A Discriminação aos Artistas Locais na ExpoCrato
Pelo que eu sei, crítica construtiva é aquela em que se apontam os erros e oferece-se soluções. Eu evito ao máximo que se publiquem nesse site alguma crítica destrutiva, daquelas pessoas que sem qualquer fundamento, detonam as outras que trabalham em algo, sem oferecer soluções e falam apenas para aparecer, ou para fazer média. Pois bem, o caso que trataremos agora é de um assunto da máxima importância para a cidade, já que é uma das METAS de governo do Sr. prefeito atual, "resgatar a arte a cultura da nossa cidade".
O Tema de hoje é EXPOCRATO.
Exposição do Crato... a palavra vem de EXPOR, mostrar!
Mostrar o conteúdo que há na nossa região aos visitantes. Quando se convidam pessoas de outras regiões para vir à Exposição do Crato, não se faz para mostrar a cultura deles aqui, mas para mostrar o que se produz aqui na região aos que vêm de fora!
Desde muitos anos e inúmeras, repito inúmeras administrações que acontece todo ano esse problema grave de convidarem atrações de fora, enquanto os artistas locais ENTRAM PELO CANO literalmente. São deixados de lado, como um lixo Social ou cultural. Antigamente, artista local só era chamado pra subir em palanque de político às vésperas de eleição ( O PT que o diga, hein ? )... O fato é que na Expocrato, os artistas locais são um pêso nas costas aos elaboradores do evento, difícil de resolver. O problema maior surgiu com a "entrega" da expocrato ao Governo do Estado, e a Terceiração das atrações. O DONO do lugar lá, é um comerciante. O cara quer saber de ganhar dinheiro. Ele não está interessado em fazer divulgação cultural, não é a área dele. Então, apoiados por uma mídia "Filha da Mãe", para não dizer outro termo indecente aos olhos dos nossos leitores, ele consegue respaldo para trazer as maiores babaquices e entupir o povo daquilo que a mídia já preparou o terreno durante o ano todo. Ele não quer saber se é bom ou ruim, quer saber se o povo vai. Porque quem dá respaldo aos produtores de eventos é a mídia. O que a mídia veicular, o povo assume como verdade. Tanto isso é verdade, que quando se vê músicas de Tom Jobim na novela das 8 da Globo, no outro dia, até as empregadas domésticas sem qualquer formação cantam satisfeitas. Tudo é uma questão de mostrar ao povo e surge o Marketing. É uma questão de aculturação. Pois bem, enquanto a expocrato for conduzida por um comerciante, os artistas locais certamente não terão vêz no palco principal, a não ser, amparados por uma lei que o force a dividir um percentual com os locais.
Mas aí é que surgem outros caminhos que podemos trilhar:
O poder público PODE fazer, se QUISER, um palco paralelo de atrações locais, grande, lindo, cheio de luzes, cores, de igual proporção à mega-atração da parte nova da expocrato, e se não o fez até agora, não é por falta de artistas. É falta de outras coisas. Eu explico:
Digamos que a prefeitura queira realizar festa paralela só com atrações locais no Picadeiro da Expocrato como era antigamente, antes de existir a parte nova do local. O que a impede de fazê-lo? Faltariam parcerias ???????
01 - Sai caro ?
Não, não sai caro. Com 10.000 reais dá pra se pagar 21 shows a 500 reais, que é um valor razoável para certos artistas, que se banaliazam na cidade tocando a 50 reais por show. ganhando 10 vezes mais, quem não iria querer, providos de toda a infra-estrutura e apoio ?
02 - Os Artistas locais não atraem gente:
Não é verdade. Se fizer uma estrutura de palco, som e luz decente e uma escolha adequada dos shows a ser apresentados, e isso sou taxativo a excluir os principiantes que começaram ontem a tocar violão e se acham artistas do nível de gente que já batalha e possui uma CARREIRA nas artes, não faltará público. O público gosta de espetáculos belos. Antigamente, nem existia essa parte nova, assisti inúmeros shows ali pertinho do picadeiro. Quantas vezes não vi shows que o mestre Elói trazia? E isso sem falar só em folclore, falo em atrações de música popular mesmo, gente que faz música acessível ao povão. E mesmo assim, é DEVER do poder público fomentar os espetáculos culturais. A formação de platéia é um processo lento, mas importante e que nenhum governante de responsabilidade deve fugir.
AS SOLUÇÕES:
Olha, eu garanto que se o Sr. prefeito der um telefonema para 20 emprêsas, com o prestígio que ele tem, telefonar para seus camaradas apoiadores ou simpáticos, e pedir 500 reais de cada um, nós conseguiríamos 10.000 reais fácil fácil...Vai ter gente no comércio que é capaz de contribuir com mais do que 500 reais para a expocrato... Aliás, tem emprêsa que pode ser parceira que teria condições de arcar com muito mais. Parcerias podem ser feitas até com a URCA, com o Governo do Estado, com sabe Deus lá quem...Se eu mesmo telefonasse, ou mesmo a Secretária de Cultura Daniele Esmeraldo, nós talvez não conseguíssemos, mas se o Sr. Prefeito Samuel Araripe, com o pêso político que ele tem, muitos amigos, apoiadores, fizer esses telefonemas ele mesmo, ali no gabinete, durante uma tarde, eu duvido que haja alguém nessa cidade, logo nesse ano....( e repito, logo nesse ano ), que vai dizer NÃO a Samuel Araripe. Vai ?
Claro que não ! Não vai haver! E com esse gesto de boa vontade, com 10.000 reais que nem seria da prefeitura, seria do empresariado, e mais aí a infra-estrutura que a prefeitura pode perfeitamente oferecer, daria para pagar por 7 dias de exposição, os 21 shows cabíveis, veja os cálculos seguintes:
Shows todo dia, das 20:00 às 23:00 - 3 Shows por noite de 1 hora.
7 dias X 3 = 21 shows no total, a 500 reais cada, o que dá 10.500 reais de cachê.
O palco, sonorização, a a publicidade, a prefeitura pode arcar. Isso é o mínimo, pra dizer que tá ajudando a cultura. Diga-se um PALCO de VERGONHA, condizente com com grandes atrações, para não parecer mendicância aos artistas locais. E dá pra fazer.
Se o prefeito consegue levantar 7 milhões para o asfaltamento da cidade, como não consegue 10.000 reais para pagar os cachês dos artistas locais da expocrato, a festa maior da cidade? Dá pra pagar até antecipado, como todos os outros artistas nacionais recebem de lá do DONO, antecipado.
Outra Solução:
Uma outra solução possível, seria a prefeitura contratar uma empresa que realizasse a produção, terceirizar os shows locais, como a empresa do "Kaika", por exemplo, que tabalha com produção artística, faria os contatos com todos os artistas envolvidos. E a própria escolha dos artistas seria feita por uma comissão de especialistas em arte e cultura no Crato. Para isso não falta gente capacitada.
Aliás, o que falta para a ExpoCrato não dar mais uma vez as costas aos artistas locais após tantos anos, não é problema de artista. Eu não diria que seria de má-vontade, pois conheço o Samuel Araripe, e ele é simpático aos movimentos populares, e fala sempre em cultura local, mas eu diria que falta ele dar o primeiro passo no sentido de fincar pé em defêsa dos interesses dos Artistas Locais. Até porque se o Sr. prefeito não fincar pé agora em defêsa dos Artistas locais para a EXPOCRATO, algum aventureiro irá fazê-lo ( logo nesse ano, hein ? ) e poderá atropelar a parada. O momento de decidir é agora. A expocrato é em Julho. Dá tempo perfeitamente !
Outra coisa fora isso, é inadmissível à nossa cidade. Como é inadmisível que numa Exposição que leva o nome do Crato, seus artistas sejam os excluídos da festa que deveria ser para eles ?
Essa é uma luta que não abriremos mão!
Por: Dihelson Mendonça
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8 comentários:
E se o povo conseguisse " boicotar " o estrangeirismo ?
O Povo ?
Proposta interessante e possíverl do Dihelson.
Só discordo no ponto de rótulos clichês em falor do cara "que começou agora", qual problema? não o vejo. Exemplo são inúmeras consagradas canções na MPB como "para não dizer das flores" duas notinhas e que é um ´clássico sim! não precisa o cara "artista" trezentos dedos na mão para tocar um instrumento.
Também sou testemunha que alguns caras "artistas" que começaram agorinha, quando surge oportunidade para tocar no BNB Juazeiro, teatro lotadaço, fila, falta ingresso, e aí camardas!
Deixemos de frescura e vamos reivindicar e botar a boca no trombone, no teclado, no baixo, batera guitarra, pandeiro e porque que não o microfone.
Salutar proposta essa sua.
Amigo Dihelson.
O que eu acho é que sempre também houve muitas divergências no meio artístico da região do cariri. Os produtores alegam que trabalhar com artista é coisa complicada. E nisso eu concordo em parte. Eu fui tratar desse assunto hoje à tarde... alegam que convidam artistas, esses nem aparecem pra dizer que sim ou que não... se banalizam por 50 contos pra tocar na Choppana 4 horas, mas pra fazer o mesmo show de 1 hora num evento que dá mais platéia, não querem ganhar 500 reais. Acham pouco.
Estou trabalhando no sentido de criar a Associação dos Artistas do Cariri, e nisso haverá muitos debates, para acertarmos estas e outras arestas. Com uma associação representando os músicos e uma Lei da Cultura do Município, tudo isso seria mais fácil.
Vamos à luta!
Dihelson Mendonça
Calazans,
Em tudo tem que haver critério.
Para um festival, tem que haver critérios, para uma festa assim também.
Se temos espaço para 21 shows, e temos 100 aspirantes, tem que haver algum critério na seleção de quem irá participar.
Não adianta querer vir querer dar uma de democrata e forçar a barra com gente sem talento, pra bagunçar as coisas. Em tudo existem critérios de seleção. Pode até não ser por tempo, pode ser por talento, mas critério de seleção, tem que existir.
Mas há pessoas que comprovadamente já mostraram seu talento e não poderiam ficar de fora, pois tem um trabalho pronto para mostrar. Toda uma obra, e até o respeito da cidade. Por exemplo, João do Crato, Abidoral Jamacaru e Pachelly são alguns exemplos de pessoas que por exemplo, Pachelly tem mais de 300 composições excelentes, elogiadíssimo por grandes nomes da música no brasil. Eu não iria excluir o Pachelly que tem uma obra musical digna de ser vista na festa pra colocar o zé das quantas que montou no fim-de-semana uma bandinha na batateira pra tocar forró a la Mastruz com leite, entendeu ? Pois o Crato tá cheio dessas bandinhas agora....
Mas o projeto é perfeitamente realizável. Falta só a boa-vontade.
Abraços,
Dihelson Mendonça
Isac
Olá pessoal!!!
Tenho 18 anos de idade, sou músico percussionista e amante da cultura nordestina principalmente a do Cariri. Não sou natural do Crato,e sim de Juazeiro, porém gosto muito da cidade, a qual considero uns dos berços da cultura da região.
Observei atentamente as possíveis soluções, e se me permite comentar a respeito. Sou músico, integrante de uma banda de música de raiz, chamada SOl na Macambira. Conheço como ninguém a dificuldade que enfrentamos: falta de apoio, púlblico, espaço e estrutura.
Vejo a Expocrato como um portão aberto à cultura. Não só para os músicos do Crato, mas de toda a região.
E vendo da perpectiva estrutural dos shows, precisamos de estruturas adequadas: um bom som, palco, iluminação, enfim. São ferrametas farováveis à cultura. Como o nosso amigo sabiamente falou.
Sabemos disso perfeitamente. Muitas vezes o público, faz cogitações de que o grupo não "se garante ou não presta". Porém é uma questão de estrutura adequada.
Bela discursão, espero melhoras e mais apoio à cultura e aos que a resistem com ela.
Abraço
Dihelson, você é um cara que sempre admirei, acho que interpretei mal o texto. Agora sim, vamos valorizar o talento, pois o tempo é mera consequência. Abidoral Jamacaru é um expoente musical para mim, desde criança já frequentava a sua casa. Pachelly, eu ainda adolescente, saia com o disco do Ednardo em 1980, e falava esse cara que toca fauta nesse disco é meu amigo, a primeira vez que vi João do Crato no palco foi ezatamente na Exposição no final da década de setenta se não me engano com a banda Xá de Flôr, Salatiel pessoa do mais imprescionante talento, por sinal estaremos juntos no FESTIVAL DO CARIRI DA CANÇÃO, defendendo uma música minha em parceria com o mais dos mais, o poeta cratense que é o incrível Geraldo Urano, uma feliz parceria chamada Girassóis, que Salatiel estava passando aqui por Recife e o convidei para gravar essa música o ano passado. Eses Caras para mim já viraram instituição e sempre que houver eventos de grande envergadura alguns deles têm que estar presente, pois sou testemunha dos seus shows bacanas já vi todos eles no palco.
Agora o espaço também é para a renovação, e esses tenho certeza que é só chamar que antes da linha ser desligada o cara já está tocando a campainha pronto pra "guerra".
Estou a disposição, mesmo que distante, para ajudar da forma que for.
Está faltando voz ativa, para despertar os ouvidos acomodados.
Abraços.
Pessoal, acompanhem também as respostas ao mesmo tema no Blog do Crato. Há algumas coisa lá que não foram lidas aqui e vice-versa. Consegui conversar com a primeira-dama Mônica Araripe e com o cantor João do Crato. A matéria encontra-se lá.
Abraços,
Dihelson Mendonça
www.blogdocrato.com
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