CaririCult
Arte, Cultura e Idéias em Movimento
TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
segunda-feira, 17 de novembro de 2025
Quebra-queixo, caldo de cana e ipê
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
A florzinha de acerola
Alexandre Lucas
Manhã, café para fazer. O Chupa-Manga visitava a varanda; pequenino, se escondia entre as folhas. A poeta das plantas colhia acerolas. Chegou orgulhosa da sua colheita: maduras, doces e vermelhas brilhantes. Foi logo fotografar, experimentou composições e provou cada fruto delicadamente.
Café da manhã pronto. Há dias atípicos, em que o relógio é esquecido, porque o único compromisso está posto à mesa e no desejo de celebrar a delicadeza. Melancia, morango, suco de acerola, uvas, café, cuscuz, ovos e queijo. Do lado esquerdo estava a poeta das plantas, comendo e dividindo conversas. Lembrava que uma hora demorou quase um dia; promessa difícil é passar pouco tempo. A gente não faz contabilidade das horas, quando vai ver: já é outro dia.
Antes do meio-dia, a poeta das flores oferta uma pequenina flor de acerola do tamanho do mundo. O mundo tem o tamanho das nossas vontades. A flor, segurada na ponta dos dedos, trazia a poesia da aurora e a pronúncia do “eu te amo”, cantada pelos lábios da poeta.
A poeta se despediu, deixando a flor de acerola florindo a casa da varanda e dois jarrinhos nos olhos, andando pelo mundo.
Escritor
terça-feira, 4 de novembro de 2025
Agricultores de Estrela
Alexandre Lucas
Vontade de pichar
os céus só para dizer o quanto sinto. Nossos manifestos de amor são escritos
sobre os olhos, arados na terra, debaixo dos lençóis, pelas manhãs com café e
cafuné, na simplicidade de lavar a louça, na rega das plantas, na oferta da
batata doce, na pimenta e no chocolate. Falta respiração; a velocidade dos
acontecimentos nos faz dançar. São versos costurados no mistério e no segredo.
Cabe o céu e a terra no poema sonhar.
Hoje fiquei na
dúvida, na verdade sem respostas. Não sabia direito o que escrever ou oferecer.
Teria um trabalho imenso para enumerar a intensidade, as trocas, o sorriso
fácil, os olhos brilhantes, a comida dividida entre o verde e a varanda.
O sanhaço se equilibrando no fio, bicando banana logo cedo. Não
saberia por onde começar, se por um chá ou pelas entregas de ofícios. Afinal,
não existe uma linha reta que borde uma poesia.
Escreveria todas as
cartas de amor de novo e te reenviaria, porque hoje é primavera. Ontem ainda
era, e amanhã talvez não possa ser. Um dia elas acabam, mas hoje quero viver, mesmo
sabendo que a liberdade e o sonho têm seus limites. É quase um ponto
final, porque nada se acaba; a vida é sempre uma reviravolta.
Pichei na epiderme
da alma, onde só nós podemos enxergar o tamanho do abrigo e o gosto do beijo
escancarado de doçura. O amor, de vez em quando, é um quartinho cheio do mundo,
que não dá vontade de sair.
Hoje poderia ser
feriado para nos embrulharmos de nós. Faria café encorpado, dividiria
morangos, uvas e as flores dos olhos, e te convidaria para construir uma torre
de sorrisos, uma fábrica de nuvens e fazer a aquisição de um
triturador de pesos, já que o mundo é pesado.
Escritor
domingo, 5 de outubro de 2025
ETANOL x METANOL: QUANDO O “M” MATA – José Nílton Mariano Saraiva
Muito embora a maioria da
população brasileira apresente sintomas evidentes de memória curta, não há como
olvidar que, durante o período pandêmico da Covid 19, essa mesma população foi
surpreendida com a séria denúncia do então Ministro da Saúde, Luiz Henrique
Mandetta, segundo a qual o então INESCRUPULOSO Presidente da República, Jair
Messias Bolsonaro, IRRESPONSAVELMENTE tencionou, sim, modificar, NA MARRA, a
bula do medicamento Cloroquina, a fim que lá fosse incluída a recomendação de
que seria apropriada para o uso contra o coronavírus (pura balela, como restou
comprovado depois).
A grotesca farsa chegou a um
nível tal de descaso para com a população, que a “MUTRETA” apresentada a “MANDETTA”
seria operacionalizada após a emissão de um DECRETO PRESIDENCIAL, sem que
sequer a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária-ANVISA fosse consultada
sobre.
A posteriori, quando da
instalação de uma CPI pra esclarecer a questão, o próprio Presidente daquela
autarquia federal, Barra Torres, confirmou ter realmente havido um movimento
nesse sentido, (provavelmente gestada no tal “GABINETE DO ÓDIO”) que de pronto foi
obstado por aquela agência, porquanto “não teria cabimento”, já que indo de
encontro a recomendações técnicas.
A reflexão acima tem muito a
ver com o delicado momento atual, no Brasil, quando empresários INESCRUPULOSOS e
BANDIDOS, possivelmente espelhando-se no seu ”MITO”, repetem o crime (que deveria
ser considerado hediondo), só que com um requinte de crueldade e sordidez
macabras: ao acrescentaram a consoante “M” a uma certa palavra, mudaram também
a substância-objeto e, assim, o ETANOL, já proibido pra consumo humano, de
repente cedeu lugar a um produto horrorosamente letal pra esse mesmo ser humano,
o METANOL. E como seu uso privilegia as bebidas destiladas, de uso preferencialmente
nos bares, bodegas e biroscas da vida, haja mortes, cegueiras e o escambau
(será que chegará aos requintados salões sociais ???)
E depois ainda reclamam quando
clamamos:
A BOLA É TUA, XANDÃO. RESOLVE
ISSO PRA GENTE, ANTES QUE SE TRANSFORME NUMA CARNIFICINA.
sábado, 13 de setembro de 2025
INTERESSES INCONFESSOS – José Nílton Mariano Saraiva
A priori: ciente que o evento
seria transmitido ao vivo e a cores por diversos canais televisivos para todo o
Mundo, o prepotente, calculista, arrogante e vaidoso ministro do Supremo
Tribunal Federal, Luiz Fux, não poderia jamais deixar de aproveitar a rara
oportunidade; assim, antecipadamente informou aos demais colegas do Supremo
Tribunal Federal, que não permitiria apartes, que não aceitaria qualquer
arguição, que não consentiria ser interrompido sob nenhuma hipótese durante sua
fala, quando lhe seria dada a oportunidade de proferir o seu voto defensivista sobre
a tentativa de Golpe de Estado, perpetrado por Jair Bolsonaro e sua quadrilha.
E aí, em nome da Democracia,
tivemos que suportar ele ditando falação em nauseantes e incríveis 14 horas de blábláblá
inconsequente, contidos em sua peça de 429 páginas (sem dúvida, um dos mais longos
discursos proferidos naquela Corte).
Se fosse algo realmente sério,
consistente e digno de ser considerado, talvez sequer percebêssemos o passar do
tempo, o esvair-se das horas, o tedioso tic-tac do relógio, o infindável e
preguiçoso monólogo.
Mas, ao contrário, indo de
encontro aos fatos e atos sobejamente conhecidos por metade do mundo e a outra banda
(as atrocidades cometidas por Bolsonaro e demais meliantes, durante os quatro
anos de (des)governo e, principalmente, quando das eleições presidenciais de
2022), Fux perdeu o senso do ridículo, enveredou por caminhos sem volta,
navegou criminosamente na contramão do bom senso e da decência, ao usar e abusar
de mentir, de tergiversar, de contrariar falas e vídeos criminosos, de
conhecimento amplo, geral de irrestrito.
Para, alfim, a pérola
brilhante e reluzente, a sagração e suprassumo da hediondez: no dizer de Fux, Jair
Messias Bolsonaro e seus quadrilheiros não tinham culpa de absolutamente nada,
não cometeram qualquer irregularidade, qualquer deslize, qualquer indecência, uma
falha sequer digna de registro. Assim, eram todos inocentes (os áudios e vídeos
sobre, não deveriam ser considerados).
A posteriori, a pergunta que
se impõe, é: que INTERESSES INCONFESSOS estariam por trás do despir-se moralmente
(de Fux), da sua decisão de sujeitar-se ao ridículo ante a contundência da
verdade, do exercitar sua porção cínica sem qualquer constrangimento, já que publicamente
???
Poderíamos entender como um
ato isolado visando uma polpuda “monetização” subjacente ??? Ou Fux, por falta
de escrúpulos, estaria simplesmente garantindo a manutenção do seu visto de
entrada para os Estados Unidos (já que o visto do Ministro Alexandre de Moraes
foi revogado exatamente em razão deste não aceitar ingerências americanas no
processo envolvendo Bolsonaro) ??? Ou, ainda: será que Fux ter-se-ia aliado ao
traidor da pátria, Eduardo “Bananinha” Bolsonaro, objetivando salvar da prisão o
chefe da Organização Criminosa que intentou contra a nossa soberania ???
quinta-feira, 21 de agosto de 2025
O que emerge não é apenas crime: é uma organização criminosa transnacional, com tentáculos em Washington e Buenos Aires, tentando dobrar a democracia brasileira.
E tem mais: Silas Malafaia, o “homem de Deus” que aconselhava pai e filho sobre como enfraquecer o STF, foi pego no Galeão com o celular apreendido. Não é milagre, é obstrução de justiça.
Há indícios robustos de coação no curso do processo, obstrução de investigação e conspiração contra o Estado democrático de direito.
Regimes autoritários não nascem do nada; eles florescem quando líderes sem escrúpulos corroem as instituições de dentro para fora.
O “capitão” guardava no celular uma minuta de asilo a Milei (presidente da Argentina) e um plano de assassinato de autoridades. Isso não é patriotismo, é traição. E agora, que venha o choro - porque a máscara caiu, e a farsa está documentada, timbrada e assinada pelo próprio.
E você, ainda vai chamar isso de perseguição política ou já entendeu que o bolsonarismo é uma ameaça existencial à democracia?
CONCLUSÃO ÓBVIA:
sexta-feira, 1 de agosto de 2025
QUEM AVISA...AMIGO É – José Nílton Mariano Saraiva
Muito embora saibamos que a tornozeleira eletrônica identifica que o seu portador é um bandido potencial, também temos convicção que ela não impede que esse mesmo bandido, de uma hora pra outra, se mande ou desapareça dos radares da justiça.
A única conclusão que se pode chegar, então, é que, com criminosos potenciais não se deve facilitar, sob pena de, mais tarde, se ficar reclamando que “fomos pegos de surpresa”, com a evasão do facínora.
A reflexão é só pra lembrar que Bolsonaro, mesmo antes de portá-la, já disse e repetiu “N” vezes que não será preso; e, no entanto, nenhuma medida preventiva foi tomada até aqui para impedi-lo.
Por qual razão, então, não o prender preventivamente porquanto o “risco de fuga” é iminente ???
A propósito, dias atrás elaboramos um texto sobre, que tomamos a iniciativa de (re)postá-lo, abaixo:
&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&
PRISÃO “PREVENTIVA” PARA O BOLSONARO, JÁ – José Nílton Mariano Saraiva
Só um cego não vê que esse disse-me-disse tratando sobre Bolsonaro não passa de jogo de cena, de enganação pura, de enrolação completa, de ganhar tempo para preparar sua fuga do país, antes que seja posta em julgamento sua possível condenação por parte da Procuradoria Geral da República.
Essa conversa mole de Trump tecendo loas a Bolsonaro, de ficar garantindo ser ele uma pessoa honesta, trabalhadora e que luta pelo seu povo, e que ele, Trump, pode até intervir num país soberano e democrático como o Brasil (pagaríamos pra ver) só nos mostra uma coisa: que os mafiosos se entendem, que bandidos da mesma linhagem são solidários em momentos de aperreio, que um tem que ajudar o outro quando encrencados.
E como os dois são comprovadamente antidemocráticos, como os dois mentem aos borbotões, como os dois foram os cabeças e incentivadores de golpes contra as próprias instituições e, consequentemente contra o povo, não se pode postergar a condenação do Bolsonaro, ou ficar nessa de divulgar que seu julgamento está sendo ultimado, que a tendência é pela condenação e tal (é dar muita bandeira, no dizer popular).
Deixar que os filhos (mentirosos, ou da mesma estirpe do pai), fiquem deitando falação sobre a possibilidade de Trump acabar com a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros caso o Supremo Tribunal Federal desista do processo e proceda uma anistia ampla, geral e irrestrita aos participantes do golpe de 08.01 é, no mínimo, uma tremenda babaquice, a fim de descaracterizar o perigo iminente (ou terrorismo puro).
A essa hora (alguém duvida ???), Bolsonaro já deve ter obtido do Trump a garantia oficiosa de que a Embaixada americana do Brasil estará à sua disposição, a qualquer hora do dia ou da noite, para uma possível estadia por lá, por tempo indeterminado, ou até conseguirem embarcá-lo às escondidas, na calada da noite.
Como o próprio Bolsonaro já disse viver imaginando que a Polícia Federal o visitará numa manhã qualquer a fim de leva-lo à cadeia, por qual razão não atende-lo agora, prendendo-o preventivamente, enquanto a sentença definitiva não sai ???
Portanto, tornozeleira eletrônica nele, complementada por detenção “provisória-preventiva” em regime fechado e monitoramento de todos os seus movimentos, é o que se impõe (nada de colher de chá).
Não nos esqueçamos da máxima proferida por aquele velho filósofo, anos atrás, mas que continua tão válida nos dias atuais:
“AOS INIMIGOS NÃO SE MANDAM FLORES, MAS, SIM, BANANAS... DE DINAMITE, PREFERENCIALMENTE DETONADAS Á DISTÂNCIA”.
domingo, 27 de julho de 2025
A título de salvar seu encalacrado líder, parlamentares bolsonaristas não se importam em tumultuar o País com ameaças de impeachment de ministro do STF e a defesa de uma inaceitável anistia.
OS “HUNOS” DO CONGRESSO (editorial do ESTADÃO, de 24.07.25)
A horda bolsonarista instalada no Congresso reagiu às medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro para gritar a quem quis ouvir: a partir de agosto, com o fim do recesso parlamentar, a prioridade dessa turma será trabalhar pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reavivar o projeto de anistia aos golpistas envolvidos no 8 de Janeiro, definidos por eles como “presos políticos”, e desengavetar um projeto de emenda constitucional que acaba com o foro especial por prerrogativa de função para crimes comuns, mantendo-o apenas para a cúpula dos Três Poderes e o vice-presidente da República – engenharia nada sutil para tirar do Supremo processos como o que está em curso contra Bolsonaro. O grupo de parlamentares, liderado pelo PL, partido do ex-presidente, também planeja organizar um discurso “unificado” e organizar atos pelo Brasil em apoio a Bolsonaro e contra as decisões do STF.
Nenhuma dessas iniciativas tem grandes chances de prosperar na Câmara e no Senado, mas esses liberticidas estão mais interessados em outra coisa. Apostam, antes de tudo, em sua capacidade de espalhar brasas onde já há fogo e levar adiante pautas que funcionam como bandeiras simbólicas para mobilizar a militância, difundir a falsa ideia de que o País está sob uma ditadura do Judiciário, servir de arma para o discurso vitimista de Bolsonaro e, sobretudo, produzir inimigos e criar um ambiente de convulsão social. Para essa tropa, como resumiu a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), só há dois inimigos a enfrentar: Lula da Silva e Alexandre de Moraes, como se culpados fossem pelas sanções impostas ao Brasil por Donald Trump.
Nada surpreendente para um grupo que representa um ideário que se fez no caos, na mentira e na distorção da realidade – e disso se alimenta. Não se deve tirar-lhes o direito de espernear e produzir factoides para satisfazer os próprios delírios, pois afinal vivemos numa democracia. Mas não nos deixemos enganar pela natureza da coisa. Assim como ocorreu com os vândalos golpistas que, entre o fim de 2022 e o início de 2023, ultrapassaram a fronteira da liberdade de expressão e de mobilização, está-se diante de mais um capítulo do longo enredo de desprezo do bolsonarismo pelas instituições.
Fiel à violência política congênita do seu principal líder, o bolsonarismo sempre se mostrou como um ideário retrógrado, personalista e antinacional, mas hoje seus sabujos só se prestam a uma causa: proteger o encalacrado padrinho.
Para tanto, vale tudo, especialmente a retórica destrutiva que afronta instituições, intimida adversários e despreza a paz social e política desejada pela maioria dos brasileiros. Pugnar pelo impeachment de ministros do STF, demonizar o Judiciário, pregar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” ou alinhar-se vexatoriamente a Trump em sua ofensiva para prejudicar o Brasil hoje equivale àquilo que, no passado recente, destinou-se a desacreditar as urnas eletrônicas, instilar dúvidas sobre o processo eleitoral e criar o clima para a ruptura.
Vale tudo, desde que seja a serviço de uma causa que nada tem a ver com as reais necessidades do País nem com o suposto vezo autoritário do STF. É tudo apenas para salvar Bolsonaro da cadeia – algo que, na sintaxe bolsonarista, equivale a salvar a democracia. Mas é pura malandragem, pois, como se sabe, o mito fundador do bolsonarismo jamais pensou em outra coisa senão nele mesmo e na sua família.
Esse método está no manual do guerrilheiro bolsonarista, que ensina a tumultuar para triunfar. Bolsonaro passou a vida destilando ódio em seus atos e falas – seja como mau militar, quando manchou a farda com sua indisciplina, seja como deputado, quando defendeu o fechamento do Congresso e o fuzilamento de adversários, seja como presidente, quando ameaçou jornalistas, desacreditou o sistema de votação e sabotou a vacina contra a covid-19 só porque foi produzida por um adversário político.
Como toda força reacionária e destrutiva, os bolsonaristas atuam como os hunos: por onde passam, nem grama nasce.”
COISA DE
MAFIOSOS (editorial do Estadão de 10.07.25)
"O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao
presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para
todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Da confusão de
exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se
que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o
ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por
causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que
administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas. Trump,
ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto,
prejudica os interesses americanos.
Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se
de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil
para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências.
Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit
comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar
a medida drástica. Ademais, Trump pretende interferir diretamente nas decisões
do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das
ameaças, não tem nenhum poder. Talvez o presidente dos EUA, que está sendo
bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana,
imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em
relação a processos judiciais.
Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as
ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações
comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos
internos do Brasil. É verdade que Trump não tem o menor respeito pelas
liturgias e rituais das relações entre Estados, mas mesmo para seus padrões a
carta endereçada ao governo brasileiro passou de todos os limites.
A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes
sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes
são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira
responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer
elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa
brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.
Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda
houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por
tabela, do bolsonarismo. Para esses movimentos, os interesses dos EUA e do
Brasil são confundidos com os interesses particulares de Trump e de Bolsonaro.
Não se trata de “América em primeiro lugar” nem de “Brasil acima de tudo”, e
sim dos caprichos e das ambições pessoais desses irresponsáveis.
Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no
Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo,
Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make
America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez
suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro.
Vestir o boné de Trump, hoje, significa alinhar-se a um
troglodita que pode causar imensos danos à economia brasileira. Caso Trump leve
adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente
americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos
afetados.
Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como
Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a
herdar seu patrimônio eleitoral. Pode até ser que Trump não leve adiante suas
ameaças, como tem feito com outros países, e que tudo não passe de encenação,
como lhe é característico, mas o caso serve para confirmar a natureza
destrutiva desses dejetos da democracia.
Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump,
de Bolsonaro e de seus associados liberticidas. E que aqueles que são
verdadeiramente brasileiros, seja qual for o partido em que militam, não se
permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha os ideais da
democracia."
quarta-feira, 23 de julho de 2025
BOLSONARO: CONVITE À FUGA – José Nílton Mariano Saraiva
Inquestionavelmente, sim, quem
usa tornozeleira eletrônica é bandido. Simples assim. E com bandidos não se deve
facilitar, principalmente quando se trata de algum de alta periculosidade, como
o é o Bolsonaro.
Por essa razão, causa espécie
que a Procuradoria Geral da República (representada pelo Sr. Paulo Gonet) e o Supremo
Tribunal Federal (na pessoa do Ministro Alexandre de Moraes), depois do
trabalho magnífico que realizaram na investigação e desbaratamento da quadrilha
que atuou em 08 de janeiro, agora arrefeçam o ânimo e, literalmente, convidem
Bolsonaro à fuga.
Sim, porque ao simplesmente o “tornozelarem”,
deixando-o livre pra circular, tramar e conspirar, durante todo o dia (só se
recolhe à noite), literalmente estão estimulando-o a empreender fuga, porquanto
a recomendação expressa de não puder se reunir em grupo jamais será obedecida,
exatamente por se tratar de uma figura de alta periculosidade.
E o próprio, demonstrando
desprezo e cinismo, fez absoluta questão de mostrar isso, ao vivo e a cores, ao
comparecer as dependências do Senado Federal e, mostrando acintosamente a
tornozeleira, diante das câmaras, deitar falação sobre a suposta injustiça de
que estaria sendo vítima.
E assim, incitando,
provocando, desafiando as autoridades constituídas, sem que nada lhe aconteça, Bolsonaro
está pavimentando a trilha que o permitirá fugir do país (isso sem se falar que
a embaixada americana deve estar de prontidão para o receber a qualquer momento,
já que previamente autorizada pelo Trump).
A propósito, convém não
olvidar que, em um evento evangélico em 28.08.21, realizado na cidade de
Governador Valadares/MG, Bolsonaro afirmou peremptoriamente que “Só saio morto,
por vontade de Deus ou morto; preso, jamais” (ipsis litteris).
Fato é que, ou o Ministro
Alexandre de Moraes decreta de pronto sua “prisão temporária” (até que a “prisão
definitiva” seja, enfim, homologada, para gáudio de milhões de brasileiros), ou
corre o sério risco de ver seu belo trabalho ir por água abaixo, decepcionando a
maioria da população brasileira (não há o que temer, o gado é “frouxo”).
PORTANTO, A HORA É AGORA.
BOLSONARO NA CADEIA, JÁ.
segunda-feira, 21 de julho de 2025
UMA “SINGELA E TERNA” HOMENAGEM AO JAIR – José Nílton Mariano Saraiva
“JOSÉ” é um dos poemas mais
emblemáticos de Carlos Drummond de Andrade, e foi publicado no livro “Poesias”,
no longínquo 1942. Nele, estão retratados o desespero, a solidão, o desamparo e
a falta de perspectivas do homem, em um tom de questionamento.
Com “pequenas e suaves”
adaptações, tem tudo a ver com o JAIR, dos dias atuais. Vejam, abaixo, como
tudo se encaixa ao substituirmos o JOSÉ por JAIR (numa singela e terna homenagem
ao próprio).
&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&&
JOSÉ (JAIR)
E agora, JAIR / A festa acabou
/ a luz apagou / o povo sumiu / a noite esfriou / e agora, JAIR/ e agora, você
?
Você que é sem nome / que
zomba dos outros / você que (NÃO) faz versos / que (NÃO) ama / E SÓ protesta /
e agora, Jair ?
Está sem mulher / está sem
discurso / está sem carinho / já não pode beber / já não pode fumar / cuspir já
não pode
A noite esfriou / o dia não
veio / o bonde não veio / o riso não veio / não veio a utopia / e tudo acabou /
e tudo fugiu / e tudo mofou / e agora, JAIR / e agora, JAIR ?
Sua (RUDE) palavra / seu
instante de febre / sua gula e jejum / suas joias roubadas / seu terno de vidro
/ sua incoerência / seu ódio / e agora ?
Com a chave na mão / quer
abrir a porta / não existe porta / quer morrer no mar / mas o mar secou / quer
ir pra Minas / Minas não há mais / JAIR, e agora ?
Se você gritasse / se você
gemesse / se você tocasse a valsa vianense / se você dormisse / se você
cansasse / se você morresse... / mas você não morre / você é duro, JAIR
Sozinho no escuro / qual bicho
do mato / sem teogonia / sem parede nua pra se encostar / sem cavalo preto /
que fuja a galope (para os “States”)
VOCE MARCHA, JAIR, JAIR PRA
PAPUDA
VOCE MARCHA, JAIR, JAIR PRA
PAPUDA.


