ E o povo aflito carrega/ Pesada cruz ao Calvário".
Um dos boatos que se contavam dizia respeito à compra de mantas para o Exército que Targini fizera a um fornecedor inglês. O hábil homem público teria mandado dividir cada uma das peça ao meio, revendendo-as depois ao governo pelo dobro do preço original.
Targini também passou à história por ter feito nomear diretor da Academia de Artes, em 1820, após a morte de Lebreton, um medíocre pintor português, Henrique José da Silva, e, como secretário, o padre Luís Rafael Soyé -que, segundo Taunay, era um "velho eclesiástico espanhol, de origem francesa, sem honorabilidade nem compostura, poeta de água doce e parasita do ministro Targini, que se oferecera para trabalhar pela metade do preço".
Também foi nas águas de Targini que se criou um outro parasita, João Rocha Pinto, valido e amigo do peito de d. Pedro 1ø.

Homem rico, erário pobre
Nas cartas ao cunhado e ministro, o conde de Linhares, Palmela, homem da ilustração portuguesa, apontava Targini como o homem mais corrupto da corte de d. João e recomendava sua demissão. José da Silva Lisboa, o visconde de Cairu, em sua "História dos Principais Sucessos Políticos do Brasil", diz que Targini "... fazia ostentação de opulência mui superior ao ordenado do seu emprego".
Hipólito da Costa, no "Correio Braziliense", admirava-se de que Targini, sem outros bens mais que o seu minguado salário, tivesse se tornado um homem riquíssimo, enquanto o erário se achava pobre.
E completava: "Se a habilidade de um indivíduo em aumentar suas riquezas fosse por si só bastante para qualificar alguém a ser administrador das finanças de um reino, sem dúvida Targini, barão do que quer que é que não nos lembra, devia reputar-se um excelente financista".
A edição da "Arte de Furtar" que consta da coleção do Instituto Histórico do Ceará é dedicada a um ex-funcionário da Fazenda no Ceará. Trata-se possivelmente da que foi publicada em Londres, em 1821, por Hipólito da Costa, que, ironicamente, a dedicava ao Visconde S. Lourenço.
A imagem de Targini aparece na página de rosto emoldurada por uma corda, como se fosse uma forca.
Nas agitações que antecederam a partida do rei, em 1821, Targini chegara a ser preso na Ilha das Cobras. Mas, segundo se disse, isso fora apenas para poupá-lo de agressões, tal era a sua impopularidade. Logo foi solto e embarcou rumo a Lisboa.
No "Correio", Hipólito criticaria o fato de o conde dos Arcos, principal ministro do regente, d. Pedro, ter dado por justas e liquidadas as contas do tesoureiro-mor e concedido passaporte para aquele se pôr ao fresco.
Segundo Oliveira Lima, o inquérito contra Targini, conduzido pelo conde dos Arcos, "estabeleceu a integridade do funcionário, a quem foi concedida uma pensão".
Talvez Lima não conhecesse um manuscrito de 17 páginas datado de 1807 e intitulado "Ode ao Conde dos Arcos", que consta do acervo da Biblioteca Nacional e assinado por Francisco Bento Maria Targini.
Segundo Antonio Paim, Targini foi o responsável pela tradução para o português do tratado publicado por Charles Villers, em 1801, "A Filosofia de Kant ou Princípios Fundamentais da Filosofia Transcendental".
Uma das coisas que Oliveira Lima alega em defesa de Targini é o fato de ser homem culto que traduziu o "Ensaio sobre o Homem", de Pope, e "O Paraíso Perdido", de Milton. Esta última foi publicada em Paris, em 1823, com reflexões e notas do tradutor, numa edição muito luxuosa.
De fato, Targini, quando chegou a Lisboa, em 1821, foi impedido de desembarcar, retirando-se para Paris. Ali viveu até morrer em 1827, certamente com tempo e dinheiro para gastar em suas obras de erudição.
Creio que, apesar da defesa de Oliveira Lima, vale o refrão espanhol que Hipólito da Costa usou para ilustrar a situação de Targini: "Quem cabras não tem e cabritos vende, é porque de algum lugar lhe vêm".
Seu enriquecimento no cargo de tesoureiro-mor de um reino tão empobrecido devia ser indício suficiente para condená-lo.
Sua vasta erudição não é atenuante, e sim, agravante.
Os pequenos corruptos, incultos e quase analfabetos, como o barbeiro Plácido e a marquesa de Santos, roubavam no varejo, da despensa do rei e do bolsinho do imperador.
Targini roubava à grande, ostentando seus ganhos e correspondendo fielmente a uma outra versão da quadrinha popular citada no início dessa matéria e que terminava dizendo: "Quem mais rouba e não esconde/ passa de barão a visconde".

ISABEL LUSTOSA é historiadora da Casa de Rui Barbosa (RJ) e autora de "Insultos Impressos" (Companhia das Letras), entre outros livros.

Então aos quarenta e três não sei de que tempo entra em campo uma dor filha da puta. Estômago. Lado direito. Penso em meu pai. Uma dor dessas. Ele se apoiou no ombro de alguém que o levou até a ambulância. Ele não voltou. Ando pela sala. Acuado. A dor silenciosa que grita em meus ouvidos. Sento. Levanto. Deito. Acendo um cigarro. Jogo fora pela metade. Acendo outro. Mudo o canal. Mudo o canal. Mudo o canal. Mudocanalmudocanalmudocanal. Nada na porra da tela que adormeça essa dor. Pego o telefone. São duas da manhã. Quem acordo na terça? Desligado. Desligado. Desligado. A dor ligada. Vou no banheiro. Enfio o dedo goela a dentro. Quero vomitar a dor. Continua lá. Belisca. Unhas pontudas como as de uma mulher na noite de sábado. Unhas vermelhas? A dor. Caralho. Que puta dor. Abro a porta do armário. Quarenta gotas de paregórico. Vomito ópio. Mais quarenta. Vomito de novo. A dor me apavora agora. Não mais a mulher de sábado. Não mais a professora simpática de voz macia e suor perfumado. Agora a velha. A escrota dor. Olho as caixas de remédio. Nenhuma bula mágica que cesse. Penso em rezas. Alquimias de quando a serra me trazia a serena idade. Dor. Penso nas cervejas. Excesso, talvez? A dama branca? A dor não quer pensamentos. Penso no tempo. Nas seis balas de revolver do tempo. Quantas atirei? Quantas ainda tenho no bolso do colete? Eu não tenho colete. Dor. Dor. Dor. O amigo do trabalho aparece. Me pega nos braços. Sem força. Choro na cabine do carro. Urgência de um hospital nojento no centro da cidade. Bebe? Sim. Fuma? Sim. Drogas? Sim. Lacônico médico. Com sono talvez. Diz que tenho de parar tudo. Pergunto: e a dor? Vai passar, por enquanto. Ele diz. Lacônico. Sono talvez. Beat demais. Ainda não tenho obra pra ser póstumo. Saio as quatro da manhã. Sem dor. Dopado. Sei agora o meu limite de dor. Sei nada. Daqui, ninguém sai vivo.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Acordo ou desacordo?

Antunes Ferreira


A polémica está instalada. Muito se tem escrito sobre este importantíssimo assunto. Uma parte significativa, embora nem de longe maioritária, aqui em Portugal tem produzido coisas perfeitamente inauditas. Plagiando e adaptando o Cristo na cruz - «Pai perdoai-lhes que eles não sabem do que escrevem…
Quando nos referimos ao Acordo Ortográfico, estamos a falar de quê? Foi um tratado assinado em 1990 entre os sete países de língua oficial portuguesa de então. Estabelece regras ortográficas, ou seja como escrever palavras. E pretende uniformizar a grafia do Português. Hoje, falado e escrito em todos os continentes. Há quem não esteja de acordo… com o Acordo. Estão no seu pleno direito. Mas, por favor, não se asneire sobre o tema.
Se certos pontos do Acordo Ortográfico fossem como alguns dos seus inimigos julgam que são, realmente ele seria de combater com todas as forças. O lisboeta Jornal das Letras escreveu que há gente com responsabilidades que acredita que em Portugal vamos deixar de escrever facto, que é substituído por fato. Falso. A ser verdade, seria um absurdo de todo o tamanho. Custa a perceber que haja quem acredite em tais tolices.
Também aqui em Portugal se escreveu que pacto passaria a pato. Uma total imbecilidade. O Acordo é ortográfico, não muda a pronúncia de nenhuma palavra; só muda o modo como algumas se escrevem. Logo, cretinice aguda…
O tratado multilateral não altera a pronúncia de qualquer palavra. Isso é a verdade para uma reforma ortográfica. Um exemplo: quando em Portugal se aboliu o acento de idéia e se passou a escrever ideia, a consonância não se alterou. O e continuou aberto; não se tornou semelhante ao de feia.
Permito-me resumir: Há quem concorde quem discorde. Mas, costuma dizer-se que só os burros (leia-se asnos, mas há muitos outros…) não mudam. Penso que temos de andar para a frente e escrever da mesma maneira quando se escreve na Língua Portuguesa, esteja-se onde se estiver. O Mundo é grande. Os mares grandes são. Mas, o também grande autor Português Virgílio Ferreira escreveu: «Da nossa Língua vê-se o mar…»

Quem É Antunes Ferreira, de Lisboa ?
Jornalista, antigo Chefe da Redacção do Diário de Notícias (1975-1991) e escritor, dizem... Escrevo porque gosto, ponto. E gosto que os outros gostem do que escrevo. Originário de Direito, licenciado e mestre em Jornalismo e Comunicação. Muitas outras coisas mais: homem dos sete ofícios... Casado há 45 anos, sempre com a mesma mulher, Raquel, três filhos, três noras, quatro netos e uma neta. Agora dei em escritor: lancei em 15 de Abril o me(a)u livro de contos «Morte na Picada». Estórias da guerra de Angola, anos sessenta, em que, infelizmente e bem contra-vontade participei.

VEJA MAIS NO BLOG: http://www.travessadoferreira.blogspot.com/
Estamos abrindo esta janela CARIRICULT para os patrícios da margem oposta do atlântico com esta primeira postagem de outras tantas que estarão por vir. Seja bem vindo Henrique!