sexta-feira, 31 de outubro de 2014
NAÇÃO - José do Vale Pinheiro Feitosa
E nos cacos
depositados no canal do rio a memória de uma lava que nasce no incêndio da
nossa alma. E passa sem nunca nos deixar. Sem que os tucanos biquem as urnas
numa ruptura que não dizem deles, dos uirapurus, dos galos campinas, dos pássaros
que jamais passam.
Que evoquem
os bandeirantes no seu desespero de inclusão do botim nos porões das sumacas.
Das mortes dos Guaranis, da pele do gato maracajá, do ouro nas minas que rasgam
a terra, com os rios transpassados, e as canoas por ondem descem aprisionados
os guaikurus, terenas, paiguás, kadiweos a cobrir de lanhos o solo do plantio
de riquezas. Os bandeirantes, desbravadores de terras, o instrumento do leito
mercantil do oceano atlântico.
E tanta
morte através do oceano, desde a costa da Mina, do Dahomé, os axantis, popós,
crus, que nas praias do Maranhão e da Bahia fundaram o tambor de mina e o candomblé
jeje. E cobriram o solo da terra com seus pés e os rastros ficaram para sempre.
Para
desespero dos chicotes feitorados, o abraço entre corpos numa alma única e o
cadinho Jeje-Nagô. Nagô, Iorubá, Oxumaré, Mawu é o centro indizível de uma
correnteza que é nação, que é povo, que não se pode controlar, aprisionar,
depositar.
E evoquem o
Supremo Tribunal de suas malfeitorias que ainda assim a marcha da nação não irá
parar. É que os mamelucos bandeirantes escondem dentro de si uma banda que diz
terra, espaço, liberdade. Uma banda que desfila na Avenida Paulista, que
navegou junto o Rio Tietê, subiu pela Mata Atlântica a Serra do Mar e como com
seus tropeiros foram dar com os costados nas Minas Gerais.
E todo este
esforço de conquistar o metal dourado, não esterilizou o desejo da terra
prometida. O destino profético do solo intato, o martelar contínuo do sussurro karaí,
a dizer vai ao teu destino, abandona este solo e conquista a terra sem mal. Segue teu destino profético, e
liberta a metade de tua alma deste gelado espectro do norte.
SÁBIAS PALAVRAS
“SE EU NÃO VENCER EM MINAS, NÃO MEREÇO SER
PRESIDENTE” (Aécio Neves)
********************
Pois é, perdeu.
E perdeu três vezes.
E numa mesma eleição.
E três vezes para o PT.
quinta-feira, 30 de outubro de 2014
A BRIGA É MAIOR QUE A DERROTA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa
Ontem o Senador Aloísio Ferreira Nunes, candidato a
vice-presidente junto com Aécio Neves foi para a tribuna do Senado reclamar de
mentiras e chantagens na campanha eleitoral. Mesmo que alguém acredite na “sensibilidade”
do senador, sou levado a crer que seu passado não o faça assim tão sensível.
Na verdade Aloísio está fazendo cenas públicas com duas
finalidades. Quer matar dois coelhos de uma cajadada só. À primeira paulada
pretende se antecipar a denúncias graves que a candidata Dilma tem contra as
manobras sujíssimas da candidatura dele e de Aécio Neves. E, malandro velho,
faz a partir de um sinal da própria vitoriosa no pleito em seu discurso
comemorativo.
Dilma convocou a união nacional. Passou uma borracha nos
ferimentos e manobras sujas da campanha. Diante desta disposição não tem porque
ela relembrar as pesquisas eleitorais fraudulentas de dois institutos que foram
utilizadas na campanha do PSDB, não tem que denunciar o papel da mídia que fez
uma frente de destruição dela e do PT, não tem motivos para relembrar o uso
eleitoral dos desvios da Petrobrás, não tem razões para continuar a denúncia
contra a manobra fraudulenta da Veja, os milhões de reais utilizados para
reproduzir capas da revista, o uso, caríssimo, das redes sociais para anunciar
entre o sábado e o domingo a morte por envenenamento, com acusação direta ao
PT, do doleiro delinquente.
Aloísio Ferreira Nunes, senador bem votado por São Paulo,
põe uma sinuca de bico na Presidenta e seu partido. Diz que não quer o diálogo,
denuncia apenas a campanha do PT, esquece as sujeiras da sua e com isso esconde
toda as artimanhas conduzidas em nome do seu partido.
E agora a segunda paulada.
Ao levantar a voz desta maneira ele dá um cavalo de pau nas
palavras do abatido Aécio Neves no dia da eleição quando admitiu a derrota,
dizendo que tinha ligado para Presidenta Dilma para unir o país. Aloísio sabe
que esta união não interessa ao PSDB, ele prefere a tese da divisão e da incompetência
da Presidenta para conduzir os assuntos políticos do país. É isso que temos
pela frente.
Nada de união. Nada de projeto comum. Esta é a ideia do
PSDB.
Por outro lado o PMDB já quer a sua fatia de poder, a
derrota ontem na votação do Decreto Presidencial que criava os Conselhos Populares
foi um soco direto no fígado do setor mais à esquerda do PT. Ali a derrota foi
da mobilização do poder popular o qual se apresentando de modo direto, reduziria
as “tenebrosas transações” dos “representantes do povo.”
A turma da Abril já comemorou a derrota. Espera que de
derrota em derrota não aconteça a Reforma Política e nem a Regulação da Mídia.
Quer dizer, não só a Veja, mas Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, O Globo
e jornais televisivos do sistema. Mas na verdade a grande mãe de todas as
derrotas é uma que nem o PT levantou a bola, mas se encontra na ordem do debate
mundial.
Ontem foi a manifestação do Papa Francisco, o artigo do Paul
Krugman dizendo que plutocracia não queria a democracia e temos conhecimento do
impacto do livro de Thomas Piketty que é igual ao elefante incomoda muita gente.
E qual é esta reforma magna?
A Reforma Tributária.
Aquela que derruba a absurda concentração de renda (85 pessoas mais ricas do
mundo detêm toda a riqueza da metade mais pobre da humanidade), pode diminuir
as desigualdades e promover políticas inclusivas que elevam a produção e a
produtividade dos meios de vida de todo mundo. Só o dinheiro que este pessoal
esconde em paraísos fiscais evitaria a morte direta de 29 milhões de pessoas,
que faleceram precocemente em relação aos avanços da atual civilização.
Estamos no centro do velho debate. O lucro como instrumento
de crescimento revela-se com a sua verdadeira face. Ao concentrar poderes em
torno de pessoas, destrói a democracia e é um enorme fator regressivo nos
fundamentos da civilização. Quando uma força produtiva inova em alguma coisa,
imediatamente o lucro parasita este avanço a tal ponto que se esgota antes de
todo potencial de mudança e melhoria de vida.
A reforma tributária, ainda que uma medida gradualista, não
revolucionária, é um passo fundamental para ampliar o potencial das inovações e
mudanças e é um ajuste de qualidade de vida das pessoas. A reforma é simples:
muda a atual estrutura regressiva (taxa o consumo) para uma estrutura
progressiva (taxa os mais ricos e detentores de grandes fortunas).
Estes detentores de grandes fortunas, até o Papa reconhece,
não têm ética, cabeça e inteligência para conduzir o destino da humanidade.
"FESTA DE ARROMBA" - José Nilton Mariano Saraiva
Era pra ser uma “festa de arromba”. E, para tanto,
tudo fora criteriosa e detalhadamente planejado. A inescrupulosa revista
“VEJA-ÓIA” houvera antecipado em dois dias sua edição semanal, com uma chamada
de capa “criminosa” (embora no texto da reportagem correspondente vigesse o
verbo no sentido “condicional” - teria, seria e por aí vai - sinal de nenhuma
consistência); irmanada, a principal rede de televisão do país, a “GLOBO”,
aderira de pronto ao plano antecipadamente arquitetado e consumira a maior parte
do tempo do seu principal noticioso, o Jornal Nacional (na noite anterior) a
repercutir com estardalhaço a chamada de capa da “VEJA-ÓIA”; gráficas de todos
os portes-tamanhos foram acionadas às pressas para, na virada da noite,
reproduzirem MILHÕES E MILHÕES de cópias da citada capa (quem pagou ???)
inclusive em tamanho gigante (tipo outdoors), generosamente distribuídas na
manhã do dia da eleição; jornalões do Sudeste do país, que já vinham em
sistemática campanha contra, de há muito, alinharam-se naquela trincheira e
trataram de divulgá-las em letras garrafais em suas edições matutinas.
Definitivamente, nada fora esquecido e o “GOLPE” seria perpetrado, sim, sem
choro nem vela. Dessa vez não havia escapatória.
Tanto é que, naquele momento (já após a eleição) no
“ap” da “IRMÃ-MANDONA”, em Belo Horizonte, o candidato era bajulado e paparicado por dezenas de
“convivas”, oriundos de diversas partes do país, num beija-mão pra lá de
asqueroso. Afinal, o homem “já era” o futuro Presidente da República. Daí o
“scoth” correr solto e generoso e os variados canapés consumidos numa avidez
impressionante.
Igualmente às reuniões da “cosa nostra” (máfia
italiana), também ali uma senha seria usada a fim de “cristalizar” o momento. E
isso seria feito através de mais um “vazamento seletivo” (qual o preço ???): é
que, do interior da hermética sala usada para apurar os votos, no Tribunal
Superior Eleitoral, em Brasília, um dos privilegiados vinte técnicos envolvidos
na operação discaria para alguém presente àquela festa, lá em Belo Horizonte (o
candidato ???) e lhe poria a par do andamento da apuração. E assim foi feito,
coincidindo com o momento em que o candidato disparava na dianteira. E haja
“scoth”. E haja canapés. E haja comemoração. E haja puxa-saquismo. Mas...
Mas, esqueceram de um tal “fuso horário”. Que, aí
sim, dividia o Brasil naquele momento não em dois, mas em três. É que em
Brasília e estados do Sul-Sudeste e Centro-Oeste vigia o “horário oficial”; nos
estados do Norte-Nordeste uma diferença de uma hora a menos; e no Acre e parte
da Amazônia, três horas a menos. Portanto, embora já totalizasse os votos a
partir do horário de Brasília, os números obtidos só seriam disponibilizados
para a população após o fechamento das urnas do Acre, três horas depois e,
pois, já perto da sua totalização geral (apenas aquelas privilegiadas vinte
pessoas souberam antecipadamente do andamento da apuração).
Por essa razão, chegada a hora, os primeiros
resultados da apuração contemplaram as regiões Sul/Sudeste/Centro-Oeste (onde a
votação terminara mais cedo) e onde o “playboy do Leblon” disparara na frente
(embora à candidata Dilma Roussef colhesse expressiva votação). E foi essa a
senha que faltava para ter início o bacanal no “ap” de Belo Horizonte. A
apressada conclusão era a de que o “GOLPE”,
enfim, lograra êxito. Dera resultado. Não tinha volta. Xeque-mate.
E foi aí que a força e a união do povo
norte-nordestino tratou de por os pingos nos devidos “iis”, restabelecer a
verdade verdadeira, mostrar que a coisa não era bem assim. Em resposta ao
“caminhão de votos” que o candidato tucano obtivera no Sul-Sudeste, uma
“avalanche de votos” na candidata Dilma Roussef demoliu de vez com o sonho e
pretensão tucano. Como um rolo-compressor, não restou pedra sobre pedra. O
“playboy do Leblon” sucumbiu e teria que esperar por uma outra oportunidade.
Dessa vez, sim, houve choro (inclusive do candidato). Ar fúnebre e fim de festa
no ninho tucano, o que não impediu que o “astro-principal”, visivelmente
constrangido, reconhecesse publicamente a derrota.
Como teria que haver uma explicação para a
“virada”, num primeiro momento o comando tucano atribuiu à Região Nordeste o
desfecho não favorável (daí o xenofobismo abjeto nas redes sociais); e aí foi só
lembrar-lhe que no Sul-Sudeste a candidata oficial conseguira mais votos do que
os obtidos no Nordeste, para restar constatado que faltaram votos ao tucano no
Brasil todo. Que o Brasil houvera democraticamente optado pelo projeto que
contempla a inclusão social, a redistribuição de renda e o bem-estar do seu
povo.
À desculpa esfarrapada de que foi uma vitória
apertada (quase três milhões e meio de votos, de maioria) lembramos que a
Constituição Federal determina que metade dos votos mais um é o suficiente para
a homologação da vitória.
Portanto... chora, tucanalhada, chora !!!
quarta-feira, 29 de outubro de 2014
De cima ou de baixo : um mesmo Brasil
J. FLÁVIO VIEIRA
Brasi de Baxo subindo,
Vai havê transformação
E a liberdade de imprensa
Vai sê legá e comum,
Em vez deste grande apuro,
Todos vão te no futuro
Um Brasi de cada um.
Patativa
O certo é que o ninho tucano já tinha
preparado o alpiste e o xerém para comemoração. A Grande Mídia, devota aliada,
já havia colocado o smoking para a festa e havia filhotes por todo o terreiro
esperando o aviso para começar o rapapé. O diabo é que o tiro saiu pela culatra
e todos ficaram encandeados com o brilho de uma estrela que resplandeceu nos
céus do Brasil. Baile desfeito, fantasias rasgadas, o desapontamento da Mídia
levou-a, imediatamente, a buscar culpados pelo cancelamento das festividades. E
o culpado mais óbvio, quem seria? Ora, o mordomo !
De
imediato os colunistas dos grandes jornais, mostrando mapas e infográficos,
tentavam demostrar que o país estava dividido: Norte e Nordeste, todo vermelho
; Sul, Sudeste e Centro-oeste azuis. A pobreza, o atraso, a dependência
econômica haviam eleito a candidata pior. As Redes Sociais, de repente, se
viram atulhadas de insultos , impropérios, ameaças, ditos preconceituosos
contra nortistas e nordestinos, coisas dignas do III Reich. E o bombardeio não
pára ! A Casa Grande não se conforma com qualquer movimento abolicionista, parece
que vivemos ainda em pleno Século XIX.
Se o eleito tivesse sido o candidato tucano, com a mesma margem de
votos, a linha editorial seria
completamente diferente. Não haveria divisão, estava tudo perfeito, a virada
era mais que esperada, finalmente brotava a esperança no país. Basta ver todo o
material pronto pela UOL, ligada à Folha de São Paulo, já pronto para
comemoração, que terminou vazando depois da derrocada. Só encômios e elogios ao
bravo povo brasileiro.
A
divisão alardeada é a mais perfeita falácia. Não os chamo de levianos porque dá um azar miserável.
Segundo os publicitários , o povo, em todo o mundo, vota de maneira pragmática.
Todo eleitor pensa especificamente em que candidato, se eleito, poderá melhorar
sua vida pessoal e profissionalmente. O nosso bem-estar próprio é o que conta,
a felicidade da nação é apenas uma questão distante e filosófica. Os médicos apoiaram abertamente os tucanos ao
se sentirem feridos pela quebra da reserva de mercado trazida pelo “Mais
Médicos”. Assim, na França, Bordeaux é
historicamente socialista, única e exclusivamente porque seus habitantes
entendem que são os socialistas que têm uma sensibilidade maior para seu meio de
vida : as vinícolas. A Flórida é secularmente Democrata e a Califórnia
Republicana. Se se reparar direitinho, não dá para pintar as regiões do Brasil
de Vermelho ou Azul. Aécio ganhou no Sul
e no Sudeste, mas lá Dilma teve mais de 26 milhões de votos, inclusive mais que
em todo Norte-Nordeste. Cotejem ,
minunciosamente, Fortaleza, onde Dilma
teve franca maioria, possivelmente perdeu nas urnas da Aldeota e do Meireles.
No Leblon, no Rio, Aécio saiu vitorioso. Em
Caetés, Pernambuco, terra de Lula, Dilma teve 90% dos votos, mas 10% escolherem
o tucano. Em São João Del Rey, terra do peessedebista, Aécio teve 65% dos
votos, mas 35 % sufragaram o nome da
Dilma. Em Minas , estado natal do peessedebista, ele levou uma peia histórica. Se
houvesse a divisão alardeada pela mídia e pintada no mapa do Brasil, Aécio
teria sido o grande vitorioso, com uma margem gigantesca de votos. Simplesmente
a população vota naqueles em que mais confia para resolver seus problemas mais
prementes. Pois foram os brasileiros
espalhados no Sul, Sudeste, Norte, Centro-oeste e Nordeste que deram a
maioria absoluta à candidata petista. Há
de haver razões mais justas para
explicar o fenômeno.
A
elite brasileira tem que entender : o voto de cada um dos brasileiros tem o
mesmo valor, independente de raça, cor, grau de instrução, poderio econômico. Os
ricos e remediados sentiram-se feridos
em seus interesses por conta da regulamentação do emprego da doméstica (
ninguém pode mais ter empregada!); pela melhoria das condições de vida da
pobreza que agora tem moto e carro e ninguém mais anda no trânsito; por ter
aparecido nos aeroportos, coisa antigamente só de grã-fino; por não mais querer
trabalhar no campo , só que com diárias de R$ 10,00. Antes de apregoar que foram os votos comprados
pelo Bolsa Família o responsável pela derrota do tucano, têm que afinar
primeiro o discurso. Em off chamam o Bolsa Família de “Bolsa Fome”, “Bolsa Esmola” , o “ vício do cidadão”.
No microfone e no palanque pousam de pais do Programa . Deduz-se, então, seguindo-se as premissas da
elite, que se D. Ruth e FHC são os pais,
então, foram eles os reais responsáveis pela derrota do PSDB nestas eleições.
A
divisão alardeada é perigosa e
potencialmente mortal, quando incita preconceitos vis e seculares. A Globo, a Bandeirantes, a Record, o SBT, a
Folha de São Paulo, o Estadão estiveram em oposição franca e determinada à
Presidente Dilma. A “Veja”, numa atitude criminosa, antecipou uma edição, nas
vésperas do pleito, com denúncias caluniosas e sem prova, tentando mudar o
curso inevitável da história. Sabemos que a liberdade de imprensa significa a
plena liberdade do grande capital em veicular as informações de seu interesse,
pois é ele que financia a Mídia. Pois é essa mesma trupe que agora tenta
seccionar o país no meio, enfiando na cabeça do povo que foram os esfomeados e
esfarrapados que elegeram o PT, em troca de um prato de feijão.
Se
deseja , um dia, retomar o poder, a elite brasileira precisa compreender o Brasil em toda sua dimensão e
complexidade. O mundo vai bem além da Avenida Paulista. Justiça Social tem que preceder à Caridade. O
Brasil, historicamente, não é vermelho ou azul, mas de todas as cores e essa é
nossa mais importante grandeza.
Crato, 29/10/14
COMUNISTA: PRENDE E ARREBENTA - José do Vale Pinheiro Feitosa
“Digamos juntos, de
coração: nenhuma família sem casa, nenhum camponês sem terra, nenhum
trabalhador sem direitos, nenhuma pessoa sem a dignidade que o trabalha dá”.
E não satisfeito seguiu adiante:
“Não existe pior
pobreza material do que aquela que não permite ganhar o pão e priva da
dignidade do trabalho. O desemprego juvenil, a informalidade e a falta de direitos
laborais são não inevitáveis, são o resultado da opção social prévia, de um
sistema econômico que coloca os lucros acima do homem.”
E mais revolucionário ainda acusou o sistema:
“Este sistema já não
se consegue aguentar. Temos de mudá-lo, temos de voltar a levar a dignidade
humana para o centro: que sobre esse pilar se construam as estruturas sociais alternativas de que precisamos”.
E revela de qual perspectiva essas coisas se revelam:
“debater tantos graves
problemas sociais que afetam o mundo de hoje” na perspectiva de quem sofre
a desigualdade e a exclusão “na sua
própria carne”.
E politicamente põe uma bandeira de luta:
“Terra, teto e
trabalho, aquilo que lutam, são direitos sagrados. Reclamar isso não é nada de
estranho, é a Doutrina Social da Igreja.”
“Terra, teto e
trabalho. É estranho, mas se falar disto, para alguns parece que o Papa é
comunista...o amor pelos pobres está no centro do Evangelho.”
“Os pobres não só sofrem
a injustiça mas também lutam contra ela...hipócritas que abordam o escândalo da
pobreza promovendo estratégias de contenção....transformando-os em seres
domesticados e inofensivos.”
“São respostas a um
anseio muito concreto, algo que qualquer pai, qualquer mãe quer para os seus
filhos. Um anseio que deveria estar ao alcance de todos, mas que hoje vemos com
tristeza que está cada vez mais longe da maioria.
PAPA FRANCISCO
O PODER ARGENTÁRIO - José do Vale Pinheiro Feitosa
O professor e prêmio Nobel de Economia Paul Krugman publica
artigo com título: “Os plutocratas contra a democracia”. Antes de seguir
adiante um aposto: o plutocrata é um membro das plutocracias que é o exercício
do poder ou do governo pelas classes mais abastadas da sociedade. Enfim a
influência ou poder das pessoas com dinheiro.
Até os jundiás do rio Batateira reconhecem que o dinheiro se
desdobra em poder. Mas as raízes das plantas à margem do rio retêm o conteúdo
que alimenta a vida. E ali os jundiás se alimentam. E acham que o poder do
dinheiro é uma coisa natural, é uma necessidade do ser no mundo.
Naturalizar as artimanhas e os arranjos dos seres humanos
mundo é o que os jundiás mais fazem. Afinal para eles apenas existem as águas
deste rio que não é perene. E um dia eles desaparecem para apenas desovarem
quando as chuvas ultrapassarem os limites das levadas que roubam a perenidade
do rio Batateira.
A artigo de Krugman é revelador. O plutocrata que governa
Hong Kong (legitimado pela China) diante dos manifestantes pró-democracia que
infernizam a vida da colônia financeira da Ásia disse: “estaríamos
dirigindo-nos a essa metade da população de Hong Kong que ganha menos de 1.800
dólares por mês. E acabaríamos tendo esse tipo de políticos e de medidas
políticas”
Esta frase foi repetida milhões de vezes diante dos
resultados das eleições no Brasil. A tal questão do bolsa família, do nordestino
desinformado, do parasita que rouba de São Paulo é a mesma coisa do governante
de Hong Kong, é a mesma coisa dos neoliberais americanos e europeus. É o mesmo da
direita política aqui e lá.
terça-feira, 28 de outubro de 2014
Ainda sobre o "BOLSA FAMÍLIA" - José Nilton Mariano Saraiva
Por entender que é preciso que essa questão relativa ao Bolsa Família fique bem esclarecida, abaixo disponibilizamos o número de FAMÍLIAS beneficiadas em cada estado da federação (posição setembro/2014). Para se obter o número de PESSOAS beneficiadas, basta considerar (num cálculo conservador) cada família com 04 integrantes (o casal e 02 filhos).
BOLSA FAMÍLIA – NORTE-NORDESTE
ESTADOS
|
FAMÍLIAS BENEFICIADAS
|
- BAHIA
|
- 1.815.368
|
- PERNAMBUCO
|
- 1.153.941
|
- CEARÁ
|
- 1.094.126
|
- MARANHÃO
|
- 987.599
|
- PARÁ
|
- 887.633
|
- PARAIBA
|
- 526.984
|
- PIAUI
|
- 458.081
|
- ALAGOAS
|
- 441.931
|
- R. G. NORTE
|
- 364.404
|
- AMAZONAS
|
- 359.911
|
- SERGIPE
|
- 281.897
|
- RONDONIA
|
- 115.389
|
- ACRE
|
- 78.619
|
- AMAPÁ
|
- 55.346
|
- RORAIMA
|
- 48.088
|
TOTAL
|
- 8.669.317 (FAMÍLIAS)
|
BOLSA FAMÍLIA
|
SUL/SUDESTE/CENTRO-OESTE
|
- SÃO PAULO
|
- 1.270.732
|
- MINAS GERAIS
|
- 1.148.187
|
- RIO DE JANEIRO
|
- 828.716
|
- R.G. SUL
|
- 435.962
|
- PARANÁ
|
- 407.556
|
- GOIÁS
|
- 336.324
|
- ESPÍRITO SANTO
|
- 190.670
|
- MATO GROSSO
|
- 186.647
|
- MATO GROSSO SUL
|
- 146.228
|
- TOCANTINS
- SANTA CATARINA
- DISTRITO FEDERAL
TOTAL
|
- 140.108
- 136.279
- 86.373
- 5.313.792 (FAMÍLIAS)
|
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social
Utilizando-se a medida “padrão” internacional de 04 pessoas por família (o casal e 02 filhos), num cálculo “conservador” temos que o Bolsa Família beneficiou 55.932.436 pessoas no total, sendo que no Nordeste 34.677.268 pessoas e Sul/Sudeste/Centro-Oeste 21.255.168 pessoas.
Alguma dúvida ???
Um reacionário, acrescido de uma irracionalidade patológica, uma vez mandou-me um poema do Maiacovsky usando-o contra o PT e seu governo e, claro, contra toda ideia que não fosse neoliberal. Não conhecia a história de Maicovsky e, invertendo a equação, deturpava o sentido do poeta. Um poema contra a burguesia e sua opressão. Estes dias assisti a dois musicais do Chico Buarque: Saltimbanco Trapalhões e Ópera do Malandro. Ambas críticas dos acordões do capitalismo. Aconteceu que por falar em corrupção, com o selo colado na Dilma e livrando a cara do Aécio algumas frases realçadas serviu de manifesto para algumas palmas da classe média conservadora da Zona Sul.
Por isso tive dúvidas sobre postar esta música. Mas não. Ela diz. Tudo. Diz principalmente sobre esta malta raivosa antipopular.
UMA MÚSICA NA CALÇADA - José do Vale Pinheiro Feitosa
Porque nasci ali. No único sítio que levava o nome do rio que corria em todo o seu terreno. Onde vi muito nascer de sol além de treze quilômetros de um belo canavial. E também a lua tomando o céu por trás dos morros onde um dia se ergue a visível estátua do Padre Cícero. Do meu lado esquerdo o Alto do Urubu, coberto de Mata Atlântica ali os pássaros e os urubus como memória do que um dia foi a matança em suas árvores se abrigavam aos mistério da noite.
A autêntica Batateira. Que carreguei como parte inseparável do meu território corporal, afetivo e memorial. Onde aprendi, onde ensinei, onde fiz e fui feito de brincadeiras de meninos, do povo como eu. Com coisas que saltam da língua, das piadas toscas, dos palavrões. Dos desarranjos. Da tosse, do defluxo, da sapiranga. Do tracoma que andava naquelas áreas úmidas como uma lembrança bíblica do Oriente Médio.
Do banho no rio. De fazer castelos em sua areia lavada. De deixar minha alta flutuando e rodando como um helicóptero feito as sementes que assim o eram. Como planadoras ficar mais tempo no ar até me afastar da árvore mãe. É assim que escute o comum da minha alma.
Assim como esta música de João Bosco e Aldir Blanc. Bandalhismo. Escutem só que samba gosto, que violão de roda. E prestem atenção à suave voz de Paulinho da Viola cantado o mundo real de nossas vidas. Só Aldir seria capaz de uma letra desta.
A CASA QUE CAIU NA VIDA DE AÉCIO NEVES - José do Vale Pinheiro Feitosa
Seja porque Gilmar Mendes e Joaquim Barbosa baixaram na alma
de mentes raivosas. Ou porque eles nunca suportaram os partidos de origem
trabalhista (mais ainda se socialistas ou comunistas) e sempre tiveram
esteatose hepática à simples menção de seus quadros. Quem sabe mais raiva
tenham ainda de líderes populares que ousem afrontar as migalhas do banquete
que pegam embaixo da mesa da elite nacional e internacional. Seja onde nasça
este ódio é preciso considerar algumas coisas.
Quando Eduardo Campo surgiu e depois Marina, mesmo quem
estava escaldado com o PSDB, veio com a tese que o Governo Dilma estava
ultrapassado pelo próprio povo que ajudara. Eles agora estavam numa nova classe
média e queriam muito mais do que o Estado poderia oferecer. O exemplo? As manifestações
de junho de 2013.
Agora ponha na conta de Gilmar e Joaquim mas abra o olhar
para uma megaestrutura sem a qual Barbosas e Mendes não são nada. Ao ponto
pacífico: a análise sistemática das valias das manchetes e escolhas jornalísticas
dos jornais Estado de São Paulo, Folha de São Paulo e Globo, das revistas Veja,
Época e Isto É e Jornal Nacional foram contundentes para uma propaganda
negativa e sistemática, criadora de ódio inclusive, contra o governo e o PT. Esta
avalanche de matérias pode transformar um pensamento livre em mero “equipamento”
de repetição acrítica de propaganda política.
Aí junta a briga de casal, o filho que não estuda, as
despesas que não fecham a carestia que é ser de classe média nos bairros
chiques e por aí vai e surge um ódio baseado nas tais manchetes. O mundo está
em crise e aquela classe média tradicional do Brasil precisa dividir espaços e
serviços que antes lhe eram quase que, socialmente dizendo, exclusivo. Avião,
Shopping, consumo de linha branca, carro, restaurantes e por aí vai.
Muitos dos raivosos se originam de uma situação em que os
avós e pais foram beneficiários do “progresso” do regime militar. Cresceram
inclusive nas estatais e nos movimentos da bolsa. Fizeram patrimônio e aí os
filhos e netos foram criados, acreditando que aquilo tudo era natural. Aquilo
existia desde que o mundo era mundo e eles tinham direito de exclusividade.
Vivem numa sociedade menos exclusiva e mais inclusiva. E
será daí por diante. A “meritocracia” de origem não ajuda em sistemas
efetivamente democráticos. Os que babam com raiva de nordestino, os
conservadores que temem o amanhã, os neoliberais que vêm “totalitarismo” em
avanços sociais coordenados, se tornam o resíduo odiento da realidade política
e social em transformação.
A campanha de Aécio Neves foi financiada e todas as jogadas
maldosas dela tinham uma articulação essencialmente originária em grandes
fundos financeiros. Foi uma campanha caríssima e que não se coaduna com as
declarações que agora farão à justiça eleitoral.
Como explicar a quantidade imensa de robôs que operaram na
Internet, SMS, Whatssap e mais o que aconteceu no Twitter e Facebook. Como em menos
de hora foi para a rua milhões de cópias da capa da revista Veja entre sexta e
sábado às vésperas das eleições em São Paulo, Brasília e no Rio. E olhem que
eram os mesmos cabos eleitorais contratados para bandeiradas do PSDB nas ruas
que distribuíam. E quem pagou toda esta logística?
E os robôs que ontem mesmo convocavam manifestações pró-impeachment da Presidenta nas ruas de São Paulo. E os
mesmos instrumentos via celular que inundaram os cidadãos com pragas contra
nordestinos. Isso tudo demonstra um forte e desleal aparato financiado para
golpear o julgamento popular.
Mas e como tirar a história das pessoas?
Falo do porteiro de um prédio na Zona Sul do Rio de Janeiro,
com todo o cuidado possível, sentado em sua mesa de trabalho e um morador com a
camisa de cima a baixo com bottons do Aécio Neves. E claro agressivamente
impondo a vontade dele. O porteiro rindo e sem dizer mais nada. O orgulhoso
eleitor saiu para seu voto de “consciência” enquanto o porteiro abria a porta
eletrônica para que se fosse.
Quantos anos tens? 48 anos. Desde quando trabalha? Desde os
8. Durante mais de 35 anos de tua vida de trabalho quanto de crédito recebesse
para comprar tua casa? Agora. Pago direitinho. Só agora aos 44 anos que tive
minha casa e não um barraco no meio da família lá na Rocinha. Agora pago Minha
Casa Minha Vida.
Como votar no Aécio? Não pelo que FHC não fez. Mas pelo que
Aécio prometia e aí o povo é esperto o suficiente para mesmo não entendendo a linguagem
do Armínio Fraga saber quem ia pagar a fatura.
Bolsa família?
Isso é de menos meu senhor. Minha filha faz pós-graduação e
todo mundo aqui estuda.
segunda-feira, 27 de outubro de 2014
SOBRE O "BOLSA FAMÌLIA" - José Nilton Mariano Saraiva
Na tentativa de ofuscar e/ou desvalorizar a vitória da Presidente Dilma Roussef, na eleição recém-finda, os “depenados tucanos” apelam para o velho refrão de que tal aconteceu porque o programa Bolsa Família foi usado com objetivos eleitoreiros, daí sua expressiva votação na Região Nordeste. Como se o Bolsa Família se restringisse e beneficiasse tão única e exclusivamente nossa região. Só que a coisa não é bem assim, a saber; o Estado de São Paulo, por exemplo, é hoje o segundo maior beneficiário do Bolsa Família, com 1.270.732 famílias atendidas, ao custo de R$ 2,1 bilhões (posição de SET/2014), só ficando atrás do Estado da Bahia, com 1.815.368 famílias atendidas, ao custo de R$ 3,2 bilhões). Pernambuco (1.153.941 famílias atendidas, ao custo de R$ 2,0 bilhões, Ceará (1.094.126 famílias atendidas, ao custo de R$ 2,0 bilhões), Minas Gerais (1.148.187 famílias atendidas, ao custo de R$ 2,0 bilhões) e o Maranhão (987.589 famílias atendidas, ao custo de R$ 2,0 bilhões) são os estados que seguem a Bahia e São Paulo no ranking dos mais beneficiados.
Enfim, o Bolsa Família é um programa tão abrangente que contempla todos os estados da federação, conforme se poderá observar na tabela abaixo (Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social).
No mais, vamos torcer para que certos babacas retrógrados voltem aos bancos escolares pra se inteirar do revolução que ocorreu por essas bandas do Brasil, deixando de lado o preconceito e a xenofobia tão bem expressas na manifestação do tal Diogo Mainardi (que fugiu às pressas do Brasil pra escapar da Justiça), mas que não perde a oportunidade de produzir (naturalmente que na Globo) declarações nazistas como esta: “Essa eleição é a prova de que o Brasil ficou no passado. Não é nem bolsa família, não é marquetagem. O Nordeste sempre foi retrógrado. Sempre foi governista, sempre foi bovino, sempre foi subalterno em relação ao poder”.
Portanto, é chegada a hora de se tomar conhecimento dos números reais, antes de sair por aí proferindo e/ou tendo que ouvir baboseiras, porque, no duro no duro, o apoio à Presidenta Dilma Roussef nas eleições de 26.10.14 fez foi cair em pelo menos 07 (sete) estados da federação, tomando por parâmetro o pleito de 2010
A BANDA PAULISTA ÉBRIA DE DEMOCRACIA - José do Vale Pinheiro Feitosa
“Essa eleição é a prova que o Brasil
ficou no passado. Não é nem bolsa família, não é marquetagem. O Nordeste sempre
foi retrógrado. Sempre foi governista, sempre foi bovino, sempre foi subalterno
em relação ao poder. Durante a ditadura militar, depois com o reinado do PFL e
agora com o PT. É uma região atrasada, pouco educada, pouco construída, que tem
uma grande dificuldade para se modernizar. Se modernizar na linguagem. A
imprensa livre, a liberdade de imprensa é um valor que vale do Brasil para
baixo.” – DIOGO MAINARDI NO
MANHATTAN CONECTION DA GLOBO NEWS.
Analisar realidades complexas requer equilíbrio, método,
renovação contínua dos dados de modo acompanhar as transformações sempre
existentes em todos os componentes. Na mídia e agora na internet é muito comum
repetição de análises feitas no passado sendo repetidas como se nada tivesse acontecido
depois das mesmas. As conclusões que haviam chegado já não explicam mais a
realidade atual.
Se fôssemos compreender São Paulo com os elementos de sua
estrutura econômica e política tradicional iríamos encontrar um dos lugares
mais atrasados do Brasil. Oligarca, infenso às mudanças sociais, agarradoS a tradições
obsoletas e muito colonialista por princípio das classes proprietárias.
O nordeste brasileiro, o Rio Grande do Sul e até Minas
Gerais quando compreenderam o atraso que era São Paulo para o Brasil fizeram
uma revolução para mudar a estrutura política e econômica do país. Não esqueçam
que São Paulo é a terra de políticos atrasados como Adhemar de Barros, Jânio
Quadros, Paulo Maluf e que é adorado pelos paulistas que os seguiu como
cordeirinhos sem qualquer crítica. Eles serviam aos propósitos da elite do
Estado. E pelo menos Ademar e Maluf tiveram seus nomes associados à corrupção e
nunca os paulistas e sua mídia funcionou como oposição a eles e nestes termos.
Aliás, São Paulo se tornou a menina de ouro da meritocracia
neoliberal, cheia de universidades que correm atrás do sucesso pessoal em
atropelo dos demais. O interior do Estado, não obstante a existência de estruturas
econômicas bastante avançadas, tem um instinto caipira chique de postura
country pois se identificam com os cowboys americanos.
Dizer que São Paulo é isso não significa que ali mesmo se
encontram coisas impressionantes em termos de vanguarda, tanto cultural, quanto
de experiência de um mundo em transformação. São Paulo é importantíssimo para
um projeto de nação.
Assim como o Nordeste brasileiro. Que não é liberto das
oligarquias e dos mandões que se renovam travestidos com outras vestimentas. O
nordeste, também tem uma mistura de arcaico e moderno, de liberdade e
escravidão. Mas o nordeste não é a rabeira da nação. Só a visão de antolhos
pode imaginar que seja possível se viver num país irrequieto, grande e populoso
como Brasil, mantendo traços arcaicos que nunca mudam. Tudo muda, tudo se
transforma e o Nordeste é ao mesmo tempo fonte de vanguardas e tradições. Como aliás
São Paulo, Minas Gerais, Rio, os Gaúchos e por aí vamos.
O que o preconceito contra nordestino quer dizer? Então
vocês votam juntos? Têm noção de região? Com esta unidade são capazes de eleger
presidentes e marcar a política nacional? Isso não pode. Apenas a São Paulo
isso é devido. Somos o centro do universo e tudo mais gira em volta de nós.
Mas o nordeste está fazendo esta revolução em que o centro
não é mais o velho oligarca paulista. E isso aconteceu pelo crescimento da vida
urbana, pela migração populacional que aprendeu. Pela maior facilidade de se
deslocar conhecimento de um ponto para outro. Olhem para a tabela abaixo e
sintam que o Nordeste tem um peso transcendental na eleição de Dilma Roussef.
Tem um peso pela unidade de seu voto, mas isso anularia São Paulo e não seria
suficiente para que ela vencesse.
A questão é que Dilma não perdeu de muito, à exceção de São
Paulo (assim mesmo conseguiu quase 36%), em alguns grandes colégios como o
Paraná e o Rio Grande do Sul. E levou mais de um milhão de vantagem no segundo
e terceiro colégio eleitoral (Minas e Rio). A união nordestina foi central para
a vitória da candidata mas isso não seria suficiente se não fosse uma
substancial votação da candidata mesmo nos estados em que perdeu as eleições.
Portanto o preconceito chega às raias do nonsense quando
pronuncia inverdades com elementos de alguma crítica do passado. E por falar em
eleições olhem para segunda tabela e compreendam algumas coisas.
Fica claro que o público se relaciona muito bem com a urna
eletrônica e que a quantidade de votos nulos e brancos não foge às margens bem
pequenas. Também fica claro que de modo geral o voto de protesto não aconteceu
com muita frequência, a não ser claramente no Rio de Janeiro quando quase um
milhão de pessoas anulou o voto. Vimos o fato igualmente no Rio Grande do
Norte, no Distrito Federal e no Amazonas.
No Rio Grande do Norte isso tem coerência com os votos nulos
para governador que praticamente duplicam em relação ao de Presidente. Portanto
se houve protesto ali foi muito mais para governador. No Rio de Janeiro
igualmente aconteceu com os votos de governador (13,9% de votos nulos) e no
Distrito Federal aconteceu a mesma coisa. Em outras palavras os votos nulos
foram aumentados nestes estados igualmente a governador e presidente, portanto,
não se refere apenas à presidência.
Por último uma palavra sobre as abstenções. Elas não
ultrapassam a um quatro dos eleitores habilitados e tendem a crescer naqueles
estados onde não houve segundo turno para governador. Mas devem existir várias causas,
inclusive de registro eleitoral, para explicar o tamanho da abstenção. E leve
em consideração que não comparamos com as abstenções do primeiro turno, quando
as candidaturas a deputado infiltram-se mais junto aos eleitores mobilizando-os.
Sim quase que me esquecia. Crato votou maciçamente em Dilma:
83,55%. Juazeiro também: 80%. As abstenções foram relativamente pequenas, assim
como os votos brancos e nulos.
Estado
|
Dilma
Número
|
Dilma
%
|
Aécio
Número
|
Aécio
Percentual
|
Diferença
|
TOTAL
|
Total
|
54.501.118
|
51,64%
|
51.041.155
|
48,36%
|
3.459.963
|
105.542.273
|
Acre
|
138.922
|
36,32%
|
243.530
|
63,68%
|
104.608
|
382.452
|
Rondônia
|
364.055
|
45,15%
|
442.349
|
54,85%
|
78.294
|
806.404
|
Amazonas
|
1.033.090
|
65,02%
|
555.810
|
34,98%
|
477.280
|
1.588.900
|
Roraima
|
97.329
|
41,10%
|
139.477
|
58,90
|
42.148
|
236.806
|
Amapá
|
227.414
|
61,45%
|
142.664
|
38,55%
|
84.750
|
370.078
|
Pará
|
2.103.829
|
57,41%
|
1.560.470
|
42,59%
|
543.359
|
3.664.299
|
Tocantins
|
428.662
|
59,49%
|
291.848
|
40,51
|
136.814
|
720.510
|
Região
Norte
|
4.393.301
|
56,54%
|
3.376.148
|
43,46%
|
1.017.153
(13,09%)
|
7.769.449
|
Maranhão
|
2.475.762
|
78,76%
|
667.517
|
21,24%
|
1.808.245
|
3.143.279
|
Piauí
|
1.385.096
|
78,30%
|
383.884
|
21,70%
|
1.001.212
|
1.768.980
|
Ceará
|
3.522.225
|
76,75%
|
1.067.096
|
23,25%
|
2.455.129
|
4.589.321
|
R. G Norte
|
1.201.576
|
69,96%
|
516.011
|
30,04%
|
685.565
|
1.717.587
|
Paraíba
|
1.380.988
|
64,26%
|
767.916
|
35,74%
|
613.072
|
2.148.904
|
Pernambuco
|
3.438.165
|
70,20%
|
1.459.266
|
29,80%
|
1.978.899
|
4.897.431
|
Alagoas
|
941.286
|
62,12%
|
574.012
|
37,88%
|
367.274
|
1.515.298
|
Sergipe
|
772.253
|
67,01%
|
380.222
|
32,99%
|
392.031
|
1.152.475
|
Bahia
|
5.059.228
|
70,16%
|
2.151.922
|
29,84%
|
2.907.306
|
7.211.150
|
Região
Nordeste
|
20.176.579
|
71,70
|
7.967.846
|
28,30%
|
12.208.733
(43,37%)
|
28.144.425
|
E. Santo
|
911.906
|
46,15%
|
1.064.067
|
53,85%
|
152.161
|
1.975.973
|
R. Janeiro
|
4.488.183
|
54,94%
|
3.681.088
|
45,06%
|
807.095
|
8.169.271
|
M. Gerais
|
5.979.422
|
52,41%
|
5.428.821
|
47,59%
|
550.601
|
11.408.243
|
S. Paulo
|
8.488.383
|
35,69%
|
15.296.289
|
64,31%
|
6.807.906
|
23.784.672
|
Região
Sudeste
|
19.867.894
|
43,82%
|
25.470.265
|
56,17%
|
5.602.371
(12,35%)
|
45.338.159
|
Paraná
|
2.408.740
|
39,02%
|
3.765.025
|
60,98%
|
1.356.285
|
6.173.765
|
S. Catarina
|
1.353.808
|
35,41%
|
2.469.079
|
64,59%
|
1.115.271
|
3.822.887
|
R.G.Sul
|
2.997.360
|
45,47%
|
3.452.455
|
53,53%
|
455.095
|
6.449.815
|
Região
Sul
|
6.759.908
|
41.10%
|
9.686.559
|
58,90%
|
2.956.651
(17,97%)
|
16.446.467
|
M. Grosso
|
717.230
|
45,33%
|
864.999
|
54,67%
|
147.769
|
1.582.229
|
M.G Sul
|
590.835
|
43,67%
|
762.233
|
56,33%
|
171.398
|
1.353.068
|
Goiás
|
1.365.658
|
42,89%
|
1818087
|
57,11%
|
452.429
|
3.183.745
|
D. Federal
|
580.581
|
38,10%
|
943.275
|
61,90%
|
362.694
|
1.523.856
|
Região
Centro Oeste
|
3.254.304
|
42.57%
|
4.388.594
|
57,43%
|
1.134.290
(14,85%)
|
7.642.898
|
Estado
|
Abstenções
|
Nulos
|
Brancos
|
Total
|
Brasil
|
21,10%
|
4,63%
|
1,71%
|
27,44%
|
Acre
|
22,18%
|
2,09%
|
0,88%
|
25,15%
|
Rondônia
|
24,35%
|
4,20%
|
1,17%
|
30,26%
|
Amazonas
|
22,62%
|
6,17%
|
1,58%
|
30,37%
|
Roraima
|
16,43%
|
4,46%
|
0,91%
|
21,8%
|
Amapá
|
14,56%
|
4.07%
|
0,82
|
19,45%
|
Pará
|
25,22%
|
4,41%
|
1,10%
|
30,73
|
Tocantins
|
24,73%
|
3,08%
|
0,91
|
28,72%
|
Maranhão
|
27,37%
|
2,68%
|
1,06%
|
31,11%
|
Piauí
|
21,25%
|
3,32%
|
0,86%
|
24,57%
|
Ceará
|
21,75%
|
5,03%
|
1,41%
|
28,19%
|
R.G.Norte
|
17,66%
|
8,53%
|
1,82%
|
28,01%
|
Paraíba
|
18,00%
|
5,68%
|
1,88%
|
25,56%
|
Pernambuco
|
17,77%
|
4,23%
|
1,95%
|
15,49%
|
Alagoas
|
19,63%
|
3,95%
|
1,50%
|
25,08%
|
Sergipe
|
15,91%
|
4,16%
|
1,56%
|
21,63%
|
Bahia
|
24,18%
|
4,30%
|
1,43%
|
29,91%
|
E. Santo
|
21,72%
|
3,09%
|
1,75%
|
26,56%
|
M. Gerais
|
21,17%
|
3,56%
|
1,47%
|
26,20%
|
R. Janeiro
|
22,36%
|
10,51%
|
2,78%
|
35,65%
|
S. Paulo
|
20,51%
|
4,47%
|
1,97%
|
26,95%
|
Paraná
|
18,43%
|
2,46%
|
1,27%
|
22,16%
|
S. Catarina
|
17,86%
|
2,88%
|
1,28%
|
22,02%
|
R. G. Sul
|
18,19%
|
3,85%
|
2,14%
|
24,87%
|
M. Grosso
|
25,43%
|
2,14%
|
0,90%
|
28,47%
|
M. G. Sul
|
23,13%
|
2,04%
|
1,12%
|
26,29%
|
Goiás
|
21,53%
|
4,64%
|
1,65%
|
27,82%
|
D. Federal
|
12,64%
|
6,24%
|
1,76%
|
20,64%
|