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domingo, 11 de setembro de 2022

Frankenstein e o “coiso” que promete dar um golpe de estado, (por Fábio de Oliveira Ribeiro*)

O “COISO” teve três nascimentos. O primeiro foi natural. Ele foi expulso do útero materno e chorou quando a parteira enfiou a mão na bunda dele. O segundo foi sexual. Ele se esgueirou para dentro do galinheiro e começou a foder galinhas porque nenhuma menina o considerava atraente. O terceiro nascimento do “COISO” ocorreu num Quartel do Exército brasileiro. Lá ele aprender a humilhar, a roubar e até a matar.

 

Homem dono de uma imensa disformidade invisível, o “COISO” acabou sendo expulso do Exército. Mas descobriu que no Brasil a Justiça Militar é capaz de premiar as monstruosidades criadas nos Quartéis, pois a expulsão foi convertida em aposentadoria. Premiado quando deveria ser punido, ele entrou para a política e nela encontrou um ambiente favorável à expansão de sua personalidade doentia.

 

Entre seus iguais, o “COISO” prosperou e até se transformou num modelo de sucesso. Ao contrário do monstro de Mary Shelley o “COISO” descobriu que podia ser aplaudido, reverenciado e até amado. Uma doença sempre parece indício de saúde quando o doente convive apenas com seres igualmente disformes.

 

Ao longo de algumas décadas, as idiossincrasias sexuais, morais e militares do “COISO” se tornaram mais e mais refinadas e cruéis. Frankenstein, o personagem de Mary Shelley, morreu perseguindo de maneira incansável sua criação com medo de que ele desse origem a uma nova raça de seres bestiais, mais fortes e menos sensíveis do que os homens. O “COISO” criado num Quartel não só procriou como ensinou seus filhos a se apropriarem do espaço político para transformá-lo em algo profano e insano Em 2014 a criatura hedionda do Exército brasileiro foi por ele novamente adotada.

 

Nem a mais esquisita, perturbadora e filosoficamente provocativa obra literária do século XIX seria capaz de competir com o que está ocorrendo no Brasil. O monstro de Mary Shelley é vítima e vilão. Ele não pediu para ser criado e provoca dor porque foi condenado à solidão em decorrência de sua própria condição. O ser horrendo, depravado, imoral, impudico, grotesco e indecoroso que pretende se apropriar do Estado brasileiro é fruto de suas próprias escolhas voluntárias. Se um seguidor dele mata alguém por razões políticas, o “COISO” aplaude o crime publicamente. Se alguém não quer cometer violências, ele profere discursos incentivando novas agressões como se isso não fosse crime.

 

A criatura de Frankenstein não é capaz de sentir compaixão porque sua imagem horripilante e desagradável só é capaz de provocar medo e rejeição. O “COISO” brasileiro que pretende governar o país contra a vontade da maioria dos eleitores e sem respeitar quaisquer limites constitucionais e institucionais transpira ódio, perversidade, crueldade, desonestidade e violência. Ele arma e modela milhões de seguidores assim como modelou os próprios filhos.

 

O mal que o personagem de Mary Shelley pratica é repugnante, obriga Frankenstein a agir e deve provocar a reação da sociedade. O mal que o “COISO” espalha com ajuda do Exército brasileiro é banal, programático e aplaudido. A disformidade doentia que ele espalhou editando decretos e fazendo lives para armar, fanatizar e corromper seus seguidores ficará entre nós por muito tempo. A literatura de Mary Shelley entretém e nos faz pensar. A criatura do Exército compromete as instituições, adoece a sociedade e predispõe uma parcela da população a desumanizar e a matar a outra.

 

No galinheiro, o “COISO” se transformou em inimigo da sexualidade humana. Na política, ele restaurou a credibilidade da humilhação, do roubo e do assassinato. Na presidência ele transforma o Estado em inimigo mortal da humanidade. Perto dele, o ser medonho, infeliz, agressivo e solitário criado por Frankenstein é apenas um aprendiz de bicho-papão. O “COISO” do Exército é um ogro sórdido e sorridente, um verdadeiro encantador de assassinos.

 

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*Fábio de Oliveira Ribeiro, 22/11/1964, advogado desde 1990. Inimigo do fascismo e do fundamentalismo religioso. Defensor das causas perdidas. Estudioso incansável de tudo aquilo que nos transforma em seres realmente humanos.

 

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