TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 31 de outubro de 2010

O Discurso de Dilma e o Futuro do Crato - José do Vale Pinheiro Feitosa

Soberba e contorcionismo nunca fizeram bem no comentário de resultados eleitorais. Isso posto que só existem duas possibilidades: vitória ou derrota. Os vitoriosos fazem a festa, como acontece agora mesmo em Fortaleza e os derrotados silenciam. Alguém escreveu num dos blogs da região do Cariri que o Crato estava parado neste dia. Não havia nada vibrante pelo menos no curso da votação.

Uma boa explicação é a presença de Samuel Araripe, prefeito do Crato e do PSDB. Podendo tornar evidente a campanha de Serra, como aquela festa que amoleceu o coração dos assessores da prefeitura no lançamento no Tênis Clube. Foram fotos que contarão a história deste momento tumular da cidade. Ela parece acabrunhada, nada muda, tudo é igual, é o lento sonambulismo histórico.

Alguém acordará o Crato deste sonho que não cessa? Parece que na cidade, em termos políticos, não há nada que não venha da década de 50 do século passado. A prefeitura é o altar desta grande dormência. Que apenas perderá o efeito adormecido quando o quadro político da cidade mudar. E mudar igual Zé Flávio brinca com o PTB de Nova Olinda: os partidos populares realmente se organizarem e aprenderam a lição do novo tempo.

Agora mesmo é possível que alguém tente recordar a quantidade de votos que a Dilma não teve. Óbvio que os votos em Serra para tentar emparedar os sonhos dos vitoriosos. O melhor modo é comparar os dois turnos, uma vez que esta é a verdadeira história destas eleições. Em primeiro lugar, como se tornou quase uma regra, a abstenção é maior no segundo turno: foram menos 4,5 milhões de votos.

O outro fato é que os eleitores tomaram partido, se mobilizaram mais e deixaram para lá os votos em brancos e nulos: foram menos 2,4 milhões de votos num universo que representava no primeiro turno 9,5 milhões. Portanto foi um segundo turno mais politizado e com mais opções por um dos candidatos. O candidato Serra ganhou 10,2 milhões de votos em relação ao primeiro turno, mas partiu de um patamar mais baixo quando comparado a Alckmin nas eleições de 2006. E Dilma, que já estava num nível elevado de votos, recebeu mais 8,0 milhões de votos.

Portanto os vitoriosos devem se alegrar e apostar no seu projeto de governo que foi traduzido muito bem pela candidata. A própria eleição dela, uma mulher, já é uma firme resposta do eleitorado ao discurso machista e conservador do candidato desde o primeiro turno. Quem soube interpretar o primeiro discurso da candidata há de observar uma grande coisa: os direitos essenciais da alimentação, do emprego e da renda, da moradia digna e da paz social estão no mesmo patamar do direito de opinião e expressão. Para bom entendedor está dito: a opinião e a expressão não destruirá os outros direitos.

Um dos vícios dos pais modernos é criar Mauricinhos que se derretem numa ingenuidade açucarada ou numa prepotência de Pitboy. É lavada besteira imaginar que ferir a liberdade de idéia e expressão é se contrapor a quem as tens. Aí mesmo é que se encontra a tal liberdade. O Crato só vive esta pasmaceira por que ninguém pode criticar nada que um ódio contra qualquer um se levantará uma vez se diga que exista um simples buraco de rua. Isso quem vive lendo aqui sente o tempo todo.

Então que use seu ódio, mas vou não posso esquecer o buraco. Todo mundo sabe que a base da crítica da campanha do PSDB contra Dilma nasceu naquele documento sobre direitos humanos a partir do qual criaram as questões do aborto e do casamento gay: A candidata zelará pela irrestrita liberdade de imprensa, pela mais ampla liberdade religiosa e de culto e aí o complemento necessário: pela observação criteriosa e permanente dos direitos humanos tão claramente consagrados em nossa constituição.

A outra farsa é querer elogiar a candidata agora já criando as garras com que irá se contrapor a ela. É claro que ela governará para todos. Que a oposição é uma escola de melhoria de governo, que inclusive se o Crato tiver funcionando bem deve fazer muito bem à cidade, mas não parece.

O discurso da presidenta eleita é bem diferente daquele de Lula nas suas duas eleições. O mundo passa por uma crise financeira e agora os especuladores já estão no seu devido lugar e ela qualifica muito bem isso quando diz: a retomada dos mercados de financiamento, limitando a alavancagem e a especulação desmedida, que aumentam a volatilidade dos capitais e das moedas.

Afirma a questão do uso das riquezas nacionais para o desenvolvimento dos brasileiros, mas de uma forma clara e dizendo claramente qual o método. O método da partilha que efetivamente separa capital, estado e define o destino da riqueza para o desenvolvimento das bases sociais: educação, saúde, segurança e desenvolvimento da renda dos brasileiros. Definitivamente, não alienaremos nossas riquezas para deixar ao povo só migalhas.

Ao terminar sua manifestação, a presidenta Eleita, como a consolidar as posições do seu projeto eleitoral, seja pela seu agradecimento pessoal e, principalmente pela força política nele identifica o lócus desta força e ela é Lula. Os arautos da oposição não podem jogar pedras no presidente sem atingir, simultaneamente, a presidenta eleita.

Na minha opinião o Crato mudará muito nas próximas eleições. O Ceará já mudou muito nestas. Agora o espaço político está arejado e aquela preguiça que a pessoa identificou no dia de hoje é apenas o silêncio que anuncia que daqui para frente tudo vai ser diferente. E não apenas pela vitória da candidata, mas principalmente pela derrota daqueles que controlavam o passado.

Onde você estava nestas eleições? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Sabemos que uma tática do embate político é caricaturar o adversário. Dar-lhe nomes que podem pegar como um apelido. Enfim derrotar a imagem pública dele. Nestas eleições foi usada pelos dois lados e se propagou no novo meio que é a internet.

Um meio diferente, muito mais capilar e que funciona, por vezes, como um eco que repete uma voz muitas vezes. É território pantanoso, das manifestações mais belas e do mais abjeto do obscurantismo do pensamento humano. E será até o ponto em que as próprias manifestações se tornem banais e todos saibam, de pronto, a cantiga do trololó.

Ontem pelo meio da noite recebi uma “mensagem”, que se originara de outra multiplicada e aquela fora enviada para um mealing de mil pessoas. Eu soube, pois é de um amigo jornalista. Qual o teor?

Ele como eleitor do Serra vibrava com o apoio da Marina ao candidato na última hora e trazia um link para uma página da ex-candidata. De cara estranhei, a Marina já havia anunciado sua posição, tinha se manifestado contra a campanha de Serra de envolvê-la de modo farsante. Então abri o link e estava lá uma matéria que fazia parte da enganação engenhosa e que maculou a credibilidade do meu amigo.

A página era a da Marina. Só que o link remetia para uma postagem de agosto de 2010, ainda no primeiro turno. Na essência ela dizia que não reconhecia a Dilma como eleita, que a conhecia pelos papéis que tivera no governo. Era a posição de quem disputava e acreditava na disputa, jamais iria reconhecer que a fatura já estaria pronta no primeiro turno.

Ora, imediatamente procurei a página da Marina e lá deveria encontrar o que ela dizia. Ao abrir as postagens dos últimos dias não falavam disso. Imediatamente denunciei o fato ao amigo que teve de repassar para o seu imenso mealing o desmentido.

A lição que tomei disso é que do mesmo modo que desconfio da manipulação em certos assuntos da mídia, agora mais do que nunca temos de ter o mesmo em relação ao universo da internet, de qualquer natureza: site, blogs, redes sociais e e-mails. Quantos não já receberam textos de autores famosos que não são deles, apenas alguém se achando um gênio esquecido, faz um besteirol e manda adiante com o nome do Veríssimo, do Jabor, Quitana e etc.

Aliás a maior manipulação foi de um poema de Mayakovisk que a extrema-direita inverteu, no seu acordar das sombras com a era Bush, inclusive por aqui, andou espalhando na internet. Aliás, eis uma má notícia. A extrema-direita soube se aproveitar do pântano geral da rede.

Dizem que a campanha de Serra contratou um Indiano cuja natureza dele é criar uma trama de divulgação de fatos, que envolve amigos nossos (assim como fazem os ladrões de senha) que nos repassam, que usam de táticas pervertidas de deturpação de imagens, de invencionices de fatos, dentro de uma malha ampla de manipulações.

Isso mexeu com muita a prática da oposição na atual campanha. Em São Paulo havia uma rede imensa para espalhar estes spams. O mais clássico foi que mal acabara de receber um texto indignado contra o PT e Dilma dizendo que um site petista estaria estimulando a guerra contra a igreja, a matéria já aparecia dentro de um grupo imenso de pessoas. A história envolvia eleitores do PSDB do estado como repassadores e tinha uma articulação no twitter da Soninha que é era um dos braços da campanha.

No meio da tarde o esquema tinha se desmascarado e Soninha, após ter ampliado o assunto até não mais vê, fez tipo de fui enganada pela rede. Acho que teve muita gente enganada, mas muitos foram adiante mesmo sabendo que era assunto fajuto. Tudo pela vitória, pensavam. E ainda se acham no direito de dar lições de moralidade e ética.

ALYSSON AMANCIO CIA DE DANÇA APRESENTA " BURRA..." NO CCBNB CARIRI DIA DE NOVEMBRO

ALYSSON AMANCIO CIA DE DANÇA APRESENTA "BURRA, NÃO É NADA DISSO QUE VOCÊ ESTÁ PENSANDO" DIA 04 DE NOVEMBRO ÁS 19 HORAS NO CENTRO CULTURAL BANCO DO NORDESTE CARIRI . ENTRADA FRANCA.

Consumatum est ?

Boca de urna do Ibope mostra Dilma com 57% e Serra com 43%

DE BRASÍLIA

A pesquisa de boca de urna apurada pelo Ibope neste domingo trará Dilma Rousseff à frente do tucano José Serra com folga. Segundo a Folha apurou, Dilma recebeu 57% dos votos e Serra, 43%.

No primeiro turno, o Ibope apontava indefinição do quadro. No dia 3 de outubro, a petista recebeu 51% das intenções de voto. José Serra obteve 30%. A eleição acabou indo para o segundo turno.


O resultado deve ser divulgado a partir das 19h de Brasília --quando termina a votação no Acre-- pelo instituto e pela TV Globo.

DILMA

Dilma participou na manhã deste domingo de um café da manhã em Porto Alegre com cerca de 150 líderes políticos das coligações que a apoiaram no Rio Grande do Sul. Por volta das 9h15, ela votou em uma escola, no centro da cidade.

Marlene Bergamo/Folhapress
Dilma acena após o voto, em Porto Alegre
Dilma acena após o voto, em Porto Alegre

Ao discursar para os correligionários, no hotel Plaza São Raphael, a candidata lembrou que ontem esteve em Minas, onde nasceu, e que hoje foi ao Estado onde fez sua trajetória política. "É como se eu fizesse a trajetória política da minha vida. Aqui fui recebida quando saí das prisões da ditadura".

Dilma afirmou que é um "bálsamo para a alma terminar a caminhada" entre companheiros políticos e amigos.

Ao fazer um balanço para os jornalistas, a candidata disse preferia enfatizar os "bons episódios" da campanha. Questionada se poderia chamar a oposição para seu governo, ela afirmou que pretende governar com a coligação, mas para todos os brasileiros.

"A minha coligação, que me trouxe até aqui, é a coligação com a qual vou governar. Vou governar para todos, conversarei com todos os brasileiros".

SERRA

Serra votou por volta das 11h30 deste domingo no Colégio Santa Cruz, em Pinheiros (zona oeste de São Paulo).

Segundo o tucano, o povo vota, escolhe e decide. "O que vamos fazer agora é aguardar essa decisão. Se motivação houve para essa batalha desigual, o elemento fundamental é a confiança que eu sentia nas ruas, no abraço das pessoas."

Danilo Verpa/Folhapress
Em SP, Serra acena após votar
Em SP, Serra acena após votar

Ele disse torcer para que hoje, além da "beleza da democracia", haja também a "beleza da alternância do poder".

Na saída, um manifestante, estudante de ciências sociais, mostrava um cartaz com os dizeres: "Serra, o papa é contra a camisinha no combate à Aids?"

Serra votou acompanhado de sua mulher, Mônica, e de seus companheiros de coligação: o governador eleito, Geraldo Alckmin (PSDB), o atual governador Alberto Goldman (PSDB), o prefeito da Capital, Gilberto Kassab (DEM), e o senador eleito por São Paulo Aloysio Nunes (PSDB).

Depois de confirmar seu voto, ele posou para fotos acompanhado dos netos --Antonio e Gabriela--, fazendo com as mãos o gesto que simboliza a vitória.

No primeiro turno, o candidato votou no começo da tarde e estava acompanhado de seu vice, Indio da Costa (DEM-RJ).

De que Serve a Bondade




1

De que serve a bondade
Quando os bondosos são logo abatidos,
ou são abatidos
Aqueles para quem foram bondosos?

De que serve a liberdade
Quando os livres têm que viver entre os não-livres?

De que serve a razão

Quando só a sem-razão arranja a comida de que cada um precisa?

2

Em vez de serdes só bondosos, esforçai-vos
Por criar uma situação que torne possível a bondade, e melhor;
A faça supérflua!

Em vez de serdes só livres, esforçai-vos
Por criar uma situação que a todos liberte
E também o amor da liberdade

Faça supérfluo!


Em vez de serdes só razoáveis, esforçai-vos
Por criar uma situação que faça da sem-razão dos indivíduos
Um mau negócio!



Bertold Brecht, in 'Lendas, Parábolas, Crónicas, Sátiras e outros Poemas' Tradução de Paulo Quintela

sábado, 30 de outubro de 2010

Últimas pesquisas

As 4 últimas pesquisas dão vitória para Dilma ( 30 de outubro de 2010 às 19:58h)

Ibope, Datafolha, Vox Populi e Sensus anunciam últimas pesquisas, diferença pró-Dilma oscila entre 10 e 14 pontos
O instituto Datafolha divulgou na noite deste sábado 30 sua última pesquisa eleitoral. Ela aponta vitória de Dilma Rousseff com 55% dos votos válidos, ante 45% de José Serra.
Para o Ibope, Dilma tem 56% e Serra 44%.
O Vox Populi mostra uma diferença maior, com 57% para Dilma e 43% para Serra.
A CNT/Sensus, divulgada no início da tarde, a petista registra 57,2% contra 42,8% do tucano.
Neste dia 31 de outubro, os primeiros dados das apurações devem começar a ser divulgados a partir das 19 horas e o resultado final das eleições presidenciais deve sair antes das 22 horas.


Ontem encontrei Edilma em plena atividade com Ernesto e Ricardo (seus irmãos) e mais outros componentes do grupo de organização do IV SALÃO DE OUTUBRO

Os trabalhos expostos foram analisados e julgados pela comissão composta por Divani, Noemita, Pachelly ,Tarcísio Pierre .

Edilma parecia um dínamo. Apesar de cansada pelo empenho e pela trabalheira de dias seguidos, manteve tudo muito organizado e impecável.

Vale a pena ver a Mostra hoje, dia 30, às 20 na
GALERIA DA REFFESA - CENTRO CULTURAL ARARIPE

***
CONFIRAM E VISITEM ESSE GRANDE EVENTO

Comissão (parcial)
Tela de Edilma (Metamorfose)
(Já apreciada por dois visitantes curiosos)
Esculturas...
(E um sorriso amarelo esculpido no rosto do visitante anônimo)
Homenagens

Para ver as obras dos artistas concorrentes apareçam e deleitem-se!


Claude Bloc


colagem de amigos do facebook

Macaco Simão


"E eu tenho uma pergunta pro papa Sebento XVI : "Eu não sou batizado, posso Votar?" De tanto falar em Aborto, esta campanha foi um PARTO! Parto para a ignorância! Falaram tanto em religião mas esqueceram de falar em PADREFOLIA: coroa que come coroinha. A Sacranagem! "


José Simão
Jornal do Commercio
30/10/10

O Senhor e o Solado de Sapato - José do Vale Pinheiro Feitosa

Tudo neste mundo se diferencia. Eis que o nosso panorama seja tão rico.

Um senhor, dado a chistes, querendo um cruzado no adversário, já foi presidente da república do Brasil e diz que mudou a história do país. Não mudou no essencial, mas o grande enredo do papel do Estado Nacional e dos mais pobres.

Ao final do seu mandato as famílias ricas estavam mais bilionárias e os pobres uma pobreza que nem imaginavam. Este senhor quebrou o país algumas vezes e recebeu alguns cheques do amigo do Norte para descontar na praça. E se foi e os avalistas, os brasileiros, pagaram a conta.

O solado do sapato desse senhor se fricciona ao solo que pisa. Acostumou-se aos tapetes macios, aos passos silenciosos, como um anjo flutuando nas nuvens. Ontem se arrastou no piso de um hotel de luxo, carregando o senhor para uma palestra a investidores estrangeiros antecipando a fatura que o seu candidato entregará.

É solado bem conservado. Apenas tem de se atritar ao solo algumas horas do dia. Antigamente eram mais do que 14 horas das 24 que os pés do senhor tinham. Hoje se esqueceram do senhor, a aventura dos ávidos por poder se encontra em penumbra. O solado adormece no sapateiro como um gato de madame.

Mas o candidato do senhor se desmaterializou do original. Gira como biruta em vendaval. E chamaram o senhor para uma caminhada no áspero das ruas. No solo que mendigos adormecem, ali onde o crack é fumado. Tem nomes de causar suspiros aos brasileiros: viaduto do Chá, Vale do Anhaganbaú. E o senhor a salvar o mundo com os passos no indesejado espinho em que se arranham os pobres.

E o solado é o espelho do dono. Nem bem alguns cumprimentos dos políticos acima do chão. Passos no sofrimento do piso irregular. Dos buracos da prefeitura, das poças de águas impermeáveis do solo, no cocô dos cães, no lodo do mijo dos mendigos. O solado desempenhava o papel pior a que seu senhor se sujeitara.

E se foi. O solado não suportou a dor da humilhação. Separou-se do sapato e se fingiu de morto numa quina de paralelepípedo. O senhor horrorizado com aquele fujão das horas amargas, também se foi. Havia um motivo superior, não ajudaria a vitória se aparecesse na televisão mancando pela diferença de nível.

E se despediu com seu modo de repetir as frases em sinal de “touché” aos que lhe incomodam: já ganhou! Já ganhou! Já ganhou! Já! Já!

E apascentou-se do calor e das ruas fétidas no ar condicionado da sua carruagem macia.

todas as coisas são comuns.
os bens não existem para ser adquiridos só pelos ricos.
não é justo que quem possua tudo em abundância,
tudo deva desfrutar.
DEUS deixou-nos a liberdade de gozar os bens da terra,
porém só na medida das nossas necessidades,
e ordenou que desfrutássemos em comum.
(SÃO clemente de alexandria)

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Carta Pedindo Excomunhão - Maíra Kubík Mano

Pedido de excomunhão

Prezada autoridade papal,

Eu, Maíra Kubík Mano, cidadã brasileira, 28 anos, venho, por meio desta, solicitar à Igreja Católica Apostólica Romana minha excomunhão.

Fui batizada involuntariamente, quando tinha poucos meses de vida, pelos meus pais. Eles nada mais fizeram do que seguir a tradição de seus antepassados e não pretendo nem vou responsabilizá-los por isso.

Contudo, aos 9 anos, fui de livre e espontânea vontade tomar a comunhão (Eucaristia). Fiz o curso necessário para tanto na Igreja Nossa Senhora do Brasil, em São Paulo, SP, Brasil. Durante nove meses, aprendi os preceitos católicos e estudei passagens bíblicas. Em seguida, participei da cerimônia em que recebi, pela primeira vez, a hóstia, ou o corpo de Cristo.

Leia também:
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Desde então, fui à missa poucas vezes e, com o passar do tempo, identifiquei-me cada vez menos com a doutrina católica. Ou, melhor dizendo, com aquela pregada diretamente pelo Vaticano.

É preciso aqui fazer uns parênteses para afirmar que tenho, isso sim, laços fortes com a chamada Teologia da Libertação, que inundou de solidariedade e compromissos sociais os rincões do Brasil na segunda metade do século XX. Mas com esse grupo, imagino, você não está preocupado. Conseguiu isolá-lo, desautorizá-lo, diminuí-lo. Porém, quero registrar aqui que não foi possível enterrá-lo. O exemplo de sua força segue vivo com D. Pedro Casaldáliga, Dom Tomás Balduíno e tantos outros.

De qualquer forma, cheguei à conclusão de que tenho um desacordo absoluto e completo com Sua Santidade, sem possibilidade de repactuação. Entre os pontos mais prementes sobre os quais temos visões diametralmente opostas estão legalização do aborto, casamento gay e utilização de preservativos durante o ato sexual. Isso só para começar a conversa. Poderia discorrer páginas e mais páginas sobre o lugar subalterno e humilhante que vocês têm reservado às mulheres durante séculos a fio.

A gota d’água que me levou a redigir essa carta foi a ordem de Vossa Senhoria para que os pastores orientassem politicamente seus fiéis com base em preceitos morais, tendo em vista a eleição para a Presidência da República que ocorre no próximo domingo (31/10/2010). Bem, para mim o único preceito válido é o do Estado laico e considero um absurdo completo a Igreja se pronunciar sobre isso. Religião e governo misturados é uma fórmula maléfica, que prejudica as liberdades individuais e coletivas e só semeia o autoritarismo doutrinário.

E, como se tudo isso não fosse suficiente, atualmente eu me defino como atéia.

Sendo assim, peço que Sua Santidade seja sensível e caridosa o bastante para compreender que eu não quero mais ser considerada uma parte deste rebanho. Nem oficialmente, nem extra-oficialmente. Me conceda a excomunhão.

Obrigada desde já,

Maíra Kubík Mano


*Texto originalmente publicado no blog Viva Mulher

Luiz Carlos Salatiel - Emerson Monteiro

Ele, um desses iguais personagens advindos nas asas da ficção do Cariri, Luiz Carlos Salatiel. Surgido nesse mundo fantástico das terreiradas mágicas do chão nacional dos ancestrais, Luiz invade o salão das festas populares também para movimentar em si próprio a cena luminosa do hemisfério oriental de músicas, artes plásticas, literaturas. Arauto da alegria, sacode maracás do ritual dos caboclos desde tempos atrás, aos turnos dos festivais da canção do Parque Municipal a salões de arte e outras manifestações paralelas.
Depois, dormir ouvindo Luiz entrevistar os mestres Aldeni e Isabel, do Reisado da Vila Lobo, no programa Cariri Encantado da Rádio Educadora, fala de sonhos e viagens a universos da mística fundamental. Mergulhar às raízes da cultura nordestina, fincadas nos alpendres e solos medievais da Península Ibérica, patamares da tradição imorredoura que desfila atores altivos dos grupos de brincantes sob o comando de certos capitães alencarinos. Um tropel de cavaleiros andantes de armaduras luminosas, que percorre praças dos reinos transcendentais, defensores perpétuos de lendas e mitos, cantigas e naus catarinetas varridas ao vento de luas e castelos eternos, sombras rebrilhantes escorrendo nos prados verdes dos torneios, clarins, alazões pendoados e lanças coloridas.
Ainda que mais pretendesse contar das possibilidades impossíveis, falar das peripécias desse personagem ocuparia vasilhas enormes. Bom caráter, atípico, animador, surpreendente, cigano do inesperado, Luiz Carlos reúne vários Luiz Carlos Salatiel de Alencar num só Luiz Carlos. As paredes das programações individuais radiofônicas forçariam reservas para contê-lo num único projeto pessoal sem maiores resultados que dissessem quanto ele representa para nós em termos de artista incansável, paladino das lutas pelos valores infinitos da melhor inspiração.
Veja bem, o conteúdo criativo nesse audaz cavaleiro queima de intensidade o papel dos saltimbancos fellinianos, tipo móvel que brotou no Cariri e escreve, com seu itinerário, parábolas, pautas e andanças incríveis, códigos arcaicos nas encostas circulares da Serra. Viajou longe pela aventura da vida e aqui retornou como ninguém aos feitos da história particular das sagas prodigiosas, em versões assemelhadas às epopéias que reaviva nos roteiros das estradas de gado rompidas na lauta conquista dos sertões, pela Casa da Torre de Garcia D’Ávila.
Antes, há pouco, soube o quanto o repertório de palavras da pessoa acaba devendo para rabiscar com propriedade as contribuições de cada instrumento isolado ao conjunto harmonioso das orquestras. A pena traz dali, ajunta daqui, concentra esforços e nada. Bom, tudo isto na gravação de um comentário dos feitos notáveis de Luiz Carlos Salatiel sempre no propósito de acondicionar para o futuro os frutos culturais da nossa gente.

ATENÇÃO POVO DA CULTURA

Atenção Luiz Carlos Salatiel, José Flávio, Carlos Rafael, Lupin, Cacá, Dihelson, Glauco, Emerson, Reginaldo, Wilson Bernardo, Tarso Araújo, Maurício Tavares, Roberto Jamacaru, Pachelly, Bantim, Domingos Barroso, Zé Nilton, Nirton, Nicodemos, Dança Cariri, Leonel, Amanda, Alexandre Lucas e os que fazem o Cariricult. Entre neste no endereço à seguir e cultuem o conteúdo, especialmente as entrevistas de que faz a produção cultural brasileira. Acompanhem o projeto, procurem uma forma de colocar a nossa região no mesmo.

http://www.producaocultural.org.br/

Papa e Aborto


É importante que na intervenção do Papa na política interna do Brasil acerca do tema do aborto, tenhamos presente este fato para não sermos vítimas de hipocrisia: nos catolicíssimos países como Portugal, Espanha, Bélgica, e na Itália dos Papas já se fez a descriminalização do aborto (Cada um pode entrar no Google e constatar isso). Todos os apelos dos Papas em contra, não modificou a opinião da população quando se fez um plebiscito. Ela viu bem: não se trata apenas do aspecto moral, a ser sempre considerado (somos contra o aborto), mas deve-se atender também a seu aspecto de saúde pública. No Brasil a cada dois dias morre uma mulher por abortos mal feitos, como foi publicado recentemente em O Globo na primeira página. Diante de tal fato devemos chamar a polícia ou chamar médico? O espírito humanitário e a compaixão nos obriga a chamar o médico até para não sermos acusados de crime de omissão de socorro.

Curiosamente, a descriminalização do aborto nestes paises fez com que o número de abortos diminuisse consideravelmente.

O organismo da ONU que cuida das Populações demonstrou há anos que quando as mulheres são educadas e conscientizadas, elas regulam a maternidade e o número de abortos cai enormente. Portanto, o dever do Estado e da sociedade é educar e conscientizar e não simplesmente condenar as mulheres que, sob pressões de toda ordem, praticam o aborto. É impiedade impor sofrimento a quem já sofre.

Vale lembrar que o canon 1398 condena com a excomunhão automática quem pratica o aborto e cria as condições para que seja feito. Ora, foi sob FHC e sendo ministro da saude José Serra que foi introduzido o aborto na legislação, nas duas condições previstas em lei: em caso de estupro ou de risco de morte da mãe. Se alguém é fundamentalista e aplica este canon, tanto Serra quanto Fernando Henrique estariam excomungados. E Serra nem poderia ter comungado em Aparecida como ostensivamente o fez. Mas pessoalmene não o faria por achar esse cânon excessivamente rigoroso.

Mas Dom José Sobrinho, arcebispo do Recife o fez. Canonista e extremamente conservador, há dois anos atrás, quando se tratou de praticar aborto numa menina de 9 anos, engravidada pelo pai e que de forma nenhuma poderia dar a luz ao feto, por não ter os orgãos todos preparados, apelou para este canon 1398 e excomungou os medicos e todos os que participaram do ato. O Brasil ficou escandalizado por tanta insensibilidade e desumanidade. O Vaticano num artigo do Osservatore Romano criticou a atitude nada pastoral deste Arcebispo.

É bom que mantenhamos o espírito crítico face a esta inoportuna intervenção do Papa na politica brasileira. Mas o povo mais consciente tem, neste momento, dificuldade em aceitar a autoridade moral de um Papa que durante anos ocultou o crime de pedofilia entre padres e bispos.

Como cristãos escutaremos a voz do Papa, mas neste caso, em que uma eleição está em jogo, devemos recordar que o Estado brasileiro é laico e pluralista. Tanto o Vaticano e o Governo devem respeitar os termos do tratado que foi firmado recentemente onde se respeitam as autonomias e se enfatiza a não intervenção na política interna do pais, seja na do Vaticano seja na do Brasil.

Um abraço bem fraterno

Leonardo Boff

"É como se ouvisse na televisão que o Nelson Mandela é racista"

Caiu por terra de vez, desceu serra abaixo a hipocrisia de certas pessoas.

Tá chegando a hora...

Charge de Sinfrônio para o Diário do Nordeste 

Caça às bruxas: o Macartismo cearense tem repercussão nacional

Matéria publicada no Portal Vermelho também denuncia o Macartismo cearense do Jornal Diário do Nordeste.

 

"Editor de jornal é demitido por publicar caderno sobre Marxismo

O jornalista Dalwton Moura, editor do jornal cearense Diário do Nordeste, foi demitido na última semana, após publicar caderno especial sobre as revoluções marxistas. O caderno, publicado no dia 17, trazia seis páginas com uma entrevista do sociólogo e filósofo Michael Löwi e artigos de Adelaide Gonçalves e José Arbex Jr. O jornalista foi pautado pela direção do veículo, mas o jornal considerou o caderno "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".

O caderno foi encomendado porque Michael Löwi estaria em Fortaleza para lançar o livro Revoluções. A reportagem foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, e sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC).

Ao comunicar a demissão de Moura, o editor-chefe afirmou que “não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada”. Segundo o jornalista, que trabalhava há quase nove anos no veículo, o editor informou que o caderno gerou problemas para a direção do jornal. “Disseram que gerou problemas, que não teria sido bem recebido pela direção da empresa”, contou Moura.

O editor disse que “jamais imaginou” que poderia ser demitido dessa forma, e que a demissão abre espaço para várias interpretações. “Jamais imaginei que poderia gerar isso. O caso é complexo e dá margem para várias leituras”. De acordo com Moura, nem ele, nem a repórter Síria Mapurunga, que fizeram a entrevista com o filósofo, emitiram opinião. A entrevista destacava no título a declaração de Löwi: “O marxismo tem de evoluir para uma maior radicalização”.

O Sindicato dos Jornalistas do Ceará questionou a demissão e criticou o fato de a grande imprensa contestar a criação do Conselho de Comunicação no Estado, mas permitir que demissões como a de Moura aconteçam.

“A demissão do então editor do 'Caderno 3' expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores”, diz a nota divulgada pelo sindicato.

Procurado pela reportagem, o editor-chefe do Diário do Nordeste informou que todos os esclarecimentos do caso já foram prestados a Moura.

Fonte: Comunique-se"

Um vídeo golpista circula na internet - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem a campanha de José Serra pregou o golpe de estado abertamente. O “udenismo” renasceu como nos anos 50, como farsa, igual às repetições da história, mas sem novidades, a farsa dominou a UDN especialmente com a turma do Carlos Lacerda. Como antigamente é a união de empresas de comunicação social, antigos quadros da ditadura militar, setores radicais da extrema-direita e quadros sólidos do PSDB, mas tomados de cegueira pelo poder.

Estou falando de um vídeo, chamado, Dilma 2012 – o fim está próximo, que apareceu nas páginas on-line do Globo, do UOL e do blog do Noblat e da Campanha de Serra sem qualquer condenação à pregação golpista. É um vídeo profissional, com roteiro bem construído por cineastas, de ficção futurista, que chupa o nome de um filme americano em que um meteoro bate na terra e são preparados submarinhos imensos para salvar apenas representantes do G8. Abandone-se o resto, a escória da humanidade, é a mensagem.

Aí começa o primeiro patamar da psicologia de massa, ele se destina à classe média brasileira insegura com a crise mundial do capitalismo, subliminarmente promete um submarinho apenas para ela. O segundo patamar são os alvos dos segmentos a se unir no golpe: igreja católica, militares, empresas de comunicação, os governadores do PSDB e o povo paulistano igual àquelas passeatas de 64.

O vídeo tem um pé tão atolado na lama do golpe de 64 que não perde o vício da subserviência aos americanos, quando chama a CNN para lhe dar uma mão. Passa a impressão para o ouvinte que já a tem às mãos. Do mesmo modo promove todos os “demônios comunistas” que iriam se aliar a Dilma: Hugo Chávez e o presidente do Irã, esqueceram Fidel, este já não tem mais apelo.

Os democratas têm dois caminhos possíveis. O primeiro é usar o mesmo método para confrontar os golpistas, mas denunciando-os à justiça como o melhor campo para que se dirimam dúvidas se esta pregação é aceitável num estado de direito. Ou convocar o candidato Serra a condenar o conteúdo do que está ali como um crime contra a própria biografia do candidato. As mágoas passam, mas os golpes destroem o futuro.

Em toda democracia moderna o seu curso num deixou de receber os ventos do extremismo minoritário. Quando esta o bem compreende, ele se torna apenas um ponto no campo vasto das ações democráticas.

Tucano? Não há de ficar pena sobre pena...

DATAFOLHA
Indecisos são só 4 % e Dilma mantém 12 pontos de Diferença


FERNANDO RODRIGUESDE BRASÍLIA

Pesquisa Datafolha realizada ontem voltou a indicar estabilidade no quadro da corrida presidencial, com Dilma Rousseff (PT) mantendo liderança de 12 pontos sobre José Serra (PSDB). A diferença agora é que o percentual de indecisos caiu de 8% para 4% em dois dias. Essa redução nesse grupo de eleitores indica que há cada vez menos espaço para mudanças na tendência de favoritismo da candidata do PT.

O levantamento do Datafolha, encomendado pela Folha, foi realizado ontem em 256 cidades e com 4.205 entrevistas. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos.
Quando se consideram os votos válidos, Dilma manteve os mesmos 56% que obteve nos levantamentos de terça-feira (dia 26) e quinta-feira (dia 21). Serra também ficou com seus 44% registrados nas últimas duas sondagens.
Há alguma variação no que diz respeito aos votos totais, pois aí houve redução dos indecisos. Dilma oscilou de 49% para 50% nesta semana. Serra foi de 38% para 40%. Ambos movimentaram-se dentro da margem de erro da pesquisa.
Os que votam em branco, nulo ou nenhum mantiveram-se em 5%. E houve a queda nos indecisos, de 8% para 4% em dois dias, de terça para ontem.
No geral, as curvas dos candidatos na pesquisa Datafolha neste segundo turno mostram uma tendência clara: Dilma conseguiu ganhar algum fôlego desde o início do mês (pulou do patamar dos 48% para o dos 50% dos votos totais), enquanto Serra parece ter ficado estagnado (começou outubro com 41% e agora tem 40%).
Há também uma pequena variação para baixo, dentro da margem de erro, no percentual total dos que são indecisos somados aos que votam em branco, nulo e nenhum. No início deste mês, eram 11%. Agora, são 9%. Há sinais de que esses eleitores não querem mesmo sair desse grupo.
Essa tendência é perceptível entre os eleitores que dizem ter votado em Marina Silva (PV) no primeiro turno. No começo de outubro, 9% deles votavam em branco, nulo ou nenhum e outros 18% estavam indecisos. Somados, esses dois grupos eram 27%.
Ontem, segundo o Datafolha, os "marineiros" indecisos caíram para 8%, mas os que vão anular ou votar em branco foram a 18%. Os dois grupos totalizam 26%. Ou seja, cerca de um quarto dos eleitores de Marina não se convenceram até agora a votar em Dilma ou em Serra.
Outro dado que ajuda a entender porque a petista subiu um pouco neste mês e consolidou sua dianteira é o comportamento de quem no primeiro turno votou em branco ou nulo. Na primeira semana de outubro, 14% desses eleitores diziam estar propensos a votar na petista e 25% declaravam apoio ao tucano.
Passadas quase quatro semanas, o quadro se inverteu: 25% dos eleitores que votaram em branco ou nulo no primeiro turno dizem agora que vão escolher Dilma contra 13% que optam por Serra.
A vantagem de Dilma continua ancorada no eleitorado masculino. Entre os homens, ela tem 54% contra 38% de Serra. Já no voto feminino há um empate técnico: a petista está com 46% e o tucano obtém 43%, diz o Datafolha.
A pesquisa foi registrada no TSE sob o número 37721/2010.

IBOPE
Dilma Lidera com 56 % e Serra tem 37 %

Do UOL Eleições
Em São Paulo
A presidenciável Dilma Rousseff (PT) lidera a corrida pelo Palácio do Planalto com 52% das intenções de voto, contra 39% de seu rival, José Serra (PSDB), segundo pesquisa divulgada na noite desta quinta-feira (28) pelo Ibope.


Se considerados apenas os votos válidos, a petista tem a preferência de 57% do eleitorado, ante 43% do tucano - uma vantagem de 14 pontos. Na sondagem anterior, a ex-ministra da Casa Civil tinha 56% e Serra, 44%.
Votos brancos e nulos somaram 5%, enquanto 4% dos entrevistados mostraram-se indecisos. Para 82% dos eleitores o voto já está definido, enquanto 13% disseram que ainda podem mudar a escolha. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.
O instituto ouviu 3010 pessoas entre os dias 25 e 28 de outubro, e a pesquisa, encomendada pela Rede Globo e pelo jornal O Estado de São Paulo, está registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com o número 37.596/2010.



MENSAJES SUBLIMINALES

quinta-feira, 28 de outubro de 2010


colagem por LUPIN

O novo livro de Daniel Walker - Emerson Monteiro

Será hoje (28 de outubro de 2010), às 20h, no Hotel Verdes Vales, em Juazeiro do Norte, o lançamento do livro História da Independência de Juazeiro, escrito por Daniel Walker, uma obra que reúne os principais elementos a propósito do marcante acontecimento de 100 anos, fator preponderante na formação do Cariri da atualidade. Composta de ilustrações fotográficas raras e valiosas, vem recheada de achados biográficos, depoimentos, citações jornalísticas e narrativas reveladoras, o que, decerto, enriquecerá sobremaneira o vasto acervo até aqui consolidado.
Daniel Walker compõe o elenco dos escritores da forte literatura caririense responsável pela preservação do acervo da história social deste lugar. Ao lado de outros quais Geraldo Menezes Barbosa, Napoleão Tavares Neves, Padre Antônio Gomes de Araújo, Raimundo Araújo, Renato Casimiro, Otacílio Anselmo, Nertan Macedo, J. de Figueiredo Filho, Armando Lopes Rafael, Raimundo de Oliveira Borges, Joaryvar Macedo e outros de inestimável valia, forma o grupo responsável pela composição da nossa historiografia, dentro dos moldes técnicos da pesquisa acadêmica, concedendo à posteridade acervo fundamental à interpretação dos fenômenos determinantes destes séculos mais recentes, as bases da nossa civilização interiorana. Pelas mãos desses autores, encetadas em suas produções criteriosas, desfilam, pois, peças imprescindíveis para a formulação da realidade histórica regional.
Nascido em Juazeiro do Norte em 06 de setembro de 1947, desde jovem Daniel se volta às lides jornalísticas e literárias, redigindo com intensidade também para o rádio e para a imprensa escrita de Fortaleza, correspondente que foi de vários jornais da capital do Estado.
Junto à Universidade Regional do Cariri exerceu o magistério, a pesquisa, e dedicou-se aos estudos da história juazeirense, publicando diversos trabalhos consagrados sobre a vida de Padre Cícero Romão Batista, além de outros de cunho didático-pedagógico e de temas da sua área de formação universitária, a biologia, graduado em História Natural pela Faculdade de Filosofia do Crato, com especialização em Ciências, pela Universidade Federal do Ceará.
Dentre as fontes analisadas por Daniel Walker para a contextualização do material que ora oferece ao público está a coleção do jornal O Rebate, órgão fundamental para a fermentação das ideias da independência do Juazeiro e para a formação institucional do município posterior. Em vista da importância do conteúdo de O Rebate, a comissão responsável pelo centenário juazeirense cuidou de resgatar toda a coleção, em edições fac-similadas.
Assim, o trabalho independente, realizado pela gráfica HB, de Juazeiro do Norte, é uma bem cuidada edição de 196 páginas, que visa homenagear o município por ocasião do centenário, porquanto, em 22 de julho de 1911, se dera a sua emancipação política, antecedida das movimentações que busca com zelo e honesta preocupação oferecer subsídios a futuras investigações.

E tudo isso por um profeta? - José do Vale Pinheiro Feitosa

Lá pelos idos dos anos quarenta, final da ditadura Vargas, aconteceram eleições em todo o Brasil. O Partido Comunista Brasileiro, que fora destroçado pela repressão e estivera sob o impacto da propaganda negativa do governo, das elites conservadoras e da igreja católica renasce vigoroso e com capacidade de disputar eleições nos grandes centros, especialmente São Paulo.

É desta época que o partido forma quadros importantes e uma juventude que desejava mais que o existente, procurava-o e nele se formava. Muitos destes jovens, de classe média, depois se tornavam prisioneiros de classe, precisavam sustentar-se nas classes sociais dominantes e se tornavam anticomunistas virulentos. É o caso de Carlos Lacerda que se tornou um líder da direita com grande capacidade de luta, pois era um político de grande talento. Não havia de fundo uma crítica ao comunismo, era uma contrafação, era o negativo perfeito da forma que ele fotografara da doutrina.

No fundo eram pessoas ambiciosas, que sabiam usar formulações para matar o debate e calar o adversário. Um trololó muito mais virulento do que este que faz o Serra e diz que são os outros. O anticomunista “arrependido” era a primeira mentira deles. Não eram anti coisa alguma, eram eles mesmos e o preço que pagaram pela alma deles como um Fausto de baixo calibre. Um Fausto desprovido de razões, conteúdo e voltado apenas para a vitória pessoal e terrivelmente solitária.

O pior é que existem estes anti em oferta tão ampla que o preço vira pechincha no mercado livre dos sicários. Um adendo, existem os vendidos mansos, aloprados, volúveis, entre outras adjetivações, mas o tipo que lembra algumas postagens na internet está mais para Lacerda do que para Fernando Henrique Cardoso. Aliás, FHC e Lula nunca foram comunistas, não gostam deles, mas é que FHC pediu que se esquecesse o que falara. Até hoje ninguém sabe o motivo, pois fez no governo o que escrevera, embora montado num neoliberalismo tardio.

Mas existem pessoas que migraram no sentido inverso. Um que me lembro é o diretor de teatro, artista riquíssimo, radical na estética, José Celso Martinez. O pai do Zé era o chefe do Partido Integralista de Araraquara e ele era da juventude. Nos idos lá de cima, citado no começo, eles com a juventude ademarista acabaram um comício do Partido Comunista, então na legalidade, numa disputa eleitoral.

Mas o Zé Celso só entra nesta narrativa por um motivo principal: é um versátil artista e vive do seu trabalho. Fez coisa de afronta à ditadura na época que ela matava. Teve que sair do país e, no entanto, com imensa liberdade pequeno burguesa que sempre teve, jamais se confundiu com os momentos e nem saiu de porrete em punho atrás de chavistas, comunistas, petistas, fidelistas, dilmistas e que mais militância tenham. O espanto é saber-se que um norte pode haver, seja entre o último dos juízes ou o primeiro dos profetas.


Não é "chavismo" - II - É O Diário do Nordeste!

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA DA UFC
Nota de repúdio e solidariedade

O Departamento de História da Universidade Federal do Ceará vem a público manifestar sua indignação com a demissão do jornalista Dalwton Moura, editor do Caderno 3, do jornal Diário do Nordeste. Na semana passada, ele foi afastado de suas funções depois de editar caderno especial sobre a obra do sociólogo Michael Löwy que veio a Fortaleza para proferir palestras no projeto Tópicos Utópicos, organizado pela Prefeitura Municipal de Fortaleza e apoiado pelo Programa de Pós-Graduação em História da UFC. O material foi taxado pela direção do jornal como “subversivo” e “panfletário” e utilizado como argumento para sua demissão.
Repudiamos esse ato arbitrário do jornal Diário do Nordeste. Acreditamos que a atitude do jornal e do grupo empresarial, ao qual ele está ligado, fere profundamente a liberdade de expressão , a liberdade de imprensa, constituindo-se num atentado à ética, ao bom exercício do jornalismo e à democracia.  É preocupante perceber que o ocorrido não se constitui em exceção na imprensa brasileira e mesmo na cearense, visto que muitos jornalistas vêm sendo demitidos a partir de argumentações semelhantes.
Solidarizamo-nos, neste momento, com o jornalista Dalwton Moura e, por meio dele, com toda a categoria dos jornalistas do Ceará, esperando que atos autoritários como esse não voltem a se repetir em nosso Estado.
Fortaleza, 27 de outubro de 2010
(Nota aprovada por unanimidade pelo colegiado do Departamento de História)
 

Não é o "chavismo": É o Diário do Nordeste

Leiam essa matéria do Sindicato dos Jornalistas do Ceará. Olha onde podem chegar as empresas de comunicação.


Editor do DN é demitido por fazer matéria sobre livro que fala de Marxismo

No momento em que a grande mídia distorce e critica o projeto de indicação aprovado na Assembleia Legislativa do Ceará, que propõe a criação do Conselho Estadual de Comunicação - sob a alegação de que vai "cercear a liberdade de expressão"  -, o jornal Diário do Nordeste demitiu de forma arbitrária, no último dia 18 de outubro, o jornalista Dalwton Moura, por ter escrito e editado matéria no Caderno 3 sobre as revoluções marxistas que marcaram os séculos XIX e XX. O caderno especial, de seis páginas, foi considerado pela direção da empresa "panfletário" e "subversivo", além de "inoportuno ao momento atual".Tendo, entre outras fontes, o filósofo Michael Löwi, que estaria em Fortaleza para lançar o livro "Revoluções" (com imagens que marcaram os movimentos contestatórios decisivos para a história dos últimos dois séculos), a matéria foi pautada pelo editor-chefe do jornal, Ildefonso Rodrigues, tendo sido sugerida pela historiadora e professora Adelaide Gonçalves, da Universidade Federal do Ceará (UFC). No entanto, ao comunicar a demissão do jornalista, o editor-chefe se limitou a dizer que "não sabia o conteúdo da reportagem até vê-la publicada".




O caso do jornalista Dalwton Moura não se trata de demissão por delito de opinião, pois ele não emitiu, em qualquer momento, juízo de valor sobre o conteúdo da pauta. Perdeu o emprego muito menos por incompetência ou negligência na sua função. Ironicamente, o trabalhador foi dispensado simplesmente por cumprir uma pauta que, depois de publicada, percebeu-se ser contra os interesses da empresa. A direção do jornal não pode alegar, no entanto, que desconhecia o conteúdo da matéria, pois além de ter sido pautado pelo editor-chefe, o assunto foi relatado em, pelo menos, quatro reuniões de pauta que antecederam sua publicação.


A demissão do então editor do Caderno 3 expõe o abismo entre o discurso da grande mídia conservadora, que se diz ameaçada em sua liberdade de expressão - inclusive atacando com este falso argumento o projeto do Conselho de Comunicação do Estado -, e suas práticas cotidianas, restritivas ao exercício profissional dos jornalistas, bem como à livre opinião de colaboradores e leitores. "O Sindicato dos Jornalistas do Ceará protesta contra esta demissão arbitrária e mantém sua luta pela verdadeira liberdade de expressão para os jornalistas e para todos os brasileiros, manifestada em projetos como o do Conselho de Comunicação", afirma o presidente do Sindjorce, Claylson Martins

quarta-feira, 27 de outubro de 2010



Reta final da campanha, o desespero aumenta.

Vejam o que as sumidades do PSDB andam

fazendo:

A DILMA 13 com o número do outro "canidato".

Jogo baixo, rasteiro, de quem quer ganhar

a todo custo.

UM PERIGO PARA O PAÍS E A DEMOCRACIA.


Cidadania de resultado - Emerson Monteiro

Aqui vamos nós a colar os pensamentos no ato da escrita. Querer agora falar nos direitos da cidadania. Lembrar que houve tempo, de um Brasil recente, quando quase ninguém sabia disso. Apenas longos tapetes voadores circulavam o céu, caturando lugar nas praças, reclamando pista de pouso. Numa enxurrada só, em menos de um século, vieram morar no chão nacional os direitos da cidadania. Direitos civis, políticos e sociais.
Ao cidadão completo, os direitos civis significam os direitos fundamentais à vida, à liberdade, à propriedade e à igualdade perante a lei. A garantia de ir e vir, de escolher trabalho, manifestar o pensamento, de se organizar, ter respeitada a inviolabilidade do lar e da correspondência, de só ser preso pela autoridade competente e de acordo com as leis, de só ser condenando mediante o devido processo legal. São civis os direitos que têm por base uma justiça independente, eficiente, barata e a todos acessível.
Os direitos políticos, ao seu modo, representam a participação do cidadão no governo da sociedade. A base dos direitos políticos são os partidos e um parlamento livre e representativo.
E os direitos sociais, que garantem a participação do cidadão na riqueza coletiva por meio da educação, do trabalho, do salário justo, da saúde e da aposentadoria. Permitem às sociedades politicamente organizadas reduzir os excessos de desigualdade produzidos pelo capitalismo e garantir bem-estar mínimo. A ideia central que estrutura os direitos sociais é a justiça social.
Assim, mediante tão belas concepções filosóficas, as sociedades ocidentais letradas desenvolveram e praticaram os postulados estabelecidos no Iluminismo, e trouxeram ao poder dos estados modernos o ânimo forte das recentes constituições nacionais.
Contudo há os beneficiários da tanta luz da cidadania que, na contramão dos movimentos, estendem os braços e abrem as bocas quase só visualizando o egoísmo. Se há direitos, lhes pertencem por esperteza e dominação. Melhores estradas, melhores colégios, melhores manicômios judiciários, pistas pintadas, sinais funcionando, máquinas azeitadas e sofisticadas, repartições a todo vapor, no entanto para si e para os seus, totalitarismo de ocasião de causar náuseas e dó naqueles que ocupem a rabada nas filas, contrariedade pela ausência de cerimônia com que esses barriga cheia invadem a passarela, na intenção de comer a rifa da primeira garfada, esquecidos que sem direitos coletivos não existiria cidadania.
Isso assusta a ponto de aventarem até o pretexto de existir cidadãos de primeiras e segundas classes, absurdo de não ter tamanho. Mediante todas as conquistas da cidadania, cada cidadão preenche patamar único diante da soberania das leis. Esta grandeza representa, pois, os direitos que pertencem ao povo, livre de sobras ou contrapesos, primado de lutas e conquistas obtidas no decorrer de longos séculos.

COMPOSITORES DO BRASIL


SAMBA CANÇÃO – Parte I

Por Zé Nilton

Não faz muito tempo os músicos e compositores brasileiros chegavam a engalfinharem-se quando o assunto era ritmo. Consenso total sobre os ritmos de carnaval. Apesar de que houve um tremendo esforço para se chegar a uma conclusão quando da passagem do maxixe para as novas batidas sob o mesmo compasso. Acontecia de uma música ser escrita dentro de um ritmo e logo em seguida ser registrada e até gravada sob outro gênero. É o caso de “Pelo Telefone”, “ Aí, ioiô” etc.

O samba canção surgiu assim meio sem querer no interior do mundo da música no Brasil. Precisava-se de músicas para preencher a vaga deixada pelo tempo do carnaval e eis que, - “olha só o que é que eu fiz”... - Mas isto é parecido com bolero, não ? - Não, é um sambinha. – Eu acho que parece com canção. – Bota aí para as músicas de meio de ano e estamos conversados.

No meio do ano cabiam todos os ritmos, menos os de carnaval.

Diz-se do samba-canção muito adequado à dolência e a malemolência do momento social das classes médias urbanas. Arre égua, também somos um povo sentimental, que chora quando ouve certas melodias, assim como italiano.

Na historiografia da Música Popular Brasileira, que adora uma periodização adorada pela História, o samba canção tem dia, hora e ano de seu nascimento. Exagero meu, mas consta que surgiu no ano de 1928 quando Henrique Vogeler, um pianista carioca, compôs a música que passou para a posteridade com três nomes: “Linda Flor”, “Meiga Flor” e “Ai, ioiô”, e ainda começa com um “ Ai, Iaiá”. Consta igualmente a sua consagração pelo povo como “Ai, Ioiô”.

Na verdade, a letra desse samba casa com a idéia de romantismo na música, quando vai buscar elementos da linguagem do mundo rural, afirmando seus aspectos bucólicos. E haja “sofrê”, “oiá”, “oinho”, ‘inté’ e vai por ai...

Mas o samba canção tem um grande mérito. Deu a cancha para a bossa nova. Nos anos 50 o ritmo se encaixou perfeitamente no novo projeto musical. Uma beleza, que o diga João Gilberto!

Disse das encrencas pela afirmação do ritmo. Passei por uma dessas experiências. Menino, lá pelos fins de 1950, assisti, involuntariamente, um pega entre o famoso cantor cratense, Célio Silva, e um violonista que mais tarde vim saber tratar-se de Pedro Vinte e Um, habitué e tocador dos diversos cabarés da cidade. Não esqueço a fisionomia fechada e palavrões de toda magnitude de Célio Silva em cima de seu acompanhante. – Isto não é bolero, Pedro, isto é samba canção! Sabe o que é samba canção, porra? Vozeirão na música, vozeirão agudizado pela cachaça na direção do cada vez mais encolhido mestre Pedro Vinte e Um.

O samba canção no COMPOSITORES DO BRASIL desta quinta. Vamos aproveitar, na primeira e segunda parte, a sequencia levantada pelo eminente crítico e músico Tárik de Sousa, com 24 dos melhores samba-canções de todos os tempos.

AI, IOIÔ, de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luis Peixoto com Araci Cortes
SAIA DO CAMINHO, de Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy com Aracy de Almeida
SEGREDO, de Herivelto Martins e Marino Pinto com Dalva de Oliveira
NERVOSS DE AÇO, de Lupicínio Rodrigues com Paulinho da Viola
CANÇÃO DE AMOR, de Chocolate e Elano de Paula com Elizeth Cardoso
FOLHA MORTA, de Ary Barroso com Jamelão
DUAS CONTAS, de Garoto com Maria Creusa
NÃO DIGA NÃO de Tito Madi com Tito Madi
MARINA, de Dorival Caymmi com Dick Farney
NINGUEM ME AMA, de Antonio Maria e Fernando Lobo com Nora Ney
SE VOCÊ SE IMPORTASSE, de Fernando Cesar com Doris Monteiro
MOLAMBO, de Jaime Florence e Augusto Mesquita com Rosa Passos

Quem ouvir verá!
Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
www. radioeducadoradocariri.com
Acesse: www.blogdocrato.com
Quintas-feiras, de 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Direção Geral, Dr. Geraldo Correia Braga

COMPOSISTORES DO BRASIL


SAMBA CANÇÃO – Parte I

Por Zé Nilton

Não faz muito tempo os músicos e compositores brasileiros chegavam a engalfinharem-se quando o assunto era ritmo. Consenso total sobre os ritmos de carnaval. Apesar de que houve um tremendo esforço para se chegar a uma conclusão quando da passagem do maxixe para as novas batidas sob o mesmo compasso. Acontecia de uma música ser escrita dentro de um ritmo e logo em seguida ser registrada e até gravada sob outro gênero. É o caso de “Pelo Telefone”, “ Aí, ioiô” etc.

O samba canção surgiu assim meio sem querer no interior do mundo da música no Brasil. Precisava-se de músicas para preencher a vaga deixada pelo tempo do carnaval e eis que, - “olha só o que é que eu fiz”... - Mas isto é parecido com bolero, não ? - Não, é um sambinha. – Eu acho que parece com canção. – Bota aí para as músicas de meio de ano e estamos conversados.

No meio do ano cabiam todos os ritmos, menos os de carnaval.

Diz-se do samba-canção muito adequado à dolência e a malemolência do momento social das classes médias urbanas. Arre égua, também somos um povo sentimental, que chora quando ouve certas melodias, assim como italiano.

Na historiografia da Música Popular Brasileira, que adora uma periodização adorada pela História, o samba canção tem dia, hora e ano de seu nascimento. Exagero meu, mas consta que surgiu no ano de 1928 quando Henrique Vogeler, um pianista carioca, compôs a música que passou para a posteridade com três nomes: “Linda Flor”, “Meiga Flor” e “Ai, ioiô”, e ainda começa com um “ Ai, Iaiá”. Consta igualmente a sua consagração pelo povo como “Ai, Ioiô”.

Na verdade, a letra desse samba casa com a idéia de romantismo na música, quando vai buscar elementos da linguagem do mundo rural, afirmando seus aspectos bucólicos. E haja “sofrê”, “oiá”, “oinho”, ‘inté’ e vai por ai...

Mas o samba canção tem um grande mérito. Deu a cancha para a bossa nova. Nos anos 50 o ritmo se encaixou perfeitamente no novo projeto musical. Uma beleza, que o diga João Gilberto!

Disse das encrencas pela afirmação do ritmo. Passei por uma dessas experiências. Menino, lá pelos fins de 1950, assisti, involuntariamente, um pega entre o famoso cantor cratense, Célio Silva, e um violonista que mais tarde vim saber tratar-se de Pedro Vinte e Um, habitué e tocador dos diversos cabarés da cidade. Não esqueço a fisionomia fechada e palavrões de toda magnitude de Célio Silva em cima de seu acompanhante. – Isto não é bolero, Pedro, isto é samba canção! Sabe o que é samba canção, porra? Vozeirão na música, vozeirão agudizado pela cachaça na direção do cada vez mais encolhido mestre Pedro Vinte e Um.

O samba canção no COMPOSITORES DO BRASIL desta quinta. Vamos aproveitar, na primeira e segunda parte, a sequencia levantada pelo eminente crítico e músico Tárik de Sousa, com 24 dos melhores samba-canções de todos os tempos.

AI, IOIÔ, de Henrique Vogeler, Marques Porto e Luis Peixoto com Araci Cortes
SAIA DO CAMINHO, de Custódio Mesquita e Ewaldo Ruy com Aracy de Almeida
SEGREDO, de Herivelto Martins e Marino Pinto com Dalva de Oliveira
NERVOSS DE AÇO, de Lupicínio Rodrigues com Paulinho da Viola
CANÇÃO DE AMOR, de Chocolate e Elano de Paula com Elizeth Cardoso
FOLHA MORTA, de Ary Barroso com Jamelão
DUAS CONTAS, de Garoto com Maria Creusa
NÃO DIGA NÃO de Tito Madi com Tito Madi
MARINA, de Dorival Caymmi com Dick Farney
NINGUEM ME AMA, de Antonio Maria e Fernando Lobo com Nora Ney
SE VOCÊ SE IMPORTASSE, de Fernando Cesar com Doris Monteiro
MOLAMBO, de Jaime Florence e Augusto Mesquita com Rosa Passos

Quem ouvir verá!
Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri
www. radioeducadoradocariri.com
Acesse: www.blogdocrato.com
Quintas-feiras, de 14 às 15 h.
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Direção Geral, Dr. Geraldo Correia Braga

Saudades de Joaquim e Darcy - José do Vale Pinheiro Feitosa

Eu gostava muito de Joaquim Barbosa. Homem simples, camponês agregado, morando em casa de taipa coberta com telhas: sem luz elétrica, água encanada ou vaso sanitário. Joaquim quase não se sentara nos bancos de escola, mas era leitor feroz das revistas de então e dos jornais que chegavam até suas mãos. E chegavam, ele sabia quem os lia e os aproveitava, já amassados, após os donos terem vasculhando as páginas. Lia matérias defasadas em relação ao proprietário, mas no final sabia mais do que ele. Joaquim sabia decifrar aqueles fragmentos dos dias e torná-los uma narrativa do tempo e do espaço.

Joaquim foi-se com a curvatura do tempo que dizia Einstein existir, me deixou saudades, este sentimento de solidão. Hoje me vejo na companhia de gente que lê e não interpreta, que vê e não traduz, que ouve e tudo flui como a água num cano que irriga outras paragens.

Outro dia li a alegria de alguém por que o presidente Pinera do Chile subiu de popularidade com o resgate dos mineiros. Joaquim não veria qualquer ânimo numa coisa de morte como a exploração dos mineiros no Chile. Logo o presidente da cúpula dos endinheirados do Chile? Cujo irmão é sócio no principal produto do país: a mineração? E os mais de 30 mineiros que morrem a cada ano por descaso? E a inexistência de equipamentos de escape, nem uma escada havia? E os trezentos mineiros que não foram soterrados e estão na miséria por que os donos faliram a mina, mas não suas vidas particulares.

Ah! Joaquim, como os bancos escolares que não fizeram falta alguma a ti, influência alguma fez no caráter desta gente? Que não aprendeu nada a não ser que eras a escória da história e eles os letradas herdeiros do mundo. A gente que acha que São Paulo é quem deve mandar até no porquinho que tu, a custa da “lavagem” da casa de alguns, criavas para um dia de fartura com a família. Esta gente que nasceu para obedecer, rosnar como cão de guarda e comer os ossos descarnados pelo prazer de quem os dar.

Quando vejo tua dignidade não quero dizer que a pobreza de tua vida foi a causa da riqueza que a expressou. Não é isso, é apenas me assustar com o fato de que o progresso material de quem muitas vezes veio de baixo e ao invés de se dignificar com o progresso de todos, se amofina no reconhecimento puro e simples do progresso concedido por outros. É assistir, sem nada poder, ao suicídio da honra destes sujeitos concedidos na varanda apenas para se admirar do brilho dos salões.

Pois bem, hoje eu tive raiva de você. De me mostrar a altivez do indivíduo, a grandeza da unidade entre eles, o caminho que é de todos o é de cada um. Não é isso o que vejo nalguns que a escola deveria ter salvo. É este desencanto com o único caminho para salvação que via como sendo a educação. E, eles, tão educados, tão plenos de referência, apenas se sentem como arautos do desfile majestoso dos ricos e poderosos. Eles que consciência alguma têm da história.

Estou triste com eles. Não pela humanidade e me perdoe pelas palavras de raiva de balbuciei acima. Apoiar as palavras de Darcy Ribeiro: “Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu.

Contagem Regressiva... E agora , José?

Sensus: Dilma tem 51,9% das intenções de voto contra 36,7% de Serra
Camila Campanerut
Do UOL Eleições

Em Brasília
Pesquisa do Instituto Sensus encomendada pela CNT (Confederação Nacional do Transportes) e divulgada nesta quarta-feira (27), aponta a candidata do PT, Dilma Rousseff com 51,9% das intenções de voto contra 36,7% do tucano José Serra. Brancos e nulos totalizaram 4,7% e indecisos, 6,8%.
Na análise apenas dos votos válidos (que excluem nulos e brancos), Dilma ficou com 58,6% ante 41,4% de Serra. A margem de erro é de 2, 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
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Na pesquisa espontânea, em que os candidatos não são identificados aos entrevistados, Dilma teve 50,4% das intenções de votos e Serra obteve 35,7%. Outros nomes citados pontuaram 0,3% e o presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva ainda foi citado por 0,2% dos entrevistados. Os votos brancos e nulos somaram 4,6% e os que não sabem ou não responderam correspondem a 8,9%.
Na avaliação do presidente da CNT, Clésio Andrade, a retomada de Dilma nas pesquisas se deve à mudança na discussão entre os candidatos nos últimos dias. “A discussão de valores, como o aborto, perdeu força e voltou a discussão de propostas. Dilma ganhou vantagem com isso”, afirmou.
Realizada entre os dias 23 e 25 de outubro, a pesquisa entrevistou 2.000 eleitores em 24 Estados, com sorteio aleatório de 136 municípios, e foi registrada no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) sob o número 37609/2010, no dia 20 de outubro.
Rejeição e expectativa de vitória
Com relação ao índice de rejeição, Serra tem 43% ante 32,5% da ex-ministra-chefe da Casa Civil.
“Essa é a maior rejeição de Serra desde o início da pesquisa deste pleito”, destacou Clésio Andrade, ao comparar o número com o levantamento da CNT/Sensus feito entre 11 e 13 de outubro, quando a rejeição de Serra era de 37,5% contra 35,4% da petista.
Questionados sobre a expectativa de vitória, 69,7% dos entrevistados disseram acreditar que a candidata petista ganharia a eleição presidencial. contra 22,3% acreditam que o tucano seria o vencedor do segundo turno. Indecisos somam 8,1%.
Com relação ao levantamento feito entre os dias 11 e 13, a expectativa de vitória de Dilma aumentou quase 10 pontos percentuais (era de 59,6%) enquanto a do tucano apresentou queda (era 29%), assim como o número de indecisos, que era de 11,4%.
Como a pesquisa foi realizada entre sábado (23) e segunda (25), a repercussão do mais recente debate televisivo entre os presidenciáveis, promovido pela Rede Record no último domingo, não foi medido.
Votos por região
Em comparação com o levantamento da CNT/Sensus feito entre os dias 18 e 19 de outubro e divulgado no último dia 20, a candidata Dilma Rousseff apresentou aumento na expectativa de votos em todas as regiões do país, com exceção do Sul, onde o tucano José Serra ainda mantém a liderança.
No Norte e Centro-Oeste, que representam 15,1% do eleitorado, a petista obteve 50,7% das intenções de voto contra 40,4% de Serra. No levantamento anterior, a ex-ministra tinha 42,1% contra 52,6% do tucano.
No Nordeste, onde estão 28% do eleitores, Dilma aparece com 66, 3% e Serra com 25,5%. Na avaliação anterior, Dilma tinha 57,5% e Serra, 34,8%.
No Sudeste, onde que concentra 42,4% do eleitorado, a candidata recebeu 48,4% das intenções de votos ante 36,7% de Serra. Na pesquisa passada, Dilma tinha 44,2% e Serra, 41,6%.
E no Sul, que possui 14,6% dos eleitores, o candidato do PSDB cresceu mais: passou de 45,1% para 54%, enquanto a petista caiu de 38,2% para 35,4%.

As manchetes escolhidas - José do Vale Pinheiro Feitosa

Reconheço que a escolha de outro seria diferente. De qualquer modo, a quem interessar possa aqui algumas das manchetes colhidas na rede mundial de computadores (para um cabra da Batateira é chique não é, falar em rede mundial?):

Hugo Chávez nacionaliza fábrica de garrafas: o presidente da Venezuela nacionalizou e compensou a matriz americana pelo ato. Se foi justo não sei, mas o homem diz que vai apurar o quanto ela levou de recursos básicos da Venezuela nos anos em que operou no país. Nacionalização de garrafa não é uma piada, mas é impossível segurar o canto da boca.

Em votação, Assembléia Geral, pede o fim do embargo a Cuba: só quem votou contra foram o embargador mor, EUA e o sub-embargador, Israel. Algumas ilhas de deus-me-livre, com medo de perder o comércio de chapéus e bonés para turistas se abstiveram. Algo mudará? Difícil a intolerância não é movida a consciência e nem por respeito ao outro.

A vergonha do EUA exposta: o grande jornalista Robert Fisk, destes de fazer vergonha aos leões marinhos que se insolam às costas dos patrões, revela o segredo do mais escandaloso site: o Wikeleaks. O site virou a sensação do ano ao expor as entranhas sangrentas das guerras do Iraque e Afeganistão. Vazou documentos oficiais do Pentágono. Não tem escapatória, simulação ou negativas. São os próprios documentos originais. Para Fisk o site é mantido pelo alto escalão das forças armadas americanas em vingança pelo enxovalhamento de seus atos com a covardia dos comandantes “republicanos” da guerra.

Serra é a melhor escolha para presidente, diz FT: reproduz a BBC Brasil. FT quer dizer Financial Times. Para o jornal os candidatos são iguais, mas a dubiedade substantiva e verbal da palavra serra é melhor, pois afasta a influência de Lula. Isso em editorial, portanto se até os banqueiros ingleses reconhecem, chega ser uma covardia estranhar os editoriais do Estadão, Folha e Globo.
Comparato: Revista do Brasil é órgão de imprensa e deve ter plena liberdade. Publica o blog da Rede Brasil Atual sobre a sua revista que foi impedida de circular e nem veiculada pela internet por ordem do TSE. Os “democratas” que choram a dor das raposas nem uma linha pelas galinhas. Nem podiam: foi o PSDB quem pediu através de uma ação com segredo de justiça. Por isso a liberdade de expressão e à informação precisa ganhar as ruas.

Serra atribui irregularidades no metrô de SP a construtoras, foi a manchete que resultou da reportagem denúncia da Folha de São Paulo. E defendo o candidato, o ex-governador não tem nada com isso, a culpa é mesma das construtoras que têm o vício de querer usar o dinheiro público como lhes convém, em substituição ao poder institucional criado pela sociedade. Mesmo que alguém no governo Serra tenha se corrompido, as construtoras têm de ser denunciadas. Desse modo o candidato talvez compreenda a diferença entre um evento localizado e a universalidade com que brinda a adversária.

Ou estou enganado?

Cala-te, Fernando – Por José Nilton Mariano Saraiva

Por conveniência, leniência ou incompetência (sem trocadilho), a mídia brasileira jamais contestou ou questionou seriamente as declarações do ex-presidente FHC, o sociólogo fajutão que não entende nada de gente, de pessoas ou do ser humano. Tido e havido como o “rei do gogó”, capaz de levar os menos avisados no “papo” ou “conversa fiada” até com certa facilidade (ele mesmo se vangloriou disso em uma dessas revistas semanais, ao comentar sobre suas palestras internacionais), referida figura sempre deitou e rolou absoluto em seus pronunciamentos à mídia tupiniquim, como se fora o dono da verdade absoluta, sem que fosse confrontado pra valer.
Eis que agora, depois de anos condenado ao ostracismo e evitado até pelos próprios companheiros de partido, que o esconderam durante a recente campanha eleitoral em razão do legado desastroso ou verdadeiro caos que foi o seu governo, FHC ainda encontrou quem se dispusesse a lhe conceder valioso espaço para verbalizar suas basbaquices e asneiras, via divulgação de uma “carta aberta ao Presidente Lula” (onde mostra profunda inveja do metalúrgico que lhe mostrou como se administra um país, independentemente de currículo acadêmico).
Foi seu erro maior.
Contemporâneo de FHC lá no Chile, quando do exílio por motivos políticos, o professor emérito da Universidade Federal Fluminense, Theotônio dos Santos, dirigiu-lhe uma assertiva e “contundente” carta aberta, onde dinamita e põe por terra, um a um, as fanfarronices por ele elencadas na carta ao presidente Lula da Silva.
Aos fatos.
1) Que o plano real acabou com a inflação: na verdade, segundo Theotônio, os dados mostram que até 1993 a economia mundial, “in totum”, vivia uma hiperinflação, a ponto de todas as economias apresentarem inflações superiores a 10%. A partir de 1994todas as economias do mundo apresentaram uma sistemática e consistente queda da inflação – ou deflação - para menos de 10% e não só o Brasil (portanto, vamos acabar com a blasfêmia que o governo Lula estaria apoiado nessa premissa para alcançar resultados positivos); na verdade, a inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o governo FHC e o real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada e não o foi; 2) Que o real era uma moeda forte: como explicar então que essa mesma moeda, que no início do governo FHC valia 0,85 do dólar, no decorrer de oito anos haja se desvalorizado quatro vezes, com a moeda americana chegando a atingir quatro reais (a verdade verdadeira, e quem entende um pouco de economia sabe disso, é que, de maneira irresponsável e suicida, por questões eleitoreiras o “real” foi mantido artificialmente com um alto valor, levando-nos à crise mundial de 1999); 3) Sobre o rigor fiscal: um governo que elevou a dívida pública do Brasil de 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões de dólares quando entregou o governo ao Lula, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal ??? Nem aqui, nem na China; 4) Quanto à evasão de divisas: em 1999 o Brasil tinha chegado à drástica situação de ter perdido TODAS AS SUAS DIVISAS e teve que se ajoelhar ante o FMI, Banco Mundial e BID, a fim de arranjar “money” pra saldar seus mais urgentes compromissos (só pra ilustrar, hoje nossa reserva monetária atinge 270 bilhões de dólares; 5) Mídia subserviente: por mais que tenham alcançado o domínio da imprensa brasileira, devido suas alianças internacionais e nacionais, está claro que isto não poderia assegurar ao PSDB um governo querido pelo nosso povo (que o diga o Serra na atual campanha, que mesmo contando com o apoio de boa parte da mídia, falta-lhe o essencial: apoio popular).
Alfim, a conclusão fulminante do professor Theotonio é antológica: “Esta carta assinada por você como ex-presidente é uma defesa muito frágil, teórica e politicamente, de sua gestão. Quem a lê não pode compreender porque você saiu do governo com 23% de aprovação enquanto Lula deixa o seu governo com 96% de aprovação. Já discutimos em várias oportunidades os mitos que se criaram em torno dos chamados êxitos do seu governo. Já no seu governo vários estudiosos discutimos o inevitável caminho de seu fracasso junto à maioria da população. Pois as premissas teóricas em que baseava sua ação política eram profundamente equivocadas e contraditórias com os interesses da maioria da população”.
Xeque-mate. Ou que mais ???
Portanto: cala-te, Fernando !!!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Theotonio dos Santos resgata a alma de Fernando Henrique Cardoso - José do Vale Pinheiro Feitosa

A publicação de uma carta resposta de Theotonio dos Santos a Fernando Henrique Cardoso em razão da enviada por ele ao Presidente Lula, publicada no dia de ontem, deve bater no coração de alguns como mera diatribe eleitoral. Mas não é. Esta carta reflete a discussão central na América Latina desde os anos 60 e explica bem os motivos pelos quais a região desde esta época esteve sempre em pólos de tomada de rumos diferentes.

Quando Fernando Henrique, em má hora, mandou que esquecessem o que escrevera, mais do que um desvio pela direita, ela dava um vigoroso abraço no vazio de sua alma. Theotonio dos Santos veio salvar a alma de FHC muitos anos depois e muitos acharão que apenas esfarrapou a toga do sábio. Theotonio, num ato de bondade, contra todas as evidências, recolocou FHC no patamar intelectual que é o único patrimônio dele. O patrimônio da Teoria da Dependência do qual FHC era a ala direita e Theotonio, com Ruy Mauro Marini e Vânia Bambirra eram a esquerda.

Aliás, é bom que estudiosos do nosso Ceará visitem a obra de Ruy Mauro Marini, fácil de encontrar inclusive na internet, a maioria das quais publicadas no estrangeiro. Ruy era mineiro de Barbacena e passou a maior parte de sua vida no exterior, retornou ao Brasil após a anistia, pois fora exilado após tortura feroz no CENIMAR. É dele o cabedal da Teoria e junto com Theotonio e Vânia, as bases metodológicas para sua construção.

A teoria foi a primeira visão do subdesenvolvimento da América Latina feita por intelectuais do continente. A maioria tentava explicá-lo nos moldes que nos acostumamos e foi tão bem traduzido como complexo de vira-lata. Eles não ficaram olhando para a quantidade de melanina na pele das pessoas para explicar a miséria, culpando os portugueses e espanhóis por nos formarem ao invés de Ingleses e Holandeses. Aliás, um pensamento tão desprovido de sentido que apenas explicava o próprio subdesenvolvimento dele.

Para Ruy, Theotonio e Vânia havia uma divisão internacional do trabalho, uma relação do capitalismo mundial que criara uma dependência entre países centrais (América do Norte, Europa Ocidental e Japão) e países periféricos (América Latina, África e Ásia). Ao invés de se explicar pela condição agrário-exportadora era a dependência desta divisão que explicaria por que a burguesia nacional dos países periféricos mesmo dona de uma indústria poderosa, era sócia minoritária do capital multinacional, transferindo a mais-valia que tirava do trabalho aqui para o exterior.

Resultado, eles tinham que extrair mais valia do trabalho (superexploração do trabalho) do que fazia o capitalismo central. Agora com os EUA se vê que inclusive a riqueza na mão do trabalho explica a pujança das economias centrais. Os trabalhadores ao se tornarem consumidores no mercado, remuneram o capital. Aqui nos tristes trópicos nem isso era possível. Então a dependência era a causa do subdesenvolvimento e não os nossos pecados originais.

A teoria da dependência é discutida na CEPAL e entre os exilados latino-americanos no Chile. Neste momento cria-se um subgrupo discordante da teoria da dependência com Fernando Henrique Cardoso, Enzo Faletto e mais pontualmente José Serra. Para estes autores a crise de industrialização da região era do projeto do capitalismo nacional pautado na substituição de importações e sob a coordenação do Estado Nacional. O modo de resolver isso era aceitar a penetração do capital estrangeiro trazendo poupança, moeda mundial para superar a escassez nacional de divisas e tecnologia. Haveria crescimento econômico, melhoria da renda, dos padrões da população em seu conjunto e as desigualdades se reduziriam com políticas sociais impulsionadas por regimes democráticos. Reconhecem o governo FHC I e II? Isso estava pensado antes.

A diferença básica entre o grupo de FHC e o do Mauro é a mesma em debate nestas eleições. É a prova que os escritos de FHC não podem ser esquecidos. O grupo de Mauro não tem fé nesta racionalidade, ele observa a realidade e constata que o capital que aqui chega não representa uma poupança externa que se integra á economia local, ele tem a vocação dos drenos que carreiam todos líquidos por gravidade. Apenas vêm aqui para buscar lucros e excedentes a os carrear para seus centros de acumulação, fora da região.

Isso resulta numa sangria que não permite progresso às sociedades locais. Agora mesmo nesta crise cambial isso fica muito evidente. O déficit deste ano se deve especialmente à remuneração das multinacionais aos seus centros de direção. Quando lemos alguém falando em excesso de gastos, em flexibilização do trabalho, em “custo Brasil”, estamos escutando a voz da teoria da dependência segundo FHC e que traduz por dinâmicas muito claras em Ruy: redução salarial, aumento da jornada ou da intensidade de trabalho, sem a elevação salarial correspondente ao maior desgaste da força de trabalho.

A disputa eleitoral é esta mesma e o ideólogo de um dos lados é FHC que atacou fortemente as teses da Dialética da Dependência no CEBRAP. Marini responde com o livro As Razões do Neodesenvolvimentismo em 1978 denunciando os rumos conservadores de FHC quase vinte anos antes dele ser presidente da República no calor de um programa Neoliberal e com o objetivo de acabar a Era Vargas. Enquanto FHC ossificou seu pensamento Ruy Mauro Marini evoluiu e analisou muito bem a nova divisão do trabalho construída nos anos 70/80.

Em Processo e Tendências da Globalização Capitalista, começa a observar que o modelo do pós-guerra esgotou-se e que o capitalismo central começara a superexploração do trabalho também em seus territórios. O mecanismo acontecia por intermédio das multinacionais do seguinte modo: elevação da tecnologia de suas unidades produtivas nos países dependentes subordinadas às inovações geradas nas matrizes. Isso resulta numa estratégia global combinando tecnologia de ponta, superexploração do trabalho na periferia e semiperiferia para quebrar as burguesias estritamente nacionais dos países centrais levando ao rebaixamento do preço da força de trabalho, também nos países centrais.

Vejam como este modelo explica muito bem o papel que tem a China e muitos países asiáticos nisso tudo. Além, é claro da América Latina e África. Por isso é que os trabalhadores franceses estão em levante, é reflexo desta estratégia. Outro dia escrevi aqui nestes blogs um texto chamado “Olhem eles aí de novo” em que resumia isso aqui, nos EUA e na França.

FHC, que estará á frente de uma passeata do final da campanha de Serra, além de representar um pensamento conservador, também represente uma leitura equivocada do Brasil e isso o Theotonio do Santos demonstra. Mas ao fazer isso, volta a dar conteúdo àquele que nos pedira para esquecer a coisa que torna humano um individuo: seu pensamento.