TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 26 de março de 2022

 

A “TERRA PROMETIDA” - José Nílton Mariano Saraiva

No decorrer da Segunda Grande Guerra Mundial, quando os nazistas, sob ordens de Hitler, invadiram a Polônia, esta se tornou uma das principais protagonistas da hediondez que estaria por vir adiante, já que escolhida pra abrigar os principais campos de extermínio dos humanos apreendidos pelas tropas alemãs, a saber:  Auschwitz, Belzec, Chelmno, Majdanek, Sobibor e Treblinka.

E em plena zona urbana, o “Gueto de Varsóvia” era a própria antessala do inferno: separados por um muro que o isolavam da civilização, milhares de judeus padeciam à espera de trem que os levaria aos campos de extermínio. E quem tivesse o “privilégio” de embarcar num deles, de uma coisa tinha certeza: seria uma viagem sem volta.

Eis que agora, com a invasão da Ucrânia pela Rússia, a Polônia outra vez se encontra sob a luz dos holofotes, em razão de ter se tornado numa espécie de “terra prometida”, já que preferencial destino dos que tentam escapar da morte iminente se de lá não se mandarem.

E os poloneses têm se portado e se mostrado conscientes do papel que só um povo que conheceu na pele os horrores da guerra pode demonstrar: assim, os ucranianos são recebidos com todo carinho e gentilezas mil, com a certeza de que estarão abrigados até que possam retornar à terra natal algum dia, a fim de reconstruí-la.

Afinal, trata-se da "terra mãe". 

      

 

terça-feira, 22 de março de 2022

“MONUMENTOS À INSENSATEZ” - José Nilton Mariano Saraiva


Quando o “agente público” se dispõe a contratar, a peso de ouro, uma grande construtora para a realização de obras estruturais de porte (hidroelétricas, rodovias, usinas, ferrovias, metrôs e por aí vai), implícita e explicitamente se pactua a responsabilidade da contratada em prover não só os recursos humanos especializados, mas, principalmente, todo o equipamento pesado e necessário para a consecução do planejado (o pacote vem completo, e firmado o preto no branco). É assim (ou deveria ser) em todo lugar do mundo.

No Estado do Ceará, no entanto, quando da gestão dos megalomaníacos irmãos Ferreira Gomes, a coisa não funcionou bem assim. E a prova da irresponsabilidade nos foi dada quando tomamos conhecimento da herança maldita deixada pelo ex-governador Cid Ferreira Gomes para o seu afilhado político e sucessor Camilo Santana: o “rico” Estado do Ceará “torrou” incríveis e exorbitantes R$ 135.000.000,00 (cento e trinta e cinco milhões de reais) com a COMPRA (repetimos, COMPRA) de dois “tatuzões”, tipo de maquinário usado na perfuração/ construção de metrôs (na ocasião, denúncia foi apresentada na Assembleia Legislativa por um dos deputados da oposição, sem que haja progredido, ante o “rolo compressor” (maioria) do governo).

Há que se levar em conta, a fim que tenhamos condição de imaginar a dimensão da verdadeira “insanidade” perpetrada pelo então governador do Estado, que, à época, além do “preço galático” de tão sofisticado equipamento, estranhamente “pequenos-grandes” detalhes foram “esquecidos” ou desconsiderados, a saber:

01) para manobrar/operacionalizar tais equipamentos, obrigatoriamente serão necessários “técnicos especializados” e, consequentemente, hiper bem remunerados, onerando sobremaneira o já combalido orçamento estadual (comenta-se, inclusive, que no mercado interno não existe disponível tal profissional, tornando-se necessário buscá-los lá fora);

02) até a “vovozinha de Taubaté" sabe que, à época, o Estado do Ceará não tinha a mínima condição de suprir a energia elétrica (e até a própria “voltagem”) a ser usada para acionar referidas máquinas, o que, em termos práticos, significa que o tal maquinário simplesmente não poderia sequer ser “plugado na tomada”; e, finalmente,

03) se algum dia, num futuro distante, tal equipamento tiver condição de ser utilizado, mesmo que por breve período, é perfeitamente factível questionar qual a destinação que lhe será dada “a posteriori”, na perspectiva de que Fortaleza não terá tão cedo condição (econômico-financeira) de comportar/construir linhas de metrô a torto e a direito.

Alfim, embora saibamos seja o senhor Cid Ferreira Gomes graduado em Engenharia Civil (embora nunca tenha projetado ou sequer erguido uma banal choupana de taipa), é perfeitamente admissível deduzirmos que o então governador, ante tão esdrúxula decisão e gasto, haja incorrido e praticado grave ato de “improbidade administrativa”, porquanto comprovadamente perdulário no uso do dinheiro público, já que desconsiderando a “inoportunidade” e “desnecessidade” de adquirir equipamento tão sofisticado e de uso temporal, num Estado onde recorrente e persistentemente grassa a fome, a sede e a miséria.

Assim, face à deficitária (ou inexistente) relação “custo-benefício” implícita em sua aquisição, os onerosos e inoperantes “tatuzões” do Cid Gomes tenderão a se tornar, ao longo do tempo, símbolos frios, imóveis, desgastados, e emblemáticos do descaso e desrespeito para com a seriedade e à sociedade.

Verdadeiros MONUMENTOS À INSENSATEZ.

domingo, 20 de março de 2022

FUGINDO DO INFERNO” – José Nílton Mariano Saraiva


Às impensáveis e criminosas “atrocidades” cometidas pelos nazistas 80 anos atrás, no decorrer da Segunda Grande Guerra Mundial, nós, os sessentões/setentões da vida, só pudemos ter acesso através de relatos dos poucos que conseguiram a “façanha de sobreviver” e de filmes épicos que reconstituíram aquele negro período.

Eis que agora, em pleno século XXI, atônitos e estupefatos temos o “desprazer” de assistir em tempo real, via telinha, a monstruosidade do que é uma guerra, principalmente quando as vítimas preferencias são mulheres indefesas e crianças inocentes, submetidas a tanta dor e a tanto sofrimento, por decisão de arrogantes e insensíveis engravatados instalados em redomas refrigeradas, longe do inferno em que se transformou a bela Ucrânia.

E assim, embora já passados “na casca do alho” em termos de vivência humana, as cenas horripilantes nos causam estupor e incredulidade.

Como entender que, com os pais compulsoriamente detidos para “defender a liberdade da terra natal” (embora muitos tenham se voluntariado antes), adolescentes femininas, mães e filhos menores de idade sejam obrigados a deixar tudo pra trás, levando uma só mala ou mochila com alguma coisa útil e se mandem, a pé, por dezenas de quilômetros, literalmente “fugindo do inferno”, numa caminhada rumo ao desconhecido (isso sob um frio intenso, com temperatura abaixo de zero, sem comida e sem água) antes que os temíveis invasores cheguem destruindo tudo; que futuro os aguardará em novas terras, onde praticamente terão que recomeçar do zero e dependerão da caridade alheia (a começar do novo idioma, emprego e por aí vai).

E pelo que se viu até aqui (já se passaram mais de 20 dias), enquanto a lengalenga da diplomacia não leva a lugar nenhum (a exigência de uma das partes para se chegar a algum acordo é que todas as condições apresentadas sejam aceitas pelo oponente), a ordem do comando invasor é não deixar pedra sobre pedra; tem que demolir, arrasar, fazer desaparecer definitivamente cidades que levaram anos para serem erigidas com tanta luta e dedicação.
Tanto que, numa mudança recente, os já poderosos e potentes mísseis convencionais até então usados para atingir edifícios residenciais, substituídos foram por misseis hipersônicos, de maior poder de destruição e eficiência (lançados de caças MiF-31, têm capacidade de atingir alvos a 2 mil quilômetros de distância, atingem velocidade dez vezes maior que a do som e viajam a 6 mil quilômetros por hora, são capazes de realizar manobras e desafiam todos os sistemas de defesa antiaérea).

Fato é que, pelo andar da carruagem, a apavorante perspectiva de que as "portas do inferno" sejam definitivamente escancaradas através da entrada de novos atores (armados até os dentes) deve ser considerada, sim, lamentavelmente.

Chegaremos ao ARMAGEDOM ??? (grande guerra final ou confrontação decisiva).

sábado, 19 de março de 2022

ADEUS... "MANTOS SAGRADOS" - José Nílton Mariano Saraiva

 

E eis que o facebook nos premia ao republicar um nosso texto de tempos atrás, que fazemos questão de compartilhar com todos.

Suas lembranças no Facebook

Jose Nilton, nós pensamos em você e nas lembranças que compartilha aqui. Achamos que você gostaria de relembrar esta publicação de 1 ano atrás.

 

ADEUS... “MANTOS SAGRADOS” - José Nilton Mariano Saraiva

 Confeccionados em edições limitadas, virgens, intocados e inocentes, assim eram os uniformes dos nossos principais clubes de futebol, até bem pouco tempo. E tais predicados serviam para realçar a beleza, o esplendor e a magia de cada um deles. Havia até uma certa timidez, um certo receio, um excessivo respeito que nos impedia de maculá-lo, acessá-lo, tocá-lo sequer. Como se fora algo... “sagrado”. 

O símbolo do clube, e só ele, soberano e galhardo, pontificava e realçava à altura do peito esquerdo, sobreposto às cores respectivas. A camisa de um Vasco da Gama, um São Paulo, um Flamengo, um Fluminense ou um Palmeiras se nos apresentava sóbria, elegante, indevassável, imaculadamente soberana em sua pureza. Nada capaz de nodoá-las. 

Além do "símbolo emblema" à frente, apenas a numeração às costas. Era, pois, motivo de orgulho pra todos nós, torcedores. Pode-se inferir que foi ali, via imaginário popular, que se materializou seu batismo como “manto sagrado” ou “segunda pele”. 

Mas, aí, adentrou no campo de futebol um parceiro que mais tarde se revelaria por demais “guloso”, a televisão, já que trazendo a reboque um avassalador e temível rolo-compressor: os “patrocinadores”. 

Extremamente profissionais, poderosos, fortes, exigentes e cheios da grana, comendo pelas “beiradas”, começaram o processo de demolição progressiva do romantismo imiscuído numa atividade até então praticamente amadora. 

Assim é que, num primeiro momento, as bordas do próprio campo de futebol (laterais) outrora vazias, solitárias, desprezadas e sem qualquer valor mercantil, repentinamente se viram povoadas ou “premiadas” com dezenas de placas, anúncios, propagandas diversas; estáticas, em formatos variáveis e multicoloridos, tais instrumentos anunciavam desde bebidas alcoólicas a peças íntimas femininas, do másculo aparelho de barbear ao suave desodorante direcionado à mulher. 

Tudo isso veiculado pela televisão, para milhões de telespectadores, tornou muita gente milionária (o Kleber Leite, à época repórter de campo da Rádio Globo e hoje poderoso empresário futebolístico no Rio de Janeiro, começou a “se fazer”, ficar milionário, via negociação das respectivas placas). 

Estava dado o primeiro passo para a “profissionalização” definitiva das nossas principais equipes. E então, mais que rapidamente, foi dado o passo seguinte: “vapt-vupt”, sem que sequer nos déssemos conta, das bordas do campo o insaciável e esperto “patrocinador” resolveu pular adiante, alçar voo rumo a um espaço mais visível, generoso, abrangente e em permanente exposição: e dessa forma, agindo sem quaisquer concessões ou escrúpulos, foi que os “mantos sagrados” das nossas principais agremiações foram fria e calculadamente desvirginados, violentados, estuprados. Irreconhecíveis ficaram. 

Ainda insatisfeitos, a partir de então os jogadores de futebol foram literalmente obrigados a funcionar como eficientes “outdoors ambulantes”, a anunciar um produto qualquer. Para tanto, os novos “donos do futebol” trataram de instruí-los e catequiza-los a trocarem as camisas entre si, ao final de cada pugna, ou mesmo as arremessaram para a torcida, objetivando, evidentemente, difundir a “marca”, fazê-la circular, se tornar conhecida além do campo de jogo ou do próprio estádio. 

E tem mais: se antes os nossos craques se notabilizavam pelo belo sentimento amadorístico do “amor à camisa” (pela qual só faltavam se matar em campo) ou pela siderúrgica fidelidade ao clube de origem a ponto de dificilmente se transferirem para um outro, chegando mesmo a serem confundidos com a própria instituição (Pelé, no Santos, Roberto Dinamite, no Vasco e Zico, no Flamengo são exemplos emblemáticos), pois bem, como se não bastasse isso, repentinamente o patrocínio se individualiza na figura do próprio craque, avança sobre o esportista, peita e corrompe inexoravelmente o homem. 

E haja “direito de imagem” pra cá, “direito de imagem pra lá”, que implica em usar um boné de uma determinada marca, uma chuteira de uma cor tal, uma prosaica “fitinha” (com a marca estampada) a prender o cabelo e por aí vai, em troca de montanhas de dinheiro (você já notou que certos jogadores, antes do início da partida, se agacham para amarrar as chuteiras, quando poderiam ter tomado tal providência no vestuário ??? pois é, trata-se de uma ação previamente ensaiada com a emissora de TV). 

Resumo desse capitalismo selvagem ??? A TV transformou o futebol num rendoso, inesgotável e próspero negócio, com dirigentes e jogadores “nadando” em dinheiro. E haja propina. Nem que para isso o torcedor seja dia-a-dia desrespeitado, ignorado, relegado a ser um mero objeto de consumo, simplório coadjuvante, sem nenhum poder de escolha ou decisão; assim, os jogos tanto podem começar ao sol inclemente do meio-dia, como avançar pela madrugada e terminar no dia seguinte; o calendário vai de segunda a domingo e quem não achar correto, que se exploda. 

Quanto ao nosso querido “manto sagrado”, foi pro beleléu, voou pro espaço, escafedeu-se, sumiu; é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro que localizar, mesmo com uma possante lupa, o “símbolo do clube” em camisas repletas de propagandas às mais diversas (e normalmente de um tremendo mau gosto). Até a seleção nacional se rendeu ao mercantilismo do patrocínio e a “amarelinha” já ostenta as tais “marcas”. 

O torcedor não gosta do que está vendo ??? Que vá reclamar ao papa. E estamos conversados. 

PT saudações: o patrocinador.


quinta-feira, 17 de março de 2022

 CARTA A CECÍLIA FLESCH - Benedito Costa


A apresentadora e repórter da GloboNews, Cecília Flesch, cometeu a estupidez de zombar no Twitter da fala de Lula, que pronunciou "adevogado". Quebrou a cara. Internautas mais cultos, linguistas, se manifestaram criticando o preconceito linguístico.

"A Carta a Cecília Flesch", da autoria de Benedito Costa, é muito mais que uma aula de etiqueta. E revela toda a extensão da ignorância, não de Lula, e sim da jornalista da GloboNews que “corrigiu” rindo o termo adEvogado pronunciado pelo presidente Lula em seu brilhante discurso.

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Segue o texto:

"Carta a Cecília Flesch"

Prezada jornalista,

Trabalhei vinte anos para essa empresa em que você está agora. Centenas de jornalistas “passaram pelas minhas mãos”, expressão não muito feliz, mas verdadeira. Vai que você não a entende e faz leituras indevidas dela. Isso não é legal, viu?

A maioria deles, em estado de indigência com os entendimentos da realidade da língua materna. Assim como você. Isso é uma pena.
Um jornalista tem a língua como principal ferramenta -- e entendê-la deve ser um dever, antes mesmo de um direito. Ou há um paralelo: direito e dever. Mas essas palavras confundem algumas cabecinhas, não é?

Seus colegas andam confusos e perdidos em outras áreas também.
A questão não é o fato de os jornalistas saberem o que é uma epêntese, ou uma vogal epentética, pois isso foge ao escopo do curso de jornalismo. A questão é o jornalista, que tem a língua como principal ferramenta, como eu disse, não entender seu funcionamento.
Grande parte dos falantes do Sul usam a epêntese no caso de “advogado”, assim como em grande parte do país se fala “peneu”. Incluindo você.

Aliás, você tem outros vícios de linguagem, que não são da minha preocupação.

Seus bandidos de estimação sulistas também usam epênteses, assim como vogais finais sem abrandamento, o que é inclusive uma piada local. Aliás, as pessoas não sulistas riem do nosso "pente" e não "pentchi" -- e isso é uma piada do nível do tio do pavê, que nos faz revirar os olhos. Afinal, tanta gente diz "treis" em vez de "três" porque isso é natural da língua.

Grande parte dos seus colegas têm vergonha do "r" retroflexo e isso dá uma dor de cabeça danada para as fonoaudiólogas da sua empresa, que também não estão muito interessadas com a naturalidade da língua e sim com o preconceito mesmo.

Preconceito vende mais que os produtos duvidosos que vocês colocam no ar, porque o preconceito é mais fácil de entender e é mais palatável.

Em paralelo, o preconceito é um tipo de arma dos fracos e despreparados, que não têm algo mais profundo a dizer.

São pessoas ignorantes mesmo. Pseudo intelectuais, pedantes, vazias. Creem que um corte Chanel ou um scarpin de bico fino sejam suficientes para se fazer um trabalho bem feito.

Até o dia em que a empresa os joga na sarjeta, como tem ocorrido repetidamente na Globo -- e a sociedade, na lata de lixo da história, afinal a contribuição deles -- e a sua -- para o jornalismo, a ética, a "verdade" é nula, nada, nadica de nada.

Mas o mais grave para um jornalista, além de ser jagunço dos donos da empresa para a qual trabalha, é a vaidade e a ideia de superioridade, mesmo. Tratar as pessoas de cima para baixo.

Não sei se você tem doutorado na área. Creio que não. Quase nenhum de seus colegas têm. No máximo, as pós e os cursos in Company que a Globo oferece, geralmente têm conteúdo de gestão... e de autoajuda.

E a pessoa de quem você debocha tem 16 ou mais doutorados "honoris causa", algo que você, certamente, não imagina o que é. Até porque, no máximo, seria a paraninfa paga de uma faculdade de esquina.

O mais engraçado para você é o seguinte. Eu esquecerei você amanhã. Mas outros, não. A cada frase que você pronunciar agora haverá um sujeito disposto a procurar descompassos entre o que a língua é e o que vc pensa que ela seja.

Sinto que você contribua para o empobrecimento das discussões linguísticas. Nós levamos séculos de observação e estudo para entender o que é uma epêntese e outros metaplasmos.

Sinto também que, dentre tantas coisas importantes ditas pelo sujeito de quem você debocha, você tenha escolhido isso, uma epêntese.

Matar as aulas de edição e produção na faculdade parece não ter sido um bom negócio.

quarta-feira, 16 de março de 2022

 “LULA LIVRE” REQUER SEGURANÇA MÁXIMA - José Nilton Mariano Saraiva

Como parte da grande mídia começa a aventar a possibilidade do ex-presidente Lula da Silva se tornar alvo de atentados no decorrer da campanha eleitoral, (re)postamos texto de nossa lavra redigido meses atrás, tratando sobre (não, não descobrimos a pólvora).

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Meses atrás, adstringindo-se tão única e exclusivamente aos “autos” (as conversas aéticas e escabrosas de Moro e sua quadrilha, interceptadas por hackes, aconteceram muito depois de lavrada a reclamação), a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal houve por bem reparar a tendenciosa decisão do ex-juiz de primeira instância Sérgio Moro, que houvera condenado sem nenhuma prova o ex-presidente Lula da Silva, no tocante ao tal triplex de Guarujá, tanto que o fez sob o hipócrita argumento do cometimento de “atos de ofício indeterminados” (algo absolutamente inédito e inusual em nosso receituário jurídico, porquanto, se “indeterminado”, inexistente).

Impetrado pela defesa do ex-presidente, o julgamento da “suspeição” do ex-juiz houvera sido iniciado nos primórdios de 2018 e já apontava um placar de 2 x 0 favorável àquele magistrado, (votos de Edson Fachin e Carmen Lúcia) quando o ministro Gilmar Mendes solicitou “pedido de vistas” em novembro daquele ano.

Nesse meio tempo, surpreendentemente o ministro Edson Fachin (logo ele, que sempre demonstrou ojeriza ao ex-presidente), em decisão monocrática, opta por “anular” todas as decisões tomadas pelo ex-juiz Sérgio Moro em relação aos processos envolvendo o ex-presidente, porquanto a Vara de Curitiba seria incompetente para julgá-los, remetendo os autos para Brasília (onde tudo recomeçará do começo).

Voltando ao fio da meada: retomado no final de 2019 o processo da suspeição do ex-juiz, Gilmar Mendes e Roberto Lewandowski, VALENDO-SE APENAS DE DADOS CONTIDOS NOS “AUTOS”, (nada sobre as interceptações dos hackes, é bom que se repita, já que estas aconteceram muito depois) decidiram-se favoráveis à defesa do ex-presidente, igualando o placar em 2 x 2, deixando que o voto decisivo (que seria dado pelo decano Celso de Melo, hoje aposentado) fosse proferido pelo “novato” Nunes Marques (piauiense), que houvera sido escolhido a dedo e nomeado meses antes pelo bucéfalo que está Presidente da República.

Coincidentemente, na véspera da retomada do julgamento do pedido de suspeição de Moro, indagado pela imprensa se temia um confronto com o ex-presidente Lula nas eleições de 2022, o “traste” que ocupa a Presidência da República, sarcástico e arrogante, arrotou que Lula da Silva era “inelegível”, como que anunciando antecipadamente qual seria o voto do seu indicado: ou seja, Nunes Marques proferiria o voto que seria a pá de cal e definitivamente inviabilizaria o ex-presidente de concorrer. Dito e feito, e assim, aos 45 minutos do segundo tempo o placar aponta 3 x 2 para o ex-juiz (e, pois, Lula da Silva inelegível).

Surpreendentemente (mas de forma legal) já nos acréscimos do julgamento Carmen Lúcia pede para se manifestar e, de forma incisiva e contundente (logo ela, que sempre votou contra o ex-presidente) decide rever seu voto, em razão de “dados novos apensados aos autos”: 3 x 2, agora pela suspeição do ex-juiz e, consequentemente, pela anulação da pena imposta a Lula da Silva.

Resumo de tudo isso: em duas frentes, o ex-presidente Lula da Silva tem de volta o passaporte homologatório à sua candidatura na próxima eleição, enquanto Sérgio Moro e a quadrilha de procuradorizinhos raivosos de Curitiba são desmascarados de vez (agiram, sim, e de forma tendenciosa, ao arrepio da lei e merecem ser julgados pelos crimes cometidos).

Quanto ao “novato” Nunes Marques, que no seu “debut” em grandes causas no Supremo Tribunal Federal, proferiu seu voto equivocadamente (já que claramente em obediência ao seu tutor), porquanto baseado unicamente nas interceptações dos hackes (que a defesa, Gilmar Mendes, Roberto Lewandowski e Carmen Lúcia não usaram) mostrou que ainda tem muito que aprender (aliás, o próprio lembrou a quem dele discordou, que tenham paciência porque ele ainda tem 26 anos como ministro daquela corte).

No mais, não custa lembrar: como o assassinato da vereadora Marielle Franco, no Rio de Janeiro, foi comprovadamente obra de “milicianos” de aluguel, SERIA DE BOM ALVITRE QUE O PT E LULA DA SILVA REFORÇASSEM DE IMEDIATO SUA SEGURANÇA, porquanto Fabrício Queiroz (apesar de tudo o que fez) está livre e solto para servir de elo entre a família Bolsonaro e a “nata” da criminalidade que habita não só morros, mas até condomínios luxuosos no Rio de Janeiro (lembremo-nos que o provável assassino da vereadora Marielle Franco, o tal do Lessa, era morador e vizinho de condomínio da família Bolsonaro).

Fortaleza, 24.03.21
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sexta-feira, 11 de março de 2022

 DESISTIR DO BRASIL ??? - José Nílton Mariano Saraiva


O sonho de todo brasileiro tido como integrante da classe média é o de, ao adentrar o mercado de trabalho, paulatina e sofregamente, mês a mês, se obrigar a guardar parte do seu já minguado salário para, mais à frente (depois de anos), adquirir o “objeto de desejo” de todos nós: um carro próprio, “estalando” de novo (que, de certa forma, pelo menos no seu imaginário, elevará seu “status” ante a sociedade), ao tempo em que propiciará um mínimo de conforto à família.
E como temos uma população significativa e, consequentemente, um mercado interno pujante (pelo menos em termos quantitativos) isso permitiu que grandes montadoras de veículos progressivamente se instalassem no Brasil, oriundas das mais diversas partes do mundo (Estados Unidos, Japão, Rússia, Coréia, China e por aí vai).

Eis que agora, de par com o progressivo achatamento do salário do “trabalhador classe média”, surge um ator que certamente dificultará em muito a realização do tal sonho – o aumento cavalar e insuportável do combustível: gasolina, etanol, diesel e gás (a coisa é tão séria que, manter um carro, hoje, corresponde a agregar uma outra família – insaciável - ao já combalido orçamento familiar).

Como o salário do mortal comum brasileiro é pago na moeda corrente no país, o “real”, e o preço que temos que pagar pelo combustível passou a ser cobrado ao correspondente à moeda internacional, o “dólar americano”, quase que certamente a realização daquele sonho será obstado (afinal, desde 2016, durante o governo Michel Temer, a Petrobras adota a chamada Política de Preços de Paridade de Importação, que vincula o preço do petróleo ao mercado internacional).

Como no “mercado internacional” o mar não está pra peixe em termos de estabilização do dólar (e tudo desgraçadamente gira em torno dele), no médio prazo a perspectiva - sombria, mas realista – será a de que, com um “mercado interno” sem o suficiente poder de compra, a indústria automobilística (ou grandes montadoras) findem por “desistir do Brasil” (afinal, hoje, por aqui, apenas “jogadores de futebol” famosos - uma minoria - firmam seus contratos em dólar).

Questiona-se, então: será que os escorchantes aumentos dos combustíveis findará por inviabilizar a própria indústria automobilística brasileira ???

Em assim acontecendo, dentro em breve vamos ter que recorrer à transformação da nossa “lata velha” (carro antigo) num “guaribado” carro novo, naquele programa do apresentador global.

Vôte...

sexta-feira, 4 de março de 2022

DECISÃO UNÂNIME - José Nílton Mariano Saraiva


E o Ciro Gomes apareceu na TV para deitar falação sobre a decisão unânime do Tribunal Regional Federal 5 (TRF 5 - Recife-PE), que anulou dias atrás a operação de busca e apreensão na sua casa, realizada em dezembro de 2021.

A propósito, convém lembrar que quando o então presidente do Banco do Nordeste do Brasil (BNB), senhor Byron Costa Queiroz foi condenado pela Polícia Federal, aqui no Ceará, em dois processos distintos, a 14 (quatorze) anos de prisão (para cada um), indisponibilidade dos bens e por aí vai, em razão das portentosas falcatruas cometidas em desfavor da instituição, recorreu a esse mesmo Tribunal Regional Federal 5 (TRF 5-Recife) e foi também INOCENTADO POR UNANIMIDADE (nos dois processos).