TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 27 de julho de 2025


A título de salvar seu encalacrado líder, parlamentares bolsonaristas não se importam em tumultuar o País com ameaças de impeachment de ministro do STF e a defesa de uma inaceitável anistia. 

OS “HUNOS” DO CONGRESSO    (editorial do ESTADÃO, de 24.07.25)

A horda bolsonarista instalada no Congresso reagiu às medidas cautelares impostas ao ex-presidente Jair Bolsonaro para gritar a quem quis ouvir: a partir de agosto, com o fim do recesso parlamentar, a prioridade dessa turma será trabalhar pelo impeachment do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), reavivar o projeto de anistia aos golpistas envolvidos no 8 de Janeiro, definidos por eles como “presos políticos”, e desengavetar um projeto de emenda constitucional que acaba com o foro especial por prerrogativa de função para crimes comuns, mantendo-o apenas para a cúpula dos Três Poderes e o vice-presidente da República – engenharia nada sutil para tirar do Supremo processos como o que está em curso contra Bolsonaro. O grupo de parlamentares, liderado pelo PL, partido do ex-presidente, também planeja organizar um discurso “unificado” e organizar atos pelo Brasil em apoio a Bolsonaro e contra as decisões do STF. 

Nenhuma dessas iniciativas tem grandes chances de prosperar na Câmara e no Senado, mas esses liberticidas estão mais interessados em outra coisa. Apostam, antes de tudo, em sua capacidade de espalhar brasas onde já há fogo e levar adiante pautas que funcionam como bandeiras simbólicas para mobilizar a militância, difundir a falsa ideia de que o País está sob uma ditadura do Judiciário, servir de arma para o discurso vitimista de Bolsonaro e, sobretudo, produzir inimigos e criar um ambiente de convulsão social. Para essa tropa, como resumiu a senadora Damares Alves (Republicanos-DF), só há dois inimigos a enfrentar: Lula da Silva e Alexandre de Moraes, como se culpados fossem pelas sanções impostas ao Brasil por Donald Trump. 

Nada surpreendente para um grupo que representa um ideário que se fez no caos, na mentira e na distorção da realidade – e disso se alimenta. Não se deve tirar-lhes o direito de espernear e produzir factoides para satisfazer os próprios delírios, pois afinal vivemos numa democracia. Mas não nos deixemos enganar pela natureza da coisa. Assim como ocorreu com os vândalos golpistas que, entre o fim de 2022 e o início de 2023, ultrapassaram a fronteira da liberdade de expressão e de mobilização, está-se diante de mais um capítulo do longo enredo de desprezo do bolsonarismo pelas instituições. 

Fiel à violência política congênita do seu principal líder, o bolsonarismo sempre se mostrou como um ideário retrógrado, personalista e antinacional, mas hoje seus sabujos só se prestam a uma causa: proteger o encalacrado padrinho. 

Para tanto, vale tudo, especialmente a retórica destrutiva que afronta instituições, intimida adversários e despreza a paz social e política desejada pela maioria dos brasileiros. Pugnar pelo impeachment de ministros do STF, demonizar o Judiciário, pregar uma anistia “ampla, geral e irrestrita” ou alinhar-se vexatoriamente a Trump em sua ofensiva para prejudicar o Brasil hoje equivale àquilo que, no passado recente, destinou-se a desacreditar as urnas eletrônicas, instilar dúvidas sobre o processo eleitoral e criar o clima para a ruptura. 

Vale tudo, desde que seja a serviço de uma causa que nada tem a ver com as reais necessidades do País nem com o suposto vezo autoritário do STF. É tudo apenas para salvar Bolsonaro da cadeia – algo que, na sintaxe bolsonarista, equivale a salvar a democracia. Mas é pura malandragem, pois, como se sabe, o mito fundador do bolsonarismo jamais pensou em outra coisa senão nele mesmo e na sua família. 

Esse método está no manual do guerrilheiro bolsonarista, que ensina a tumultuar para triunfar. Bolsonaro passou a vida destilando ódio em seus atos e falas – seja como mau militar, quando manchou a farda com sua indisciplina, seja como deputado, quando defendeu o fechamento do Congresso e o fuzilamento de adversários, seja como presidente, quando ameaçou jornalistas, desacreditou o sistema de votação e sabotou a vacina contra a covid-19 só porque foi produzida por um adversário político. 

Como toda força reacionária e destrutiva, os bolsonaristas atuam como os hunos: por onde passam, nem grama nasce.”

COISA DE MAFIOSOS (editorial do Estadão de 10.07.25)

"O presidente americano, Donald Trump, enviou carta ao presidente Lula da Silva para informar que pretende impor tarifa de 50% para todos os produtos brasileiros exportados para os EUA. Da confusão de exclamações, frases desconexas e argumentos esquizofrênicos na mensagem, depreende-se que Trump decidiu castigar o Brasil em razão dos processos movidos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pela tentativa de golpe de Estado e também por causa de ações do Supremo Tribunal Federal (STF) contra empresas americanas que administram redes sociais tidas pelo STF como abrigos de golpistas. Trump, ademais, alega que o Brasil tem superávit comercial com os EUA e, portanto, prejudica os interesses americanos.

Não há outra conclusão a se tirar dessa mixórdia: trata-se de coisa de mafiosos. Trump usa a ameaça de impor tarifas comerciais ao Brasil para obrigar o País a se render a suas absurdas exigências.

Antes de mais nada, os EUA têm um robusto superávit comercial com o Brasil. Ou seja, Trump mentiu descaradamente na carta para justificar a medida drástica. Ademais, Trump pretende interferir diretamente nas decisões do Judiciário brasileiro, sobre o qual o governo federal, destinatário das ameaças, não tem nenhum poder. Talvez o presidente dos EUA, que está sendo bem-sucedido no desmonte dos freios e contrapesos da república americana, imagine que no Brasil o presidente também possa fazer o que bem entende em relação a processos judiciais.

Ao exigir que o governo brasileiro atue para interromper as ações contra Jair Bolsonaro, usando para isso a ameaça de retaliações comerciais gravíssimas, Trump imiscui-se de forma ultrajante em assuntos internos do Brasil. É verdade que Trump não tem o menor respeito pelas liturgias e rituais das relações entre Estados, mas mesmo para seus padrões a carta endereçada ao governo brasileiro passou de todos os limites.

A reação inicial de Lula foi correta. Em postagem nas redes sociais, o presidente lembrou que o Brasil é um país soberano, que os Poderes são independentes e que os processos contra os golpistas são de inteira responsabilidade do Judiciário. E, também corretamente, informou que qualquer elevação de tarifa por parte dos EUA será seguida de elevação de tarifa brasileira, conforme o princípio da reciprocidade.

Esse espantoso episódio serve para demonstrar, como se ainda houvesse alguma dúvida, o caráter absolutamente daninho do trumpismo e, por tabela, do bolsonarismo. Para esses movimentos, os interesses dos EUA e do Brasil são confundidos com os interesses particulares de Trump e de Bolsonaro. Não se trata de “América em primeiro lugar” nem de “Brasil acima de tudo”, e sim dos caprichos e das ambições pessoais desses irresponsáveis.

Diante disso, é absolutamente deplorável que ainda haja no Brasil quem defenda Trump, como recentemente fez o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, que vestiu o boné do movimento de Trump, o Maga (Make America Great Again), e cumprimentou o presidente americano depois que este fez suas primeiras ameaças ao Brasil por causa do julgamento de Bolsonaro.

Vestir o boné de Trump, hoje, significa alinhar-se a um troglodita que pode causar imensos danos à economia brasileira. Caso Trump leve adiante sua ameaça, Tarcísio e outros políticos embevecidos com o presidente americano terão dificuldade para se explicar com os setores produtivos afetados.

Eis aí o mal que faz ao Brasil um irresponsável como Bolsonaro, com a ajuda de todos os que lhe dão sustentação política com vista a herdar seu patrimônio eleitoral. Pode até ser que Trump não leve adiante suas ameaças, como tem feito com outros países, e que tudo não passe de encenação, como lhe é característico, mas o caso serve para confirmar a natureza destrutiva desses dejetos da democracia.

Que o Brasil não se vergue diante dos arreganhos de Trump, de Bolsonaro e de seus associados liberticidas. E que aqueles que são verdadeiramente brasileiros, seja qual for o partido em que militam, não se permitam ser sabujos de um presidente americano que envergonha os ideais da democracia."

  

quarta-feira, 23 de julho de 2025

 BOLSONARO: CONVITE À FUGA – José Nílton Mariano Saraiva

 

Inquestionavelmente, sim, quem usa tornozeleira eletrônica é bandido. Simples assim. E com bandidos não se deve facilitar, principalmente quando se trata de algum de alta periculosidade, como o é o Bolsonaro.

Por essa razão, causa espécie que a Procuradoria Geral da República (representada pelo Sr. Paulo Gonet) e o Supremo Tribunal Federal (na pessoa do Ministro Alexandre de Moraes), depois do trabalho magnífico que realizaram na investigação e desbaratamento da quadrilha que atuou em 08 de janeiro, agora arrefeçam o ânimo e, literalmente, convidem Bolsonaro à fuga.

Sim, porque ao simplesmente o “tornozelarem”, deixando-o livre pra circular, tramar e conspirar, durante todo o dia (só se recolhe à noite), literalmente estão estimulando-o a empreender fuga, porquanto a recomendação expressa de não puder se reunir em grupo jamais será obedecida, exatamente por se tratar de uma figura de alta periculosidade.

E o próprio, demonstrando desprezo e cinismo, fez absoluta questão de mostrar isso, ao vivo e a cores, ao comparecer as dependências do Senado Federal e, mostrando acintosamente a tornozeleira, diante das câmaras, deitar falação sobre a suposta injustiça de que estaria sendo vítima.  

E assim, incitando, provocando, desafiando as autoridades constituídas, sem que nada lhe aconteça, Bolsonaro está pavimentando a trilha que o permitirá fugir do país (isso sem se falar que a embaixada americana deve estar de prontidão para o receber a qualquer momento, já que previamente autorizada pelo Trump).

A propósito, convém não olvidar que, em um evento evangélico em 28.08.21, realizado na cidade de Governador Valadares/MG, Bolsonaro afirmou peremptoriamente que “Só saio morto, por vontade de Deus ou morto; preso, jamais” (ipsis litteris).

Fato é que, ou o Ministro Alexandre de Moraes decreta de pronto sua “prisão temporária” (até que a “prisão definitiva” seja, enfim, homologada, para gáudio de milhões de brasileiros), ou corre o sério risco de ver seu belo trabalho ir por água abaixo, decepcionando a maioria da população brasileira (não há o que temer, o gado é “frouxo”).   

PORTANTO, A HORA É AGORA.

BOLSONARO NA CADEIA, JÁ.

segunda-feira, 21 de julho de 2025

UMA “SINGELA E TERNA” HOMENAGEM AO JAIR – José Nílton Mariano Saraiva

 

“JOSÉ” é um dos poemas mais emblemáticos de Carlos Drummond de Andrade, e foi publicado no livro “Poesias”, no longínquo 1942. Nele, estão retratados o desespero, a solidão, o desamparo e a falta de perspectivas do homem, em um tom de questionamento.

Com “pequenas e suaves” adaptações, tem tudo a ver com o JAIR, dos dias atuais. Vejam, abaixo, como tudo se encaixa ao substituirmos o JOSÉ por JAIR (numa singela e terna homenagem ao próprio).

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JOSÉ (JAIR)

 

E agora, JAIR / A festa acabou / a luz apagou / o povo sumiu / a noite esfriou / e agora, JAIR/ e agora, você ?

 

Você que é sem nome / que zomba dos outros / você que (NÃO) faz versos / que (NÃO) ama / E SÓ protesta / e agora, Jair ?

 

Está sem mulher / está sem discurso / está sem carinho / já não pode beber / já não pode fumar / cuspir já não pode

 

A noite esfriou / o dia não veio / o bonde não veio / o riso não veio / não veio a utopia / e tudo acabou / e tudo fugiu / e tudo mofou / e agora, JAIR / e agora, JAIR ?

 

Sua (RUDE) palavra / seu instante de febre / sua gula e jejum / suas joias roubadas / seu terno de vidro / sua incoerência / seu ódio / e agora ?

 

Com a chave na mão / quer abrir a porta / não existe porta / quer morrer no mar / mas o mar secou / quer ir pra Minas / Minas não há mais / JAIR, e agora ?

 

Se você gritasse / se você gemesse / se você tocasse a valsa vianense / se você dormisse / se você cansasse / se você morresse... / mas você não morre / você é duro, JAIR

 

Sozinho no escuro / qual bicho do mato / sem teogonia / sem parede nua pra se encostar / sem cavalo preto / que fuja a galope (para os “States”)

 

VOCE MARCHA, JAIR, JAIR PRA PAPUDA

VOCE MARCHA, JAIR, JAIR PRA PAPUDA.

domingo, 20 de julho de 2025

 A “FALHA” DA TORNEZELEIRA ELETRONICA – José Nílton Mariano Saraiva


Se analisarmos bem, a colocação de uma tornozeleira eletrônica em qualquer bandido, muito embora tenha uma finalidade nobre (barrar-lhe a ação delituosa futura) peca por um detalhe crucial: embora obrigue que o meliante se recolha das 07 horas da noite às 07 horas da manhã, deixa-o livre pra delinquir durante as 12 horas seguintes (das 07 da manhã às 07 da noite, caracterizando o famoso regime 12 x 12).

Por uma razão simplória e que a bandidagem já sabe de cór e salteado, tanto que não está nem aí: não há, no Brasil, por parte das autoridades/órgãos responsáveis, número suficiente de fiscais que detectem e acompanhem, pari-passu, os premiados com “tornozeleiras” (tantos são eles).

Quem não lembra, por exemplo, do Pedro Barusco, então Diretor da Petrobras que, flagrado em ilícitos de monta, foi obrigado a usar a tornozeleira eletrônica, o que, a priori, o denunciava como um “fora-da-lei”. E, no entanto, à época ele circulava no “point” mais famoso do Rio de Janeiro, praia de Ipanema, de bermudão e sem camisa, mostrando desafiadoramente a dita-cuja, e sorvendo tranquilamente seu “scott” favorito (whisky) sem que jamais tivesse sido importunado por alguma autoridade.

Particularmente, já tivemos como vizinho um vagabundo desses, que, não satisfeito em mostrar a “honraria” recebida, promovia, dentro de casa, bacanais concorridos, onde muitos portavam a “coisa”, inclusive a própria irmã (fizemos a denúncia, mas o máximo que conseguimos foi que o proprietário do imóvel rescindisse o contrato de locação).

O acima exposto, é só pra dizer que o íntegro, honesto e preparado Ministro Alexandre de Moraes “pisou na bola”, foi muito benevolente, muito burocrático, muito magnânimo e, diríamos com todo o respeito, até muito relapso, em simplesmente mandar Jair Bolsonaro para uma espécie de suave “prisão domiciliar”, com proibição de sair de casa das 07 da noite às 07 da manhã, tendo o resto do dia livre pra circular, já que com a tornozeleira eletrônica.

E aí, não dá pra desconfiar, devido à alta periculosidade do próprio, que, com tanto tempo livre, ele simplesmente “esqueça” a tornozeleira (lembremo-nos do déficit de fiscais, ou mesmo do descarte da própria) e então, reunido com a sua quadrilha, tendo em vista a iminente prisão, preparem um plano de fuga que teria o Paraguai como destino primeiro (ou outros países fronteiriços), via terrestre e, de lá, num jatinho particular, financiado pelo partido, os Estados Unidos, mesmo sem passaporte (ou um falsificado, já que foram capazes de falsificar até o cartão de de vacina).

Senão, após o “passarinho voar”, não caberá lembrar ou lamentar que nunca imaginariam que ele fosse capaz de.

Como, com bandido não deve haver tergiversação ou condescendência, prisão preventiva, até o julgamento, é o que se impõe.

sábado, 12 de julho de 2025

 PRISÃO “PREVENTIVA” PARA O BOLSONARO, JÁ – José Nílton Mariano Saraiva

Só um cego não vê que esse disse-me-disse tratando sobre Bolsonaro não passa de jogo de cena, de enganação pura, de enrolação completa, de ganhar tempo para preparar sua fuga do país, antes que seja posta em julgamento sua possível condenação por parte da Procuradoria Geral da República.

Essa conversa mole de Trump tecendo loas a Bolsonaro, de ficar garantindo ser ele uma pessoa honesta, trabalhadora e que luta pelo seu povo, e que ele, Trump, pode até intervir num país soberano e democrático como o Brasil (pagaríamos pra ver) só nos mostra uma coisa: que os mafiosos se entendem, que bandidos da mesma linhagem são solidários em momentos de aperreio, que um tem que ajudar o outro quando encrencados.

E como os dois são comprovadamente antidemocráticos, como os dois mentem aos borbotões, como os dois foram os cabeças e incentivadores de golpes contra as próprias instituições e, consequentemente contra o povo, não se pode postergar a condenação do Bolsonaro, ou ficar nessa de divulgar que seu julgamento está sendo ultimado, que a tendência é pela condenação e tal (é dar muita bandeira, no dizer popular).

Deixar que os filhos (mentirosos, ou da mesma estirpe do pai), fiquem deitando falação sobre a possibilidade de Trump acabar com a taxação de 50% sobre os produtos brasileiros caso o Supremo Tribunal Federal desista do processo e proceda uma anistia ampla, geral e irrestrita aos participantes do golpe de 08.01 é, no mínimo, uma tremenda babaquice, a fim de descaracterizar o perigo iminente (ou terrorismo puro).

A essa hora (alguém duvida ???), Bolsonaro já deve ter obtido do Trump a garantia oficiosa de que a Embaixada americana do Brasil estará à sua disposição, a qualquer hora do dia ou da noite, para uma possível estadia por lá, por tempo indeterminado, ou até conseguirem embarcá-lo às escondidas, na calada da noite.

Como o próprio Bolsonaro já disse viver imaginando que a Polícia Federal o visitará numa manhã qualquer a fim de leva-lo à cadeia, por qual razão não atende-lo agora, prendendo-o preventivamente, enquanto a sentença definitiva não sai ???

Portanto, tornozeleira eletrônica nele, complementada por detenção “provisória-preventiva” em regime fechado e monitoramento de todos os seus movimentos, é o que se impõe (nada de colher de chá).

Não nos esqueçamos da máxima proferida por aquele velho filósofo, anos atrás, mas que continua tão válida nos dias atuais:  

“AOS INIMIGOS NÃO SE MANDAM FLORES, MAS, BANANAS... DE DINAMITE, PREFERENCIALMENTE DETONADAS Á DISTÂNCIA”.  

sexta-feira, 11 de julho de 2025

 BRASIL – A  BOLA DA VEZ   ??? - José Nilton Mariano Saraiva

Não se constitui nenhum segredo que os Estados Unidos da América já há um certo tempo passam por sérias dificuldades no tocante a fontes energéticas, principalmente em razão da utilização desmedida do petróleo lá extraído.

 

Mas que, mesmo e apesar de, ao longo do tempo, enfrentar um corrosivo, desgastante e avassalador processo de decadência econômico-produtiva, se nos apresenta (ainda) como a maior potência do mundo em termos técnico-científico-bélico, embora a China, Rússia e Japão já “funguem” em seu cangote de forma ostensiva e ameaçadora, de um certo tempo até aqui.

 

Mas, como a “fonte” que sustenta esse suposto poderio americano - suas reservas petrolíferas - rapidamente se exaurem em função da “farra” e mau uso (seu consumo interno sempre se manteve nas alturas), sem que se lhes apresentem condições de diminuí-lo ou haja qualquer outra fonte alternativa no médio prazo, há, sim, a possibilidade iminente de um “stop” da atividade produtiva do próprio país, dentro de certa brevidade.

 

Portanto, pra que se mantenha a máquina em funcionamento, há uma imperiosa necessidade e um premente desafio de buscar, encontrar, extrair e até “ROUBAR” petróleo, onde houver petróleo abundante e em excesso (leia-se Oriente Médio, preferencialmente, dentre outros), senão o país mais poderoso do mundo inexoravelmente irá à lona, restará nocauteado.

 

Para consecução de tal mister, uma das mais eficientes armas utilizadas até aqui tem sido a distorção de informações (tal qual a utilizada pelos nazistas na Segunda Guerra Mundial), propagadas por uma mídia corrupta, amestrada e dócil, que tem papel preponderante na fixação do uso de certos métodos heterodoxos de “convencimento”, objetivando sejam atropelados ou aniquilados aqueles que se lhes postarem à frente, ou, até, os que ousem contestá-los ou confrontá-los (desde quando, por exemplo, os americanos respeitam fóruns coletivos internacionais tipo a OTAN, ONU, G-8, G-20, BRICS e tal, quando resolvem que têm de intervir mundo afora ???).

 

Assim, nada mais conveniente e apropriado (pra eles, americanos) que, hipocritamente, se autoproclamarem e tentarem difundir e manter o galardão de “XERIFES” do mundo, defensores da raça humana e dos bons costumes, protetores dos desvalidos, última reserva moral do planeta, solução para todos os males dos terráqueos e por aí vai, mesmo que a sua belicista prática diária se contraponha à teoria.

 

Necessário, para tanto, a provocação e manutenção infindável de um “conflitozinho” básico com um país periférico qualquer, mesmo que a milhares e milhares de quilômetros (contanto que abarrotado de petróleo) a fim de que, quando a coisa apertar e se tornar necessário, possam descredenciá-lo, jogá-lo às feras, pô-lo contra o resto do mundo, invadi-lo e, assim, tomar de conta das suas portentosas reservas minerais.

 

Afinal, quem não lembra do ocorrido no longínquo Iraque, anos atrás, quando os "gringos", sob o fajuto e inconsistente argumento da existência de letais armas químicas com potencial de destruir a própria humanidade, acionaram sua mortífera e poderosa força bélica com o objetivo único e exclusivo de apoderar-se do petróleo iraquiano, como realmente aconteceu (desde o começo desconfiava-se, e posteriormente se comprovou tratar-se de uma deslavada mentira o argumento das armas químicas).

 

Para tanto, na oportunidade, e sem nenhum escrúpulo, anunciaram e difundiram além mares a intenção de caçar, julgar e assassinar em tempo recorde o ditador-presidente Saddam Hussein. O que foi feito de pronto e sem maiores tergiversações (na forca e com transmissão ao vivo e a cores para todo o planeta). Uma descarada “interferência indevida” em assuntos internos de uma nação independente ???

 

Fato é que, como à época não houve maiores protestos ou reações, hoje os “xerifes” do mundo já tomaram de conta também das infindáveis jazidas petrolíferas do vizinho Irã, mesmo que para tanto tivessem que provocar mais uma carnificina num país distante; para tanto, e provocativamente, nada como assassinar covardemente (via mísseis) uma das figuras mais queridas dos iranianos, o general Qasem Soleimani, segundo nome na hierarquia daquele país, sob o argumento de que ele estaria a se preparar para assassinar americanos por todo o mundo (embora nenhuma evidência haja, sobre).

 

Fato é que, agora, que está comandado por um desqualificado e perigoso belicista de primeira hora, além de um potencial sonegador de impostos (Trump), a bola da vez é o nosso Brasil, porquanto, além de já ser um país que produz o próprio petróleo, oriundo do pre-sal, uma nova descoberta de jazidas petrolíferas superlativas (no litoral do Amapá), atrai a atenção de todo o mundo.

 

O inusitado, aqui, é que tão abjeta figura (Trump) conta com o apoio aberto, covarde e injustificável de um tosco e desequilibrado ex-presidente da república brasileiro (aquele que bate continência para a bandeira americana) que, já condenado pela Justiça brasileira por tentativa de golpe de estado, agora clama pela intervenção americana num país livre e soberano, sob o pífio argumento de irregularidades na eleição da qual saiu derrotado (na realidade, objetiva fugir da prisão iminente, sem se preocupar com o destino do país). Como tá demorando essa prisão...

 

De outra parte, nascido em berço de ouro e com o nome tomado emprestado de um personagem da Disney (Pato Donald), Donald Tramp sempre foi uma figura arrogante, prepotente e explosiva, e fez a própria fortuna atuando no suspeito ramo imobiliário americano. Foi um exímio sonegador de impostos durante anos e anos, mas sempre deu um jeito de fugir das raias da justiça.

 

Mais recentemente, ao também perder a eleição presidencial, instigou e sugeriu que seu rebanho atentasse contra o Estado Democrático de Direito e depredasse as instalações do Congresso Americano. O que foi feito, para espanto do mundo todo (e ele, que ficou de flozô, assistindo tudo de camarote, nenhuma punição sofreu).

 

Só que, ao “tomar corda” e pegar carona na barca furada de uma figura mafiosa e desprezível, que hoje o mundo todo reconhece como um golpista desqualificado (Bolsonaro) Tramp esquece que o Brasil não tem qualquer similitude com o Iraque e o Iran, e que um atentado ou tentativa de invasão contra um governo democraticamente eleito repercutirá profunda e negativamente para seu próprio país.

 

Alfim, uma simplória pergunta: se são tão valentes e protetores da humanidade, por qual razão não se metem com a China e a Rússia, que se acham assentadas e também “lambuzadas” num mar de petróleo ??? Será que o arsenais nucleares chinês e russo os assusta tanto ???

 

Ou temem um outro 11 de setembro ???

 

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Post Scriptum: 

 

Não esqueçamos que foi Bolsonaro, em 2019, que assinou o  acordo que ainda hoje permite o uso comercial da Base de Alcântara (MA) pelos Estados Unidos, durante sua visita a Washington (aliás, não há um prazo final para a retirada de lá  dos “yanques” e nenhum brasileiro pode acessá-la);

Foi também no governo Bolsonaro que se deu a abertura do setor de petróleo e gás, com a realização de leilões e a intenção de privatizar a estatal Pre-Sal Petróleo. No entanto, logo que assumiu, em 02.01.23, o Presidente Lula da Silva determinou a revogação do andamento das privatizações de oito estatais, incluindo também a própria Petrobras.

sexta-feira, 4 de julho de 2025

 CIRO GOMES, BEIJARÁ A MÃO DO BOLSONARO ??? - José Nílton Mariano Saraiva

Na perspectiva de se confirmarem as notícias veiculadas pela mídia política cearense, nos dando conta que no seio de agremiações partidárias tupiniquins às mais distintas, existiria realmente um projeto de lançar a candidatura do senhor Ciro Gomes à governança do Estado do Ceará, na eleição de 2026 (embora este tenha afirmado de público, em mais de uma oportunidade, que não mais concorreria a qualquer cargo público, em razão da rotunda reprovação do seu nome junto aos eleitores), é plausível imaginarmos que o majoritário PL (Partido Liberal) deverá comandar essa verdadeira “torre de babel”, que começa a ser erigida por essas bandas.

E como no PL a figura mais proeminente em termos de país é o Jair Bolsonaro (Valdemar Costa Neto é apenas e tão somente um presidente babaquara, simbólico), não há como negar, então, que deverá passar pelo seu crivo (do Bozo) a aprovação homologatória para que a candidatura Ciro Gomes se viabilize.

Em se concretizando tal desiderato, aí Ciro Gomes terá não só que, protocolarmente, “beijar” a mão do novo chefe, assim como deverá convida-lo para – juntos -   nos palanques da vida e, ao vivo e a cores, em nossas casas, via TV, à busca dos votos dos “desavisados” (os integrantes da “gadolândia” cearense, sozinhos, não serão suficientes para tal mister).

Fato é que será realmente uma cena histórica e inusitada (a conferir) a aparição dos dois (Ciro Gomes e Bolsonaro), sorridentes, lado a lado, desdizendo toda a adjetivação pornográfica que usaram, reciprocamente, um contra o outro (ladrão, corrupto e por aí vai), em embates recentes.

No mais, ao presidente de fato e por lei do PL, o ex presidiário Valdemar Costa Neto, restará assistir, de camarote, o histrionismo em seu mais puro esplendor.

Quem imaginaria.

quarta-feira, 2 de julho de 2025

 “MOVIDOS PELO ÓDIO E IRRACIONALIDADE” – José Nílton Mariano Saraiva

 

Depois de ter afirmado e reafirmado, de forma incisiva e  peremptória, que não mais se candidataria a nenhum cargo eletivo, em termos de Brasil, tendo em vista a acachapante, vexaminosa e humilhante votação obtida na última eleição da qual participou (para Presidente da República, em 2022, quando obteve raquíticos ou pouco mais de 3.0% dos votos, ficando atrás até da estreante Simone Tebet), eis que o falastrão-demagogo, Ciro Gomes, já admite concorrer ao Governo do Estado, no próximo ano, através de uma inédita e heterogenia parceria política que começa a se formar aqui no Ceará (na verdade, trata-se de uma miscelânea de partidos de espectros políticos tão díspares quanto inimagináveis).

 

Movidos pelo ódio visceral ao presidente Lula da Silva, o objetivo precípuo e fundamental de tão destoantes figuras, evidentemente a serem comandadas por Ciro Gomes na condição de candidato principal, é derrotar, a nível estadual seu ex amigo Camilo Santana, e a nível Federal, o atual Presidente da República.

 

Para tanto, pouco importa que um dos principais entusiastas e avalizadores da sua campanha seja o bolsonarista mor do PL no Ceará, o ultra conservador, vazio e reacionário Deputado Federal, André Fernandes, até outro dia seu maior desafeto político.

 

Tanto isso é verdadeiro que, deixando de lado qualquer escrúpulo, na chegada Ciro Gomes tratou logo de agradar à principal estrela do PL, Jair Bolsonaro, ao tomar a iniciativa de lançar e prometer apoio “full time” (em tempo integral) para o Senado Federal, o desconhecido pastor evangélico Alcides Fernandes da Silva, coincidentemente pai do André Fernandes (não esquecer que o irmão Cid Gomes está em final de mandato no Senado e com direito assegurado de tentar a reeleição: ou seja, poderemos ter o inédito confronto Cid Gomes X Ciro Gomes, através do candidato do PL indicado por este último).

 

Em termos práticos (ou trocando em miúdos), a concretização de tal cenário implicitamente significará que Ciro Gomes – quem diria – movido pelo ódio e irracionalidade, aliou-se definitivamente a Jair Messias Bolsonaro, visando derrotar Lula da Silva na corrida à Presidência da República.

terça-feira, 1 de julho de 2025

É isso mesmo: é “nós contra eles”

Edward Magro)

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 Atualizado em 1 de julho de 2025 às 12:28

Nas últimas legislaturas, a escolha do presidente da Câmara, no Brasil, não tem sido exatamente um exercício democrático. Tem sido, antes de tudo, um rodízio no comando de um negócio sujo — muito sujo — e altamente lucrativo.

Sai Arthur Lira, entra Hugo Motta. Antes deles, Eduardo Cunha. A linha de sucessão é nítida: um gângster forma o outro e passa-lhe o bastão da rapinagem. Motta foi criado em cativeiro por Cunha. Foi adestrado, moldado, lapidado para manter a engrenagem da impunidade funcionando com precisão. E funcionando muito bem, sobretudo para quem jamais pagou impostos. Nem pretende.

A sucessão gangsteriana garante a eles a sobrevida pelo exercício contínuo da impunidade. Hoje, mesmo sem cargo, Eduardo Cunha, operador do golpe de 2016, desfila livremente pelos corredores do Congresso como uma celebridade da delinquência institucional: a prova viva de que, no Brasil, para defender os endinheirados, o crime compensa.

Já foi condenado, cassado, denunciado. Mas lá está, lépido, oferecendo conselhos a quem quiser aprender como delinquir com elegância, e sair ileso. É um farol. Uma luz negra que guia os caminhos do centrão e do bolsonarismo. Pelo que consta, Lira, mesmo atolado em denúncias, continua sendo o crupiê da jogatina parlamentar.

Desde o golpe que alçou Michel Temer à presidência, o Congresso deixou de ser uma arena política para se tornar filial do sistema financeiro. A pauta é ditada por banqueiros, fundos de investimento, rentistas e, agora também, pelos donos das casas de apostas.

O voto virou ativo. O deputado, passivo. Não é metáfora: o capital financeiro investe em campanhas e, como não há almoço grátis, exige retorno. Lucro, aliás, é o que move cada vírgula aprovada sob a maravilha arquitetônica de Niemeyer.

Não por acaso, quando se discutiu a taxação dos BBB — Bancos, Bilionários e Bets — o Congresso respondeu com um “não” silenciosamente retumbante. Um “não” obediente, prestativo, quase submisso. Um “não” calado, sem explicações. Apenas “não”. E o eleitor que aguente.

Afinal, o Brasil tem um dos povos mais tributados e uma das elites mais isentas do planeta. E isso, curiosamente, não constrange nossos rentistas; mesmo num mundo em que há bilionários clamando por tributação de suas próprias fortunas.

Para garantir o resultado da votação, realizada nas altas horas da noite, enquanto o trabalhador dormia para enfrentar o dia seguinte, os jornalões e as emissoras de TV fizeram o que sempre fazem: durante uma semana inteira, manchetes e colunistas bradaram contra a “insegurança jurídica” de tributar os ricos.

A tal “punição ao mérito” foi elevada à condição de tragédia nacional. Nas redes, a milícia digital de perfis falsos contratados despejou memes ridículos sobre o “perigo comunista” de cobrar imposto de quem lucra bilhões sem dar nada em troca.

Tudo parecia alinhado para mais uma encenação do velho teatro neoliberal. Mas, desta vez, algo saiu do script. O governo — Lula, Haddad e companhia — rompeu o silêncio e foi à luta. Explicou, confrontou, desmascarou. E o caldo entornou. A opinião pública, geralmente tratada como distraída, percebeu o truque. E foi o bastante para disparar o alarme entre os donos do poder.

A reação veio pelas mãos sedosamente hidratadas de João Doria. O lobista do atraso convocou uma reunião de emergência com “empresários” — leia-se, financistas de punho rendado, especialistas em viver do suor e do sangue dos outros — para exibir apoio a Hugo Motta e animar os deputados a seguirem firmes em sua disposição de usar o Legislativo para institucionalizar, com toda a liturgia legal, o assalto ao orçamento público.

Era preciso garantir que o plano de continuidade não escorregasse na lama da opinião popular. Acalmar o mercado. Manter o Congresso na coleira. E deixar claro, para o cidadão comum, quem é que manda ali dentro.

Para mim, esse convescote apressado é, ao que tudo indica, um sinal de fraqueza. Eles sentiram o golpe. Estão frágeis. Tenho para mim que, pela primeira vez em muito tempo, o capital hesita. Pela primeira vez, os ventríloquos do poder temem que o público resolva ouvir sua própria voz.

Ontem, a mídia deu palco para Hugo Motta anunciar um rompimento com Haddad, acusando o governo de estimular o discurso do “nós contra eles”. Pois que seja! É isso mesmo. De um lado, o povo que paga impostos e mal usufrui dos serviços públicos; de outro, uma elite rapinante que se apropria da parte mais robusta do orçamento nacional.

Que bom que o governo foi direto ao ponto. Que ótimo que Motta acusou o golpe — e partiu para a chantagem aberta.

É agora. Hora de irmos às ruas. De lembrar que, desde 1889, quando a República foi proclamada para livrar a elite agrária dos impostos imperiais, os ricos deste país vivem sob um regime de exceção fiscal. O tempo passou. A lógica ficou. Até hoje, o Brasil segue sendo um dos raros lugares onde um bilionário paga, proporcionalmente, menos imposto que o camelô da esquina.

Essa escolha não é apenas econômica. É moral. Ou seguimos aceitando que o país seja governado por prepostos do capital, ou retomamos as rédeas da democracia. Hugo Motta não é novidade. É apenas o novo gerente da velha rapinagem. Mas eles não são eternos.

Eles têm o dinheiro. Nós somos o número. Se ousarmos, podemos derrotá-los. 

quinta-feira, 12 de junho de 2025

 

CRÔNICA DE UMA COVARDIA ANUNCIADA (Edward Magro)

Vi apenas um pedaço da oitiva do miliciano genocida. E bastou. Não por distração, tampouco por falta de interesse, mas por respeito aos meus "instintos mais primitivos". Há cenas que, assistidas por tempo demais, comprometem não só o fígado cívico, mas também a flora intestinal da dignidade.

 

Sofro, e não escondo, de uma dupla fragilidade pessoal que muito me limita como espectador do grotesco. A primeira, fisiológica: meu estômago não tolera vermes, sobretudo os rastejantes — essa subcategoria biológica que transita entre a baixeza e o cinismo com espantosa desenvoltura, como é o caso do meliante em "cuestão".

 

A segunda, moral: nutro amplo, geral e irrestrito desprezo por cagões. E não me refiro aqui à frágil condição humana diante do medo legítimo, mas à covardia como método — esse hábito vil de esconder-se atrás de bravatas e fanfarronices, de posar de herói no meio da brodagem enquanto, na vida real, se é apenas um frouxo.

 

Do pouco que assisti, bastou-me a cena do bravo valentão da 5ª série — outrora herói de cercadinhos patrióticos — agora entupido de calmantes, suando mais do que estagiário em entrevista de emprego. Senti pena, sim, mas não dele. Pena de um Brasil que, depois de tudo, ainda oferece crédito moral a um peidorrento dessa magnitude. Um país que tolera esse tipo de bravateiro de fralda emocional precisa urgentemente de um Bolsa-Sanidade.

 

A performance foi exemplar. No pior sentido possível, é claro. O valentão, aquele que prometia resistir à bala e desobedecer a qualquer ordem do STF, portou-se como todo fascista: covarde, mentiroso e, acima de tudo, cagão. Muito cagão. Não há aqui insulto gratuito, mas diagnóstico político. A coragem dos fascistas é sempre performática; a verdade, um risco a ser evitado; a retórica, uma cortina de fumaça produzida, em geral, pelos mesmos gases que propulsionam suas convicções intestinais.

 

E, ainda que breve tenha sido meu tempo diante da tela, vi o suficiente. Suficiente para constatar que o golpista, especialista em montar sua própria forca, lançou-se ao precipício com a corda cuidadosamente enrolada no pescoço. Sua capacidade de autoincriminação foi exuberante, para dizer o mínimo. A mesma toada foi seguida pelos outros três milicos militares e pelo milico civil, todos tão peidorrentos quanto. Cada um deles teve, como exige o devido processo legal, a chance de se defender. Poderiam, com alguma inteligência, um pouco de pudor e respeito à inteligência alheia (e à do juiz), gabaritar o tal standard probatório que os advogados tanto gostam de invocar. Preferiram mentir. Escolheram continuar arrastando uma mentira viscosa e venusiviana, cheia de fantasias exo-esotéricas, coisa de alucino-siderado. A recompensa por tanto empenho virá na forma de uma condenação robusta. E merecida. Pelo grotesco espetáculo que protagonizaram, não há como escaparem das penas máximas.

 

Do ponto de vista estético, foi um dia horroroso para a humanidade. Um desfile de olhos vermelhamente cocainados, orelhas baixas, olhares bovinos, bocas pergoteadas, vozes fracas e trêmulas por excesso de calmantes — típico de quem sempre esbravejou nos bastidores, mas, diante do juiz, se borra como colegial flagrado colando na prova. Curiosamente, porém, para a democracia, foi um dia glorioso. Não pelas respostas — que não foram dadas —, mas porque o próprio teatro-zumbi, por mais grotesco, escancarou a verdade como só o ridículo é capaz de fazer.

 

Há quem diga que o riso é uma forma de resistência. Neste caso, o riso veio acompanhado do asco. Rimos porque não queremos vomitar. Mas não há como não rir, com ironia e desprezo, de quem passou a vida vociferando força e honra para, no momento crucial, se mostrar um rato tremelicante à beira do ralo, em suma, um! peidorrento cagão.

 

O Brasil, nosso querido país de memória curta e estômago de avestruz, talvez se esqueça logo do que viu. Mas seria interessante registrar, em letras miúdas — ainda que aqui, nesse desprezível Facebook — que, naquele dia, cinco peidorrentos sentaram-se diante da nação e confirmaram, com a própria boca, aquilo que os intestinos do poder já sabiam: não há coragem possível em quem vive da mentira. E não há redenção para quem faz da covardia seu suporte existencial.

 

Sim, foi um dia de glória. E o fedor que ficou no ar é apenas o perfume tardio da justiça que se anuncia."