Quando velho e desdentado
só rogo ao Santíssimo -
as batatas das pernas rígidas
e uma corcundinha decente.
Subir no ônibus dum salto.
Descer da Catedral dum pulo.
Não acordar feito paspalho
dando bom dia aos pássaros
e beijando as plantinhas da varanda.
Sobremodo nunca reclamar do tempo chuvoso -
goteiras, roupas mofadas, reumatismo.
E logo que o sol brilhe
por entre as frestas do janelão
despertar silencioso com riso de lagarto na face.
Se porventura eu não acorde
e já tenha partido pra outra dormindo -
não fique minha alma sonâmbula
pelos labirintos da memória.
Quando velho e desdentado
só rogo ao Santíssimo -
uma velhinha bem enxuta
de pés quentes.
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