TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 22 de março de 2025

 BOLSONARO PRECISA APRENDER PORTUGUES – Ruy Castro


Ele e os seus serão julgados conforme a lei, o que a ditadura que admiram não permitia aos adversários

Bolsonaro precisa aprender português. Quer ser absolvido de crimes que diz não ter cometido. Como ser absolvido de algo de que não se é culpado?

Outro dia subiu a um palanque para pedir anistia para os inocentes que tocaram o terror em Brasília no 8/1 na tentativa de induzir o Exército a dar um golpe. Mas é possível anistiar inocentes?

E ele não admite que se condene a 17 anos uma doce velhinha de Bíblia na mão, saída de seu burgo na roça, apenas porque ela se deixou iludir pelas mentiras que ele próprio disseminou. Como ela poderia saber que estaria em tão más companhias quando lhe ofereceram um passeio a Brasília com tudo pago e uma aprazível temporada num camping diante de um quartel?

O general Braga Netto também deveria ver sua prisão preventiva como uma saison de merecidas férias. Afinal, não está numa cela gradeada e úmida, entre bandidos carentes e mal-intencionados. Está muito bem instalado num quarto com armário, frigobar, TV, ar-condicionado e banheiro exclusivo, no quartel da 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, em Deodoro, Zona Oeste do Rio, a 50 quilômetros de seu antigo apartamento em Copacabana.

Muito melhor do que as celas do tempo de seu chefe nos anos 1970, o general Sylvio Frota, em que os presos políticos, em vez daqueles confortos, só dispunham de pau de arara, máquina de choques, cadeira do dragão, estupros e eventual "suicídio".

Bolsonaro e seus seguidores estão convencidos de que vivemos numa ditadura comandada por Alexandre de Moraes. É refrescante saber que ele e os seus se converteram à democracia, depois de tantos anos louvando a ditadura, cujo defeito foi não ter matado tanta gente como eles gostariam.

E, convictos da parcialidade da Justiça contra eles, deveriam ficar aliviados por saber que serão julgados conforme a lei, em tribunais reconhecidos, com ampla possibilidade de defesa, mil recursos e transmissão pela TV e pela internet. Os réus da ditadura não tinham essa colher de chá.

Isso quando sobreviviam para chegar a réus.

sexta-feira, 21 de março de 2025

A POLÍCIA FEDERAL PEGOU JAIR - Celso Rocha de Barros

Bolsonaro pediu 'Me chama de corrupto!', PF chamou
Bolsonaro gostava de provocar pedindo: "Vai, me chama de corrupto!". A Polícia Federal chamou. Segundo a PF, Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vendia clandestinamente joias doadas ao Brasil e entregava o dinheiro para o ex-presidente.

Nessa movimentação de muamba, Cid teria sido ajudado por seu pai, um general do Exército brasileiro. Em uma mensagem obtida pela PF, Cid diz que seu pai estava com US$ 25 mil, originários da venda das joias, prontos para serem entregues a Bolsonaro. Cid acrescenta que seria melhor fazer a entrega em mãos, sem passar pelo sistema bancário. Se isso tudo for verdade, Jair Bolsonaro é ladrão. Ele vê um negócio que não é dele, pega pra ele, sai correndo.

Ainda segundo a Polícia Federal, Jair colocou toda a estrutura da Presidência para trabalhar para seu esquema. Por exemplo, o pai de Cid, general Mauro Lourena Cid, estava nos Estados Unidos na qualidade de chefe do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami. Um dos kits de joias roubados teria sido levado por Mauro Cid aos Estados Unidos no avião presidencial, quando Bolsonaro foi à Cúpula das Américas em junho de 2022.

Ou seja: segundo a PF, o presidente da República do Brasil aproveitou que estava indo se encontrar com Joe Biden para contrabandear joias roubadas que seriam entregues a um general brasileiro, para que ele as vendesse em Miami.

Sinceramente, a menos que o Brasil colonize Marte, não sei se tem como a gente perder a reputação de república de bananas depois dessa.

A responsabilidade jurídica me obriga a reconhecer que sempre é possível que Jair não seja ladrão. Talvez os bolsonaristas tenham descoberto uma conspiração comunista e combinado que, sempre que quisessem se referir ao complô sem despertar suspeitas, diriam "Roubamos joia vamo vendê tudo kkk". Talvez o general Lourena Cid tenha entendido errado o que queria dizer "promoção de exportações": Paulo Guedes pode tê-lo tornado um adepto tão fanático do livre-comércio que o general concluiu que o muambeiro é só a vanguarda do neoliberalismo.

E Bolsonaro, que nega tudo, já declarou que disponibilizará seus dados bancários para provar sua inocência nesse caso em que seus supostos cúmplices disseram que o dinheiro seria entregue em mãos.

Na verdade, ser ladrão nem seria o pior defeito de Jair Bolsonaro.
Seu golpismo e sua tendência a promover assassinatos em massa durante a pandemia foram incomparavelmente mais nocivos ao Brasil. No fundo, o fato de Jair ter envolvido oficiais das Forças Armadas brasileiras –incluindo um general– em roubo de joias é até pior do que a mutreta em si.

Mesmo assim, a revelação de que Jair é ladrão ajudaria a quebrar o transe em que esteve parte do público brasileiro nos últimos anos.
Quando você mostrava aos bolsonaristas os cálculos de especialistas deixando claro que pelo menos 100 mil pessoas morreram durante a pandemia porque Bolsonaro se recusou a comprar vacinas, ouvia que "pelo menos ele não é corrupto". Muita gente tolerou seu golpismo porque achava que os movimentos das instituições para se defenderem de Jair eram jogadas "do sistema" contra um presidente que não roubava.

Talvez agora esse transe acabe. 

O terno marrom (Dr. Demóstenes Ribeiro *)

                                                      (para a Dona Zaíra – minha mãe – in memoriam )

     Éramos uma família rural, sobrevivente de um tempo remoto e deslocado no mundo desde o fim da escravidão. Sem mais vassalo, nem mais senhor nem sinhazinha... Ninguém sabia fazer nada, veio a derrocada, vendeu-se a fazenda por uma ninharia e se deu a fuga prá cidade.

     Mas como sobreviver? Meu pai delirou, se desfez do sítio Pau D’Arco e comprou uma casinha na cidade. Trouxe a mulher e os filhos, mas passava o dia inteiro no baralho onde perdeu o pouco que restou. No desespero, fugiu pro Maranhão e morreu por lá. A minha mãe, coitada, mantinha as aparências com cinco filhas, um filho doente, um arruaceiro, um malandro e um ou outro agregado que vez por outra aparecia por lá.

      Nas noites de angústia, me lembrava da minha infância feliz e do rio Salgado, onde aprendi a nadar com um tronco de bananeira, e alimentava a fantasia pueril de um dia tocar bandolim.

     Mas Deus não nos desamparou por inteiro. Não sei como, um comerciante de bom coração se casou com uma das minhas irmãs, e não mais sofremos tanta necessidade.

     Certo dia ele abrigou um sobrinho adolescente e o empregou na sua loja. Humilde, mas de valor, o rapaz com o tempo passou a gerente. Eu trabalhava no caixa, nos dávamos bem e começamos a namorar. Logo estaríamos casados: o amor e as suas conveniências – teríamos onde morar e eu ajudaria a minha mãe.

     Ele se mostrou um comerciante fino, lutou como um leão e começou o seu próprio negócio. Aos domingos, levava os meninos à igreja e assistia a missa de terno e gravata: uma das minhas melhores lembranças. Nossos filhos foram saudáveis e a vida, um relativo sucesso As mulheres me invejavam e eu era muito enciumada.

     A sua loja se tornou a maior da cidade. Nos dias de feira os sertanejos a freqüentavam, mas também nos outros dias todo o mundo passava por lá. As mulheres o adoravam e os alfaiates o recomendavam.

     Um deles, o Zé Leôncio, especialista em ternos, tinha um xodó com a Chica. Morena vaidosa, sempre de saia justa, batom vermelho e lenço colorido na cabeça, como se fosse um turbante. Tornou-se exclusiva do alfaiate e causava ódio nas donas-de-casa.

      Almir, um mulato delicado e de calça muito apertada, colecionava fotonovelas - Capricho, Fascinação, Sétimo Céu -, e as emprestava à moçada. Gostava de costurar para os rapazes e de tomar as suas medidas, principalmente as do gancho.

     E o Nezinho fazia a roupa do povão. Baixinho, usava brilhantina no topete e tinha um bigode ralo. Com fita métrica sobre os ombros, caderneta no bolso e lápis na orelha, costurava de todo o jeito, fosse qualquer a eventualidade. A sua mulher, Gerolina, peituda e de bunda respeitável, vivia prá cima e prá baixo. Quase não parava em casa.

     O meu marido era assediado e não podia ver um rabo de saia. Alegre e gentil com as mulheres, vez por outra cantarolava ‘’Amada amante”. E Gerolina passava sempre na loja para comprar alguma coisa ou ver as novidades. Nezinho pouco se importava, mas eu não gostava nem um pouco do assanhamento dela.

     Num fim de tarde de um feriado, a loja quase fechada, de longe eu vi que ela entrara. Não me viram. Cheguei sem ruído e fiquei no depósito, atrás de uma pilha de colchões. Os sem-vergonhas se agarraram e o meu marido dizia: ‘’vai, meu amor, tira a roupa, não tem ninguém, não ...’’ Gerolina arfava e sussurrava, ‘’não é perigoso? Nezinho pode chegar...``  E a voz rouca do meu marido, ``não se preocupe, se aparecer a gente dá um terno pra ele...’’

     Então, quase de imediato, pela a porta entreaberta, veio a voz fina e anasalada: ‘’mas só se for marrom!’’

     Gerolina se vestiu às pressas e eu não segurei a gargalhada.


(*) Dr. Demóstenes Ribeiro é médico cardiologista, natural de Missão Velha, atuante e residente em Fortaleza-CE.

sexta-feira, 14 de março de 2025

  E eis que o tal Facebook nos prestigia, republicando uma nossa postagem de 04 anos atrás, que compartilhamos com todos.

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Suas lembranças no Facebook

Jose Nilton, nós pensamos em você e nas lembranças que compartilha aqui. Achamos que você gostaria de recordar este post de 4 anos atrás.

Jose Nilton Mariano Saraiva

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O “GARANHÃO HOLANDÊS" - José Nilton Mariano Saraiva

 

Visualmente, ele não tem nada de especial ou que chame a atenção da mulherada: barriga tipo tanquinho, óculos fundo de garrafa e um tanto quanto desengonçado devido à altura, o holandês Ed Houben de repente virou celebridade, tornou-se um verdadeiro pop star, atração por onde anda, em razão da nova e interessante profissão que adotou: potencial “reprodutor humano” (tanto que apareceu no “Fantástico”, da Globo).

 

Sem cobrar nada, mas unicamente imbuído em “prestar favor”, ele vem ajudando mulheres de todo o mundo a engravidar, naquilo que ele considera “um dever moral”.

A condição é uma só: que a “operacionalização” se dê através do método tradicional, ou seja, via prática do “ato sexual”.

 

Magnânimo, para Ed não há nenhum tipo preferencial de mulher: pode ser alta ou baixa, negra ou branca, gorda ou magra, rica ou pobre, olhos verdes ou castanhos, cabelo liso ou pixaim e por aí vai (ele "traça" todas, sem qualquer preconceito).

 

E a “coisa” parece que “pegou” de vez e de uma forma tal, porquanto o distinto garante que já engravidou mulheres na Holanda, Alemanha, Bélgica, Luxemburgo, Inglaterra, Itália, Israel, França, Áustria, Canadá e Vietnã (de tais encontros, assegura que já vieram ao mundo mais de 100 filhos).

 

Pois bem, a fama do distinto é tanta que meses atrás Ed “pintou no pedaço” (Brasil) a fim de atender pedidos de mais de 100 (cem) mulheres no eixo São Paulo-Brasília-Rio de Janeiro (e a próxima parada, já agendada, será na longínqua China, onde já foi requisitado por dezenas de mulheres).

Todo gabola e picado pela mosca azul, o cosmopolita "GARANHÃO HOLANDÊS" garante que a qualidade e a quantidade dos seus espermatozoides são acima do normal, mas que... “essa rotina é muito estressante, já que eu perco um tempão nisso” (será que tá “abusando da fruta"???).

 

E atenção para o detalhe: o único custo para as mulheres que têm interesse em “encomendar” um rebento robusto e saudável é fornecer-lhe passagem (ida e volta) e estadia em hotéis cinco estrelas. Só isso, nada mais.

 

E aí, será que Ed Houben deixou algum fruto por aqui ??? As mulheres cearenses ficaram satisfeitas ???

sábado, 8 de março de 2025

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O SUPERPODER DA CHINA

A China construiu um reator de "energia infinita" enquanto os EUA discutem sobre moinhos de vento. Sua descoberta de US$ 1,3 bilhão gera 60.000 anos de energia usando materiais que jogamos fora. O que os especialistas chamam de "a revolução energética que irá remodelar o poder mundial". 

Vamos dividir: A China descobriu um milhão de toneladas de tório no complexo de mineração de Bayan Obo, na Mongólia Interior. Este único depósito poderia abastecer a China por 60.000 anos. As implicações vão muito além do que a maioria das pessoas percebe. 

Os resíduos de mineração de suas minas de ferro contêm tório suficiente para abastecer casas americanas por mais de 1.000 anos. A China tem de 3 a 4 vezes mais tório do que as reservas mundiais de urânio. Não se trata apenas de energia, mas de poder geopolítico. E a estratégia da China revela suas verdadeiras ambições. 

Ao contrário do urânio, o tório não requer enriquecimento para uso em reatores. Isso simplifica a preparação do combustível. Reduz os riscos de proliferação. Cria uma oportunidade perfeita para independência energética. Mas aqui está o que torna a abordagem chinesa revolucionária: Eles operam um reator experimental de tório e sal fundido de 2 MW no Deserto de Gobi desde 2021. 

Seu Instituto de Xangai validou tecnologias importantes, como ligas resistentes à corrosão. Isso não é teórico, já está acontecendo. E eles estão fazendo isso a uma velocidade vertiginosa. 

Até 2029, a China planeja comissionar um reator térmico/elétrico maior, de 60 MW. Eles estão integrando a produção de hidrogênio com energia renovável. Os TMSRs operam em pressão atmosférica, eliminando riscos de explosão. Mas há uma ambição ainda maior: 

Eles estão projetando o KUN-24AP, um navio movido a energia nuclear com capacidade para 24.000 contêineres, usando tecnologia de tório. A China não está pensando apenas em usinas de energia, ela está reinventando indústrias. Entretanto, a resposta da Europa tem sido bastante diferente. 

A ênfase da UE em energia renovável após Fukushima sufocou a pesquisa sobre tório. Os experimentos franceses com designs de sal fundido da década de 1950 parecem primitivos comparados às iniciativas chinesas. Uma petição de 2023 pedia a adoção do tório, mas a UE continua sem se comprometer.

sábado, 22 de fevereiro de 2025

A TENTATIVA DE GOLPE “EM DETALHES” -  José Nílton Mariano Saraiva

Se os irracionais e sectários integrantes da gadolândia bolsonarista certamente pensavam em desacreditar a delação do ex-ajudante de ordens (popularmente conhecido por baba-ovo), Tenente-Coronel Mauro César Cid, na perspectiva de que poderia ser transcrita e divulgada de forma adulterada, o ministro Alexandre de Moraes quebrou-lhe os chifres ao divulgar, na íntegra, o vídeo/áudio da própria delação.

De princípio, o próprio Mauro César Cid assegura que está ali por vontade própria, que não foi pressionado ou induzido a falar o que não queria e, enfim, que se pronunciaria sobre o que viu e ouviu, durante meses, no decorrer na tentativa de golpe de estado patrocinada por Bolsonaro e seus generais(zinhos) de estimação.

E, muito embora seja um apaixonado pelo chefe (Bozo) ao ponto de ter na sala do seu apto um poster gigante do próprio, as revelações são demolidoras, contundentes e indesmentíveis, porquanto ele próprio um dos integrantes da quadrilha.

 

Inconformado, declara que só quem perdeu foi ele, porquanto os generais integrantes da quadrilha (todos na faixa de 65/70 anos) já estavam com a vida ganha, tanto em termos financeiro, como em termos de patente do exército), enquanto que ele, com 45 anos, teve sua vida pessoal e profissional destroçada.

E aí, é um desfilar de tramas sujas e sórdidas, entre quatro paredes, envolvendo Bolsonaro, Augusto Heleno, Braga Netto, Sérgio Cavaliere, Mário Fernandes, Anderson Torres, Marília Ferreira de Alencar, Paulo Sérgio Nogueira e todo um séquito de graduados da corporação, visando atentar contra o Estado Democrático de Direito e se manter no poder, na marra, já que derrotados pelo sufrágio universal do voto.

Como o espaço não comporta tudo que ali está contido, recomenda-se, a quem interessar possa, que tratem de ler a citada delação a fim de formarem um juízo de valor sobre o perigo que passamos.

Alfim, só uma “palhinha” sobre um dos cabeças da tentativa de golpe, o General Braga Netto:

O colaborador (Mauro César Cid) recorda-se de um vídeo em que o General Braga Netto conversa com manifestantes em frente ao Quartel do Exército e afirma para os mesmos terem esperança porque ainda não havia terminado e algo iria acontecer. Sobre esse vídeo o colaborador reafirma que tanto o então Presidente Jair Bolsonaro quanto o General Braga Netto esperavam que algo pudesse acontecer para convencer as Forças Armadas a darem o golpe e por isso incentivavam a manutenção das mobilizações em frente aos quartéis. 

domingo, 9 de fevereiro de 2025

 A “bola da vez”, no momento presente, são as imorais “emendas parlamentares”, por incrível que pareça um artifício legal, só que usado pelos mafiosos políticos brasileiros visando o próprio bolso. A respeito, meses atrás já havíamos nos manifestado sobre, nos blogs da vida, a saber:

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EMENDAS PARLAMENTARES: UMA “EXCRESCÊNCIA” - José Nilton Mariano Saraiva

Independentemente da descrença dos conhecidos profetas do caos, da sua siderúrgica e hermética insistência em semear o negativismo, difundir a discórdia e irresponsavelmente torcer e torcer muito, contra - apenas e tão somente pra ver o circo pegar fogo - o Brasil, definitivamente, marcha célere rumo à privilegiada condição de potência mundial. Evidentemente que isso não acontecerá da noite pro dia, num átimo de segundo, num piscar de olho, num simples passe de mágica ou no bizarro acionamento da varinha de condão de uma fada qualquer ou de um bondoso anjo de plantão.

Trata-se, na realidade, de um processo lento, cumulativo e sofrido (e que se acha em paulatino andamento), necessário à viabilização das mudanças estruturais que modifiquem a centenária, carcomida e solidamente enraizada cultura vigente.

Sim, porque somente através das necessárias reformas nas legislações política, social, previdenciária e tributária, dentre outras, chegaremos lá (mas, estamos caminhando pra isso, haja visto os programas de “redistribuição de renda” e “reinserção social”, como o Bolsa Família).

Objetivando facilitar o raciocínio, tomemos como analogia o esporte mais popular do país, o futebol (já que todo brasileiro é um “expert” no assunto).

Temos, então, na “linha de frente”, o poder executivo (chefiado pelo Presidente da República), onde normalmente os grandes projetos são discutidos, elaborados e encaminhados à frente; no “meio de campo”, reina absoluto o poder legislativo (Congresso Nacional, composto por inacreditáveis 513 Deputados Federais e 8l Senadores), responsável pela aprovação das leis e diretrizes que viabilizem os tais projetos encaminhados pelo executivo; enquanto isso, lá atrás, formando o “cinturão defensivo”, dando a devida sustentação, o poder judiciário (tribunais e instâncias superiores) encarregados de referendar, à luz do constitucionalmente fixado, a legalidade ou não daquilo que for proposto pelos dois outros poderes.

Pois bem, assim como qualquer time de futebol depende muito da consistência, solidez e eficiência do seu “meio de campo”, aqui a coisa também funciona da mesma forma. E aí é onde mora o pecado, é onde o perigo se acha perigosamente à espreita.

Vejamos: como é sabido, todo começo de ano o poder executivo encaminha ao poder legislativo uma peça conhecida como Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), estabelecendo as prioridades na aplicação dos vultosos recursos federais, nas mais diversas áreas.
Só que, sorrateiramente, escondida lá no meio do arrazoado e sustentada no próprio regimento do Congresso Nacional, existe uma “EXCRESCÊNCIA” conhecida como “RESERVA DE CONTINGÊNCIA”, que nada mais é que uma estapafúrdia permissão para que cada deputado federal e senador apresentem emendas individuais (popularmente conhecidas como “EMENDAS PARLAMENTARES”) à proposta orçamentária do Governo Federal. E a grana que lá rola é alta.

Basta que se diga que o montante das emendas parlamentares federais de 2020 a 2024 somou R$145,9 bilhões, segundo dados do Sistema Integrado de Planejamento e Orçamento (Siop) e do Painel de Orçamento do Senado Federal, a saber: emendas individuais R$ 78,8 bilhões; emendas de bancada, R$ 48,4 bilhões; emendas de comissão e de relator, R$ 18,7 bilhões.

Fácil detectar que aí se escancara um vasto e fértil campo propício à corrupção, ao desvirtuamento das nobres finalidades da sua aplicação.

A versão popular, difundida nas esquinas, igrejas, sodalícios, bares e botequins da vida (embora, como sói acontecer, ninguém possa provar coisa nenhuma, já que inexiste qualquer documento comprobatório), nos informa que: de um lado, como cada parlamentar utiliza as emendas parlamentares ao bel-prazer, SUPOSTAMENTE para atendimento das suas bases eleitorais, isso funcionaria como uma eficiente ferramenta de solidificação da “fidelidade” dos eleitores daquela área para com o esperto político ou, em português explícito, existiria o “amarração” do voto de agradecimento, a ser exercitado na eleição seguinte através da perpetuação do mandato (ou, se preferirem, aí teríamos a cristalização do popularmente conhecido “VOTO DE CABRESTO” dos currais eleitorais).

Na outra ponta, como o gestor municipal necessita de verbas para realizar alguma obra (que também lhe garanta sonhar com uma reeleição ou até voos mais altos, no futuro), não se importará em “RECOMPENSAR REGIAMENTE” o nobre deputado, autor da emenda, com uma “SIMPLÓRIA COMISSÃOZINHA”, variável entre 10% a 30% do valor da respectiva emenda (para tanto, um acordo tácito já terá sido firmado, por baixo dos panos, evidentemente). E como o “agrado” é dado preferencialmente em dinheiro vivo, entre quatro paredes, sem testemunhas, intermediários, microfones ou gravadores, a verba pública escorre placidamente pelo ralo da corrupção desenfreada.
Poderia até soar estranho tal comportamento, não fosse a ATIVIDADE POLÍTICA, NO BRASIL, TER-SE TRANSFORMADO NUM RENTÁVEL E POLPUDO “MEIO DE VIDA” (já há bastante tempo), capaz de alavancar ou catapultar qualquer pé-rapado à condição de milionário, da noite pro dia.

E isso é fácil de constatar, bastando para tanto atentar para o fato de as nossas casas parlamentares (estaduais e federais) estarem repletas de mafiosos profissionais das mais diversas áreas, acadêmicas ou não (advogados, palhaços de circo, economistas, médicos, engenheiros, pedagogos, ruralistas, evangélicos, empresários de alto coturno, jogadores de futebol, e o escambau), desprovidos do chamado “espírito público”, mas providos, sim, do incontido desejo de legislar em causa própria, do “SE FAZER” na vigência do mandato outorgado pelo povo (afinal, a remuneração mensal de cada um deputado ou senador certamente se situa acima, muito acima dos cem mil reais mensal, numa projeção modesta e conservadora).

Há que se levar em conta, ainda, que, além das tais emendas, há a concessão de uma rádio pra um, um canal televisivo pra outro, uma assessoria parlamentar para algum familiar, uma verba a fundo perdido ali, outra acolá, e por aí vai, além do descobrimento do famoso “caminho das pedras” (ou o saber a localização da “botija”).

E olhe que aqui não fizemos referência alguma ao malfadado e nada edificante, mas sempre eficiente “TRÁFICO DE INFLUÊNCIA”, exercitado à exaustão, principalmente entre os integrantes do chamado “ALTO CLERO” (aliás, se fosse possível uma auditagem da “evolução patrimonial” dos políticos brasileiros, fatalmente se constataria o descalabro reinante).

Em resumo, a esculhambação é tão grande e imoral por parte dos nobres parlamentares, que agora a Polícia Federal descobriu que alguns Deputados Federais do PL (partido do Bozo), resolveram que as emendas recebidas servirão não para algum benefício ao povo, mas, sim, pra pagar a agiotas empréstimos feitos pelos próprios; e com um estarrecedor adendo: pelo menos um Deputado Federal de Sergipe paga a agiotas do Maranhão,
Deveria constituir-se, pois, uma das prioridades de uma reforma política, num primeiro momento, o banimento das tais emendas parlamentares, além de, sequencialmente, um corte radical dos demais privilégios (inclusive no âmbito estadual). Mas, como fazê-la, se para tanto há que se ter a aprovação dos próprios parlamentares envolvidos ???
O desafio está posto.

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Post Scriptum:

As emendas parlamentares são de três tipos:

-emendas individuais: são impositivas (o governo é obrigado a pagar). Cada parlamentar tem um valor para indicar individualmente no Orçamento. O montante total para esse tipo, em 2024, foi de R$ 25 bilhões.
-emendas de bancadas estaduais: também são impositivas. A indicação de como serão aplicadas cabe a deputados e senadores de um mesmo estado. Neste mesmo ano (2024), o valor foi de R$ 11,3 bilhões para essas emendas.
-emendas de comissão: não impositivas. recursos indicados por colegiados temáticos no Congresso, tanto da Câmara, quanto do Senado. Após o veto do presidente Lula, esse valor ficou em R$ 11 bilhões.

quinta-feira, 6 de fevereiro de 2025

 MÃE SABE DAS COISAS

“SIM, ELE É UM IDIOTA COM ZERO GRAU DE BOM SENSO E SEM HABILIDADES SOCIAIS, MAS ELE É MEU FILHO. SÓ ESPERO QUE ELE NUNCA ENTRE NA POLÍTICA; SERIA UM DESASTRE.”

 

MARY ANNE TRUMP

(MÃE DE DONALD TRUMP)

 


DE: ROBERT DE NIRO –

SOBRE: DONALD TRUMP

 “Passei muito tempo estudando homens maus. Examinei suas características, seus gestos, a absoluta banalidade da sua crueldade. Mas há algo diferente em Donald Trump. Quando olho para ele, não vejo um homem mau. De verdade. Eu vejo um malvado.

Ao longo dos anos, conheci gangsters aqui e ali. Esse cara tenta ser um, mas não consegue. Existe algo chamado "honra entre ladrões". Sim, até os criminosos costumam ter um senso de certo e errado. Se eles fazem a coisa certa ou não é outra história, mas eles têm um código moral, por mais perverso que seja.

Donald Trump não o tem. Ele é um cara duro em potencial sem moral nem ética. Sem noção de certo e errado. Ele não tem respeito por ninguém além de si mesmo, nem pelas pessoas que deve direcionar e proteger, nem pelas pessoas com quem faz negócios, nem pelas pessoas que o seguem, cega e lealmente, nem mesmo pelas pessoas que são considerados seus “amigos”. Sente desprezo por todos eles.

Nós nova-iorquinos o conhecemos ao longo dos anos, porque ele envenenou a atmosfera e encheu a nossa cidade de monumentos ao seu ego. Sabíamos em primeira mão que era alguém que nunca deveria ser considerado para um cargo de liderança.

Tentamos avisar o mundo em 2016.

As repercussões da sua turbulenta presidência dividiram os EUA e abalaram Nova Iorque para além do imaginável. Lembre-se de como a crise nos abalou no início de 2020, quando um vírus destruiu o mundo. Vivemos com o comportamento grandiloquente de Donald Trump todos os dias no palco nacional e sofremos ao ver nossos vizinhos se amontoarem em sacos para cadáveres.

O homem que devia proteger este país colocou-o em perigo por causa da sua imprudência e impulsividade. Foi como se um pai abusivo governasse a família através do medo e da violência. Essa foi a consequência de o aviso de Nova Iorque ser ignorado. Da próxima vez, sabemos que será pior.

Não nos enganemos: Donald Trump, que foi submetido a julgamento político duas vezes e foi processado quatro vezes, continua a ser um tolo. Mas não podemos permitir que os nossos compatriotas americanos o descartem como tal. O mal prospera na sombra do escárnio desdenhoso, por isso devemos levar muito a sério o perigo que Donald Trump representa.

Então hoje lançamos outro aviso. Deste lugar onde Abraham Lincoln falou, aqui mesmo, no coração pulsante de Nova Iorque, para o resto dos Estados Unidos:

Esta é a nossa última chance. A democracia não sobreviverá ao retorno de um potencial ditador. E não vencerá o mal se estivermos divididos.

O que fazemos então sobre isso? Eu sei que estou pregando para os já convencidos. O que estamos fazendo hoje é valioso, mas temos que levar o presente para o futuro, levá-lo para fora destas paredes.

Temos que nos aproximar de metade do nosso país que ignorou os perigos de Trump e, por alguma razão, apoia a sua ascensão de volta à Casa Branca. Eles não são estúpidos e não devemos condená-los por tomarem uma decisão estúpida. Nosso futuro não depende só de nós. Depende deles.

Vamos nos aproximar dos seguidores de Trump com respeito. Não falemos de "democracia". A “democracia” pode ser o nosso Santo Graal, mas para outros é apenas uma palavra, um conceito, e na sua aceitação de Trump, eles já lhe viraram as costas.

Vamos falar do certo e errado. Vamos falar de humanidade. Vamos falar de gentileza. Segurança para o nosso mundo. Segurança para nossas famílias. Decência. Vamos deixá-los receber de volta.

Não vamos conseguir todos, mas podemos obter o suficiente para acabar com o pesadelo de Trump e cumprir a missão desta "Cimeira para deter Trump".

 

(Esta declaração segundo uma fonte foi dada em 2024, antes das eleições em um contexto de alerta e mobilização para impedir que Donald Trump regressasse à Casa Branca).

domingo, 15 de dezembro de 2024

 

FARIA LIMA: PESSIMISTA NA ECONOMIA, OTIMISTA NA MORTE DE LULA (OU “OS URUBUS DE SAPATÊNIS”)

Em exercício bizarro de urubologia, mercado tem alta com notícias de segunda cirurgia de Lula e cai quando ela ocorre bem.

 

 

“Faria Lima lança bet para apostar na morte de Lula”, manchetou o site humorístico Sensacionalista. O lançamento da bet é mentira, mas a aposta da Faria Lima na morte de Lula é uma verdade absoluta.


Depois de passar as duas últimas semanas abanando o rabinho para o ultraliberalismo de Milei, a cachorrada da Faria Lima começou a salivar com a recente complicação de saúde do presidente. 


Mesmo sabendo que os procedimentos cirúrgicos pelos quais ele passou eram de baixo risco e que em breve voltará normalmente ao expediente em Brasília, os agentes do mercado não pensaram duas vezes antes de colocar um preço na vida do presidente e passaram a especular cenários após a sua morte.


A internação de Lula para a cirurgia melhorou — e muito —  o humor do mercado financeiro. Numa tacada só, a Bolsa disparou e o dólar despencou. A Faria Lima deu início ao terrorismo eleitoral para 2026. Nas mesas de negociações de corretoras, os urubus de sapatênis apostam que Lula pode morrer ou se afastar do cargo por não ter mais condições de saúde. 


Parte do otimismo se deve à possibilidade de Geraldo Alckmin comandar o país e as negociações em torno do pacote de corte de gastos com o Congresso.”A visão é de que Alckmin faria um governo mais parecido do que o de Temer, mais assertivo na organização das contas públicas e mais preocupado em entregar o mandato com controle da dívida pública”, disse abertamente Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos. 


Como se vê, os grandes agentes financeiros não fazem a mínima questão de esconder o otimismo com um cenário futuro sem Lula. 


Não é só o mercado financeiro que sonha com Lula morto. Lembremos que o governo Bolsonaro planejou matá-lo. Se o golpe tivesse sido bem sucedido, seria um dia de grande festa na Faria Lima.


Não é à toa que, segundo pesquisa Quaest, se a eleição fosse hoje, 80% dos agentes do mercado votariam em Bolsonaro contra Lula. A pesquisa foi feita logo após a revelação da Polícia Federal de que o governo Bolsonaro tinha um plano para matar o petista. 


Ou seja, os faria limers preferem ter na presidência um golpista sanguinário que conduza a economia a reboque do mercado financeiro. E daí que Bolsonaro quis matar Lula? 


A opinião desta entidade sem cara e sem coração chamada mercado é historicamente usada como meio para chantagear governos e manipular a opinião pública. Por enquanto, a opinião da Faria Lima é quase diametralmente oposta ao da população. 


Se a eleição fosse hoje e o inelegível Bolsonaro pudesse concorrer, Lula lhe daria uma sova no segundo turno de 51% a 35%, segundo pesquisa Quaest desta semana. Como Bolsonaro está mais próximo da cadeia do que das urnas, simulou-se também a disputa de Lula com os possíveis candidatos da direita e da extrema direita. 


O petista venceria em todos os cenários. Tanto Tarcísio de Freitas quanto Pablo Marçal e Ronaldo Caiado perderiam para Lula em um segundo turno. Isso significa que, para a tristeza dos urubus de sapatênis, Lula está mais próximo da reeleição do que do caixão. 


Apesar de governar com o mercado colocando a faca em seu pescoço, Lula chega à metade do mandato com uma boa avaliação. 52% dos brasileiros aprovam o seu governo contra 47% que desaprovam. Não há grande folga nos números, mas eles seriam suficientes para garantir a reeleição em 2026. 


A pesquisa avaliou também a hipótese de Haddad disputar a eleição no lugar de Lula. Ele venceria todos os candidatos bolsonaristas em um eventual segundo turno, ainda que de maneira mais apertada. Bolsonaro, o candidato queridinho do mercado, é hoje o líder político mais rejeitado do país, com 57% dos brasileiros afirmando que não votam nele de jeito nenhum. 


É claro que ainda é muito cedo para qualquer previsão e o Brasil segue bem dividido, mas os números indicam que há uma discrepância enorme entre o que pensa a Faria Lima e o que pensa o povo.

 

Segundo a pesquisa feita com a turminha do mercado, todos os candidatos bolsonaristas venceriam Lula com folga. O inelegível venceria por 80% a 12%;  Tarcísio, por 93% a 5%; Caiado, por 91% a 7%; e Marçal, por 65% a 17%. Pela vontade da Faria Lima o golpismo venceria Lula com folga em qualquer cenário. 


Não é preciso ser de esquerda ou fã do Lula para constatar a chantagem que o mercado financeiro faz de modo permanente contra o governo. Nesta semana, o deputado da bancada ruralista Luiz Carlos Hauly, do Podemos, um antipetista histórico do Paraná, deixou os incautos confusos com uma fala em plenário na semana passada. 


Segundo ele, “dizer que o Brasil está quebrado” é “irresponsabilidade e politicagem de mau gosto contra o nosso povo. O que o mercado financeiro vem fazendo com a economia chama-se crime de lesa-pátria”. 


Hauly acusou ainda a existência de um “conluio” entre o Banco Central e o mercado financeiro: “se ele [Banco Central] é independente, não deveria ouvir a opinião do mercado financeiro e não deveria aumentar a taxa do dólar, porque não há nenhum motivo. Somos superavitários na balança comercial. Não sou governo, não defendo o governo, mas sou brasileiro patriota e defendo a economia brasileira”. 


Em entrevista à Folha, o deputado afirmou que parte da oposição tem “interesses econômicos por trás, para manipular o mercado”. “Todo dia falam que a economia vai quebrar, que está indo mal. E eu, como estudioso da matéria, sei que os dados não são estes”, arrematou o deputado. 


Não é necessário ser lulista para fazer as mesmas constatações de Hauly. Basta ser honesto com os fatos. O desemprego teve queda recorde, o pib cresceu além das expectativas, a renda do trabalhador melhorou, a pobreza diminuiu e os programas sociais foram retomados. 


O mercado aposta na morte do presidente que conquistou tudo isso, enquanto o povo, neste momento aposta na sua reeleição. 

Fonte: INTERCEPT BRASIL


sábado, 14 de dezembro de 2024

 ATÉ QUE ENFIM (UFA !!!) – José Nílton Mariano Saraiva

Até que enfim (ufa !!!) conseguimos concluir a leitura das 884 (oitocentos e oitenta e quatro páginas) do Relatório da Polícia Federal, tratando sobre a tentativa de Golpe de Estado engendrada por Jair Messias Bolsonaro e seu séquito de “generais(zinhos) de estimação”.

Minucioso e detalhista, ali se encontram todas as provas necessárias à prisão da cambada de milicos insurgentes (Jair Messias Bolsonaro, Braga Neto, Augusto Heleno, Cesar Cid, Alexandre Ramagem, Mário Fernandes e por aí vai).

Vejam abaixo alguns detalhes do Relatório: 

Página 359 de 884: Ao ler o referido documento, o General FREIRE GOMES confirmou que o conteúdo da minuta de Decreto apreendida na residência do ex-ministro da Justiça ANDERSON TORRES era o mesmo das minutas apresentadas nas reuniões no palácio da Alvorada pelo Presidente da República JAIR BOLSONARO e no ministério da Defesa, pelo General Paulo Sérgio, no dia 14/12/2022. 

Página 370 de 884 - QUE em uma das reuniões dos Comandantes das Forças com o então Presidente da República, após o segundo turno das eleições, depois de o Presidente da República, JAIR BOLSONARO, aventar a hipótese de atentar contra o regime democrático, por meio de algum instituto previsto na Constituição (GLO ou Estado de Defesa ou Estado de Sítio), o então Comandante do Exército, General FREIRE GOMES, afirmou que caso tentasse tal ato teria que prender o Presidente da República; 

PAGINA 425 DE 884 - Nesse contexto, a investigação, com base nas medidas cautelares probatórias deferidas pelo juízo, avançou em identificar que a organização criminosa planejou e executou ações clandestinas para prender/matar o ministro ALEXANDRE DE MORAES. A ação final foi realizada no dia 15 de dezembro de 2022, data em que a consumação do golpe de Estado ficou mais próxima de se concretizar. Além disso, o planejamento operacional previu o assassinato do então presidente da República eleito LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA, por envenenamento, e do vice-presidente eleito, GERALDO ALCKIMIN, com a finalidade de extinguir a chapa vencedora das eleições presidenciais de 2022. 

Página 845 de 884 - Na manhã seguinte - 07 de dezembro de 2022-, após ter realizado pessoalmente ajustes na minuta do decreto presidencial, JAIR BOLSONARO convocou os Comandantes das Forças Militares no Palácio da Alvorada para apresentar o documento e pressionar as Forças Armadas a aderirem ao plano de abolição do Estado Democrático de Direito. Os comandantes do Exército e da Aeronáutica se posicionaram contrários a aderirem a qualquer plano que impedisse a posse do governo legitimamente eleito. Já o comandante da Marinha, ALMIRANTE GARNIER, colocou-se à disposição para cumprimento das ordens. Diante da recusa dos então comandantes do Exército e da Aeronáutica em aderirem ao intento golpista, o então presidente JAIR BOLSONARO, no dia 09 de dezembro de 2022, reuniu-se com o General ESTEVAM THEÓPHILO, comandante do COTER, que aceitou executar as ações a cargo do Exército e capitanear as tropas terrestres, caso o então presidente JAIR BOLSONARO assinasse o Decreto.

PAGINA 880 DE 884 - As ações descritas no documento denominado “PUNHAL VERDE AMARELO” evidenciam que os investigados estavam dispostos a ir além da simples detenção do ministro. Os métodos que seriam empregados na ação clandestina demonstram que o resultado morte era quase inevitável e aceito pelos criminosos. Ademais, o planejamento ainda acresceu de forma direta a previsão de ações para assassinar o presidente LULA por envenenamento e o vice-presidente GERALDO ALCKMIN para extinguir a chapa vencedora.

PAGINA 881 DE 884 - No entanto, apesar de todas as pressões realizadas, o general FREIRE GOMES e a maioria do Alto Comando do Exército mantiveram a posição institucional, não aderindo ao golpe de Estado. Tal fato não gerou confiança suficiente para o grupo criminoso avançar na consumação do ato final e, por isso, o então presidente da República JAIR BOLSONARO, apesar de estar com o decreto pronto, não o assinou.

terça-feira, 26 de novembro de 2024

Noite de Núpcias - (para o Tio Dinô, in memoriam)

Dr. Demóstenes Ribeiro (*)

Sertão, oh meu eterno sertão, quanto mais a gente se afasta, mais eu estou com você. E comigo, Batista e Dasdores, lá nos anos cinquenta, lembro como se fosse hoje e eles nunca sairão de mim.

Na serra da mãozinha, eram posseiros felizes do coronel João Renato, até chegar mais uma seca trazendo sofrimento e aflição. Quando essa chegou, Dasdores se alistou numa frente de serviço e Batista foi pro Maranhão.

Órfão de pai, deixou a mãe e a irmã, e certamente ganharia dinheiro nas plantações de arroz. Venceu a malária, mas a saudade o trouxe de volta. A seca findou e ele, forte e solitário, recomeçou a vida de posseiro trabalhando como um leão.

Um dia a sua mãe faleceu e ele se tornou um solteirão convicto, vivendo pro trabalho e pra Zezinha, a irmã deficiente mental. Ela nunca aprendeu a ler nem a escrever. Passava os dias brincando com bonecas de pano, rezando e pensando no céu.

E Dasdores, também solteira, era uma mulher diferente. Sem mãe desde a infância, vivia sozinha com o pai paralítico e que morreu tempos depois. Muito alta, tinha um gênio forte e braços musculosos. Parecia pouco feminina quando montava a cavalo.

Naquela época, foi a única mulher da região a usar calça comprida e, passada a seca e sem a frente de serviço, dedicou-se com afinco à plantação de milho, mandioca e feijão. Também criava porcos e ovelhas. Tudo de meia com o coronel João Renato.

Embora morando próximos desde a infância, Dasdores e Batista eram estranhos um ao outro, a vida inteira quase não se falaram. Mas, quando veio o cultivo do algodão, percebendo interesses comuns, eles aos poucos se aproximaram. Entre julho e setembro, dividiam burros e jumentos no transporte do “ouro branco” até a usina de beneficiamento na cidade.

E assim, melhorando de vida, entre eles surgiu um ar diferente. As suas palavras tímidas agora se acompanhavam de um brilho inusitado no olhar. Aos quarenta anos usaram anel de noivado e até o padre ficou surpreso quando decidiram se casar.

Aconteceu num final de tarde de setembro e o mundo estava feliz. Foram padrinhos os casais João Renato e Jesualdo – um irmão do coronel. O noivo, de sapato novo, vestia calça de brim azul e camisa manga comprida, bem branca como o algodão. Dasdores de rosa e cetim, jamais pareceu tão mulher. E Zezinha, em chita estampada, rindo muito, trazia nas mãos um buquê de flor de algodão.

Depois de café e bolo, na noite enluarada a rural wilis do coronel os levou de volta. Na casa de reboco, estavam na parede gravuras do Coração de Jesus e de São João. Após algum tempo, todos foram dormir e apagou-se o lampião petromax.

Quase meia noite, após mil rangidos e tentativas na cama patente e no colchão de junco, Dasdores desesperou-se e falou: “ home bote na doida !” Então, detrás da porta, subitamente surgiu um vulto e ouviu-se um grito na escuridão: “em mim, não, em mim não Era Zezinha, que saiu correndo pelo terreiro afora.

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(*) Dr. Demóstenes Ribeiro é médico cardiologista, natural de Missão Velha e atualmente radicado em Fortaleza-CE