TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 9 de junho de 2008


ESCÂNDALOS ESCALDADOS

Não adianta a patifaria do Rio Grande do Sul, muito menos o primitivismo dos financiamentos de campanha. Paulinho até que deu uma força, abraçando simbolicamente o Congresso Nacional, evidenciando ainda mais a bandalheira dos bancos públicos. De quê adianta Álvaro Lins brincar com máquinas cassa-níqueis, feito um garotinho corrompido pelo crime? As inúmeras quadrilhas espalhadas por esse vidão das autoridades públicas do Brasil têm tentado, têm trabalhado duro na canalhice e em todos os escalões e segmentos. Mas não adianta. Os escândalos já não são mais os mesmos.


Foi-se o tempo em que roubar um milhão dos cofres públicos dava ibope. A decepção é geral. Acho que está faltando um quê de glamour. Os cafajestes não usam mais black-tie. Não apresentam mais aquele ar de marginal burguês que tanto encantava a sociedade brasileira. As melhores filhas das melhores famílias já não se entusiasmam com um desvio qualquer de verbas. Preferem guardar suas vergonhas tão limpinhas de pêlos e tão saradinhas para outros escandalosos. Talvez a grande leva de produtos pirateados tenha infestado o segmento da esculhambação geral tupiniquim. Já não se encontram escândalos legítimos. Daqueles capazes de constranger o espírito católico de Paulo Maluf.


Depois que você vê Inocêncio, o grande mentecapto, pedir averiguação inconteste sobre qualquer falcatrua a Sérgio Moraes, presidente de um conselho de ética, que responde a inúmeros processos, é por que a coisa anda mais do que feia. Pode-se dizer que está decretada a morte oficial do escândalo. Mas isso não pode ficar impune. Alguém tem que ser responsabilizado por tamanha improbidade administrativa. O escândalo é um direito do povo. É patrimônio material e imaterial, dele vivem inúmeras famílias abastadas e inúmeras famílias à espera da abastança. Não se pode encerrar um ciclo assim de forma tão demente. Agora as prostitutas e seus latrocínios; os seqüestradores maníacos; os pedófilos antropofágicos; os assassinos em série; os travestis traficantes; os policiais corruptos; os promotores proxenetas; os juízes falsificadores; os prefeitos dedicados; os vereadores oportunistas; farão o quê da vida? Se não mais existem escândalos eficientes na terra brasilis?


Resta agora esperar as pesquisas com células-tronco, para, quem sabe, resgatar de um desses tubos de congelamento, o verdadeiro escândalo, portentoso e profissional. Enquanto a ciência não acode a sofrida população brasileira, que padece sem o seu escândalo diário ser capaz de ofertar emoções fortes, é necessário instalar imediatamente uma Comissão Parlamentar de Inquérito, para investigar de quem é a culpa.


Marcos Leonel

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