TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 11 de junho de 2008

NO CALOR DA DISCUSSÃO

No calor da discussão, é importante frisar que o valor do artista cratense não se resume a uma “deixa” no evento EXPOCRATO, e da maior importância, salientar que são dignos de uma política cultural compromissada com os seus interesses. Vão se Exposições e, ao contrário de: “Vão se os anéis e ficam se os dedos” vão se as Expocrato e não se apercebe que elas vão sem deixar sequer uma reflexão, sobre a real necessidade de um calendário voltado para todos os segmentos artísticos, algo que conspire a favor da profissionalização e subsistência do artista local, o popular e o erudito. Um artista, antes de o ser é um investidor. Investem em seus dons ou na vocação para quais nasceram e acreditam. Necessitam de matéria prima, de subsídios para a sua formação intelectual, de estrutura espacial e técnica, de apoio logístico, pois o artista nem de longe deva ser confundido como pedinte! Creio que na constituição municipal em algum artigo, exista algo assegure verbas destinadas ao fomento da produção e exibição da cultura local. Não existindo, cabe aos legisladores, pensar seriamente a respeito!

Mas nos atemos ao digladio do Artista x a Expocrato. Tem sido assim ao longo dos anos, sempre que este evento de cunho “Agropecuário” se aproxima, é um vexame, não só pela corrida contra o tempo, mas, vexame pela vergonha que é o Crato não poder apresentar ao turista ou mesmo aos que visitam os recintos do parque, aquilo que de melhor, emblemático e autêntico a cidade possui. Não sei se por falta de visão dos organizadores ou mesmo por apatia daqueles poderiam intervir, interferir em prol da valorização dos nossos expoentes. Daí porque se faz necessário uma Secretaria de Cultura atuante, forte, que seja dado ao Secretário poder de barganha e não obstante, não seja este apenas o “Secretário da cultura”, que seja antes de tudo, um Secretário de Cultura.

Faço minha, as palavras de Kaika Luiz, referindo ao tratamento do aos artistas...
“Tudo que lhes é apresentado é de baixíssima qualidade. A começar pelos sempre irrisórios cachês. Em seguida vem a parte técnica que, de uma forma lastimável, é sempre colocada com tudo o que há de pior pelo nosso Cariri.”

Só pra entender: Um show implica numa série de fatores. Demanda tempo em sua montagem, ensaios, direção, cenário, luzes, compromisso com músicos profissionais que investiram em seus instrumentos e fazem da arte o ofício! Depois vem que o próprio artista vive e sobrevive do seu talento, de seu empenho não menos profissional. Arte não é brincadeira não!

Então, ficam perguntas...

Quanto vale um show do PERFORMÁTICO, CARISMÁTICO, João do Crato? Um dos maiores intérpretes da música caririense e diga de passagem, tem um imenso orgulho de cantar as produções dos compositores locais!

Quanto vale um show do nosso MENESTREL Abidoral Jamacaru? Expressão maior da nossa aldeia, que tem levado o nome do Crato aos quatros cantos do país, cantando Dona Bárbara, a Chapada do Araripe, todo um contexto histórico e ecológico e além mais da nossa região?

Quanto vale um show do COMTEMPORRÂNEO, Luis C. Salatiel? Fazendo leituras antenadas com o universo da nova música e relendo a nossa musicalidade regional com arranjos únicos!

Um show instrumental com Dihelson Mendonça, O MAGO DOS TECLADOS, quanto vale? Ele que também não deixa por menos, levando o nome do Crato com o que há de melhor em nossa musicalidade, dividindo palcos com grandes nomes da música brasileira?

E são muitos hein, João Nicodemus, Célia Dias, Cleivan Paiva, Hugo Linard, Na Cacunda, Callazans Callou, Zé Nilton, Ibertson, João Neto e muitos que me fogem à lembrança, sem falar evidentemente na nova geração talentosíssima que vem surgindo e que a cidade precisa conhecer quem são estes, além de, um número sem igual de grupos folclóricos e artistas populares e vou mais além, o pessoal de Juazeiro do Norte, Barbalha, enfim, muita gente boa do Cariri merece um lugar à luz dos refletores!


Fotos: Pachelly Jamacaru
"Direitos reservados"

8 comentários:

Dihelson Mendonça disse...

Por força da modéstia, o nosso nobre Pachelly Jamacaru não falou sobre si próprio, logo ele que na minha opinião é o maior compositor popular do Ceará e um dos maiores do Nordeste, em quantidade e em qualidade. Quanto vale o show deste que possui mais de 400 composições e as tem gravadas por gente de todo o Brasil ? Quanto vale ? Vale muito. Tanto, que esses organizadores aí os "Donos" da coisa, de gente tão ignorante, não faz idéia dos valores culturais e artísticos que essa região possui, mas é valorizada pelos de fora, pois lá fora, temos nome, temos voz e temos vêz !

NINGUÉM É PROFETA EM SUA TERRA. ( Jesus Cristo ).

Dihelson Mendonça.

socorro moreira disse...

Concordo contigo , Dihelson !

Pachelly Jamacaru disse...

Obrigado gente!

Marcos Vinícius Leonel disse...

Pachelly você falou com clareza o que muita gente faz de conta que é besteira. Essa é a pura verdade ed você tem inteira razão, como da mesma forma Dihelson tem razão em relação ao seu trabalho e talento.

Além de tudo isso eu gostaria de comentar um aspecto que também muita gente acha besteira, que é a união da classe, mas o fato é que a nova geração dá um verdadeiro baile na gente mais calejada. O Brasil está repleto de festivais alternativos de rock, que atuam em cooperativas, com som de primeira, tecnologia de luz de primeiro mundo, mídia, exploração da internet e atrações nacionais e internacionais, e quem coordena tudo é uma garotada de 20 anos ou um pouco mais. Existe um calendário anual com esses eventos. Eles estão a anos-luz de distância das manobras culturais da província cariri.

nicodemos disse...

sim concordo...

Joaonicodemos disse...

sim

Joaonicodemos disse...

Concordo que vivemos sob o império da mediocridade... quanto + mediano, mais vendável...
Vivemos sob a ditadura do mercado... onde só o lucro fácil interessa...
É a dita cultura de massa...
Mas, tenho um pouco de sangue mineiro nas veias... e não me importo de comer o mingau quente pelas beradas... parece que me acostumei a correr por fora... estar à margem... Andei pensando em fazer um concurso...
mas estou velho pra isso!
Será que os oficiais da cultura pensam que pagamos as contas com poesia??
Antes fosse assim... eu pago as minhas com meu saxofone, meu cavaquinho, minha rabequinha e as aulas de yoga... (pense...)
Sou um sobrevivente...
e sou feliz!!! Não tenho mágoa!!!
Morei no Crato na década de 80 por um ano e meio... aprontei muita cultura... (salão de outubro, aulas de dança, e fundei a 1ª banda de rock do cariri a Pombos Urbanus). Mas fui embora...
Voltei em 2000, trabalho até hoje no cariri, fazendo apresentações, com viola, rabeca, sax, poemas, tenho um programa de rádio (o CLUBE DO CHORINHO - FM 104.9) há três anos... e a cultura oficial não me conhece, nem contrata meu trabalho ??
também tenho sangue cearense(graças a Deus)...
Tenho parentes importantes...
mas sou contra todo tipo de nepotismo... Gosto da honestidade, da lealdade, da sinceridade, e também gosto desta cidade... (mas vote!!)
Uma pessoa me disse que o Crato é uma cidade dos sonhos... ela sempre sonha que está em outro lugar...
Mas eu "gostio": Dihelson, Pachely, Salatiel, Bida, Zéflávio, Geraldo Urano, João do Crato, Blandino, Josenir e os cordelistas, Carlos Henrique, Maécio, Ulisses... e tanta gente boa que só no Crato... como disse Patativa: "eu vou ficando por aqui e que Deus do céu me ajude..."
acho que falei demais...

Grato pachely pela lembrança,
eu também su seu "fã"

Pachelly Jamacaru disse...

“muita gente acha besteira, que é a união da classe, mas o fato é que a nova geração dá um verdadeiro baile na gente mais calejada”.
“Será que os oficiais da cultura pensam que pagamos as contas com poesia”?
Marcus e Nicodemus, fazem duas colocações muito oportunas! E é isso, a matéria tem um propósito de alento para que essa nova gente nova seja mais engajada, menos orgulhos e mais resolvida a mudar conceitos e estratégias de afirmação no cenário cultural da cidade e/ou região. É rebuscando na história onde a geração da “gente mais calejada” não soube se impor, que a rapaziada nova pode chegar com moral e sem dever favores a aquilo ou aqueles que têm o papel e o dever de fomentar a cultura. Precisamos de um calendário pautado com compromisso com a classe artística, quando esta se apresentar e se fizer notar como tal.
Abraços