TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sexta-feira, 30 de abril de 2021

ATENÇÃO "REDOBRADA" - José Nilton Mariano Saraiva

 ATENÇÃO “REDOBRADA” - José Nilton Mariano Saraiva


Em sendo um país de dimensões continentais, naturalmente que o Brasil se nos apresenta bastante heterogêneo no que concerne às suas diversas regiões, em termos mercantis, climático, mercadológico, cultural, esportivo e por aí vai.


Adstringindo-se apenas a duas dessas regiões, porquanto emblemáticas da diferenciação, constata-se que enquanto no “Sul-Sudeste” impera um clima ameno e propício às mais diversas culturas, no “Nordeste” desde sempre a inclemência do sol, aliada à falta de chuvas resulta em imensas dificuldades para sua população, daí a necessidade de um atendimento governamental prioritário para com esta parte do Brasil, sintetizado, lá atrás, na fala do “Imperador-bufão” Dom Pedro, que teria garantido que, se necessário fosse, venderia até a última joia da coroa a fim de atenuar o sofrimento do povo nordestino.


Se verdadeira ou não tão demagógica intenção, fato é que, de lá até cá a ideia de um tratamento diferenciado para a Região Nordeste ganhou destaque, até que, durante a Assembleia Nacional Constituinte (1988), restou reconhecida a urgente necessidade da criação de um “fundo-financeiro” específico que propiciasse a obtenção e alocação de “recursos estáveis” para Região.


Estava criado o FNE (Fundo Constitucional de Desenvolvimento do Nordeste), com recursos advindos da “renúncia fiscal” do Imposto de Renda, por parte de pessoas físicas e jurídicas. Para geri-lo e administrá-lo, uma instituição com “expertise” em Nordeste, porquanto criada com essa precípua finalidade pelo presidente Getúlio Vargas nos primórdios da década de 1950: o Banco do Nordeste do Brasil S.A. (BNB).


E, em sã consciência, ninguém pode negar que essa parceria foi e é pra lá de eficiente, exitosa e eficaz, porquanto, a partir de então a Região Nordeste deu um salto qualitativo imenso, por conta de ações planejadas e executadas tanto no campo (agricultura) quanto na zona urbana (via industrialização), graças ao financiamento e assessoramento técnico daquela instituição.


Assim, hoje temos um moderno e multifacetado segmento industrial, dos mais heterogêneos e qualificados, que nada fica a dever aos grandes parques industriais do mundo, além de cidades modernas e acolhedoras, de par com uma agricultura diversificada e não mais sazonal, já que, graças a um processo irrigatório ainda incipiente (daí a necessidade comprovada de que a transposição do Rio São Francisco seja concluída o mais breve) produz alimentos e cereais outros, de primeira qualidade, inclusive e principalmente para exportação.


Mas, eis que, no decorrer do governo da Presidenta Dilma Rousseff, um real “inimigo íntimo” se nos apresentou, quando da indicação política do malfadado tucano Joaquim Levy, para o Ministério da Fazenda; que, ao assumir, anunciou de pronto a intenção de efetivar um tal “ajuste fiscal”, no bojo do qual havia a intenção de “tungar” irresponsavelmente, em cerca de 30,0% (trinta por cento) os recursos destinados à Região Nordeste, via FNE.


Tal medida, se efetivada à época, representaria sério e indesejável entrave na política de debelar as “desigualdades regionais” (que deveria ser permanente e contínua), porquanto obstaria os planos da Região Nordeste do Brasil de se livrar de vez das amarras do subdesenvolvimento, além de configurar uma despropositada volta ao passado, com tudo de maléfico que perdurou por longos anos; e ainda, atingiria em cheio o BNB, esvaziando-o, porquanto retirando da sua alçada a chancela lhe atribuída lá atrás no governo Vargas, de instituição “indutora do desenvolvimento” nessa carente região do país.


Obstada num primeiro momento, de lá até cá novas investidas sobre ingerências nos recursos do FNE são uma constante e, pois, necessário a ATENÇÃO REDOBRADA e contínua por parte dos diversos segmentos sociais da região, visando “obrigar” a classe política nordestina a formar um “pool multipartidário” objetivando tomar uma atitude drástica de objeção ao pretendido desde a época do malfadado “ministro tucano”, anulando um receituário que só interessa aos não conhecedores das agruras nordestinas.





quinta-feira, 29 de abril de 2021

O "RESSURGIMENTO DO NAZISMO" - José Nilton Mariano Saraiva

 O “RESSURGIMENTO DO NAZISMO” - José Nilton Mariano Saraiva

No tempo do nazismo comandado por Hitler, milhões de seres humanos foram dizimados sem dó nem piedade por “FALTA DE AR”, mas ninguém tinha que assistir àquela cena pavorosa de terror explícito (a coisa era “discretíssima”, entre quatro paredes, nas câmaras de gás, e o resultado podia ser conferido pela fumaça “presumivelmente fedorenta” que escapava pelas chaminés dos fornos crematórios de Auschwitz-Birkenau).

Hoje, com o “neo” Hitler em ação (o Bozo) as pessoas são dizimadas pela mesma “FALTA DE AR”, só que ao vivo e a cores e em ambientes refrigerados, sob o olhar apavorado de médicos e enfermeiras, estressados, sofridos e impotentes por nada poder fazer (ou alguém tem alguma dúvida sobre ???).

Enquanto isso, comenta-se que ao conceder entrevista em Palácio, o incompetente Ministro da Economia, Paulo Guedes, sem o menor constrangimento afirma que a morte de muitos idosos servirá para ALAVANCAR o tal PIB.

Que porra de governo é esse onde o PIB se sobrepõe à vida humana ???

 

   

400.000 MORTES - José Nilton Mariano Saraiva

400.000 MORTES – José Nilton Mariano Saraiva


Bolsonaro tomou posse em janeiro/2019 e, portanto, faz 2 anos e 4 meses que lá está, cumprindo a promessa de campanha de “DESCONSTRUIR” tudo o que encontrasse pela frente e que não lhe agradasse (conforme discurso proferido antes da posse e veiculado na mídia, numa reunião com executivos americanos, lá nos Estados Unidos).

Já a Covid 19 surgiu por aqui em março/2020 e, portanto, faz 1 ano e 1 mês que está entre nós, fazendo o que gosta e é da sua natureza, “DESTRUINDO” vidas.

Ou seja, foi sob o governo do Bozo que a Covid 19 chegou e encontrou campo fértil para instalar-se entre nós, porquanto solenemente ignorada pelo próprio, já que considerada apenas e tão somente uma “gripezinha”, um “resfriadinho” que logo iria embora.

Dúvidas inexistem, pois, que as 400.000 mortes ocorridas até aqui poderiam ter sido significativamente reduzidas (em pelo menos dois terços, segundo especialistas), se a pandemia houvesse sido tratada com o devido respeito (e temor, evidentemente).

Só pra se ter uma ideia da extensão amazônica da nossa tragédia: segundo o censo de julho de 2020 no Brasil existem hoje 5.570 municípios (100,0%) e desses, apenas 64 (1,14%) têm a população superior a 400.000 habitantes; nos demais 5.506 (98,86%) municípios a população é menor que 400.000 habitantes (inclusive algumas capitais).

400.000 mortes em 1 ano e 1 mês (13 meses) significam 30.769 mortes por mês (4.419 municípios têm população menor que isso), ou 1.026 mortes por dia.

O apavorante em tudo isso, e que causa calafrios no mais insensível dos seres humanos (menos ao Bozo, claro) é que, por irresponsabilidade dele existe uma tendência real que esse número de mortes não pare de crescer e de forma incontrolável, já que não adquirimos vacina no tempo devido e, agora, mendigando aqui e ali, não vamos suprir nunca nossas necessidades (até porque membros do governo, liderados pelo próprio Bozo, não cansam de comprar briga sem necessidade com dois dos principais produtores de imunizantes do mundo, China e Rússia).

Pra completar, ainda temos que tomar conhecimento da manifestação fúnebre do incompetente Ministro da Fazenda, Paulo Guedes, segundo a qual o elevado número de mortes de idosos seria positiva para uma melhoria do PIB (se verdade, deveria ser preso e ficar incomunicável pelo resto da vida).

quarta-feira, 28 de abril de 2021

COMO CHEGAMOS A ISSO ??? - José Nilton Mariano Saraiva

COMO CHEGAMOS A ISSO ??? – José Nilton Mariano Saraiva

 

Nos primórdios da pandemia que assola o mundo, irresponsavelmente e por questões ideológicas, o idiota que colocaram na Presidência da República (o Bozo) tratou com desprezo a vacina oriunda da China, rotulando-a como “VACHINA  e afirmando que o Brasil não a utilizaria por ser de um país comunista (o alienado desconhece – ou finge desconhecer, por burrice - que todas as vacinas produzidas no mundo precisam de um certo ingrediente chinês para se viabilizarem, tornarem-se vacina).

 

Mais à frente, o “debilóide” que houvera sido nomeado Ministro das Relações Exteriores (por indicação de um dos bananas filhos-numerais) tratou de “escrachar” ainda mais com aquele país asiático, tratando-o de forma pejorativa e nem um pouco respeitosa, o que quase provoca o rompimento das relações diplomáticas-comerciais entre os dois países. A coisa assumiu proporções tão graves que o governo chinês literalmente exigiu desculpas públicas e providências efetivas sobre; assim, mesmo a contragosto o “debilóide” teve que ser defenestrado do cargo/função.

 

Eis que agora, numa reunião entre componentes do próprio governo, o desmoralizado e incompetente Ministro da Economia, Paulo Guedes (indicado também por um dos bananas filhos-numerais) afirma de forma contundente que “A CHINA INVENTOU O VÍRUS” e que “SUA VACINA NÃO É EFICIENTE”; ao ser alertado que a reunião estava sendo gravada, pediu que deletassem o que dissera (debalde, porquanto as redes sociais já haviam publicizado).

 

Na saída da reunião, já com a imprensa  em seu pé querendo uma explicação qualquer pra tão esdrúxula afirmação, com a cara mais lisa do mundo e visivelmente constrangido, o idiota afirma que houvera sido mal interpretado, que não queria dizer o que disse, que aquilo teria que ser relevado e que tinha tanto respeito pela China que já houvera se vacinado ..... com a vacina chinesa (atitude de canalha).

 

A propósito, o atual chefe da Casa Civil do governo, um milico que não vale a pena nem citar o nome, nos forneceu pistas de que, mesmo com seu passado de atleta, o Bozo estaria sendo catequisado a tomar a vacina (na verdade, em comum acordo entre as partes, arma-se o circo para que o Bozo, numa atitude de pseudo respeito à China, reúna a imprensa e publicamente se deixe vacinar.... com uma vacina chinesa). Uma “rendição” digna do próprio.

 

No mais, não custa lembrar que alguns meses atrás, quando participava animadamente e sem máscara, de manifestações organizadas por seu adeptos, o Bozo fez questão de levar a uma delas o atual  Presidente da Anvisa, a fim que aglomerasse junto aos seus, mesmo que indo de encontro às determinações da própria Anvisa (e lá estava ele risonho e feliz, pra agradar o chefe).

 

Hoje, com o Brasil necessitando desesperadamente de vacinas, a Anvisa (do próprio) decide que a vacina russa Sputnik V (que já é usada com sucesso na própria Rússia e em quase 100 outros países) não serve para o Brasil, tanto que até as negociadas por governos estaduais não serão liberadas (os governadores prometem reagir).

 

Fato é que atingiremos assombrosas e inadmissíveis 400.000 (quatrocentos mil) mortes em um ano (reais, de ser humano, carne e osso) amanhã, não temos mais vacina sequer para ofertar a segunda dose aos componentes do grupo prioritário que tomaram a primeira (portanto fica comprometida a imunização) e restam ainda serem vacinados incríveis e impressionantes 87,0% (oitenta e sete por cento) da população brasileira (e com a primeira dose).

 

Como o (des)governo desse bucéfalo brigou com a China (por ser comunista), descarta a vacina da Rússia  (por seu comunista) e não vai mais poder contar com vacinas da Índia (maior produtor de vacinas de mundo, mas que atualmente “queima” os milhares de cadáveres do vírus em horripilantes fogueiras a céu aberto) o nosso futuro – como povo e como nação - é algo difícil até de imaginar. E provoca calafrios.

 

Post Scriptum:

 

Só pra completar: a China é, hoje, o nosso maior parceiro comercial; tanto importamos como exportamos um portfólio de produtos os mais diversos e em quantidades superlativas: petróleo, minério, grãos, carnes, automóveis e mais uma infindável gama de produtos. Deixar de contar com a China será o “pior dos mundos”. Agora, o duro é saber que isso foi produzido por uma “besta”.      

 

 

domingo, 25 de abril de 2021

A DOR DA "SAUDADE" (Miguel Falabella)

A DOR DA “SAUDADE” (Miguel Falabella)

 

Trancar o dedo numa porta, dói; bater com o queixo no chão, dói; torcer o tornozelo no jogo de futebol, dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim.

 

Mas o que mais dói é a... “DOR DA SAUDADE”.

 

Saudade de um irmão que mora longe; saudade de uma cachoeira da infância; saudade de um filho que estuda fora; saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais; saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade; saudade da gente mesmo...que o tempo não perdoa.

 

Doem essas saudades todas !

 

MAS A SAUDADE MAIS DOLORIDA É A SAUDADE DE QUEM SE AMA. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos; saudade da presença e até da ausência consentida.

 

Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, MAS SABIAM-SE LÁ; você podia ir para o dentista e ela para a Faculdade, MAS SABIAM-SE ONDE;  você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, MAS SABIAM-SE AMANHÃ.

 

Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

 

SAUDADE É BASICAMENTE NÃO SABER; não saber se ELE continua sem fazer a barba por causa daquela alergia; não saber se ELA foi à consulta com o dermatologista, como prometeu; não saber se ELA tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada; se ELE tem assistido às aulas de Inglês, se aprendeu a entrar na Internet e a encontrar a página do Diário Oficial; se ELA aprendeu a estacionar entre dois carros; se ELE continua preferindo Malzebier; se ELA continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados; se ELE continua cantando tão bem.

 

SAUDADE É NÃO SABER MESMO. Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos; não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento; não saber como frear as lágrimas diante de uma música; não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche.

 

Saudade é não querer saber se ELA está com outro, e ao mesmo tempo querer; é não querer saber se ELA está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso; é não querer saber se ELE está mais magro, se ELA está mais bela. Saudade é nunca mais querer saber de quem se ama, e ainda assim, doer.

 

Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo e o que você, provavelmente, está sentindo agora, depois que acabou de ler...

 

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“Não importa o quanto essa vida nos obriga a ser sérios; todos nós procuramos alguém para sonhar, brincar, amar; e tudo o que precisamos é de uma mão para segurar e um coração para nos entender”.

 


sexta-feira, 23 de abril de 2021

MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL - José Nilton Mariano Saraiva

 MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL – José Nilton Mariano Saraiva


Independentemente do viés capitalista/socialista, durante muitos anos, nos mais diversos países do planeta Terra, o desenvolvimento econômico, decorrente da Revolução Industrial, sobrepôs-se e impediu que os problemas ambientais fossem considerados seriamente, como deveriam.

A poluição e os negativos impactos ambientais do desenvolvimento desordenado eram visíveis (já então), mas, ante os “benefícios” (???) proporcionados pelo progresso, eram irresponsavelmente justificados como um “mal necessário” e algo com que deveríamos conviver e nos resignar, para sempre.

Nos dias atuais, após a descoberta da camada de ozônio, do efeito estufa e do perigoso aquecimento global, a racionalidade parece ter sido posta em prática, e o conceito mudou radicalmente; assim, proteger o meio ambiente não significa impedir o progresso, bem como não se pode admitir um desenvolvimento predatório e insustentável.

Ante tal constatação, governos de todo o mundo reconhecem ser fundamental a conscientização coletiva da necessidade de se promover o desenvolvimento em harmonia com o meio ambiente, na procura de uma vida saudável e duradoura.

Para tanto, é por demais louvável a ideia de defesa intransigente da adoção do desenvolvimento sustentável, que tomou corpo e cresceu assustadoramente nas últimas décadas, norteando a ação dos órgãos públicos encarregados da defesa do meio ambiente, em todo o mundo.

No caso do Brasil, especificamente, a própria Constituição Federal estabelece que todos têm direito a um meio ambiente ecologicamente equilibrado, porquanto é o homem, o ser humano, a pessoa, não só como indivíduo mas como humanidade e como sujeito, a razão direta e prioritária do benefício de um meio ambiente sadio e autossustentável.

Pena que no atual governo isso tenha sido deixado de lado, daí hoje o Brasil não ser visto com bons olhos pela comunidade internacional, tendo em vista as criminosas e recorrentes queimadas e o agressivo desmatamento verificados na Amazônia e no Planalto Central do país (Pantanal), por parte de inescrupulosos empresários descompromissados com o país (sem que as autoridades ditas competentes tomem as devidas providências).

Eis que hoje (23.04.21), ao participar de uma reunião de líderes mundiais para tratar sobre medidas a serem tomadas visando preservar o meio ambiente, o “traste” que desgraçadamente nos governa, ao mendigar ajuda financeira para tal mister, mentiu despudoradamente ao afirmar... “determinei o fortalecimento dos órgãos ambientais, duplicando recursos para ações de fiscalização”.

Ao sair dali, sem a menor cerimônia e por trás das cortinas, autorizou um corte de duzentos e quarenta milhões de reais na pasta do Meio Ambiente.

UM "DIA DE MERDA" - José Nilton Mariano Saraiva

 UM “DIA DE MERDA” – Luis Fernando Veríssimo


Transcrevemos uma "história real", vivenciada por um personagem famoso (Luis Fernando Veríssimo) e o fazemos porque, além de engraçada, coincidentemente, há alguns anos atrás, na mesma cidade (Rio) e no mesmo aeroporto (Galeão), passamos por situação (quase) idêntica (tomamos a liberdade de por em "caixa alta" algumas passagens que consideramos antológicas).

José Nilton Mariano Saraiva

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Senti um pequeno mal-estar causado por uma cólica intestinal, mas nada que uma urinada ou uma barrigada não aliviasse. Mas, atrasado para chegar ao ônibus que me levaria para o Galeão, de onde partiria o voo para Miami, resolvi segurar as pontas. Afinal de contas são só uns 15 minutinhos de “busão”.

Chegando lá (pensei), tenho tempo de sobra para dar aquela mijadinha esperta, tranquilo, o avião só sairia às 16:30. Entrando no ônibus (sem sanitários), SENTI A PRIMEIRA CONTRAÇÃO E TOMEI CONSCIÊNCIA DE QUE MINHA "GRAVIDEZ FECAL" chegara ao nono mês e que faria um parto de cócoras assim que entrasse no banheiro do aeroporto. Virei para o meu amigo que me acompanhava e, sutil, falei: Cara, mal posso esperar para chegar na merda do aeroporto porque preciso “largar um barro”.

Nesse momento, senti um urubu beliscando minha cueca, mas botei a força de vontade para trabalhar e “segurei a onda”. O ônibus nem tinha começado a andar quando, para meu desespero, uma voz disse pelo alto falante: Senhoras e senhores, nossa viagem entre os dois aeroportos levará em torno de 1 hora, devido a obras na pista.

AÍ, O URUBU FICOU MALUCO, QUERENDO SAIR A QUALQUER CUSTO. Fiz um esforço hercúleo para segurar o “TREM MERDA QUE ESTAVA PARA CHEGAR NA ESTAÇÃO ÂNUS" a qualquer momento. Suava em bicas. Meu amigo percebeu e, como bom amigo que era, aproveitou para tirar um sarro. O alívio provisório veio em forma de bolhas estomacais, indicando que pelo menos por enquanto as coisas tinham se acomodado. Tentava me distrair vendo TV, mas só conseguia pensar em um banheiro, não com uma privada, mas com um vaso sanitário tão branco e tão limpo que alguém poderia botar seu almoço nele. E o papel higiênico então: branco e macio, com textura e perfume e...

Ops, senti um volume almofadado entre meu traseiro e o assento do ônibus e percebi, consternado, que HAVIA CAGADO. Um cocô sólido e comprido, daqueles que dão orgulho de pai ao seu autor. Daqueles que dá vontade de ligar pros amigos e parentes e convidá-los a apreciar na privada. Tão perfeita obra, dava pra expor em uma bienal. Mas sem dúvida, a situação tava tensa. Olhei para o meu amigo, procurando um pouco de piedade, e confessei sério: CARA, CAGUEI !!!

Quando meu amigo parou de rir, uns cinco minutos depois, aconselhou-me a relaxar, pois agora estava tudo sob controle. Que se dane, me limpo no aeroporto, pensei. Pior que isso não fico. Mal o ônibus entrou em movimento, a cólica recomeçou forte.

ARREGALEI OS OLHOS, SEGUREI-ME NA CADEIRA, mas não pude evitar, e sem muita cerimônia ou anunciação, veio a segunda leva de merda. Desta vez, como uma pasta morna. Foi merda para tudo que é lado, borrando, esquentando e melando a bunda, cueca, barra da camisa, pernas, panturrilha, calças, meias e pés.

E mais uma cólica anunciando mais merda, agora líquida, daquelas que queimam o fio-fó do freguês ao sair rumo à liberdade. E depois um PEIDO TIPO BUFA, que eu nem tentei segurar. Afinal de contas, o que era um peidinho para quem já estava todo cagado...

Já o peido seguinte, foi do tipo que pesa, arrasador. E me caguei pela quarta vez. Lembrei de um amigo que certa vez estava com tanta caganeira que resolveu botar modess na cueca, mas colocou as linhas adesivas viradas para cima e quando foi tirá-lo levou metade dos pelos do rabo junto. Mas era tarde demais para tal artifício absorvente. TINHA MESTRUADO tanta merda que nem uma bomba de cisterna poderia me ajudar a limpar a sujeirada.

Finalmente cheguei ao aeroporto e saindo apressado com passos curtinhos, supliquei ao meu amigo que apanhasse minha mala no bagageiro do ônibus e a levasse ao sanitário do aeroporto para que eu pudesse trocar de roupas. Corri ao banheiro e entrando de boxe em boxe, constatei falta de papel higiênico em todos os cinco. Olhei para cima e blasfemei: Agora chega, né? Entrei no último, sem papel mesmo, e tirei a roupa toda para analisar minha situação (que concluí como sendo desesperadora, o fundo do poço) e esperar pela minha salvação, com roupas limpinhas e cheirosinhas e com ela uma lufada de dignidade no meu dia.

Meu amigo entrou no banheiro com pressa, tinha feito o check-in e ia correndo tentar segurar o voo. Jogou por cima do boxe o cartão de embarque e uma MALETA DE MÃO e saiu antes de qualquer protesto de minha parte. ÊLE TINHA DESPACHADO A MALA COM ROUPAS.

Na mala de mão só tinha um pulôver de gola 'V'. A temperatura em Miami era de aproximadamente 35 graus. Desesperado, comecei a analisar quais de minhas roupas seriam, de algum modo, aproveitáveis. Minha cueca, joguei no lixo. A camisa era história. As calças estavam deploráveis e assim como minhas meias mudaram de cor tingidas pela merda. Meus sapatos estavam nota 3, numa escala de 1 a 10. Teria que improvisar.

A invenção é mãe da necessidade, então transformei uma simples privada em uma magnífica máquina de lavar. Virei a calça do lado avesso, segurei-a pela barra, e mergulhei a parte atingida na água. Comecei a dar descarga até que o grosso da merda se desprendeu. Estava pronto para embarcar.

Saí do banheiro e atravessei o aeroporto em direção ao portão de embarque trajando sapatos sem meias, as calças do lado avesso e molhadas da cintura ao joelho (não exatamente limpas) e o pulôver gola 'V', sem camisa. MAS CAMINHAVA COM A DIGNIDADE DE UM LORDE INGLÊS.

Embarquei no avião, onde todos os passageiros estavam esperando o 'RAPAZ QUE ESTAVA NO BANHEIRO' (fui até aplaudido) e atravessei todo o corredor até o meu assento, ao lado do meu amigo que sorria. A aeromoça aproximou-se e perguntou se precisava de algo. Eu cheguei a pensar em pedir 120 toalhinhas perfumadas para disfarçar o cheiro de fossa transbordante e uma gilete para cortar os pulsos, mas decidi não pedir: Nada, obrigado. Eu só queria esquecer este dia. UM DIA DE MERDA..."