TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Dissolvere

Para Laura

Até agora não derramei uma lágrima.
Mas sinto aberta uma vala no meu peito.

Sei das minhas loucuras.
Do compromisso com o desconhecido.

Deixei ao relento minha alma sedenta
enquanto o corpo desfalecido pedia trégua.

Agora se refaz uma mente pacífica
em meio a destroços que adubam a coragem.

Não há necessidade do perdão
tampouco do conflito.

Aonde for levarei comigo
minhas paredes e minhas formigas.

Confesso sem medo do escuro
que a minha vida nunca tua

e que os meus olhos vivem cegos
desde os primeiros tombos no útero.

Fui um mau menino.
Um Lunático esposo.

A Poesia minha sombra.
Assusta, decerto.

Mas no dia seguinte
é a Ela que peço colo.

Até agora não derramei uma lágrima.
Mas sinto florido um jardim suspenso.

5 comentários:

Carlos Rafael Dias disse...

Poeta,

Lindo poema para a doce amada, onde o amor rima com o perdão, sempre necessário para aqueles que cometem felonia com a poesia e com a musa, quando, às vezes, elas se tornam incompatíveis.

Domingos Barroso disse...

Rafael,
você é um gentleman.

Um forte abraço,
meu camarada e meu irmão.

socorro moreira disse...

Essa liberdade
da qual não abro mão
Me depara contigo
sempre que me afasto.

Essa alma que nunca foi tua
É vadia, mas vive cega
tateando a tua ...

Lágrimas não vertidas
Ficam invertidas
no fundo do nada
Fertilizam canteiros
em qualquer das praças
Flores que alimentam
formigas ...
No canto dos meus olhos.

O perdão ,
se foi feito pra gente pedir ,
nunca aprendi ...
Leio em todas as placas do invisível...
Que o amor resiste !

Domingos Barroso disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Domingos Barroso disse...

Socorro,
querida sacerdotisa -
um beijo.