quarta-feira, 20 de maio de 2009

Poema no Ônibus

Quando velho e desdentado
só rogo ao Santíssimo -

as batatas das pernas rígidas
e uma corcundinha decente.

Subir no ônibus dum salto.
Descer da Catedral dum pulo.

Não acordar feito paspalho
dando bom dia aos pássaros
e beijando as plantinhas da varanda.

Sobremodo nunca reclamar do tempo chuvoso -
goteiras, roupas mofadas, reumatismo.

E logo que o sol brilhe
por entre as frestas do janelão
despertar silencioso com riso de lagarto na face.

Se porventura eu não acorde
e já tenha partido pra outra dormindo -

não fique minha alma sonâmbula
pelos labirintos da memória.

Quando velho e desdentado
só rogo ao Santíssimo -

uma velhinha bem enxuta
de pés quentes.

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