TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 26 de fevereiro de 2019

"IPSIS LITTERIS" - José Nilton Mariano Saraiva


Numa postagem anterior (Os Felizes e Ricos Afilhados do Juiz Sérgio Moro) afirmamos, de forma peremptória e contundente, que ao deixar o comando da Operação Lava Jato e renunciar ao cargo de Juiz Federal (para receber sua “paga” – ministério da justiça - pelos relevantes serviços prestados), Sérgio Moro já houvera redigido a sentença e definido a “pena” a ser aplicada a Lula da Silva na ação sobre o tal sítio de Guarujá (embora sem nenhuma prova), restando à sua substituta apenas e tão somente subscreve-la e passar adiante.

É que, desde o princípio, a “República de Curitiba” sempre se nos apresentou como uma congregação de raivosos (pra esconder a incompetência ???)  juízes e procuradores, cujo objetivo primeiro sempre foi o de inviabilizar a candidatura de Lula da Silva à Presidência da República, se possível prendendo-o. O que foi feito devido à covardia explícita dos prolixos, pernósticos e preguiçosos membros do tal Supremo Tribunal Federal. Isso todo mundo tá careca de saber.

Para o lugar de Sérgio Moro, interinamente ficou respondendo pela Operação Lava Jato a juíza-substituta Gabriela Hardt que, devido ao tratamento ríspido e deseducado nos interrogatórios com o ex-presidente, foi literalmente ungida à condição de um “Moro 02” ou um “Moro de saias”. E, como esperado, foi ela que assinou a nova sentença (REDIGIDA POR SÉRGIO MORO, SIM) condenando Lula da Silva.

Se alguém tinha ou tem alguma dúvida a respeito, veja abaixo e observe que, quando questionada, Sua Excelência simplesmente “tira o braço da seringa” e recusa-se a dar explicações sobre o vergonhoso uso das combinações CTRL+C (copiar) e CTRL-V (colar).

Lastimável.

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Perícia indica “copia e cola” em sentença de Lula por sítio
POR FERNANDO BRITO · 26/02/2019

A defesa do ex-presidente Lula enviou a decisão em que Gabriela Hardt condenou o petista no caso do sítio de Atibaia (SP) para exame pericial. Resultado: o laudo sustenta que a juíza aproveitou “o mesmo arquivo de texto” usado pelo colega Sergio Moro no caso do tríplex.

O parecer foi feito pelo Instituto Del Picchia. Ele aponta similaridade na formatação dos dois textos e o que chama de lapsos de Hardt, que chegou a copiar trecho do caso do Guarujá na penúltima página de sua sentença, reproduzindo referência a um “apartamento”.

O material será anexado a recursos que os advogados vão apresentar ao TRF-4 e a tribunais superiores. Procurada, a assessoria da 13ª Vara da Justiça Federal do Paraná disse que Gabriela Hardt não iria se manifestar.

O trecho a que a nota se refere é o item 953 da sentença de Sérgio Moro que, ao estabelecer o valor da multa condenatória diz que “Evidentemente, no cálculo da indenização, deverão ser descontados os valores confiscados relativamente ao apartamento.” A expressão é literalmente repetida na página 359 da sentença da juíza Hardt, com a “curiosidade” que, no processo do sítio de Atibaia, não há apartamento algum…

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Como a “papelada” será distribuída para o TRF-4 (Tribunal Regional Federal de Porto Alegre) composto por três juízes comprovadamente parciais, dificilmente teremos alguma novidade.




segunda-feira, 25 de fevereiro de 2019

"AJUDA HUMANITÁRIA",,, UMA OVA - José Nilton Mariano Saraiva

Constitui-se frescura pura e viadagem explícita a massacrante e uníssona ofensiva da amestrada mídia internacional (inclusive e principalmente a brasileira, aliada de primeira hora aos Estados Unidos), no sentido de nos fazer crer que os “yankes” estão mesmo preocupados com a situação do povo venezuelano, daí a necessidade dessa grotesca encenação apelidada de “ajuda humanitária” (uma ova).

Na verdade (e quem tem na cabeçona pelo menos dois neurônios interligados) sabe perfeitamente que existem no mundo muitos outros povos e países em situação mais delicada e difícil que na Venezuela (e já faz tempo), sem que os “xerifes” do mundo se preocupem com isso (Honduras, Cuba, Guatemala, República Dominicana e o paupérrimo Haiti, por exemplo, todos localizados no quintal dos gringos).

Mas, como nenhum deles tem seu território assentado num oceano-amazônico de petróleo, vão morrer à míngua, sem que os americanos demonstrem dó ou piedade (pelo contrário, se puderem dizimam de vez; e o “bloqueio”, de toda ordem e modalidade, contra a Venezuela, e do qual ninguém fala, é o exemplo emblemático).

Intervencionistas de primeira hora, preferencialmente se do outro lado se encontra um país periférico e subdesenvolvido, mas que tenha algo do seu interesse (em termos estratégico ou econômico), os Estados Unidos nunca respeitaram os tratados de “não intervenção” ou a “autodeterminação dos povos”, constante das cartilhas dos organismos internacionais - ONU, OEA e por ai vai , daí se meterem em tudo que é canto. Basta observar que onde tem uma guerra tem americano metido no meio.

Para tanto, de um certo tempo até os dias presentes uma nova modalidade de “terrorismo” foi implementada pelos “xerifes” do mundo, através da incitação de países até então amigos a se digladiarem em defesa de supostas “causas humanitárias”. Mas que, ao fim e ao cabo, terão os Estados Unidos como beneficiário final.

Nos dias atuais e caso presente, como a Venezuela e seu povo nunca representaram nem representam nenhum risco à soberania brasileira, há que se levar em conta que, além da tomada/posse das generosas jazidas do petróleo venezuelano (fator econômico), o conflito provocado pelos “gringos” representa, sim, um iminente e sério risco à soberania brasileira (fator estratégico), porquanto, não é de hoje que se sabe da ambição americana em tomar de conta da nossa Amazônia, consubstanciada na doutrina de James de Monroe, do século XIX: “A AMÉRICA PARA OS AMERICANOS... DO NORTE”.

E como o idiota que foi eleito presidente do Brasil já disse em certa oportunidade que, como o Brasil não tem condições de explorar as potencialidades da região amazônica, ela deveria ser entregue a quem pudesse explorá-la, não custa nada ficarmos atentos. Afinal, ali estão as maiores reservas de água doce do mundo, a maior floresta tropical do mundo, sua inigualável e incrível biodiversidade, além das portentosas riquezas minerais do seu subsolo.

E se invadirem a Venezuela não tenhamos dúvida: seremos a “bola da vez”, e em bem pouco tempo. Alguém duvida ???

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Post Scriptum:
Risível, para não dizer ridículo, os dois “caminhões meia-tigela” que o governo brasileiro apresentou como contendo a “ajuda humanitária” brasileira para os “famintos” venezuelanos; não dariam para satisfazer, por um dia sequer, as necessidades dos moradores de uma única favela do Rio de Janeiro.





domingo, 24 de fevereiro de 2019

UM "PASSADO QUE CONDENA" 02 - José Nilton Mariano Saraiva


"Eu não entendo porque não estamos olhando para a Venezuela. Por que não estamos em guerra com a Venezuela ? Eles têm todo esse petróleo e estão na nossa porta dos fundos". 

(Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, em reunião na sede do FBI, meses atrás).

E aí, é preciso desenhar ???

sábado, 23 de fevereiro de 2019

UM "PASSADO QUE CONDENA" - José Nilton Mariano Saraiva

UM “PASSADO QUE CONDENA” – José Nilton Mariano Saraiva

Não é necessário que se seja nenhum expert em Geografia para saber que o Iraque se acha encravado no longínquo Oriente Médio (do outro lado do mundo) enquanto a Venezuela é nossa vizinha, aqui na América do Sul. Assim como, também, que em termos de costumes, história, cultura, religião e, enfim, do modus vivend, são países totalmente antagônicos.

Num aspecto, entretanto, os dois guardam uma semelhança muito grande e... preocupante: ambos detêm em seu subsolo portentosas e invejáveis reservas do “ouro negro” (petróleo). Assim, literalmente nadam de braçada, mas por outro lado são alvos da cobiça internacional.
De outra parte, na América do Norte, o outrora maior país do mundo, Estados Unidos, paulatina e progressivamente começa a perder poder, principalmente em razão do exaurimento das suas reservas de petróleo (que após beneficiado é usado numa miscelânea de outros produtos essenciais).

Como desde o fim da Segunda Grande Guerra Mundial os “yankes” (Estados Unidos) incorporaram o espírito de “xerifes” do mundo, com direito a dar pitaco e interferir onde bem entender (escudado em seu portentoso arsenal bélico/militar), a solução encontrada foi “ir atrás do petróleo onde ele estiver”.

Para tanto, é só arranjar um país que seja portador de reservas “suculentas” do petróleo, desqualificar seus governantes, “fazer a cabeça” da mídia amestrada para difundir o perigo que representam tais governos e, ato contínuo, invadir o país e tomar de conta das suas jazidas.

Foi assim no Iraque, em 2003, quando o alcóolatra George Bush, então na presidência dos Estados Unidos, resolveu que era chegada a hora de tomar tal providência contra Saddam Hussein, sob o mentiroso argumento de que o Iraque detinha um fabuloso arsenal de armas químicas a serem usadas contra seus vizinhos do Golfo Pérsico. Não encontraram porra nenhuma (porque inexistia), mas depuseram e mataram o “sanguinário” e se apossaram do petróleo do Iraque. E ficou por isso mesmo.

2019, a bola da vez é a Venezuela, cujas reservas de petróleo são as maiores do mundo (maiores até que as da Arábia Saudita). O modus operandi é o mesmo: demonizar o governo através do estardalhaço de uma mídia de via única e parcial, conseguir o apoio de países alinhados a fim de perpetrar o crime e partir para o aniquilamento.

E a declaração do psicopata que atualmente está presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, durante uma reunião no FBI, meses atrás, é emblemática e não deixa dúvidas:  
"Eu não entendo porque não estamos olhando para a Venezuela. Por que não estamos em guerra com a Venezuela? Eles têm todo esse petróleo e estão na nossa porta dos fundos".

O lamentável e preocupante nisso tudo é que o desonesto e medíocre que foi alçado à Presidência do Brasil (Jair Bolsonaro), haja concordado em meter o Brasil nessa enrascada, já que o território brasileiro irá funcionar como um dos pontos de apoio para a invasão de um país com o qual sempre tivemos excelentes relações.


E se a Rússia e China, apoiadores de primeira hora da Venezuela, resolverem “bater de frente” com os Estados Unidos (um passado que condena), o que sobrará para o Brasil ??? Estaremos preparados para participar de uma guerra civil da qual nada temos a ver ???

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2019

Telemedicina


Oh tempora!  Oh mores !  Resolução recente do Conselho Federal de Medicina regulamentou o atendimento médico à distância, a chamada Telemedicina. Laudos de exames , agora, poderão ser feitos inclusive de outros estados, sem qualquer contato dos laudadores com os doentes. Consultas poderão ser feitas por Videoconferência, sem contato direto médico-paciente. A cirurgia robótica, também, acaba de ser regulamentada pelo CFM, sendo permitidas cirurgias comandadas por cirurgiões em outros estados ou países sem que , ao menos, tenham um simples contato físico mínimo com os operados. A decisão, claro, mexe diretamente com o exercício da medicina nacionalmente. Grandes empresas , a partir de agora, tomarão, rapidamente, para si,  a responsabilidade por grande Clínicas de Imagens. Radiologistas e imaginologistas terão seus campos de atuação cada vez mais restritos e precisarão enquadrar-se nos esquemas de grandes conglomerados e corporações, agora sob salário fixo. A novidade, inclusive, rapidamente fez com que todos os radiologistas do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco, uma das excelências no Ensino Médico no Brasil, fossem simplesmente postos no olho da rua: o serviço será agora encabeçado por uma grande empresa de planos de saúde que se responsabilizará por emitir os laudos de forma virtual.  Médicos, consultando à distância, interferirão, em pouco, nos mercados locais de Clínica Médica e não será muito diferente com as pessoas que necessitam submeter-se a atos cirúrgicos. A Medicina, a partir da Resolução  do CFM,  globaliza-se, tende mais e mais a ser conduzida por grandes empresas imantadas pelo lucro e não pelo bem estar da população.
                            Eram perfeitamente previsíveis estes caminhos, diante do avanço tecnológico. Hoje a impessoalidade tomou conta do mundo, as criaturas mais próximas estão distantes e as mais distantes, estranhamente, se puseram dentro da nossa casa. A Internet, o Smartphone, o WhatSap, uma infinidade de aplicativos, vêm tornando a vida na terra aparentemente mais simples, prática e rápida. Resolvemos quase tudo com um simples toque no celular : compras de feiras, em restaurantes, em farmácias; reservas de hotéis, pagamentos de contas... Certamente, um dia,  todas essas novidades que já eram tão presentes nos jovens, terminariam por invadir o hábito das novas gerações de profissionais da saúde e os seus clientes da geração do bitcoin.
                            Com mais de quarenta anos como médico, poderia  achar a Resolução do CFM um absurdo, uma afronta à História da Medicina, prenhe de calor humano, de olho no olho, onde a presença simples do profissional carregava consigo um valor terapêutico muitas vezes maior do que a receita que seria, depois, aviada. Acredito, no entanto, que o CFM apenas embarcou na montanha russa. Estes caminhos já haviam se tornado uma realidade fática, apenas agora receberam o seu  aval inevitável. Para novos tempos, novas abordagens médicas ! --- Assim deve ter concluído o órgão máximo da regulação ética da profissão no Brasil. Novas gerações absolverão, tranquilamente, estes avanços tanto da parte dos médicos quanto dos pacientes. Para novas mentes, novas tecnologias !
                            Bem sei que sempre parecerá   parcial e descartável a opinião de um médico de uma outra geração que deveria cuidar de suas artroses e não ficar emitindo pareceres, onde não é solicitado. O grande problema, a meu ver, é que a Medicina precisa tratar um aparelho bem mais complexo que um liquidificador. Os males físicos vêm sempre mesclados, sutilmente, com as obsessões da alma e da mente. A ansiedade, a depressão, a solidão, apesar de todo o avanço tecnológico, são enfermidades que apenas têm grassado junto às pessoas, principalmente nas grandes metrópoles. As pessoas procuram os médicos, muitas vezes, apenas para serem ouvidas, receberem uma palavra de conforto e terem a certeza de que ainda existe gente no mundo. O poder de cura, como a lei da gravidade, é inversamente proporcional ao quadrado da distância.  A Telemedicina talvez não signifique Medicina à Distância, mas Distantes  da Medicina .A  grande questão é que todos esquecem que a Medicina não é uma Ciência, mas  uma Arte.

Crato, 22/02/19

Telemedicina


Oh tempora!  Oh mores !  Resolução recente do Conselho Federal de Medicina regulamentou o atendimento médico à distância, a chamada Telemedicina. Laudos de exames , agora, poderão ser feitos inclusive de outros estados, sem qualquer contato dos laudadores com os doentes. Consultas poderão ser feitas por Videoconferência, sem contato direto médico-paciente. A cirurgia robótica, também, acaba de ser regulamentada pelo CFM, sendo permitidas cirurgias comandadas por cirurgiões em outros estados ou países sem que , ao menos, tenham um simples contato físico mínimo com os operados. A decisão, claro, mexe diretamente com o exercício da medicina nacionalmente. Grandes empresas , a partir de agora, tomarão, rapidamente, para si,  a responsabilidade por grande Clínicas de Imagens. Radiologistas e imaginologistas terão seus campos de atuação cada vez mais restritos e precisarão enquadrar-se nos esquemas de grandes conglomerados e corporações, agora sob salário fixo. A novidade, inclusive, rapidamente fez com que todos os radiologistas do Instituto Materno-Infantil de Pernambuco, uma das excelências no Ensino Médico no Brasil, fossem simplesmente postos no olho da rua: o serviço será agora encabeçado por uma grande empresa de planos de saúde que se responsabilizará por emitir os laudos de forma virtual.  Médicos, consultando à distância, interferirão, em pouco, nos mercados locais de Clínica Médica e não será muito diferente com as pessoas que necessitam submeter-se a atos cirúrgicos. A Medicina, a partir da Resolução  do CFM,  globaliza-se, tende mais e mais a ser conduzida por grandes empresas imantadas pelo lucro e não pelo bem estar da população.
                            Eram perfeitamente previsíveis estes caminhos, diante do avanço tecnológico. Hoje a impessoalidade tomou conta do mundo, as criaturas mais próximas estão distantes e as mais distantes, estranhamente, se puseram dentro da nossa casa. A Internet, o Smartphone, o WhatSap, uma infinidade de aplicativos, vêm tornando a vida na terra aparentemente mais simples, prática e rápida. Resolvemos quase tudo com um simples toque no celular : compras de feiras, em restaurantes, em farmácias; reservas de hotéis, pagamentos de contas... Certamente, um dia,  todas essas novidades que já eram tão presentes nos jovens, terminariam por invadir o hábito das novas gerações de profissionais da saúde e os seus clientes da geração do bitcoin.
                            Com mais de quarenta anos como médico, poderia  achar a Resolução do CFM um absurdo, uma afronta à História da Medicina, prenhe de calor humano, de olho no olho, onde a presença simples do profissional carregava consigo um valor terapêutico muitas vezes maior do que a receita que seria, depois, aviada. Acredito, no entanto, que o CFM apenas embarcou na montanha russa. Estes caminhos já haviam se tornado uma realidade fática, apenas agora receberam o seu  aval inevitável. Para novos tempos, novas abordagens médicas ! --- Assim deve ter concluído o órgão máximo da regulação ética da profissão no Brasil. Novas gerações absolverão, tranquilamente, estes avanços tanto da parte dos médicos quanto dos pacientes. Para novas mentes, novas tecnologias !
                            Bem sei que sempre parecerá   parcial e descartável a opinião de um médico de uma outra geração que deveria cuidar de suas artroses e não ficar emitindo pareceres, onde não é solicitado. O grande problema, a meu ver, é que a Medicina precisa tratar um aparelho bem mais complexo que um liquidificador. Os males físicos vêm sempre mesclados, sutilmente, com as obsessões da alma e da mente. A ansiedade, a depressão, a solidão, apesar de todo o avanço tecnológico, são enfermidades que apenas têm grassado junto às pessoas, principalmente nas grandes metrópoles. As pessoas procuram os médicos, muitas vezes, apenas para serem ouvidas, receberem uma palavra de conforto e terem a certeza de que ainda existe gente no mundo. O poder de cura, como a lei da gravidade, é inversamente proporcional ao quadrado da distância.  A Telemedicina talvez não signifique Medicina à Distância, mas Distantes  da Medicina .A  grande questão é que todos esquecem que a Medicina não é uma Ciência, mas  uma Arte.

Crato, 22/02/19

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2019

CORRUPÇÃO x CAIXA 02 (A VERGONHOSA COOPTAÇÃO DE SÉRGIO MORO) - José Nilton Mariano Saraiva





Para explicar a repentina metamorfose experimentada pelo ex-juiz Sérgio Moro, hoje Ministro da Justiça, nada como uma velha e surrada expressão: “na prática a teoria é outra”.
Aos fatos.
Em abril de 2017 (portanto a menos de dois anos), em palestra proferida para estudantes brasileiros na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos, o então todo poderoso e midiático juiz federal Sérgio Moro foi categórico e incisivo: "CAIXA 02 NAS ELEIÇÕES É TRAPAÇA, É UM CRIME CONTRA A DEMOCRACIA. Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral. PARA MIM A CORRUPÇÃO PARA FINANCIAMENTO DE CAMPANHA É PIOR QUE PARA O ENRIQUECIMENTO ILÍCITO. Se eu peguei essa propina e coloquei em uma conta na Suíça, isso é um crime, mas esse dinheiro está lá, não está mais fazendo mal a ninguém naquele momento. Agora, se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível", concluiu.
Vida que segue, em 2018, em plena campanha eleitoral para a Presidência da República, o juiz Sérgio Moro começa a ser cooptado progressivamente pela nefasta classe política quando, convidado pelo candidato Jair Bolsonaro a participar do seu governo, na perspectiva de que saia vitorioso, de pronto aceita.
A razão do convite ??? Retribuição por ter impedido o favorito do pleito (Lula da Silva) de concorrer, condenando-o e prendendo-o (mesmo sem nenhuma prova) abrindo o caminho para Bolsonaro.
Empossado Ministro da Justiça (depois de renunciar ao cargo vitalício de Juiz Federal, que não é pouca coisa), o agora ex-juiz continua a derrapar feio e a constatar que “na prática a teoria é outra”; é que o principal ministro do senhor Bolsonaro, e agora seu colega de ministério Ônix Lorenzoni, não só confirma aos jornalistas que recebeu caixa 2 (e em duas oportunidades) como apresenta ao próprio um simplório pedido de desculpas; que Sérgio Moro,  cândida e pateticamente aceita e perdoa, sob o mambembe argumento que ele (Ônix) houvera “se arrependido e lhe pedido desculpas”. Simples assim.
Eis que hoje, ao apresentar na Câmara Federal seu badalado projeto de combate sem tréguas à corrupção, Sérgio Moro finalmente “bateu de frente” com os mafiosos políticos que lá habitam (quase todos respondendo processos) e, esquecendo suas convicções e achismos, sucumbiu humilhantemente ao revelar que a criminalização do Caixa 2 não é um crime tão grave assim e, portanto, apresentará um projeto separadamente, sobre.
Como o que não falta é ladrão e corrupto no governo Bolsonaro e entorno, a dúvida é se um simples pedido de “desculpas” (individual ou coletivo ???) será suficiente para ser perdoado por Moro, ou mesmo se esse tal projeto será algum dia votado pelos mafiosos.
Resumo: ou Sérgio Moro mostra que é inflexível em suas convicções e achismos, ou se deixa cooptar de vez, se acovarda e “esquece” rapidinho e mesmo que momentaneamente a abissal diferença entre corrupção e caixa 2, por ele explicitada categoricamente aos alunos de Harvard, menos de dois anos atrás (afinal, mesmo sem que haja logrado aprovação no exame da OAB, sua vaga no tal Supremo Tribunal Federal já está garantida em razão dos “relevantes serviços prestados”: colocar a corrupta família Bolsonaro no poder). 



segunda-feira, 18 de fevereiro de 2019

"BABYCRACIA" - José Nilton Mariano Saraiva


E não deu nem para esperar pelos tradicionais 100 dias de arrego, normalmente concedidos a quem chega lá, a fim de que pudéssemos emitir algum juízo de valor. Com menos de dois meses de assunção do poder, muitos daqueles que sufragaram o atual inquilino do palácio do Planalto (Jair Bolsonaro) já mostram inequívocos sinais de arrependimento e desesperança ante a falta de comando e inaptidão para a função de Presidente da República, demonstrados pelo próprio.

É que, acostumado à inoperância e vadiagem reinante no baixo clero da Câmara Federal, onde passou 28 anos sem nada produzir (a não ser em benefício próprio), o truculento, despreparado e incompetente ex-capitão do exército já deve ter se perguntado o que está fazendo ali e como tantas pessoas tiveram a coragem de o sufragarem (é, literalmente, uma barata-tonta a zanzar sem rumo pelos corredores do palácio).

Já nós outros, estupefatos, descobrimos, da noite pro dia, que embora muitos militares hajam sido alocados em postos-chaves da estrutura presidencial como uma forma de escudo protetor ao descalabro que mais cedo ou mais tarde eclodiria (como está a ocorrer), constatamos que estamos a ser geridos por uma inédita “congregação-familiar”, a “babycracia”.  

Que nada mais é que a oportunista, perigosa e deslavada cessão do direito de governar, de Bolsonaro aos três filhos, todos “empregados” na política pelo próprio pai (vereador, deputado e senador) e, portanto, seus fiéis escudeiros.

Arrogantes, prepotentes e sem escrúpulos, os “babys” (Carlos, Eduardo e Flávio) em tão pouco tempo baldearam o coreto de uma forma tal que findaram por, inadvertidamente, “entregar o ouro”: é que, tal qual as tradicionais  famílias italianas  vinculadas à máfia, por aqui o clã Bolsonaro tem a proteção desabrida das perigosas milícias-militares estabelecidas no Rio de Janeiro (gente da pesada, que atira antes de perguntar).

A propósito, o atual Ministro da Justiça, o todo poderoso ex-juiz, Sérgio Moro, bem que poderia nos informar por onde anda o “motorista-milionário” do Flávio Bolsonaro, por cuja conta bancária transitaram milhões e milhões de reais ???  

Ante o exposto, a dúvida que nos assalta é se os “milicos”, já lá instalados, aceitarão passivamente que os “babys” irresponsáveis mandem e desmandem, casem e batizem, façam e desfaçam e, enfim, assumam de vez o poder, já que com carta-branca do pai, para tal.

O retrato emblemático de tal situação nos foi mostrado hoje, quando o presidente do partido, coordenador, tesoureiro da campanha e Ministro do governo de Bolsonaro (outro meliante) foi sumariamente escorraçado do Planalto em razão de divergência com um dos rebentos do presidente (Carlos).

Seria essa a senha para que os “estrelados” forcem a barra e assumam de vez o poder, na perspectiva que o estado de saúde de Bolsonaro inspira sérios cuidados ???  Ou prevalecerá, por cima de pau e pedra, a “babycracia” ???

A conferir.
  


quarta-feira, 13 de fevereiro de 2019

CIRO "CAMALEÃO" GOMES - José Nilton Mariano Saraiva


Metade do mundo e a outra banda sabem que os camaleões se distinguem de outros lagartos pela habilidade de algumas espécies em trocar de cor, assim como por sua língua rápida e alongada.

Pois bem, apadrinhado por Tasso Jereissati, que o lançou na arena política cearense, de princípio Ciro “camaleão” Gomes tratou de “empregar” toda a família na política, talvez por entender ser aquele um meio de vida de ganho fácil e promissor (hoje, os irmãos Ivo Gomes, Cid Gomes, Lúcio Gomes e até a ex, Patrícia Gomes, estão bem situados na vida, sem nunca terem se dado  ao trabalho de batalharem por um emprego na área em que se formaram; portanto, todos, indistintamente, devem ao primogênito da família a folgada situação que hoje desfrutam, daí a fidedignidade canina ao próprio).

Após descobrir os “encantos da política” ($$$ e tráfico de influência), Ciro “camaleão” Gomes não se importou em trair espetacularmente o ex-padrinho, Tasso Jereissati, aplicando-lhe um sonoro pé-na-bunda e partindo em voo solo (sem que antes haja rotulado o ex-amigo de “coronel”).

E foi a partir de então, pulando de galho em galho, que ficamos a saber da sua falta de coerência e de ideário programático, já que movido apenas e tão somente por interesses pessoais; assim é que nos seus 30 e poucos anos na política, já transitou pela antiga ARENA, PDS, PMDB, PSDB, PPS, PSB, PROS e PDT;  como se vê, um verdadeiro camaleão em crise de identidade.

Há que se destacar que, talvez por ser um admirador do baiano Raul Seixas, parece ter adotado para si ou apropriou-se de uma de suas pérolas, “EU PREFIRO SER ESSA METAMORFOSE AMBULANTE...” objetivando se dar bem na vida.

Arrogante, prepotente e, antes de mais nada e acima de tudo messiânico, meteu na cabeça que bastaria seu “papo-furado” ou sua facilidade de verbalizar asneiras, para ascender à Presidência da República, nem que para tanto tivesse que, momentaneamente, aderir ao puxa-saquismo desenfreado para com o seu então “chefe”, Lula da Silva, degrau mais fácil para “chegar lá”. Para tanto, tornou-se um lulista de quatro costados, tão sincero e verdadeiro como uma cédula de sete reais.

Só que, experiente, passado na casca do alho e autêntico professor na área da política, Lula da Silva massageou seu ego convocando-o para ser um dos seus ministros, o que o fez pensar que faltava pouco para atingir seu objetivo; sonho que se esvaiu quando o então presidente convocou Dilma Rousseff para concorrer ao seu lugar.

Apoplético e fora de controle, deu um jeito de arranjar espaço nos principais jornais televisivos noturnos (nos diversos canais de TV), para desancar daquela que havia “tomado o seu lugar”; e aí, Lula da Silva mostrou-lhe que, ante ele, Ciro “camaleão” Gomes não passava de um imberbe, um amador, um iniciante; orientou a candidata a oferecer-lhe uma simples coordenação política de campanha, no Nordeste. Foi o bastante e suficiente para silenciá-lo.

Nesse interregno, através de agremiações políticas consideradas “barrigas-de-aluguel”, conseguiu lançar-se em três eleições candidato à Presidência da República, quando “engasgando-se com a própria língua”, conseguiu pífios 10/12% dos votos.

Mui recentemente, aflorou mais uma vez um fato denotador da sua incoerência e instabilidade emocional:  quando surgiram indícios de que a “caçada implacável” do raivoso juiz Sérgio Moro estava nos seus "finalmentes" e este se preparava para prender o ex-presidente Lula da Silva (mesmo sem qualquer prova que o credenciasse pra isso, mas tão somente  objetivando tirá-lo da corrida presidencial, como aconteceu), Ciro “camaleão” Gomes apressou-se em anunciar que estaria à frente de um movimento visando sequestra-lo e  acomodá-lo em uma embaixada de algum país amigo. Só papo-furado, como se viu a posteriori.

Foi aí que a “metamorfose raulseixiana” mais uma vez se manifestou: após consumada a prisão de Lula da Silva e pressupondo que o PT o convocaria para substituí-lo como cabeça de chapa do partido, ainda hoje não se conformou em razão do partido ter lançado candidatura própria, via Fernando Haddad. Que, mesmo desconhecido, em 20 dias de campanha conseguiu quase 50% dos votos, deixando-o atrás, bem atrás.

Sua metralhadora então giratória foi fixada numa base sólida e alvo determinado: Lula da Silva. Assim, se meses antes o ex-presidente era por ele considerado um “preso político” (como a maioria da população mundial pensa), agora não passa de um “político preso” e “babacas” são os que pensam o contrário.

Já se lançou candidato à Presidência da República em 2022, mas certamente morrerá de novo longe, muito longe da praia. Até lá será um zumbi a zanzar nas noites sem fim. Politicamente está liquidado. 
    


terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

OS FELIZES (E RICOS) AFILHADOS DO JUIZ SÉRGIO MORO - José Nilton Mariano Saraiva


Condenado a mais de 40 anos de prisão (em regime fechado), de repente o marginal Leo Pinheiro, dono da OAS, teve sua pena reduzida para pouco mais de dois anos e, ainda assim, em prisão domiciliar (aquela farsa grotesca em que se faz uso da fajuta tornozeleira eletrônica, que nunca impediu algum bandido de circular por aí).

Na mesma toada, Paulo Roberto Costa, Alberto Youssef, Nestor Cerveró, Pedro Barusco, Sérgio Machado e mais uma ruma de bandidos de alta periculosidade, os comprovadamente e verdadeiros ladrões da Petrobras (afilhados do juiz Moro), também se encontram em casa usufruindo do fruto do roubo, já que devolveram uma merreca à República de Curitiba (aliás, num desses finais de semana o Pedro Barusco foi flagrado numa praia em Angra dos Reis, “melando o bico” com whiskie, e mostrando sem nenhum constrangimento a tal tornozeleira).

Em comum, para obterem tais privilégios, o comportamento ensaiado e decorado, ad nauseam: desdizerem o que haviam dito num primeiro depoimento e, em um novo, pronunciarem a “senha-salvo-conduto” que o juiz Sérgio Moro exigia, a fim de relaxar suas prisões: Lula da Silva.

Foi dessa maneira vergonhosa, e assim mesmo só depois de quatro longos anos, que o juiz Sérgio Moro, na iminência de ser desmoralizado em razão da não obtenção de uma única prova contra Lula da Silva, resolveu condená-lo por “atos de ofício indeterminados”.

E, no entanto, se tivéssemos uma mídia séria e isenta e uma Suprema Corte digna da expressão, bastaria atentar para uma das peças produzidas por aquele juiz: “Este Juízo jamais afirmou, na sentença ou em lugar algum, que os valores obtidos pela construtora OAS nos contratos com a Petrobrás foram utilizados para pagamento da vantagem indevida para o ex-presidente"  (sobre o tal triplex do Guarujá).

Como ninguém lembrou disso (???), Sérgio Moro, antes de renunciar ao cargo vitalício de juiz federal para receber a “justa paga” (assumir um ministério num governo de corruptos) pelos relevantes serviços prestados (impedir o ex-presidente de se candidatar), já deixou pronta a denúncia sobre o sítio de Atibaia (suas digitais estão lá), que a sua substituta só teve o trabalho de assinar, condenando o ex-presidente Lula da Silva a mais 13 anos de prisão, mesmo sem nenhuma prova (de novo, outra vez, novamente), como já houvera acontecido com o tal triplex.

Como consequência, o Brasil virou alvo de gozação e ironia por parte da mídia e governos internacionais, que não conseguem entender como uma pessoa inocente e de relevantes serviços prestados não só ao seu país, mas ao mundo) é mantida presa e incomunicável (sem nenhuma prova de algum malfeito), enquanto os comprovadamente ladrões estão livres, leves e soltos, usufruindo do produto roubado e rindo da cara de todos nós.

E a tudo isso os prolixos, preguiçosos e covardes integrantes do tal Supremo Tribunal Federal fizeram vista grossa, atestando de forma bem eloquente que Lula da Silva é um preso político, com a chancela e complacência daquele colegiado.

Uma vergonha.

segunda-feira, 11 de fevereiro de 2019

AFLOROU A SENSIBILIDADE DO "GG" - José Nilton Mariano Saraiva


Embora tardiamente, alguns Auditores da Receita Federal se pronunciaram publicamente sobre possíveis e cabeludas barbaridades perpetradas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes (e sua esposa Guiomar).  Foi o suficiente para que aquela “excelência” togada se valesse do exacerbado corporativismo tão comum entre eles, ao apelar para que o Presidente daquela Corte (Dias Toffoli) tomasse providências contra os bravos auditores.

A propósito, permitimo-nos transcrever artigo de nossa autoria, postado neste espaço no distante crepúsculo de 2017, onde já tratávamos sobre as “peripécias” do distinto. Vide abaixo:

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O MINISTRO E OS DONOS DO DINHEIRO – José Nílton Mariano Saraiva

Aécio Neves, Daniel Dantas, Roger Abdelmassih, Jacob Barata, Ike Batista, José Riva, Anthony Garotinho, Adriana Ancelmo, Beto Richa e Benedito Lira, dentre muitos outros (a lista seria infindável), têm alguma coisa em comum: 01) trafegaram na ilegalidade por anos e anos e, portanto, são comprovadamente marginais; 02) têm muito dinheiro; 03) depois de roubarem estratosféricas somas de dinheiro foram liberados da prisão por decisão monocrática do excelentíssimo senhor ministro do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes.

E como na lista do Gilmar Mendes não figura um só pobre, sequer um remediado da classe média, o que metade do mundo e a outra banda pode pressupor é que, por caminhos que o mortal comum desconhece, o tal ministro deve receber, sim, algo em troca. Não no Brasil, mas, provavelmente, lá fora. O quê, fica a critério de cada um emitir algum juízo de valor.

Fato é que, embora já houvesse um certo e previsível ar de “desconfiômetro” da população em razão da postura ousada do ministro, agora temos uma outra grave denúncia pública de um juiz federal com atuação na cidade de Campos, no Rio de Janeiro, tratando da liberação do Anthony Garotinho por Gilmar Mendes, a saber:

“Em um vídeo estarrecedor, o juiz Glaucenir Oliveira, que prendeu de forma extremamente polêmica – e, para muitos juristas, ilegal – o ex-governador do Rio de Janeiro, Anthony Garotinho, decidiu atacar o ministro Gilmar Mendes, que determinou a libertação do político nesta semana; na mensagem, o magistrado acusa Gilmar Mendes de ter recebido dinheiro em troca de decisão favorável: “a mala foi grande”, afirmou. Gilmar soltou Garotinho, apontando que não havia qualquer elemento que justificasse a prisão preventiva; procurado pela reportagem, o juiz Glaucenir ainda não se manifestou.” (ipsis litteris).

Arrogante, sarcástico e prepotente, Gilmar Mendes já humilhou advogados em sessões do Supremo Tribunal Federal, assim como “peitou” os colegas daquela Corte (em mais de uma oportunidade), por “ousarem” questionar suas bravatas (lembremo-nos que em um embate duríssimo, no recinto do STF, o ex-ministro Joaquim Barbosa o acusou de “coronel” e de destruir o Judiciário brasileiro).

Não esquecer, também, que nos dias atuais Gilmar Mendes funciona como principal “conselheiro-orientador” do ilegítimo presidente, e que, coincidentemente, sua esposa Guiomar (do ministro) foi aquinhoada com uma polpuda remuneração para funcionar como um dos membros efetivos de um dos Conselhos da Itaipu Binacional (fala-se em mais de R$ 30.000,00 mensais).

Pode até não ter nada a ver, mas tudo isso nos faz lembrar o grande e sempre atual Nelson Rodrigues, ao afirmar que: “Se os homens de bem tivessem a ousadia dos canalhas, o mundo estaria salvo.”

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2019

A Solidão e suas Cercas



J. Flávio Vieira

“A solidão é agora tão difundida que se tornou,
 paradoxalmente , uma experiência compartilhada.”
Alvin Toffler


                                               Estes tempos  em que vivemos, são tempos de cercas, muros e grades. É como se, de repente,  vivêssemos um contra-refluxo da onda de globalização dos Anos 80. O isolamento é a pauta do momento na política mundial. Países constroem muros para isolá-los dos seus vizinhos, barreiras diplomáticas são erguidas contra a onda imigratória, fronteiras obliteram-se com medo do terrorismo de viés religioso. Soma-se a tudo isso um tsunami de extrema direita que toma de assalto países historicamente liberais, fundando-se, novamente, as colunas do neonazismo, da segregação racial, da perseguição religiosa, do darwinismo social. A todo esse movimento segregatório , de isolamento,  precedeu-o  um insidioso e permanente ato de retraimento das pessoas. Hoje, a solidão é a pauta do momento nas relações humanas. O Canadá, em 2016, passou a ter a maior parte da sua população morando sozinha. A Dinamarca, a Finlândia, a Alemanha e a Noruega têm quase metade da sua população com um só inquilino por residência. Calcula-se que 15% da população de todo planeta já viva com apenas um morador por casa, percentagem do Brasil nos dias de hoje. Quase a metade dos apartamentos construídos em São Paulo, no ano passado, tem apenas 45 m² , espaço quase que insuficiente para uma só pessoa habitar. E a previsão para 2030 parece alarmante: 75% dos franceses, 60% dos ingleses e 71% dos neozelandeses viverão sozinhos em suas moradas.
                                   Foi-se do tempo em que casar e ter filhos parecia ser o desejo da maior parte da população e quase que um sinônimo de felicidade. Grande parte das pessoas se exime de enfrentar os relacionamentos mais íntimos e duradouros, vezes por questões contábeis, vezes pelo dispêndio necessário de paciência e tolerância, preferem a efemeridade das relações, a cômoda manutenção das individualidades, o amor tipo delivery, o sexo  asséptico dos WhatsApp e das Redes Sociais. A maternidade já não se posta como uma necessidade básica dos casais.  Colocados nas planilhas dos computadores, filhos geram despesas imensas, aborrecimentos inimagináveis, não passam nos cálculos imediatistas do Custo-Benefício. Parece bem mais barato e simples outros criatórios como de cães, gatos e demais animais de estimação. Trocou-se a maternidade pelo Pet-Shops.
                                   Há, claro, a irmã siamesa dessa atitude, que vem junto com o pacote comprado : a Solidão. As pessoas sentem-se cada vez mais sozinhas no mundo e já existe todo um mercado direcionado aos solitários de plantão. Conselheiros online, 24 horas disponíveis para conversas, cobrando preços razoáveis por hora: os personal friends. Além do aluguel de um amigo, para as urgências; o sexo pela internet e, no Japão, já existem os chamados Cuddle Cafés, onde é possível pagar para dormir de conchinha com alguém, comprar troca de olhares e até abraços. Por incrível que possa parecer, a tecnologia , que nos faz virtualmente tão próximos, nos une , em tempo real com pessoas de todo o mundo, num só toque do smartphone, por vídeos, por áudios, por fotos; consegue, contraditoriamente, nos afastar fisicamente. Sem o toque, o olho no olho, o beijo, as relações se tornaram também virtuais, distantes e facilmente deletáveis e ressetáveis.
                                   Sem o exercício diário da tolerância por muitos, como mediar de forma humana nas relações mais cotidianas ? Apregoa-se o extermínio de índios, de homossexuais, de migrantes, de pobres, sem nenhum pejo ! Não são dá nossa raça, não os conhecemos ! Vivemos tempos de franco individualismo. Cada um por si e deus (em quem já não se acredita) por ninguém. O isolamento das nações é apenas um extensão da insulação de cada um de nós. Já não nos interessa o outro : nosso único amigo é o refletido no espelho do nosso apartamento de 45m². Quando a solidão bater à porta, compraremos um sorriso na bodega da frente ou  abraçaremos um manequim da loja do shopping. Construímos nossas cercas, nosso muros, nossas grades pontiagudas, totalmente  indevassáveis. Por eles  nada passará, como disse o poeta Carl Sandburg, exceto a Morte, a Chuva, a Solidão e o dia de amanhã.