domingo, 28 de fevereiro de 2010

MCidades divulga edital para projetos de extensão universitária

26/02/2010
Com o intuito de apoiar instituições federais de Ensino Superior para o desenvolvimento de projetos de extensão, o Ministério das Cidades publica nesta sexta-feira (26) o edital do Programa de Apoio à Extensão Universitária (PROEXT).Clique aqui para acessar o edital.
As inscrições estão abertas até o dia 27 de março. Cada instituição poderá inscrever uma proposta em cada uma das temáticas seguintes:
1- Implementação, nas administrações municipais, de sistemas de informações geográficas (TerraView e TerraSIG) e insumos digitais que incorporem as ferramentas e funcionalidades do Sistema Nacional de Informações das Cidades (GeoSNIC) e conteúdos relacionados aos fundamentos de geoprocessamento e geociências, com os conceitos básicos de cartografia, sistema de projeção, datum, escalas, feições cartográficas, imagens de satélite, sistemas de informações geográficas (SIG’s), tipos de armazenamento e demais conceitos correlatos.
2- Implementação, nas administrações municipais, de Cadastro Territorial Multifinalitário (CTM), nos termos das Diretrizes Nacionais para a criação, instituição e atualização do Cadastro Territorial Multifinalitário nos municípios brasileiros (Portaria MCidades Nº 511, de 7 de dezembro de 2009, publicada no DOU de 8 de dezembro de 2009), e conteúdos relacionados à cartografia cadastral, gestão e financiamento do CTM, multifinalidade do cadastro, avaliação de imóveis e ao seu respectivo marco jurídico.
O PROEXT é um instrumento que abrange projetos com ênfase na capacitação de agentes públicos e sociais. Além do desenvolvimento de ações de apoio ao setor público que visem ao desenvolvimento institucional e à implementação de sistemas de informações, para auxiliar na elaboração de planos e projetos de desenvolvimento urbano.
As instituições poderão habilitar-se para a realização de projetos com financiamento de até R$ 50 mil. O edital prevê a aplicação de recursos financeiros, não reembolsáveis, no montante de até R$ 1milhão.
A proposta deve considerar a participação nas atividades de extensão de um público-alvo de, pelo menos, dois técnicos do quadro permanente da administração do poder executivo municipal em, no mínimo, quarenta municípios, sem cobertura territorial coincidente.
Mais informações pelo telefone (61) 2108-1574 ou pelo endereço eletrônico proext-cidades@cidades.gov.br.

A tênue fibra do desejo

Deve ter sido aquela vocação evangelizadora tão própria das mulheres. Sabia que o noivo gostava de uma farra, apreciava um carteado e aquela conversa interminável com os amigos. Imaginou, no entanto, que com a força do amor, alinharia aquela árvore torta. Terminaria por domesticar aquele animal selvagem com a ração diária, com os agrados de fêmea, com a hipnose cotidiana. Imaginou que o lar com seus pesados atributos : filhos, contas e o magnetismo da TV apreenderiam aquele ave inconstante, sem que ao menos ela percebesse as tariscas da gaiola. O tempo, no entanto, acabou por mostrar a D. Gertrudes que não existe coisa mais difícil de moldar neste mundo que a delicada fibra óptica do desejo. Ludugero mostrou-se sempre um pai carinhoso e um marido exemplar. Trabalhava duro numa pequena panificadora que adquirira. Ofício árduo de despertar madrugadino , onde diariamente rivalizava com o alvorescente canto dos galos e com a sangria dos primeiros raios do sol.Entre uma bolacha e um pão de ló, entre um passa-raiva e um manzape, ia Ludugero tocando a vida. Os arraigados hábitos antigos, no entanto, permaneceram indeléveis, imunes às pregações de D. Gertrudes. Nas sextas e sábados saía para um barzinho com os amigos e viravam a noite num carteado interminável regado a cerveja , a reminiscências e fofocas. A última válvula de escape de Ludugero, uma espécie de prozac natural que usava para escapar da doideira do dia a dia. Gertrudes, no entanto não se conformava: vivia a implicar com a vida noturna do marido. Fazia-o insidiosamente, uma vez que entendia : os antecedentes criminais do marido precediam ao matrimônio. Ludugero já por mais de uma vez lhe havia jogado na cara: --Meu bem, você sabia que eu gostava de um joguinho, por que diabos casou comigo, não procurou um cardeal , um monge, um santo... ? Havia , no entanto, uma outra razão para a implicância da mulher: ela temia que, varando as noites entre uma birita e outra, em meio aos ases, aos valetes, terminaria por aparecer algumas damas ou uma rainha de paus. Por trás de tudo, sobrenadava o ciúme e a desconfiança de D. Gertrudes.
A água mole bateu na pedra dura, mas não a furou. Todo final de semana , para o crescente desespero da esposa, Ludugero escapava lépido para o jogo. Um dia, por fim, encheu-se até a tampa da caçarola da paciência D. Gertrudes. Antes de ver o marido vestir-se, numa sexta-feira, para as funções lúdico-etílicas do final de semana, articulou o plano meticulosamente preparado durante o mês. Deixou os filhos na casa da sogra e arrumou-se toda, com um vestido tubinho preto. Quando o marido pensou em despedir-se, como de costume, ela saltou de lá e o surpreendeu:
--- Amor, hoje eu vou com você. Estou doidinha para ver um jogo de cartas!
Gertrudes disse isto, sem tirar os olhos do semblante do marido, esperando o protesto, a popa. Ludugero, no entanto, para sua surpresa, não se alterou, apenas lembrou que o programa podia ser chato e cansativo para ela, mas que ficava feliz, não tinha nenhum problema.
Como era de se esperar, a programação não podia ser mais pesada. A esposa sentou a um canto, numa cadeira desconfortável, no Bar do Giba. A conversa varou a noite, regada a cerveja e baralho. Futebol, política, fofocas . À medida que as horas se iam escorrendo, para o terror de Gertrudes, os circunstantes iam ficando mais animados, falando mais alto , discutindo com muito mais fervor. Lá pras cinco horas da manhã a esposa compreendeu que eles tinham ainda fogo na caldeira para mais uns dois dias. Estava já escornada, cansada, com todos os músculos doendo. Chamou então Ludugero e o suplicou:
--- Pelo amor de Deus, me leve para casa que eu já não agüento mais, estou morta de cansada e já não consigo nem ficar em pé...
Ludugero, então, solícito, pediu um tempinho aos amigos , tomou a mulher pelo braço e a levou para o aconchego do lar. Não sem antes lembrar:
--- Ta vendo, mulher, você vem uma veizinha e fica assim parecendo que caiu de um avião. Isto é para você ter uma idéia do meu sofrimento que passo por este suplício todo fim de semana...

J. Flávio Vieira

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Tempo Antigo

Talvez não saiba
lhe deixei sapinhos
não no céu da boca
mas no céu da alma.

Talvez não perceba
mas já é outra
mudou seu andado
seus olhares estranhos
- pergunte ao seu espelho -

e sempre ao beber água
sentirá um cheiro acre
não se apavore
não é desgraça
coisas de vodu

apenas os suspiros do peixe
dentro da geladeira:
"sua mãe nunca lhe aconselhou
a não guardar o copo de alumínio
próximo à gavetinha do congelador?"

Talvez não saiba
lhe deixei verrugas
não nas linhas da mão
mas nas dobras dos lençóis
antes que seu coração durma.

Permaneça quieta,
dessa forma,
não me telefone
tampouco me mande e-mail.

Neste momento, espante-se,
escrevo em uma folha de caderno
cruzando as pautas
sem aviso.

A única verdade,
talvez saiba,

é o abraço dos dedos
envolvendo a caneta.

Som

Que som bacana
sinistro, estranho

atrito da cerâmica
do prato

contra o inox
da taça.

Lembro-me de outros tantos
confidenciados por minha alma
em suas andanças fora do corpo:

o ruído das aurículas
bebendo a saliva dos sonhos.

Segundo minha alma,
são amores invisíveis
debaixo da cama
do coração enfermo.

Pergunto-me se o bruxo Hermeto
ouvia mais o som das coisas

ou calava-se (extasiado)
diante da loucura da alma.

A privataria


A privataria é a privatização nos moldes tupiniquins. Ou seja, a "socialização das perdas" e o enriquecimento de pequenos grupos, via entrega do patrimônio público. É quando o "mercado" não é regido nem por suas leis de mercado. É quando todos nós pagamos para que alguns fiquem donos das estatais.   
Leia mais sobre a    privataria. 

Sr. João, Em noite Cyberrústica!

Com o mesmo bom humor que leva em vida e que o leva leve aos palcos, João nos presenteou com um show descontraído, poético/musical com ingredientes futuristas. Nada perde pra nada, tudo se transforma! Esta foi a performance de um vendedor de cordéis do velho e do novo mundo.

Sr. João abre o Show!

Leituras e releituras.

O futuro do pretérito!


Meio DJ e completamente show!

Entre Rabecas e Micros... Violas e poesias!


Um micro e um fone para o Nico, não foi suficiente, ele tinha muito a dizer!


Fotos: Pachelly Jamacaru
"Direitos reservados"

O Cariri Cangaço 2010 já começa a ser construído


Prezados amigos,

Com o tema: Cariri Cangaço - Coronéis, Beatos e Cangaceiros, esse evento de cunho turístico-cultural e científico; em sua edição 2010, terá novamente como cidades anfitriãs: Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha; com a adesão ainda de Aurora e Porteiras. Reuniremos a partir de uma programação plural, dinâmica e universal, personalidades locais, regionais e nacionais, do universo da pesquisa e estudo das temáticas ligadas ao Cangaço, Tradições e Histórias do Nordeste.

O Evento em sua segunda edição terá um conjunto de 16 conferências, seguidas de debates, abordando temáticas ligadas à historiografia nordestina; distribuídas durante o período de realização do mesmo; 6 dias ; nos 6 municípios anfitriões. Os conferencistas são pesquisadores, estudiosos, escritores e professores, de renome nacional.

O Cariri Cangaço - Coronéis, Beatos e Cangaceiros, promoverá um conjunto de 23 Visitas Técnicas aos principais Pontos Turísticos da Região do Cariri, como também aos principais Sítios Históricos ligados ao cangaço na região. Em cada Visita Técnica teremos um estudioso e um guia turístico que fará a explanação sobre o ponto visitado.

O Cariri Cangaço 2010 é uma promoção da SBEC e uma realização das Prefeituras de Crato, Juazeiro do Norte, Barbalha e Missão Velha, com o apoio vital da Universidade Regional do Cariri – URCA; ICC- Instituto Cultural do Cariri; Centro Pró Memória Josafá Magalhães; ICVC - Instituto Cultural Vale Caririense, Fundação Memorial Padre Cícero, conta também as parcerias do SESC, do SEBRAE, do Centro Cultural Banco do Nordeste.

O evento programa além das Conferências, Debates e Visitas Técnicas; a II Mostra Cariri Cangaço de Cinema, Vídeo e Documentários; a II Latada do Livro Cariri Cangaço, onde os participantes terão a oportunidade de entrar em contato com as principais obras literárias sobre a temática; o II Grande Salão Cariri Cangaço, onde serão lançadas 8 novas obras literárias sobre a temática; de autores de todo o Nordeste e também São Paulo, além de 17 Apresentações Artísticas, com as mais significativas manifestações culturais e folclóricas de toda região do Cariri, das áreas das Artes Cênicas, Música e Cultura Popular.

O Cariri Cangaço - Coronéis, Beatos e Cangaceiros, acontecerá entre os dias 17 e 22 de Agosto de 2010, na Região do Cariri, sul do estado do Ceará. Conheça um pouco mais da historia desta inciativa a partir do blog oficial do evento: cariricangaco.blogspot.com

Visite, comente, entre! A casa é sua.

Abraços,

Manoel Severo (Coordenador)

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Voz

Hora de dormir,
poeta.

A cama box solteira
espera sua alma.

Agradeça às suas amigas muriçocas.
Passaram um longo tempo
esquentando o travesseiro.

Vê se dorme quieto.
As almofadas sobre a estante
apenas sombras da solidão.

Não se esqueça
também de agradecer
aos seus ancestrais
por esse coração distante
parece sumir da caixa torácica.

Não sonhe tão voraz.
Deixe um pouco da carne
para seus fantasmas.

Boa noite,
e esqueça o silêncio
das plantinhas na varanda.

IEC inicia trabalho com Mulheres do Coco

Com o objetivo de realizar de visitas e registros audiovisuais das atividades nos terreiros dos brincantes da cultura popular da região do Cariri para produção de documentários e disponibilizar às escolas públicas, incentivar as “Rodas de Conversa” entre pesquisadores, estudantes, artistas e brincantes (in lócu) e criar pagina virtual para divulgação das pesquisas desenvolvidas na universidades sobre as temáticas Cultura/ Grupos da Tradição Popular/Identidade/Patrimônio Imaterial , Religiosidade e questões correlatas, o Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC, vinculado a Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Regional do Cariri – URCA, inicia na manhã deste sábado, dia 27, o Projeto “No Terreiro dos Brincantes”.

A primeira ação acontece junto às Mulheres do Coco da Batateira, no bairro Gizelia Pinheiro no Crato. O Coco das Mulheres da Batateira teve inicio no final da década de setenta do século passado, a partir de uma curso de alfabetização de jovens e adultos e atualmente reúne cerca de 20 mulheres entre 50 a 80 anos. As mulheres se dividem entre cavalheiros e damas, tendo em vista, que na época, os homens não queriam participar.

Para a mestra Edite Dias (foto) essa será uma oportunidade importante para divulgar o trabalho do grupo. “Nunca ninguém fez um documentário sobre a gente” destaca. A Mestra enfatiza que uma das lutas do grupo é conseguir um terreiro para que a comunidade tenha um local para os ensaios dos grupos. As Mulheres do Coco ainda mantém um grupo mirim de Coco e de Maneiro Pau e na comunidade existem outras manifestações como a Capoeira e os Irmãos Aniceto. Mestra Edite se orgulha da brincadeira “temos um trabalho bonito e bem feito”, mas frisa que é preciso existir apoio para a manutenção do grupo.

Para a acadêmica de Ciências Sociais da URCA, Ruth Rodrigues, que é monitoria do Projeto, a proposta possibilita mostrar a pluralidade da região do Cariri no que se refere as manifestações da cultura popular.

A acadêmica de Pedagogia, Cícera Araújo, também monitora, enfatiza que esse projeto é importante para valorização da cultura popular e para mostra a educação não formal praticada nos terreiros.

O professor Alexandre Lucas, idealizador da iniciativa destaca que um dos principais proveitos sociais do projeto “No Terreiro dos Brincantes” é contribuir com a memória e a disseminação da diversidade de manifestações da cultura do povo.

O Projeto será desenvolvido até dezembro deste ano e a intenção é produzir 11 vídeos com manifestações de outras cidades da Região do Cariri.


Serviço:
Informações adicionais na PROEX
(88) 3102 1200

Quermesse

Os apaixonados
gostam de namorar
no alto da roda-gigante

porque além do frio na barriga
tem aquele leve balanço
e o grande suspense:

"agora o parafuso solta
se cair a cadeira
vou morrer abraçadinho
ao amor da minha vida..."

Giros, giros e giros
em torno da órbita

lua crescente
céu estrelado

e nunca se rompe
a porca -

balança mesmo no final
quando o homem do parque
com um sádico sorriso
brinda ao casal
o último solavanco.

Levantam-se então os apaixonados
com os olhos bobos de felicidade:

"graças que não caiu a cadeira
por Deus não morremos
eu e o meu amor abraçadinhos
pois ainda tem algodão-doce,
caldo de cana e bingo..."

Corados de tantos beijos,
digo, febris chupões

somem entre multidões
os dois felizardos
trôpegos de paixão
mancos de encantamento.

Mas pouco havia de durar
aquele extasiante namoro:

via-se de longe
as asas de um
o tridente do outro

e a cada passo
e a cada abraço
trocava-se de pele
o fogo do inferno.

Belo e glamouroso
teria sido se o parafuso
cedesse a porca rompesse
a cadeira despencasse
sobre a barraquinha
de cachorro-quente.

Só não aleijasse seu Zé,
o dono: pai de sete crias.

Um pedacinho do Nordeste na Lapa



Todo domingo, a festa Terreirada Cearense leva coco, reisado e forró ao território do samba.
Carnaval chegou mais uma vez, e, por mais empolgado que eu esteja para brincar no maior número de blocos possível, engana-se quem acha que a minha dica de hoje está ligada ao samba.
Apesar de adorar a folia de rua da cidade, gosto de reservar pelo menos um dia do carnaval para fazer algo novo e diferente, e este ano a pedida é, sem dúvida, a Terreirada Cearense.


A festa acontece há um ano na Lapa e nasceu de um grupo de artistas e músicos cearenses
radicados no Rio que queriam, além de reunir amigos, celebrar as suas raízes nordestinas por meio da música. Focada no grupo Geraldo Júnior e Forró de Raiz - que toca um repertório autoral recheado de coco, reisado, cabaçal e, obviamente, forró - , a Terreirada tem um clima animado e romântico de show de quermesse nordestina, que nunca vi por aqui. E me arrisco até a dizer que talvez nem na Feira de São Cristóvão se escute numa só noite a quantidade de ritmos nordestinos diferentes contemplada nessa festa.


De acordo com o próprio Geraldo Júnior, além de resgatar as raízes nordestinas, a Terreirada é também um ato político, que visa a levar à Lapa música brasileira alternativa, diferente da que o bairro está acostumado a ouvir - leia-se principalmente samba.

Tiro mais do que certeiro, pois a Terreirada certamente trouxe um sopro de originalidade às noites do bairro.


Com edições todos os domingos, às 21h, a Terreirada já passou por várias casas da Lapa e seu palco atual é o Centro de Teatro do Oprimido.

Garanto que, como eu, vocês vão se tornar fregueses.



Terreirada Cearense:
Centro de Teatro do Oprimido. Av. Mem de Sá 31, Lapa - 2232-5826. Dom, às 20h.
Mulheres sete reais e homens dez reais.



João Sette Camara

joaosettecamara@gmail.com.

dentro da ostra sombras invisíveis

Nunca se esqueça
dos sonhos da infância:
bala soft, tênis novo, cinema.

Mesmo quando lhe vier às narinas
o corpo putrefato
de Heráclito de Éfeso
sob esterco.

Ou o forte odor de acetona
das unhas de molho.

Sempre haverá uma madame triste
pensando qual esmalte lhe trará alegria.

Fabuloso Universo
a cada um oferece
a liberdade dos céus
(e não se iluda)
também das trevas.

Os olhos fechados
sem temer a Verdade
você é aquela espécie
de água-viva
sempre jovem
sempre esperta.

Sinta o perfume
do pijama tão usado

do travesseiro úmido
do braço amputado

da comida materna
do cílio preso
entre os dedos -

Mas não se descola o cílio
como então fazer um pedido?

Lave as mãos com suas lágrimas.
O coração entenderá seu desejo.

Estafa

Sobre minha cabeça
anjos decaídos
brincam de espadachim,

lá embaixo
meus peixes míopes
nunca me deixam morrer

para meu deleite
fantasiam-se de golfinhos
em magníficas acrobacias.

Bastam cinco dias
de atestado médico.

Cinco dias.
Apenas cinco dias.

Talvez na numerologia
o múmero cinco seja
o da transmutação.

Oxalá.

Então, ao término,
passarei a ser uma porta.

Não. Uma porta não.
Serei aquela tartaruguinha de pano
a segurar a porta quando bate o vento.

RAPADURA CULTURARTE Nº 02

27 de fevereiro de 2010
Local: Praça da Sé
Horário: 8:30h


Dedicado ao Bairro Pinto Madeira
Tributo a Marinês

1. Artigo: A farsa da romaria e as chamas do caldeirão.
Alexandre Lucas – Leitura: Jorge Carvalho

2. Histórico do Bairro e Medalha de Honra ao mérito.
Apresentações culturais do bairro.

3. Leitura dos Cordéis:
- Valdetário Andrade - Novo Presidente da OAB/CE
Autor: Luciano Carneiro de Lima
- Educação inclusiva requer participação
Autora: Maria do Socorro B. Brito Matos
- Oitenta anos de idade, saúde e dedicação – Irmã Edeltraut Lerch
Autor: José Joel de Souza

4. Homenagem ao Senhor Valdetário Andrade

5. Homenagens: Pedro Francisco Pessoa
Franzé Sousa (Diploma de Honra ao Mérito)
Televisão Verdes Mares – 40 anos (Diploma de Honra ao Mérito)
Irmão Edeltraut Lerch
Primo – Poeta (Diploma de Honra ao Mérito)
Seu Antônio da Bica.
William Brito (Diploma de Honra ao Mérito)
Francisco Rodrigues Correia – Pintor
José Bonifácio Macedo – Jardineiro
Mazinho – 70 anos (01/03/1940)

6. Entrega de 500 (quinhentos) tijolos para a Associação dos Moradores do Sítio Brejinho. Sede em construção.

7. Lembrando os 70 anos de Correinha.

“Negar a cultura popular é
rasgar a nossa própria identidade”
Eloi Teles

“Um país sem cultura popular,
nunca será uma nação”
Candéia

Bom Sono

Não era tão dilacerante a dor.
O desgosto nem tão imenso.
O poeta não é um fingidor,
um sacana mesmo.

Adorna as palavras,
lambe as feridas,
entre suspiros,
soluços,
uis, ais

mas na verdade
sob atmosfera oculta
sorri cínica a alma
que ninguém olha
nem ao ato fúnebre
que ninguém assiste.

É uma temeridade
enfeitar a cauda
não importa de qual lagartixa

ou a própria se deixa cortar o rabo
ou então logo esquece os guizos
debaixo da escrivaninha.

Sabe aquele ossinho da galinha
graveto bifurcado cabo da baladeira?

Pois esta é a dor poeta,
até uma criança quebra
até um idoso mastiga.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Outra Estorinha

Nunca mais tive o prazer
identificar nas minhas cuecas
mordidas de solitárias traças.

Normalmente em tempo passado
observava-se certo planejamento:

cada dente cruzava a margem do pano
o suficiente para entrar uma brisa.

Assim, nem o algoz morria sufocado
tampouco a vítima percebia o desastre.

Algodão o tecido desejado.
O manjar dos deuses.
A iguaria das fadas.

Em obscuro silêncio partiam elas
dos seus subterrâneos: nhac nhac.

Faz mesmo tanto tempo
que não vejo aquelas meninas
com seus arpões e serras nos dentes.

Sempre ao abrir o guarda-roupa
dava de cara com uma cueca mordida.

O mistério permanece insondável:
era fome ou puro capricho
aquelas dentadas nhac nhac?

De qualquer forma,
suspiro aliviado:
"ainda bem que não eram
nos meus ovinhos murchos."

COMPOSITORES DO BRASIL


GORDURINHA

Por Zé Nilton

“Meu Deus
Por que é que nessa terra
Pedem paz e fazem guerra
E fazem guerra pela paz
Meu Deus
Por que é que os homens agem
Sempre em nome da coragem
A apunha-las só por trás
A fortuna correndo atrás
De quem já tem dinheiro
E o faminto se foge da fome
Ela vai atrás
Óh, meu Deus o sertão está seco
Só chove na praia
O oceano está cheio de água
Não precisa mais
Muita gente com a reza na boca
E o ódio no peito
O cristão fazendo mal feito
Com a Bíblia na mão
A ganância na terra entre os homens
Gerando conflito
E a ciência a serviço do mal
E da destruição”...
(Gordurinha: “Prece para os homens sem Deus”).

O nome Waldeck Artur de Macedo tem tudo para representar um sujeito muito sério, compenetrado e porque não dizer, sisudo e arredio. Contudo, a figura nomeada por tão pomposa graça não é nada disto. Começou a vida artística, lá pelos anos de 1938, em Salvador, como comediante e humorista, por tratar-se de uma pessoa alegre, brincalhona e de bem com a vida.

Gordurinha, que era magro e esbelto, logo ganhou notoriedade pelo jeito esculachado de ser, pela sua fina verve humorística e pelo sarcasmo que iria ser disseminado em suas letras anos mais tarde.

Disse em sua música que “cabeça grande é sinal de inteligência”, e com este dom (que independe do tamanho da caixa craniana), antecipou muitos movimentos musicais.
Na letra de “Chiclete com banana”, onde declara, à guisa de Adriano Suassuna, seu desprezo pela presença americana em nossa cultura, lembra a sacada tropicalista, de fraseado antropofágico, quando sugere na letra:

“Só boto bebop no meu samba,
Quando o tio Sam pegar no tamborim
Quando ele pegar no pandeiro e no zabumba
Quando ele entender que o samba não é rumba”...

Já na música “O vendedor de caranguejo” fala da sobrevivência no mundo do mangue, da lama, e na criação de um tipo de humanidade, o vendedor de caranguejo , preso à rotinização que acaba por configurar um tipo de sub cultura, mais tarde tão bem expressado pelo movimento mangue-beat, de Chico Science.

Foi um defensor da música regional, e muito criticou os preconceitos e os estereótipos com que o sudestinos marcam os nordestinos. Escreveu na capa do LP do Trio Nordestino, em 1972, um desabafo contra essa de que somos uns paus de arara. Disse que “Pau de Arara é a vovozinha”, música que abre um dos melhores discos dos gloriosos, Lindú, Cobrinha e Coroné.

Gozou também com a bossa nova, ridicularizando em suas rimas pobres e pouca ou nenhuma proposta.

Gordurinha tinha uma predileção pelo Ceará. Cantou a secas e as enchentes cearenses, pediu clemência ao Padre Cícero, exaltou a Praça do Ferreira.
É a atração desta quinta-feira no programa: Compositores do Brasil, a partir das 14 horas, na Rádio Educadora do Cariri.

Vamos falar de Gordurinha como uma das expressões da música nordestina cantada com a força e a graça da musicalidade baiana, de onde veio este excelente compositor brasileiro, que viveu as mais deferentes artes – cinema, teatro, música, locução radiofônica em Salvador e no centro do mundo – o Rio de Janeiro, de sua época.
Dentre as músicas de seu vasto cancioneiro, selecionamos o seguinte roteiro.

Vamos ouvir e falar de:

Tenente Bezerra, de Gordurinha com Gordurinha, gravação continental de 1959.
Uma prece para homens sem Deus, de Gordurinha, com Ary Lobo, de 1969;
Trem da Central, de Gordurinha e Mary Monteiro, com Marinês e sua gente, gravação da RCA Victor, de 1960.
Bossa quase nova, de Gordurinha, com Gordurinha, gravação original pela continental de 1961.
De trás pra frente, de Gordurinha, com Gordurinha, 1962;
Baianada
, de Gordurinha, com Gordurinha, gravação da continental, de 1959.
Baiano burro nasce morto, de Gordurinha, com Gordurinha, do LP. Gordurinha tá na praça, gravação da Continental de 1959;
Pedido ao padre cicero, de Gordurinha, com Gordurinha, grvação original de 1959.
Vendedor de carangueijo, de Gorduinha, com Gordurinha, gravada pela Continental em 1958;
Súplica cearense, de Gordurinha e Netinho, com Luiz Gonzaga, gravação original da continental de 1960;
Mambo da Cantareira, de Gordurinha, com Gordurinha, gravação da continental de 1960;
Pau de arara é a vovozinha, de Gordurinha, com Trio Nordestino, 1972.
Chiclete com banana, de Gordurinha e Almira Castilho, com Jackson do Pandeiro, gravação original pela continental, de 1959.

Quem ouvir, verá !

Informações:
Programa Compositores do Brasil
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Sempre às quintas-feiras, às 14 horas
Rádio Educadora do Cariri – 1020 kz.
Apoio: CCBN.

Tristeza para o Ceará (Xô Urubus!) - Por Pedro Esmeraldo

Neste momento assustador, os cearenses de respeito, principalmente aqueles que desejam ver um ceará melhor, mais alegre, rico, e bem elevado no seu tempo de limitação progressista, ficam deputados que teem ideias contraditórias, ás vezes ignóbeis, vivem perturbando a mente do bom cearense com gestos mesquinhos, em querer transformar pequenos distritos em cidades independentes.

Não compreendemos como esses homens que se dizem representantes do povo querem cercear o nosso desenvolvimento equilibrado, visto que não sabem fazer outra coisa senão refazer o crescimento reto; vivem discutindo asneiras em plena assembleia legislativa.

Nós, os cratenses, não comungamos com essa ideia de pensamento frágil, pois demonstram muita fraqueza em suas palavras discordantes e provocativas, dizem que querem criar municípios de qualquer maneira, visto que teem como meta principal protelar o desenvolvimento do estado, já que não teem condições favoráveis de desenvolver, pois alguns deles andam engatinhando sem possuir o equilíbrio técnico e econômico. Não há trabalho suficiente para impulsionar a sua mágica economia.

Não é do nosso agrado querer impedir o progresso desses distritos, mas é necessário que haja disposição financeira e progresso social que satisfaçam aos anseios do povo. Nesse caso, tem de enfrentar uma luta árdua e antipática para conseguir recursos suficientes e não deixar cair em um desequilíbrio moral, coisa que acontece constantemente no Brasil. Não recuaremos no nosso pensamento, lutaremos até o fim, não aceitaremos vinditas.

Não esmorecemos um instante, visto que queremos que todos tomem conhecimento da situação econômica do Brasil, que não é boa, como se apregoam. Todos esse pequenos municípios tendem a viver as custa do Governo Federal e permanecem com o pires na mão solicitamos ajuda.

Agora mesmo, lembramos, aos nobres deputados: Por que não cuidar da melhoria da qualidade de vida do cidadão cearense? Por que não incutirem na mente dos homens do campo a qualificação do individuo campestre no avanço tecnológico? Por que não melhorar estilo na produção agrícola, dando curso de capacitação a todos os agricultores de boa vontade que forçará a melhoria de produtividade na vida agropecuária do estado e que atualmente andam entregues às baratas, sem nenhuma movimentação que venha provocar uma melhor disposição do homem para exercer sua tarifa agrícola?

Ah, meus grandes chefes cheios de aventuras milagrosas, fiquem sabendo que não conseguirão milagres com palavras ocas, mas é com o desejo de trabalhar com afinco e mostrar a todos que o Ceará será um Estado produtivo como são os estados de outras regiões do Brasil, já que se engrandecem com muito trabalho e amor a terra comum.

Queremos lembrar ao pessoal da Ponta da Serra: esse distrito foi quem mais se beneficiou no Crato. Tudo isso conseguiu no decorrer dos tempos. Esse distrito deve ser grato ao Crato, pois temos como meta a palavra mágica e sublime, que é a gratidão.

Crato 23-02-2010

ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE FORRÓ

Ontem estive na reunião da ASF - ASSOCIAÇÃO CEARENSE DE FORRÓ, uma entidade que funciona em Fortaleza há pelo menos três anos. O local do encontro foi no KUKUKAYA, casa de shows já tradicional na capital cearense em apresentações de grupos e músicos do verdadeiro forró. Uma das melhores características da ASF é sem dúvida a valorização do autêntico ritmo nordestino que anda meio que deturpado, diante da proliferação de bandas e de músicas que só denigrem a imagem do povo cearense, com letras que incitam ao sexo, drogas, alcoolismo, violência, baixaria e desvalorização da mulher. O que a associação pretende é tão somente valorizar os músicos que dela participam, dando-lhes apoio e procurando divulgar os seus trabalhos de forma cooperativa e mostrando a qualidade de suas composições, sem a necessidade de requisitos totalmente fora do contexto do forró.
Estive lá a convite do artista NEO PI NEO, que é um dos diretores da ACF. Mas essa não é a primeira vez que estive por lá. Antes, participei das reuniões iniciais, no mesmo KUKUKAYA, sob a direção do Valtinho, que é o seu Presidente, e na ocasião estava lá o sanfoneiro SANTANA, de Juazeiro do Norte, que já participa de uma associação com as mesmas características na cidade de Recife.
Na reunião de ontem, uma ótima coincidência aconteceu. O encontro com João do Crato, que estava conhecendo a ASF e que, junto comigo, se prontificou em dar impulso a uma interiorização da associação através do Cariri. Então marcamos uma reunião para o Crato para a próxima semana, segunda ou terça-feira (mandaremos os convites para os interessados), com a presença de boa parte da diretoria da associação de Fortaleza. No momento, confirmaram as presenças: Valtinho (Presidente da ACF), Neo Pi Neo (Diretor) e outros integrantes da diretoria e sócios. Então desde já fiquem atentos, pois estaremos provocando esse encontro no nosso Cariri, para o lançamento da ACF-CARIRI, com o mesmo sentido que existe a associação em Fortaleza, ou seja, a valorização do verdadeiro forró, do qual temos orgulho de conhecer e de ser um dos ritmos que nos identifica.

Instrumental & Qual - O Som da Terra


Programa radiofônico de música instrumental nas tardes de quarta, das 14 às 15 horas pela Rádio Educadora do Cariri AM 1.020 e Internet (cratinho.blogspot.com)

A música é como o amor que quer ser supremo. Ela busca a perfeição e depende, assim, da reciprocidade entre o som e o compositor, o arranjador e o músico, o músico e o intérprete, o intérprete e o ouvinte. E a supremacia da música é o que pretendemos estabelecer neste programa, o Instrumental & Qual – O Som da Terra: música que não penetre somente pelos ouvidos ou pelos outros cinco buracos da cabeça; mas música transcendental que atinja coração & mente e que preencha a alma e vire vida plena de plenitude, atitude e altitude espiritual.

Roteiro musical
1. Pegao (José Feliciano)
2. Moonlight in vermont (Kurt Suessdorf e John Blackburn), com Stan Getz
3. “A” 200 (Ian Paice, John Lord e Ritchie Blackmore), com Deep Purple
4. Chorinho pra ele (Hermeto Pascoal)
5. Mozambique (Sérgio Mendes, Michael Sembello, Natan Watts e Sebastião Neto), com Sérgio Mendes And The New Brasil' 77
6. Cantaloupe island (Herbie Hancock)
7. Quem viver chorará (Raimundo Fagner)
8. Mood for a day (Steve Howe) com Synphonic Music of Yes
9. Brejeiro (Ernesto Nazareth) com Beto Preah
10. Pout-porri de músicas de Luiz Gonzaga, com Banda de Música Municipal do Crato

Ficha Técnica
O programa Instrumental & Qual – O Som da Terra é uma produção das Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados (OCA) e revista virtual Cariricult
Apoio do Centro Cultural Banco do Nordeste em parceria com a Rádio Educadora do Cariri AM 1.020
Redação e programação musical: Luiz Carlos Salatiel, Dihelson Mendonça e Carlos Rafael Dias
Apoio logístico: Guilherme Norões
Apresentação: Carlos Rafael Dias
Operador de Áudio: Iderval Silva
Operador de transmissão: Iran Barreto
Gerente do Centro Cultural Banco do Nordeste Cariri: Lenin Falcão
Diretor-Gerente da Rádio Educadora do Cariri: Geraldo Correia Braga

Fique ligado!

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Néctar

Você tem a sua turma
eu a minha rua
deserta

iluminada por lamparinas
a óleo e azeite

ora passa um cão sarnento
ora cruza um gato preto.

Você tem a sua turma
eu o meu quarto
fechado

teto branco
nódoas da chuva

ora passa uma aranha
ora cruza um pernilongo.

Você tem a sua turma
eu a minha canoa
de bananeira

corredeiras abaixo
corredeiras abaixo

e conta a lenda
no fim da trilha
no fundo do poço

há um pote enterrado
cheio de moedas de ouro -

Sinceramente
prefiro as bolinhas de sabão

ora espocam na parede
ora me arrepiam o braço.

o elixir dos pesares

Minha alma é uma vasta estepe
queimada pela lua
verdejante sob orvalho

dentro de um aquário
sem água
sem peixinhos coloridos.

Se não cuido bem
de mim mesmo

como proteger um passarinho
cujo céu é o seu infinito?

Devo tão somente
abraçar o primeiro caracol

ir deitado sobre sua corcunda
a passos lentos

ofegante
quase morrendo.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Maracatu Nação Fortaleza prestou homenagem a Dona Bárbara de Alencar, neste Carnaval 2010


Fundado em 25 de março de 2004, o Maracatu Nação Fortaleza é uma agremiação de caráter cultural participante do carnaval de rua na capital cearense desde o ano de 2005. Para o desfile carnavalesco de 2010, o Maracatu Nação Fortaleza apresentará o tema Bárbara Luz da Liberdade, idealizado com o intuito de homenagear os 250 anos de nascimento da primeira presa política do Brasil, Bárbara Pereira de Alencar, precursora da independência e da República, uma das lideranças do movimento republicano em oposição à monarquia reinante em nosso país no início do século XIX.
O Maracatu Nação Fortaleza homenageia Bárbara de Alencar, saúda Santa Bárbara e canta para Iansã, lembrando o sincretismo religioso praticado no Brasil pelos povos oriundos da África. A presença de Iansã, será representada pelos tons vermelho e coral, realçando os cordões de negras, dança afro, maculelê, religiosidade afro brasileira, batuque e corte, culminando com as vestimentas do rei e da rainha em tom coral.
Bárbara de Alencar nasceu no município pernambucano de Exu, na fazenda Caiçara, no dia 11 de fevereiro de 1760, tendo participado do movimento revolucionário juntamente com seus filhos José Martiniano, Carlos José e Tristão de Alencar Araripe. Presa em junho de 1817, esteve no cárcere em Fortaleza, Recife e Salvador, sendo libertada em novembro de 1820. A revolução de 1817 começou em Pernambuco e contou com a participação de vários setores da população, inclusive muitos sacerdotes, ganhando por isso o apelido de Revolução dos Padres. Carlos José, filho de dona Bárbara, foi o encarregado de levar ao Cariri o ideal revolucionário, conseguindo adesões na região e plantando a semente do movimento libertador de 1824, conhecido como Confederação do Equador, do qual um dos mais destacados participantes, no ambiente cearense, foi Tristão Gonçalves de Alencar Araripe.
De Bárbara descendem grandes vultos de projeção nos cenários político, militar e cultural brasileiro, destacando-se os nomes de José de Alencar, autor do consagrado romance Iracema, também denominado pai do romance brasileiro, além de Alencar Furtado e Miguel Arraes de Alencar, personagens de relevo na história recente das lutas políticas contra o regime totalitário instaurado no Brasil na década de 1960.
Bárbara de Alencar viveu grande parte de sua vida na cidade do Crato, região sul do Ceará, onde é lembrada como exemplo de fibra, luta, coragem e obstinação na defesa de seus ideais libertários. Levada para o Piauí, faleceu em agosto de 1832, sendo seu corpo transferido para o distrito de Itaguar – Poço da Pedra, no município caririense de Campos Sales. O Maracatu Nação Fortaleza traz o tema Bárbara Luz da Liberdade para o carnaval de rua inserindo na festa carnavalesca a lembrança dos feitos históricos de Bárbara de Alencar, por ocasião de seus 250 anos de nascimento, homenageando a heroína nacional e modelo de luta em prol da liberdade.

Maracatu Nação Fortaleza
Carnaval 2010
Tema: Bárbara Luz da Liberdade

BÁRBARA LUZ DA LIBERDADE
Autor: Calé Alencar

Epa He Yi
Minha mãe Iansã
Epa He Yi
Epa He Yi
Minha mãe Iansã

Com a força dos ventos chegou a guerreira
Mulher brasileira das terras do Exu
Que canta e luta pela liberdade
Por que bate o ferro do maracatu
Ê Bárbara viva, ê nossa heroína
Que vem com seu sonho a história mudar
Trazendo seus filhos, sua rebeldia
Coragem e fé que a Nação vai cantar

Ê dona Bárbara
Hoje a nossa Nação te chama
Bárbara
És a força e a luz a nos libertar

Oyá, Iansã, dona das tempestades
Ê vem Santa Bárbara abençoar
Nação Fortaleza pisou no terreiro
Ao som dos tambores já veio brincar
Ê Bárbara e seu ideal libertário
Que se espelhem em ti os que vamos lutar
Pois a liberdade ainda que tarde
Um dia renasce pra gente cantar

Ê dona Bárbara

(a ilustração desta postagem é reprodução da tela Retrato de Dona Bárbara de Alencar, Heroína do Ceará, Mãe da Independência e da República do Brasil, em Acrílico sobre tela sintética / 1.10m x 1.20m / 2004 ela do artista plástico Oscar Araripe)

Em show, Rita Lee sugere que presidenciáveis vão ao "Big Brother"


por MARCELO BARTOLOMEI
editor de entretenimento da Folha Online

Na estréia do show "Yê Yê Yê de Bamba" em São Paulo, a cantora Rita Lee sugeriu à Rede Globo que tranque os candidatos à Presidência da República, cujas eleições acontecerão em outubro próximo, no programa "Big Brother Brasil".

No show em que apresenta algumas músicas do seu novo CD e que canta os Beatles, a cantora brincou com o público e divulgou sua sempre consciente maneira de pensar, especialmente sobre política. Ela ironizou a novela das oito da Globo e falou do "Big Brother". "Aquilo é horrível, nunca vi tanta gente sem sal lá dentro", afirmou.

Na platéia, vips, para quem ela disse ter descoberto que adora cantar, ouviram ao desabafo da roqueira de 54 anos. "A Globo poderia prestar um serviço para nós, eleitores: confinar numa casa os presidenciáveis Ciro, Lula, Roseane (sic), Itamar, Enéas, Serra, põe o Brizola também, só pra... Teríamos a oportunidade de conhecer os caras. Daí a gente sabia em quem votar."

À essa altura, Rita Lee estava na platéia, onde sentou no colo das pessoas, disse que bebida alcoólica não fazia bem e encontrou sua irmã.

"A gente também ia votar, mas não por telefone. Ia para a urna. Eu faria este esforço", disse ao público.

"Eu queria ver o Maluf pegando uma lata de leite condensado e mandando para Jersey", afirmou, se referindo ao episódio ocorrido no "reality show" global no qual dois participantes discutiram por causa do doce.

Ainda sobre "Big Brother", disse que "quando crescer" quer ser a Xaiane, uma das participantes do programa que já foi eliminada e que agora ganha a fama nua em revistas.

No final do show, depois de cantar seus maiores sucessos, Rita Lee, que se apresenta no DirecTV Music Hall até o dia 3 de março, agradeceu à platéia e pediu um voto consciente nas próximas eleições.

folha online, de 22 fevereiro 2010

Mau Jeito

A dor que sinto
na caixa torácica

na costela
bem na cavidade
do osso

não é saudade
nem alma em conflito -

é apenas a insônia
personificada,

e até pode me seduzir
outra hora
tarde da noite

enquanto meu velho pégaso
come seu milho triturado
sobre o telhado

os olhos entediados,
as asas murchas

ainda assim simpático
a dividir migalhas
com as gatas prenhes.

Um cavalheiro,
este meu velho pégaso.

Visite o novo Blog da Fotografia do Cariri - OLHARES DO CARIRI

Fotografia, Criatividade, Estudo, Liberdade...

Blog Olhares do Cariri

Porque o OLHARES DO CARIRI ?

O Olhares significa sobretudo, liberdade nas postagens. No "Olhares do Cariri" não há limitações da quantidade de postagens por dia. Quem irá ditar a quantidade de fotos é a apenas o Bom Senso de cada membro, e o peso final da página principal. A quantidade das vitrines virtuais e outras postagens é livre. Assim, ganham todos os que participam.

É importante frisar, que não fazemos qualquer concorrência ao Blog ZoomCariri, do qual, também faço parte. Pelo contrário. Os que postarem no OLHARES, são encorajados a postarem também no ZOOM e vice-versa. Encorajamos que os postadores, sejam pessoas do CARIRI, e os temas visem o engrandecimento do Cariri. Os grandes temas da Fotografia são incentivados, e eventualmente, as homenagens aos grandes ( e Até Pequenos ) fotógrafos são permitidas e incentivadas.


Respirem LIBERDADE!
Seja um Membro - Divulgue - Participe !

Abraços,

Dihelson Mendonça
Administrador do Olhares do Cariri

BEM LONGE DO ESPINHO

Por Pedro Esmeraldo

Às vezes, aparecem perto de nós pessoas bisbilhoteiras e, portanto, procuramos afastar desse lado mal porque não apoiamos o bisbilhoteiro.

Um dia, amigos nossos, (não citaremos nomes), advertiram-nos dizendo: em mesa de bares e em rodas de amigos surgem conversas desagradáveis. Mas procuramos desviar com altivez, pois desse quadro não podemos contornar em ambiente sombrio que nos provocam constantemente ao seu bel prazer.

Temos pavor de nos encostar em arbustos espinhentos, como é o caso de mandacaru. Não suportaremos comentários maldosos que nos podem acarretar a diferença amistosa que há entre amigos e poderão escurecer esse ambiente de paz, união e serenidade.

Mas, afirmamos, não desejaremos mais afastar dos amigos, por que temos como meta a sinceridade e freqüentamos sempre, com assiduidade, a rota amistosa com pessoas dignas e honestas.

Avisamos, com muita precisão, que o nosso maior desejo é lutar pela nossa terra. Infelizmente, nos dias atuais, vemos uma horda de mal feitores que lutam contra o Crato e não desejam conservar os bens patrimoniais de nossa cidade, já que não teem cautela e muitos são maldosos; não freqüentam um ambiente sadio em prol da nossa terra.

Avisamos, com sinceridade e desde priscas eras, o nosso maior desejo é vermos o Crato evoluir, sempre glorificado nos dias atuais, mas, para isto, é preciso afastar do meio político as pessoas fracas e falaciosas e consideramos os vendilhões desses municípios.

Não gostamos desses políticos fracos, pois tratam o município com gestos ardilosos, vivem enganando o povo, contaminando o ambiente com pessoas mal cheirosas, visto que há muitos anos teem por objetivos trabalhar só para si e o Crato que caia no esquecimento.

Desde o início da década de 1980, Crato sofre com homens despreparados para exercer cargos públicos e vem sempre administrados por pessoas inadequadas e de comportamento sóbrio, com muita maldade dominam a cidade.

Se continuarmos neste mesmo diapasão Crato não andará e sempre poderá se descontrolar, porque alguns políticos andam tocando músicas desafinadas e não compreendem que o povo não pode suportar tanto erro cometido, provocado pela ganância de alguns e pela falta de patriotismo de outros, enquanto isso a cidade percorre um caminho lento e tenebroso que faz tirar a iniciativa do povo.

Notamos que estamos percorrendo um caminho sozinho, sem nenhuma ajuda para empurrar o barco em direção das águas profundas, a fim de adquirir bons elementos que façam o Crato caminhar com dignidade em direção ao futuro.

Fujamos desse desregramento físico que nos faz arrefecer e ficar ponderando atoleimados diante das injustiças sem podermos nos controlar e seguir em frente o nosso caminho.

Antes de tudo, procuremos consertar os erros e nos afastar dessa corja trogloditiana que só nos vem provocar e trazer mal-estar dentro do nosso pensamento de homens sérios, e equilibrar o barco que anda à deriva.

Mais uma vez dizemos: lutaremos pelo Crato até a morte, custe o que custar, mas procuramos afastar esses políticos fracos que vivem querendo dilacerar o Crato através da intriga, e, ao mesmo tempo, continuaremos na luta de distritos importantes que nos vem causar desgosto e prejuízo ao país. Já chega de tanta cidade-distrito por que queremos crescer e mostrar que somos uma cidade destemida e voluntariosa.

Crato, 10.02.2010

domingo, 21 de fevereiro de 2010

AS CONCEPÇÕES POÉTICAS de WILSON BERNARDO

A grande Farsa da Campanha da Fraternidade...
REINO DA CHIBATA!
E a catequese se apavora
Com imagens do paraíso das águas.
Índios comem o dedo de Deus!
Pintando o juízo final
De jejuitas missionários
Povoadores miseráveis.
Almas negras infelizes.
Acalentar monges carentes
Nascendo semeaduras no sexo.

Wilson Bernardo(Poema & Desenhos)

Padre Cícero é Cult!


O mundo dá muitas voltas, mesmo. De forma bem estratégica o Greenpeace transforma o "meu Padim" em garoto propaganda para sua mais nova campanha contra o desmatamento. Será que são os romeiros os responsáveis pela efeito estufa? Em todo caso, estamos na fita!
A mulher barbada

Depois que você estiver pronto
Depois de enfiar três balas nele
Enquanto o abridor de latas
enferruja a sua solidão na gaveta
Você verá a mulher barbada sorrir
uma careta estranha por dinheiro

Por vinte e três anos ele sentará
Sangrando no sofá da sua sala
Por vinte e três anos você ouvirá
O barulho da morte em sua cabeça
Sem que ninguém impeça que a
A mulher barbada venha lhe buscar

O passado sobrevive em retalhos
Mesmo quando é rasgado por inteiro
Você sobe ou desce uma escada e
Está lá contando piadas sujas
Por vinte e três anos você não
Poderá sorrir nem por dinheiro

No auto-falante Paulo Sérgio cantava
Seus sentimentos embalsamados
Não era possível perceber que
A inocência se sufocava aos poucos
Espremida entre a sua mão e a dele
Um pouco antes do espetáculo
O atirador de facas

Mesmo assim assim
existe uma velha vaca
espreitando o destino
o passado nega a eletricidade
necessária para ela ruminar
as palavras solidão amor e tangência

As coisas acontecem
para que os jornais possam mentir
o verdureiro diz que os seus alfaces
podem estar contaminados
essa é a sinceridade que
uma salada crua precisa para existir

Mesmo assim
ainda existe um novo destino
espreitando uma vaca nova
o futuro nega a cumplicidade
necessária para ele abandonar
a tragédia que existe em si

Já o atirador de facas
encara destemido o seu desafio
o público suspira um momento e
logo se entrega ao delírio de ver
a culpa nua montada em um
pônei geneticamente modificado

ORQUESTRA SONATA


Como nos bons tempos, o Crato tem uma orquestra de respeito com excelentes crooners, metais afinados, uma dupla de percussionistas de grande nível, guitarrista e baixista que sobram e um maestro/tecladista que respeita o bom (ou mau, como queira o contratante) gosto musical da platéia. Eu vi, ouvi e gostei da Orquestra Sonata que sob o domínio/regência do músico Ibbertson Nobre (teclados) preenche um espaço deixado a tempos pelas orquestras de Hildegardo, João Martins e do Seu Irineu. Portanto, senhores produtores e diretores de clubes, abandonem as noitadas de bandas/bundas de forró regadas a violência estimuladas pelo excessivo consumo de alcool e voltemos aos bailes embalados por uma bela orquestra!
Segue algumas fotos:


Júnior Rivadave (voz)

Suquita (voz)

Jossian (guitarra e voz)

Naipe de Metais comandado pelo Maestro Bonifácio Salvador

João Neto (contra-baixo)

Saul (bateria)

Cícero (da Percussão)



Cariricaturas e CaririCult na exposição de Pachelly!

Eu e a Claude nos encontramos na exposição fotográfica"Águas Vivas", do multi-artista Pachelly Jamacuru. Apreciamos muito o trabalho de Pachelly, conversamos a respeito dos blogues que administramos e ainda trocamos idéias a respeito da antologia Cariricaturas que está prestes a ser publicada. O meu sobrinho-neto Gabriel, de 06 anos apenas, pediu que a gente posasse para esta foto que ficou bem bacana.

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O patético e o peripatético

Rui Pincel chegou esbaforido na Siqueira Campos e acercou-se do banco de praça ,onde já se digladiavam inúmeras opiniões sobre assuntos que se estendiam do plantio do catolé até a chegada do astronauta brasileiro na estação espacial.Todo mundo entendia de tudo naquele universo esdrúxulo e peripatético. O consenso , a unanimidade faziam-se artigos raros e inalcançáveis por aquelas bandas. Os ânimos muitas vezes acirravam-se , máxime quando se tocavam em pontos sensíveis como política, futebol e religião.O furdunço , a encrenca – havia um tácito acordo sobre isto—não extrapolavam, no entanto, o sagrado espaço da praça. Inimizade duradoura, ressentimentos perpétuos sempre se tinham como coisa de iniciantes, de aprendizes, até porque acabavam por prejudicar o fluxo de discussão normal do dia a dia . Rodinha de potoca, conversa de banco sabia-se totalmente incompatível com caras trombudas, com espíritos armados e esgrima de indiretas. Pincel, já meio truviscado, aproximou-se com calma daquele tribunal ao ar livre e pôs-se a observar atentamente as opiniões diversas e díspares . Não meteu a sua colher de pau no sarapatel servido em nenhum momento e, para os amigos mais antigos e próximos , aquilo era sinal inequívoco de que trazia consigo uma tese filosófica das mais elaboradas para defender na praça. Aguardou, com paciência, o arrefecimento das questões mais polêmicas e , só então, passou a explanar suas elucubrações com o ar sério e contrito de quem apresenta trabalho em banca de doutorado.
Lembram vocês da renhida luta das feministas pela igualdade dos gêneros? Pois bem, amigos, como vocês bem sabem toda solução de um problema cria invariavelmente pelo menos mais três. Houve um tempo em que homem ser sustentado por mulher era coisa inaceitável. Terminava por perder a identidade e não ser mais conhecido pelo nome, mas por : “Joca da Professora”, “Julim da Juíza”, “Tetéu da Doutora”.Pois o avanço feminino resolveu esta pendência para o nosso lado, afirma Pincel, como os direitos são iguais, já não existe nenhum problema em marido viver às custas da mulher. Depois do Gianechinni ,então, a coisa pegou, criou jurisprudência, qualquer “drome sujo” hoje canta de galo : -- Quem quer ter galã em casa tem que pagar por isso ! Os mais tímidos , então, forjaram inclusive um álibi para levar todos os dias no bem-bom, na sombra e água fresca : --Por enquanto não estou trabalhando não, não existe emprego com salário justo para mim, resolvi estudar para concurso! Pronto! Aí não há necessidade de qualquer explicação mais detalhada, o malaca entrou numa categoria de elite e cada vez com maior contingente, o famoso “estudante pra concurso”. Criou-se o álibi perfeito, pois concurso tem todo tempo, com concorrência sempre expressiva , não se tornando nenhum desdouro levar pau. É só iniciar , imediatamente, os estudos para uma outra prova.Enquanto isto, a patroa vai pagando as continhas de final de mês.
A platéia abancada ouvia a tese de Pincel sem piscar, sem nenhum aparte, sem nenhuma questão de ordem. A partir daquele momento nosso narrador passou à parábola: -- Vocês lembram de Zacarias de Sofia ? Casou com a professora que hoje figura no seu sobrenome e até hoje nunca deu um prego numa barra de sabão.Acorda no meio dia,toma uma cachaça danada e quenga até o dia 25 de cada mês. A partir daí, vira um santo até o dia 5, quando compra uma cervejinha, bota um disco de Roberto Carlos, veste a melhor roupa e espera a amaríssima Sofia que vem do BEC com o dinheiro do salário. Dançam rostinho colado os “Detalhes tão pequenos de nós dois” e até acabar o dinheiro fazem o mais feliz casal da cidade. Pois bem, não é que a turma deu pra encher o saco de Zacarias dizendo que ele era um parasito, não fazia porra nenhuma e morreria de fome se não fosse a mulher! Aí ele pegou ar na bomba, como Mercedes velho, cansado de ouvir os colegas dizerem que sua profissão era de “marido”, Zacarias usou o álibi universal do preguiçoso. Passou a informar para todo mundo que estava estudando para concurso. Já ia levando uns cinco anos nesta atividade estafante, quando finalmente resolveu se inscrever para o concurso de bombeiro. Todos os colegas se admiraram com a brusca coragem de Zacarias. O trabalho todos imaginavam ser de uma dureza tremenda: toque de recolher e despertar, treinamento militar para socorrer acidentados, apagar fogo na floresta e salvar velhinhas no meio das labaredas.
Dias depois os amigos foram surpreendidos com uma notícia terrível: Zacarias tentara suicídio e estava interno em estado crítico. D. Sofia não soube explicar o gesto tresloucado do marido. Após a alta da UTI, os colegas se acercaram de Zacarias ,com a consciência pesada de tê-lo pressionado a estudar e praticamente exigirem dele passar no teste. Isto, certamente, poderia ter levado o estudante ao desespero, na busca desesperada por uma profissão.Penalizados , junto do leito, desculparam-se:
--- Olha, Zacarias, nos perdoe, concurso é difícil mesmo, a concorrência é enorme e não é nenhum desdouro a pessoa não passar. Você vai ter oportunidade de fazer muitos outros e logo, logo vai ser contemplado... Tire estas besteiras da cabeça,descanse, tudo vai dar certinho...
Segundo Pincel, Zacarias soprou por entre as gazes que cobriam seu rosto quase que por inteiro:
---- O problema não é esse não rapaz , vejam que azar do fio de uma égua, pois não é que eu passei no diabo do concurso de bombeiro...

J. Flávio Vieira

As Rejeições do Mundo( Marx Weber)

O capítulo XIII intitulado Rejeições Religiosas do Mundo e Suas Direções, contido na obra Ensaios de Sociologia de autoria de Max Weber, um dos mais renomados teóricos, que escreveu a respeito da sociologia da religião e que sua visão considerada “evolutiva”, ultrapassa as visões de autores também renomados como Marx e Durkheim, onde, muitos estudiosos consideram muito mais relevante, a participação de Weber no que se refere às análises feitas na área da Sociologia da Religião. Este está contido de diversos aspectos dicotômicos a respeito de misticismo e ascetismo, de religião e de valores concebidos no mundo. Esses valores nos dar a entender porque dos termos: racionalidades e irracionalidade concebidos por Weber e que tornou possível a clareza deste estudo.
Assim o capítulo supracitado trata de uma análise a respeito da religiosidade na China. Weber neste caso analisa a dicotomia ascetismo e misticismo que apesar da disparidade existente entre ambas elas se aproximam.
O Místico busca a elevação do espírito por meio da ascese e desta forma se contrapõe ao mundo. Neste caso, se desliga de tudo que é material e que é mundano. Busca contemplativamente transcender as barreiras do mundo e assim, o divino se manifesta por vias meditativas no místico. O ascético pelo contrário, está sempre em órbita com o mundo. Contudo na esfera contemplativa na busca pelo transcendente o ascético se aproxima do místico, especificamente no que se refere o misticismo ativo concebido por Weber como renuncias do mundo através da ascese. Só que diferentemente do misticismo há a busca por um Deus supramundano, mas que similar a este, o devoto não se coloca como instrumento, mas como recipiente. Ou seja, o divino se faz presente no místico e o místico no divino.
Neste mesmo parâmetro Weber encontra similitudes entre ascetismo e misticismo em meio à ação do místico voltado para o mundo. É o que ele concebe como um tipo de “misticismo do mundo”, pois assim como o ascético o místico pode se achar que em sua ação meditativa na busca da sublimação este não deva estar fora do mundo e das ordens que o rege.
Outro ponto analisado por Weber entre o misticismo e ascetismo é justamente a questão de racionalidade e irracionalidade. O místico na sua fase meditativa se desliga totalmente deste mundo para entrar em contato com o divino. Este está sublimado a uma condição não mais pertinente a esfera material. Transcendeu para uma esfera espiritual e o divino se encontra manifesto neste. No entanto esta experiência se dar no campo da irracionalidade.
O aspecto racional está mais voltado para o contexto do ascetismo no caso das chamadas religiões proféticas. Nestas religiões fica claro que as formas de rejeições do mundo ganha um novo direcionamento. Partindo do pressuposto que os profetas se contrapõem a ordem hierárquica vigente, que estes no intuito de pregar a salvação busca o bem do próximo como deseja a ele mesmo, ajudam as viúvas e auxiliam os que necessitam,e, desta forma foi-se gerando uma ética religiosa baseada na fraternidade e na ética da boa vizinhança, visando com isto alcançar a salvação. Assim as ações religiosas se dirigem para o âmbito da racionalidade. Desta forma surgem, nos diversos fatores da vida humana, várias tensões que se estabelecem entre a religião e o mundo e que servirão de base para a análise de racionalidade de Weber.
Essas tensões se dão na relação entre religião e as diversas esferas que compõem a vida humana. Tais como: a economia, a política, a estética, a esfera erótica e a esfera intelectual. Em todas estas fica visível o teor de racionalidade estabelecida, ora quando a religião se opõe e interfere, ora quando a religião serve de base para um desenvolvimento ético no âmbito dessas esferas visando o comportamento humano.

O pré-sal e as Malvinas.

Texto de Rodrigo Vianna. 


"Brizola Neto, deputado federal pelo PDT-RJ, lança o aviso: "prestem atenção nas Malvinas, diz respeito ao Brasil".
Depois da reativação da Quarta Frota dos EUA (voltada para o sul), o decadente imperialismo britânico também parece deslocar seus olhos para bem perto de nós. A turma da rainha quer tirar petróleo das ilhas Malvinas.
Brizola lembra que a extração de petróleo ali parece anti-econômica. Não seria uma operação empesarial, mas uma operação de cunho geo-político. Eles querem ficar mais próximos do nosso pré-sal. E, com as bases, devem vir os navios de guerra. "Do ponto de vista militar é muitíssimo pior do que as bases americanas na Colômbia", diz o deputado. 
Confira o texto publicado no Tijolaço, o blog do Brizola - http://www.tijolaco.com/?p=9376   

Esta aí na foto é a plataforma de exploração Ocean Guardian – que não se perca pelo nome -  que está sendo rebocada e chega até o final do mês às Ilhas Malvinas. É a primeira das plataformas enviadas para retirar petróleo ao largo das Ilhas Malvinas.  Serão perfurados oito poços exploratórios.
Qualquer pessoa  com conhecimentos básicos de logística de petróleo sabe que esta operação custará uma fortuna de centenas de milhões de dólares. Não existe base de terra minimamente próximas para essas plataformas, o que aumenta de forma gigantesca os seus  custos. Cada equipamento e cada trabalhador terá ser trazido de milhares de quilômetros de distância e nem mesmo aeroporto capaz de suportar vôos intercontinentais há na ilha, onde a maior pista é de 900 metros, 400 metros menor que a do nosso Santos Dumont.   Fala-se em trazer materiais construir uma cidade para os trabalhadores. Da Inglaterra às Malvinas a distância é de mais de 12 mil quilômetros, em linha reta. Evitando as águas territoriais brasileiras, mais de 16 mil quilômetros.
Logo, um investimento desta monta não é feito senão com indícios de uma grande quantidade de óleo, que o torne economicamente viável e lucrativo para as empresas petroleiras.
E se há petróleo em quantidade, haverá, tão certo como dois e dois são quatro, proteção militar a esta riqueza. Ou alguém acha que os ingleses vão deixar torres, terminais e navios ao alcance da aviação argentina em meia hora de vôo, sem proteção bélica?
E aí, meus amigos, estaremos diante de um dos maiores pesadelos militares que possamos ter: uma base militar aeronaval  no Atlântico Sul, a pouco mais de três mil quilômetros – alcance de aviões  de caça – de  São Paulo, Curitiba e Porto Alegre.  Sem falar na região do pré-sal. Do ponto de vista militar é muitíssimo pior do que as bases americanas na Colômbia.
O Brasil precisa entrar já nesta questão, diplomaticamente, antes que o impasse entre Londres e Buenos Aires se agrave mais ainda.  Para começar, deixando claro que não aceitará a implantação de qualquer base militar extra-continental no Atlântico Sul.  Não podemos tolerar a militarização de nossas vizinhanças e nem pretender sacrificar o povo brasileiro sendo obrigado a organizar defesas correspondentes a elas.
Esta história de petróleo nas Malvinas, eu venho dizendo aqui, se confirmada, vai ser um dos maiores impasses diplomáticos e militares que o nosso país terá de enfrentar."

a sola do sol

A sola do sol
sobre meu couro cabeludo.

Dorzinha de cabeça
que há de me acompanhar

pelo resto da noite
quiçá pelo resto da vida.

Meu anjo da guarda sabe
até onde suporto
meu deserto florido.

Não direi nada ao travesseiro.
O porquê de lhe bater tão forte.
Espremer sua fronha na parede.
Torcê-lo.

Meu anjo da guarda só admira
minha nuca pulsando inquieta.

Sonhando com uma cibalena.
Sonhando com uma ampola de morfina.

A sola do sol no final de fevereiro
é furada.
Faz um estrago danado
lá dentro da minha alma.

Queima  meu juízo.
Me faz pensar sandices.
Bem mais que o comum dos dias.