TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 30 de setembro de 2007

Catulo da Paixão Cearense






Memórias de um sargento de milícias e Macunaíma. O herói sem caráter, ou de um caráter em transformação. Um antropófago voraz. Um antropófago de salões. Na boemia, nas repartições, no gosto popular. A adulação enganosa, que adula para esconder a vontade de chutar. Um gênio que se reconhece e por isso mesmo é vaidoso. Um sujeito, na altura da fama e no sofrimento da pobreza. Morre à míngua e seu enterro é acompanhado por milhares. Seguindo o parágrafo a partir do final.

Na rua Catulo da Paixão Cearense no Engenho de Dentro, Rio de Janeiro, viveu seus últimos anos de vida, num barracão miserável, o próprio Catulo. Chamado por ele de "Palácio Choupanal" ali recebeu Monteiro Lobato, poetas, pintores, políticos, tenores e médicos. Grande papo, molhado com as espumas de cerveja, sempre com a mesa cheia, recebia os amigos com roupas extremadas. Nunca a vestimenta mediana, apenas extremos: pijama ou terno e gravata.


Aos 75 anos de idade, em tremenda necessidade, apela ao cantor paulista Paraguaçu que lhe promova alguns recitais em São Paulo. Sucesso que esgota os seus livros e do interventor Adhemar de Barros recebeu um envelope com 20 contos de réis, muita grana, ao que o espírito adulador agradeceu: Eu sabia que V. Excia não ia deixar por menos. Em 10 de maio de 1946, no pós-guerra e época da constituinte pós-Estado Novo, morre Catulo na miséria.


O enterro do poeta foi um fato incomum na capital. No trajeto a banda de música do Corpo de Bombeiros (escola de grandes músicos) toca a Marcha Fúnebre e atrás da carreta, com o corpo de Catulo, a multidão. No Cemitério do Catumbi as personalidades gastaram o verbo enquanto o sol se punha. Tantas foram as loas que uma imensa lua cheia começou a luzir por sobre o Morro de Santa Teresa. O tenor Alfonso Tirado cantarolou Luar do Sertão e imediatamente um coro de milhares ecoou nos céus dos morros em volta.


Um cearense, relojoeiro e ourives, Amâncio José da Paixão Cearense, foi para o Maranhão e casou-se com Maria Celestina Braga da Paixão. Na hoje rua Oswaldo Cruz, antiga rua Grande, em São Luis do Maranhão, nasceu deste casamento, Catulo da Paixão Cearense. Nome de terra e elogio ao poeta que fincou a poesia lírica em Roma. Mas se o maranhense de nascimento se dizia da paixão cearense, é por que o era. Sua família, quando ele tinha 10 anos, foi para o Ceará e por lá ele rimou terra com luar. Pouca dúvida, é provável que o Ceará tenha dado a Catulo a sua força maior, a força de fazer poesia do jeito que se fala. Por isso, apesar da convivência marota, o poeta não virou a moda da vez, um Parnasiano com sotaque Francês. Também pudera, era um Cearense com coração de várzea, serra, pedras, espinhos e muita fulô de cores exuberantes sobre o cinza da vida burguesa na capital.


Os biógrafos do Catulo brasileiro têm dificuldades de fixar-lhe o ano de nascimento. Tudo motivado por uma sinecura em que o poeta foi empregado numa repartição pública, onde apenas ia no dia do pagamento, e, por isso, tiveram que rejuvenescê-lo três anos, o que antes fora na verdade 1863 virou, na reforma, 1866. Com 17 anos ele veio morar com os pais na rua São Clemente em Botafogo. Logo o poeta, que tocava flauta, entrou numa roda de músicos em Copacabana. Entre eles o mito Anacleto de Medeiros que lhe ensinou violão. Boemia, serestas e caminhadas ao luar. Um dia o pai, aborrecido com o comportamento filho, lhe quebra o violão na cabeça. Mas foi Catulo, com sua atitude Macunaímica, quem desmistificou o violão na elite da Velha República, ao tocar para ela nos salões do palácio do Catete.


Um talento desse, vaidoso e ousado vulcanizava inimigos. Diziam que uma vez ele encontrou um amigo e disse-lhe: "acabo de sair da casa do ministro Rui Barbosa. Recitei o meu Hino às aves e o baiano chorou. Só hoje é que vim a ter certeza de que ele é realmente um gênio". Os inimigos não suportavam isso e diziam que o poeta entrara pela porta dos fundos quando da audiência que dera para o Presidente Nilo Peçanha. Mas o troco veio com oMarechal Hermes da Fonseca quando todos viram o poeta subindo as escadarias do Catete e depois a jovem e encantadora mulher do presidente Nair de Tefé (uma das primeiras feministas do país) comentou: "Essa audição de Catulo, no Palácio do Catete, constituiu o maior sucesso a que um verdadeiro artista poderia aspirar em toda sua vida. Catulo, ao término de cada canção que interpretava, recebia da culta assistência uma ovação delirante. Todos o aplaudiram de pé." Por tal audição recebeu o emprego público na Imprensa Nacional.


Catulo comeu o pão que o diabo amassou no início de sua vida carioca, embora as noites sempre fossem de serestas e mulheres. Autodidata aprendeu Português, Matemática e Francês. Por tal cultura é que consegue sair do cativeiro como estivador do cais do Porto e começa a lecionar para os filhos de famílias ricas. Faz traduções do francês, funda um colégio no bairro da Piedade nos subúrbios do Rio e tem um emprego público. Tem as paixões arrasadoras, ao estilo de Noel Rosa, enquanto este no povaréu da Lapa e assemelhadas, Catulo com filhas de senadores e outras senhoras. A grande paixão da vida dele foi uma de codinome Coleira, expressa em poemas, segundo ele filha de um senador de Goiás.


Catulo funcionário público. Só aparecia no dia do pagamento. Os inimigos foram se queixar com o Presidente e este desfazia a intriga dizendo que o poeta era maluco e atordoava os reclamantes com "mas quem mandou ele ir tanto ao serviço". Acaba a República Velha, revolução de 30 e os novos donos do poder mandam Catulo ir trabalhar, cumprir seus deveres. Ao tentar entrar na sala dos datilógrafos, um porteiro que nunca o vira barrou-lhe a entrada. Catulo retrucou: Sou funcionário desta casa. O porteiro: Funcionário, o senhor? Menos essa. Eu estou aqui há 25 anos e não o conheço. Catulo: Pois saiba que sou. O porteiro: Como se chama o cavalheiro? - Catulo. - De quê? – Da Paixão Cearense. – Da Paixão Cearense? É parente do outro? – Não, senhor, sou...o outro. Ao se aposentar, os proventos foram reduzidos, mas Catulo chiou tanto que Getúlio recuperou-lhe os vencimentos.


Luar do Sertão e sua polêmica. Catulo negava, a letra era sua, mas tudo levava a crer que João Pernambuco recolhera a melodia do folclore nordestino. Quando a música foi gravada e os versos publicados Catulo não citou João e este reclamou. Ficou uma polêmica resolvida judicialmente com direito de João ser citado. Luar do Sertão foi composta com 10 estrofes de rimas emparelhadas. Se hoje queres um programa cultural no Rio poderás assistir a "Um Boêmio no Céu", texto de Catulo, direção de Amir Haddad e com atuação de José Mayer.



Fontes: Jangada Brasil, Cifrantiga - História da MPB e Cifras, A Canção no Tempo ( Jairo Severiano e Zuza Homem de Mello) - Editora 34.

Blog Poem



Seis ou Treze Coisas que Aprendi Sozinho
(de "O Guardador de Águas")




1
Gravata de urubu não tem cor.
Fincando na sombra um prego ermo, ele nasce.
Luar em cima de casa exorta cachorro.
Em perna de mosca salobra as águas se cristalizam.
Besouros não ocupam asas para andar sobre fezes.
Poeta é um ente que lambe as palavras e depois se alucina.
No osso da fala dos loucos têm lírios.

3
Tem 4 teorias de árvore que eu conheço.
Primeira: que arbusto de monturo agüenta mais formiga.
Segunda: que uma planta de borra produz frutos ardentes.
Terceira: nas plantas que vingam por rachaduras lavra um poder mais lúbrico de antros.
Quarta: que há nas árvores avulsas uma assimilação maior de horizontes.

7
Uma chuva é íntima
Se o homem a vê de uma parede umedecida de moscas;
Se aparecem besouros nas folhagens;
Se as lagartixas se fixam nos espelhos;
Se as cigarras se perdem de amor pelas árvores;
E o escuro se umedeça em nosso corpo.

9
Em passar sua vagínula sobre as pobres coisas do chão, a
lesma deixa risquinhos líquidos...
A lesma influi muito em meu desejo de gosmar sobre as
palavras
Neste coito com letras!
Na áspera secura de uma pedra a lesma esfrega-se
Na avidez de deserto que é a vida de uma pedra a lesma
escorre. . .
Ela fode a pedra.
Ela precisa desse deserto para viver.

11
Que a palavra parede não seja símbolo
de obstáculos à liberdade
nem de desejos reprimidos
nem de proibições na infância,
etc. (essas coisas que acham os
reveladores de arcanos mentais)
Não.
Parede que me seduz é de tijolo, adobe
preposto ao abdomen de uma casa.
Eu tenho um gosto rasteiro de
ir por reentrâncias
baixar em rachaduras de paredes
por frinchas, por gretas - com lascívia de hera.
Sobre o tijolo ser um lábio cego.
Tal um verme que iluminasse.

12
Seu França não presta pra nada -
Só pra tocar violão.
De beber água no chapéu as formigas já sabem quem ele é.
Não presta pra nada.
Mesmo que dizer:
- Povo que gosta de resto de sopa é mosca.
Disse que precisa de não ser ninguém toda vida.
De ser o nada desenvolvido.
E disse que o artista tem origem nesse ato suicida.

13
Lugar em que há decadência.
Em que as casas começam a morrer e são habitadas por
morcegos.
Em que os capins lhes entram, aos homens, casas portas
a dentro.
Em que os capins lhes subam pernas acima, seres a
dentro.
Luares encontrarão só pedras mendigos cachorros.
Terrenos sitiados pelo abandono, apropriados à indigência.
Onde os homens terão a força da indigência.
E as ruínas darão frutos


Manuel de Barros

Só no Crato Mesmo: Poltica do Picolé e Caixa de Fósforos invade a cidade !



As picuinhas do Crato não tem limites!

Enquanto as grandes questões nacionais se definem, enquanto o Crato vive atolado em problemas muito graves e de difícil solução, enquanto o país debate pela briga pelos supostos milhões, ou centenas de milhões que envolveram coisas absurdas como o Mensalão que podem ter ocorrido no governo Lula, venda de estatais a preço de banana que ocorreram no governo Fernando Henrique, e outras falcatruas, no Crato, o ex-prefeito Walter Peixoto, ainda inconformado com a sua primeira derrota eleitoral ( dizem que a primeira vez a gente nunca esquece... ), ainda a essa altura, vive tentando retirar o atual prefeito Samuel Araripe do cargo a que ele foi eleito nas últimas eleições municipais, quando já nos aproximamos de uma outra.

Ou seja, querem fazer o Impeachment de Samuel Araripe da prefeitura.
O Blog do Crato é em si, apartidário. Não torcemos por esse ou aquele partido, mas é muito importante frisar que não somos neutros em relação á política. Já diziam os gregos que o maior ignorante, é o ignorante político, aquele que não quer saber da Política.

Na verdade, a Política com P maiúsculo, é o único meio legal para se tentar mudar os rumos dequalquer nação, de qualquer cidade. Portanto, nós como observadores do comportamento social, jamais poderíamos nos furtar a certas análises das coisas que acontecem, e olhar sobre algumas delas com senso crítico.

Não quero defender corrupção de ninguém.
À corrupção, e aos corruptores, tanto faz vc roubar um banco, uma estatal, quanto uma caixa de sorvetes. Entretanto, eu gostaria de saber sinceramente aonde reina mais a HIPOCRISIA neste Brasil Varonil salve salve...

Pois bem, desde a posse do atual prefeito Samuel Araripe, este está sendo "incomodado" pela possibilidade de impeachment, porque o JAIRO SAMPAIO teria comprado alguns 5 eleitores com 5 picolés, e teria ainda distribuído algumas caixas de fósforos com cédulas dentro.

Até agora estão tentando descobrir aonde anda o paradeiro dos picolés e das cédulas das caixinhas de fósforos.

Meu conselho:
--Minha gente, vão arrumar o que fazer, vão trabalhar pelo Crato!
--Vão construir coisas úteis a essa cidade. Se quiserem levar em consideração, porque não julgar os crimes de destruição do Patrimônio histórico que alguns outros cometeram em suas administrações anteriores a essa ?? Isso sim, deveria ser encarado como CRIME, destruir prédios históricos da cidade impunemente! Chego a ter crises de pânico ao pensar que certos indivíduos ainda desejam se tornar prefeito desta cidade. Talvez, para destruir o que ainda resta dela...

-- Porque se enganchar com mais essas picuinhas ?
Ser motivo de riso nacional, pensar que nossa cidade politicamente se resume a uma briguinha de picolés de Caixas de Fósforo ?
Como diria o Bóris Casoy:

ISSO É UMA VERGONHA!

Eis a entrevista do jornalista A. Vicelmo com o prefeito Samuel Araripe sobre a possibilidade real de Impeachment por causa de 5 picolés e caixas de fósforos:





.

Todo domingo eu surto !

Sabe cabeça de pastel ? Cheia de vento ? É assim que estou ultimamante. Não consigo pensar em nada que preste. Nem em algo que não preste, o que seria até bom, a depender do ponto de vista.

sábado, 29 de setembro de 2007

tem um sax na madrugada do céu


Por onde andará stephen fry...escuto zeca baleiro na memória. Os longos bigodes roubados de salvador dali (sem as dobras) aparecem: normando. O cara. O cara que escolhi para ser meu pai, xamã e mestre de cerimônias da vida. Vida...vida...que vida louca do caralho! Perdi o último ônibus, salão de outubro ducaralho, e rafael teve a idéia: - dorme na casa de normando cara! – quem? – normando. Ele é gente fina. Fui. Tive como primeiro trabalho retirar o fumo de alguns cigarros hollywood e preenche-los com maconha. Deve ter sido um teste de paciência, ou algo do gênero. Um preço pequeno pra dormir em uma bela rede, depois de beber todas e começar, ali, a respeitar um cara que sabia rir das desgraças. Alheias e suas.
Eu: prazer cara. Meu nome é lupeu. Sou poeta e anarquista.
Ele: - e eu com isso?
Risos. Dele, de rafael, neidinha, jack, nicodemos e por último, risos meus. Foi uma grande primeira aula. Com ele aprendi a amar o crato. Seus becos sujos, suas ladeiras, seus bares de ponta de esquina – quentes e fedorentos – o mercado de madrugada. Com ele aprendi a tomar porres com elegância (nem sempre). Com ele aprendi a cortar na carne, a podar ´poemas, a aprender a “ler” e “ouvir”.
Eu: caralho normando! O slayer é a banda mais fudida do planeta!
Ele: e isso é bom ou ruim?
Risos. Dele, de nicodemos, de ana sexta feira, de manel do pezão. E depois, risos meus.
Ouvi stanley jordan, os malditos paulistas, blues, jazz, misturados com literatura buena e nem tanto...não sou hipócrita. Continuo achando meus rocks mais vitais. Mais virais. Mas meus ouvidos criaram outras portas, que hoje escutam zeca baleiro cantando: - “por onde andará...” normando. Acho que me mudei pra lá nos finais de semana. Tínhamos tudo: amizade, grana pra cerveja, debates calorosos (e nem sempre amigáveis) com os luminares.
Cena 1 – o nojento rosemberg apresenta seu filminho no grande teatro do crato.
Cena 2 – mesa na lagoinha, o nojento rosemberg debate, e bate em quem não concorda com seus filmecos feitos de renda do estado. Digo: não o reverencio meu irmão.
Nojentoberg – qual o seu nome “menino”, o que você faz, quem é você, você sabe com quem está falando? Eu sou um ci-ne-as-ta!
Eu: - eu sou carteiro, poeta, e seu filme é uma grande bosta.
Risos nervosos. Eu e normando gargalhamos, e comemoramos a noite inteira. Um dia, em sua brasília teimosa e lerda, nos flagramos rindo de tudo: do anarquismo, do rock, do comunismo, da arte pop nunca nova, dos nossos bigodes (oh yes, deixei crescer um bigode), do jazz, dos nossos amigos e principalmente: de nós mesmos. Era domingo de madrugada. E a segunda feira não teve cartas na rua santa luzia, nem o banco do brasil viu seu funcionário chegar pro trampo. As nove da manhã de uma segunda comum estávamos nós, nossa namoradas, e a brasília polissílaba lá em wilson da cascata. As dez da manhã normando vaticina (fumando um back poderoso): - liberar a maconha é um retrocesso! Basta a cerveja. A discussão a seguir? Melhor que qualquer filme de rose caririaçu, ou qualquer solo de guitarra blandinesco. Um dia viajei pra petrolina. Ele, pra brasília. Me mandava poemas, fanzines, rótulos de vinhos escrotos e famosos. O tempo, que sempre pareceu não nos olhar, olhou para ele, fez as contas e o levou. Foi rafael que me contou, e eu estou convicto: foi o primeiro dia que envelheci. Hoje, quando quero me levar a sério demais, penso: o que diria ele? E o som de sua risada cristalina e única entra minha alma a dentro. Ontem, lendo o blog, olhando sua cara de guerreiro normando, decidi: zeca baleiro! “por onde andará... ninguém sabe do seu paradeiro, ninguém sabe pra onde ele foi, pra onde ele vai...” saudade do caralho! Do sax, da conversa paterna, da cerveja, do grande, do gigante, do meu maior e melhor amigo: Nor Mando. O que não mandava.

Nem tanto a Deus, nem tanto ao Diabo


Na Califórnia não se pode fumar em lugares públicos, isto é mais do que óbvio. Engraçado é ver as pessoas saírem dos bares para fumar no meio da rua, calculando a distância da janela mais próxima com medo de que a fumaça possa alcançá-la. A distância é preconizada e até imaginei que seria mais prático os fumantes andarem com uma fita métrica e medirem os centímetros onde podem saciar o vício. Num país obcecado pelo cumprimento das leis, a perseguição ao tabagismo virou guerra santa. Foi-se o tempo em que os atores de Hollywood apareciam em filmes de gangster envoltos numa nuvem de fumaça. O estilo Humphrey Bogart, no clássico Casablanca, caiu inteiramente de moda.
A última novidade é que os cigarros com filtro são mais danosos do que os que não possuem filtro. A sucção do filtro faz que a fumaça atinja a periferia dos pulmões, provocando doenças mais agressivas. O tabaco, que os nossos índios usavam em festas e rituais de pajelança, está com os dias contados. Dentro de algum tempo, as autoridades da saúde não permitirão nem mesmo o cachimbo da paz, aquele que os apaches pitavam com os caras pálidas, nos faroestes americanos. E é possível que proíbam a personagem Carmem, da ópera de Bizet, fumar na companhia das amigas, quando deixam a tabacaria onde trabalham.
Bem que eu poderia escrever sobre a história do tabaco, do uso ritual que dele faziam os indígenas até os viciados que a indústria capitalista produziu. Mas prefiro deter-me sobre uma questão pertinente ao Brasil. Por que incorporamos uma campanha tipicamente americana e continuamos a fazer vista grossa para um problema mais grave, o do uso do álcool?
Sempre que contraponho os riscos do tabagismo aos do alcoolismo temo parecer alguém em defesa dos fumantes. Não fumo e sei as conseqüências do vício de fumar, os vários tipos de câncer que são causados pelas substâncias naturais ao tabaco ou artificialmente acrescentadas pela indústria.

O tabagismo prejudica apenas o seu usuário ou algum fumante passivo. Não provoca distúrbios psíquicos consideráveis nem é a causa de desagregação familiar como o alcoolismo. Os acidentes de carro que matam milhares de pessoas no Brasil estão quase sempre associados a motoristas embriagados. Nunca ouvi falar de alguém que atropelou um pedestre porque fumava. No entanto, as campanhas contra o tabagismo predominam. E é muito tímido ainda o que fazem contra o álcool. As propagandas de cerveja, cada vez mais sofisticadas e aliciadoras, aumentaram os consumidores, sobretudo entre as mulheres e os jovens.
Alguém pode me explicar a razão dessa hipocrisia? Por que perseguem tanto o fumante e deixam o baderneiro alcoólatra beber em lugares públicos, atropelar impunemente, brigar nos estádios de futebol, bater na mulher e nos filhos e incomodar os vizinhos com o som ligado alto? Tem que ver com a nossa cultura machista? As propagandas de cerveja são apologias ao machismo; nelas, as mulheres aparecem como meros objetos sexuais.
Ninguém vê isso. É mais fácil azucrinar os fumantes, até que não existam no planeta. Desaparecidos não por causa do câncer, mas porque foram convencidos a não fumar.



Ronaldo Correia de Brito é médico e escritor. Escreveu Faca e Livro dos Homens. Assina coluna na revista Continente.


Fale com Ronaldo Correia de Brito: ronaldo_correia@terra.com.br

Ramo Simbora !

ALGO MAIS SOBRE NORMANDO



Um expresso da Viação Caririense. Nas estradas ainda não asfaltadas entre Juazeiro da Bahia e Feira de Santana. Quem migrou para o sul tem no seu corpo este roteiro de viagem. Mais de 12 horas de viagem desde o Crato. Calor, baratas miudinhas nas frestas dos assentos, ônibus cheio, corpos muídos, mentes dispersas entre a saudade e o futuro. Estou em pé, Normando ao meu lado, como um ilusionista a falarmos de vida material e transcendências mágicas. Ele era Rosa Cruz. Normando, com o corpo maneiro pelo biotipo, alto para nossos padrões, magro, pescoço cumprido, cabeça chata, trançava os conceitos mágicos com o movimentos dos dedos finos das grandes mãos.


Falamos de 1974. Eu voltava de umas férias de quinze dias no Crato. Era algo entre janeiro e fevereiro, tempo chuvoso, completava um ano que saíra de Fortaleza para o Rio. Estivera na minha cidade para fazer o retorno que nunca fizera desde que a deixei, às três horas da madrugada (nos primórdios do horário de verão), num trem para a capital. Foi uma noite de fevereiro de 1968, um grupo de adolescentes enxotados em sentido do futuro no tempo e no espaço. Tocávamos violão, tomávamos cachaça sob um pé de Crista de Galo, árvore seminal da minha infância, no quintal da casa da Batateira.


Naquela noite, sem cair nas figuras de linguagem, o filme da minha identidade primeira, passou-me inteiro. Ao meu lado amigos e primos desde os tempos remotos: Fernando Arraes, Joaquim Pinheiro, Nivaldo Teles, José Almino Pinheiro, Aguiar (grande pintor dos nossos cenários de teatro), Moraes (de Campos Salles, briguento por natureza, terminava as festas com olhos roxos) e Almirzinho (Almir Pimentel filho). Desde os tempo remotos.


Tinha sete anos de idade, analfabeto por opção e teimosia, solto nas quebradas do vale do Batateira, escola era presídio e tinha consciência disso. Um dia levaram-me para um grupo escolar, sentaram-me longe da molecada. No dia seguinte, no intervalo entre um dia e outro de aula, aliviei a diarréia nos livros escolares e fui exilado para os campos abertos novamente. Mas o tempo, este senhor da escravidão civilizada, sentou-me num banco do Colégio Diocesano, quatro paredes cortando-me a paisagem, uma cartilha e um caderno com lápis para fazer só o que mandassem.


Mas não há escravidão sem gente. Tendo gente tem vida, tem história e movimento. As prisões, hospitais, santórios e spas são o maior exemplo. Tarcizinho (Tarcísio Leitim, médico pelo interior do Ceará), Pedro Ernesto (filho mais velho de Tomaz Osterne), José Ribeiro (Psiquiatra em São Paulo), Alfredo Leitim, Vanderley e tantos outro recuperamos a vida na escravidão.


Aí pelos idos do segundo ano primário, um drama nordestino. Um drama político. Em Farias Brito a disputa feroz entre PSD e UDN. Um líder do PSD, Enoque Rodrigues foi assasinado a mando dos líderes da UDN. Companheiros e parentes tiveram que fugir para o Amazonas (dois grandes professores da UFC da enfermagem e estatística eram filhos daqueles que migraram a força). A violência política e social é antiga, não chorem apenas pelos de hoje, os de ontem foram terríveis. Promovam os olhos mansos no amanhã.


Enoque morreu deixando a família para criar. E aí, chegaran para estudar os irmãos Elmano e Normando. Tínhamos em conta o drama daquelas crianças como nós, mas deles recebemos um vigor de independência em que o drama de sua família não explicava tudo o que eram. Eram altivos, reagiam à provocação, se colocavam, tinham opinião. Tinham o quê dizer. Elmano foi para o Rio e se dedicou a Propaganda e Marketing, depois indo para Brasília. Normando ficou pelo Rio algum tempo e depois já soube dele de volta ao Cariri. Foi aí que vocês o encontraram. Talvez o motivo pelo qual, os irmãos da trama da vida nordestina, novamente se reencontraram em Bsb.


O encontraram como uma figura mítica que logo se encantou. Mas agora, compreendam o motivo dos blogs Cariricult e Do Crato. É que não temos elfos e outras figuras de prateleiras, temos mitos que só nós mesmos sabemos compreender. Pode até ser a projeção globalizada na nossa grei, mas não deixa de ser antropofagizada.


Sobre outros.

Da lista de pessoas que citei da minha última noite como habitante físico do Crato e de outros que habitam estes blogs, Zé Flávio e Ronaldo Brito, tenho boas coisas a dizer e o direi.

HOJE: Lançamento da Candidatura de Salatiel pelo PV - 9:00 no Palácio do Comércio !



Minha gente,

A Aurora já prorrompe na Chapada do Araripe para marcar um dia histórico ( ou estórico, rs rs ), onde como diz o nosso emérito Dr. José Flávio, nosso médico de todos os males... bem...

Hoje acontece a convençao e o lançamento da candidatura do nosso querido, amado e idolatrado salve salve,

LUIS CARLOS SALATIEL

à câmara do Crato.
Deve ser uma das poucas vezes em que um nobre representante do nosso movimento cultural e da nossa galera do parque vai ocupar um lugar na câmara, e acho que é bom que todos se engajem nessa luta ( Oh Deus, mais uma ), isso mesmo, mas dessa vez é por uma boa causa!

E a TVCrato estará lá para documentar todos os fatos ( e o que é ficção também ), mas é bom que vcs estejam presentes também, por via das dúvidas, rs rs...

Creio que a entrada de uma pessoa centrada na cultura e nas artes como nosso amigo Luis Carlos, certamente trará muitos benefícios ao povo do Crato. Quem sabe assim, a nossa cidade não sai desse Marasmo Cultural Cabaçal e toma um rumo mais universalista...

E quem sabe, no futuro, o Crato possa ser digno de ter pessoas como o Luis ocupando o palácio Alexandre Arraes.

Então, desprega o traseiro gordo dessa cadeira e vamos lá prestigiar, às 9:00 da manhã, senão vcs não irão sair na filmagem...


Falow!

Passarim em Céu Estrelado


Sempre imaginei como o maior gesto de desprendimento neste mundo : ser enterrado no caixão das almas , com o esquife carregado por quatro chapeados. O balanço da vida simplesmente fechado : ativo e passivo exatamente iguais. Sem que fiquem sobras para a avidez virulenta dos inventários, sem que reste uma lágrima forçada de saudade e com a exposição definitiva das amizades ocasionais e interesseiras. Só: sem o sacrifício da floricultura, sem uma palavra preparada às pressas, sem a cera precipitando das velas, sem uma prece balbuciada por obrigação. Leve : levando na saída exatamente os mesmos utensílios trazidos na viagem de vinda: nada.
Esta constatação me veio esta semana quando o Crato ficou mais triste. Um dos seus pássaros alçou vôo, sem que ao menos se lhe percebesse o ruflar das asas : anonimamente. Nascera Pereira da Silva , mas a nossa Maria ( este nomes que tantas histórias principia) chegou na cidade em 1959, e aqui foi batizada com o sobrenome que a tornou famosa: Passarim. Vinha de Araripina, onde nascera em 29/07/1935, e decidira pela mudança após se separar do primeiro marido. Boa na cozinha começou a trabalhar em restaurantes da cidade, até que , empurrada pela necessidade, abraçou aquela dificílima vida fácil. Com o passar dos anos, fenecendo-lhe as primeiras e fugazes flores da juventude, fez-se empresária do ramo de divertimentos e abriu a famosíssima casa : “Chão de Estrelas”, ali no finalzinho da hoje rua José Marrocos, por trás dos depósitos da REFESA. A casa abrigava uma infinidade de seres noctívagos em busca de novos horizontes hedonistas , novas janelas que lhes abrissem mais as frestas da percepção. Ali se uniam, magicamente, homens que se pensavam achados e mulheres que se tinham por perdidas. Se se reparasse bem, no entanto, perceber-se-ia que as jovens lutavam pela vida e pela sobrevivência com um élan inigualável e que talvez os mocinhos e velhos tentassem untar-se daquela força e determinação, no intuito de preencher a vacuidade comezinha de suas almas. Nos tempos de bonança Maria vivia bem, remediada, tinha três TV´s coloridas num tempo em que este aparelho fazia-se o objeto do desejo de quase todas madames do Crato.
A liberalidade avassaladora dos novos tempos fez com que as boates fossem se tornando kitchs e obsoletas. Os motéis as substituíram, assim como o Cd tomou o lugar do Vinil e o chilito engoliu o passa-raiva. A empresa de Maria murchou e a fez viver com o pouquíssimo que lhe restou, sozinha, numa ruazinha transversal ali nas proximidades do SESC. Os três filhos que teve os tinha distribuído logo após o nascimento deles, talvez porque não considerasse justo criá-los todos junto à aparente indignidade da sua profissão. Nos últimos anos ainda buscou algumas viagens místicas na região e em Brasília, investindo o pouco que ainda sobrara na espiritualidade, talvez buscando justificativas para seu infortúnio. Pobre e alquebrada retornou ao Crato, onde passou seus últimos e duros dias. Esta semana, quando o coração parou de bater, Maria viu-se naquela solidão dos quatro chapeados. Apenas um filho , Zé, esteve ao seu lado no réquiem derradeiro e precisou buscar ajuda de transeuntes para poder levá-la ao cemitério. Não se conseguiu padre para sua encomendação e nem sequer foi possível identificar um terreninho que Maria tinha comprado para a pousada derradeira: inumaram-na, como indigente, em terras da prefeitura. Apenas uma das antigas companheiras de luta a acompanhou na viagem final e três de suas irmãs ainda estiveram presentes ao velório, mas não puderam esperar para o enterro. É que não havia transporte para Araripina à noite e elas não tinham onde pernoitar.
Não sei de onde veio o Passarim que Maria carregava, muito a contragosto, no sobrenome. Mas só consigo imaginá-la como um pássaro. Viveu numa imensa gaiola que lhe foi imposta pelo destino, mas soube, como poucos, arrancar um canto pungente do seu sofrimento e das suas privações. Espalhou liberdade por entre as tariscas da gaiola em que estava confinada. Desapareceu ,também, silentemente como um passarinho: sem um pio sequer. Não sentirá muita diferença no lugar para onde foi: apenas trocou seu chão atapetado de estrelas , por um céu coberto de fulgurantes constelações. Lá , agora sem os grilhões e amarras da vida terrena, voltará a entoar o seu gorjeio na amplidão, como um doce e inocente passarim.


J. Flávio Vieira

sexta-feira, 28 de setembro de 2007

Curtam isso, A BLOGODEPENDENCIA!, rs, rs, rs

Acessem o link: http://youtube.com/watch?v=8X3kiKjjIIU

FOTO DO CONCURSO


A pedido do Salatiel, posto a foto contemplada no concurso da Leica-Consigo-Fotografe melhor. A publicação sairá na edição da revista FOTOGRAFE MELHOR de outubro e estará fazendo parte uma exposição no FENAC-SP.

quinta-feira, 27 de setembro de 2007

A Poesia é a Quinta Dimensão do Mundo

Três são as medidas do mundo.
Quatro, ensina Einstein. Inclua o tempo.
Cinco! Conte com a poesia...
Santa Tereza de Jesus escreveu: CREO QUE EN CADA COSITA QUE DIOS CRIO HAY MÁS DE LO QUE SE ENTIENDE!

Só podemos entender pelos sentidos e estes nas três medidas clássicas dimensionais. O problema de permanência da Cultura reside essencialmente em sua percepção. De como a recebemos e a tornamos indispensável. E porque esta indispensabilidade independe da escala de valores úteis.

A vitalidade da Arte é a sua libertação do plano econômico, funcional, imediatista para o homem. No esquema dos rendimentos é um assombro perguntar para que serve um poema, uma paisagem, uma escultura fora da significação encomiástica homenageativa da vaidade terrestre.

ALI ART IS QUITE USELESS, escreveu Oscar Wilde. Perfeitamente inútil mas intrinsecamente inseparável da dignidade humana. Durante um momento da história a Arte fixou animais para simbolicamente atraí-los para a regularidade da alimentação pré-histórica.

Depois para compreendermos o abstrato, foi preciso materializá-lo em volume, cor e forma. Quando o canto nasceu, ritmo para oração, a força mágica de sua atração irresistível não estava na voz mas nas fórmulas poderosas na sedução do auxílio divino. Ficou-nos o Poeta ouvindo e vendo o que realmente escapa ao primarismo da audição, visão e tato. É um sentido infra e ultra sonoro e uma visualidade bem distante do poder do nervo ótico, da vibração da retina e da contratibilidade da pupila.

O poeta em todas as cousas sente MÁS DE LO QUE SE ENTIENDE pelas dimensões normais. Nunca se conseguiu uma tradução desta acuidade miraculosa que não é erudição nem dedução. Bergson defendeu a Intuição como elemento aquisitivo da Inteligência. A Intuição, forma maravilhosa do conhecimento sem verificação, não pode ser indicado nos seus caminhos de penetração.

Nem um órgão fisiológico pode orgulhar-se de sua recepção. Ao lado do universo sensitivo e experimental o poeta vê, ouve e sente valores acima e abaixo de todas os diagramas do percurso cerebral. A Inspiração, a vocação irresistível de criar a Poesia é tão misteriosa, enigmática e maravilhosa como a criação da vida organizada.

Porque o Poeta pode "recriar" a natureza e fixar a emoção num poema, ninguém, em época alguma da história do mundo, explicou e compreendeu. Toda cultura tem sua origem e nós podemos pesquisar na pré-história os tímidos bruxuleios da madrugada intelectual. As técnicas, as indústrias, as representações, os gestos, a voz, a sociedade, a chefia, a religião como fenômeno orgânico, as alianças, Estado, o aparelhamento para a conquista comercial e guerreira, a vela para o barco, a roda para o carro, o cavalo para o homem. A Poesia, não. Minerva nasce, armada e completa, da cabeça de Júpiter.

O poema é tão inexplicável como a essência da vida. O primeiro Poeta é tão distante, impenetrável e milenar como a primeira célula viva.

Toda a civilização do Mundo está contida nas três dimensões. A Poesia exige outros horizontes indefiníveis, negaceantes e realmente sensíveis, definidos, poderosos. A poesia é uma Quinta dimensão.





Luiz da Câmara Cascudo

Narciso acha feio o que não é espelho?

Seria esta a grande questão( ou a resposta) quando polemizamos a respeito de música? O que é realmente a melhor expressão da arte musical: a erudita ou a popular? O jazz ou a MPB? A instrumental ou a vocal poética? A que toca no rádio ou a que está tocando no nosso MP3? A melhor música, muitas vezes, é apenas o silêncio.

Artes do destino

Emerson Monteiro

Por vezes, admitir alguns acontecimentos quais coisa normal exige do freguês sobra de memória e um tanto de resignação, em face dos caprichos ocasionais das tramas do destino. Às vezes, parecem brincadeiras, nos cordões misteriosos dos estádios desta vida. De propósito, observemos a história que vou contar.
Eles, os dois, seguiam sacudidos no espaço estreito da ambulância disparada pelas ruas da Capital paulista. Deles, um dementado apanhado nas calçadas fervilhantes da cidade, causando preocupação nos outros, das aprerriações que causava, tipo do que causam os doidos quando deixados vagando ao prumo da própria sorte. Chamaram o socorro, deram a localização do homem que desformulara os pensamentos; e, de inopino, chegou o camburão branco e o levou rumo do hospício.
Aconteceu que, no caminho, atravessou mensagem na linha da comunicação que operário caíra de um andaime ali por perto. Mais que ligeiro, os ambulantes aproveitaram o carreto e incluíram o corpo desfalecido daquele bóia-fria na viagem providencial.
No vexame de chegar, misturaram aflição com recepção, e os plantonistas confundiram o doido, que dormia sob as malhas do sossega-leão que recebera, com o assalariado machucado na queda.
Na pressa daquilo tudo reunido a um só tempo, acharam de encaminhar o primeiro, o doido, à sala de cirurgia para intervenção de emergência, enquanto ao operário destinaram-no ao setor de psiquiatria de outra instituição, a fim dos cuidados regulamentares.
Passado o “frisson” inicial, lá pelas tantas, que ocorreu: O demente, por infelicidade, sobrara sem vida, após o procedimento cirúrgico. Não resistira aos traumas provenientes da tentativa de cura.
O operário do andaime, por sua vez, restrito que ficara nas muralhas circunscritas dos psíquicos patológicos, ali permaneceu preso a qualquer custo. Segundo o “blog” de Ancelmo Góis, em O Globo on-line, desde uma nota enviada por Ana Cláudia Guimarães, em 16 de setembro de 2007, “o operário já chegou ao hospital psiquiátrico dizendo: ‘Sou Antônio, não sou Joaquim, não sou o louco’. Recebeu camisa de força reforçada.,” assim mesmo.
No seqüenciado, chamada ao hospital para levar roupas e calçados e enterrar o morto, a mulher do operário viu que não se tratava de Antônio, o chefe da sua família, e avisou isto aos profissionais da área. Nesse instante, o doido, Joaquim, já havia sido encomendado com as roupas de Antônio, o operário trancado na outra repartição.
Livre que foi no dia posterior, Antônio tratou de retornar ao batente. Nisso descobriu que perdera o emprego para outro bóia-fria, e, o que doía mais, motivo da dispensa: abandono de emprego. Recorreu à Justiça do Trabalho, em São Paulo, obtendo a reintegração.
Disse, ainda, quem transmitiu a história, que fora esta contada ao presidente da OAB nacional, Cezar Britto, pelo ministro nomeado para o Tribunal Superior do Trabalho, Pedro Paulo Teixeira Manus, que assume o cargo no dia 04 de outubro próximo. Um colega dele, da Justiça do Trabalho paulista, Aloísio Sampaio, foi o responsável pela ação que devolveu o emprego perdido ao operário.
Nos autos, o Juiz titular da causa confessou-se admirador com o desenrolar dos acontecimentos, acrescentando que, de posse da sentença favorável, que mandou, inclusive, pagar os dias ausentes do trabalho e outros direitos, o operário quis saber do magistrado quem cobriria os custos pelo terno e os sapatos que perdera, estimadas lembranças do seu casamento.

Álbum de família: " o Cacto"

Este é " O Cacto", na segunda formação do grupo (1972 d.c.): Abidoral e Louro (Alberto), de pé; Hobert (Beto), Eu e Chico Carlos (agachados).

ISAAC CÂNDIDO FARÁ SHOW NO SESC CRATO





O SESC Crato e o Centro Cultural Banco do Nordeste apresentam nessa quinta-feira, dia 27 de setembro, através do Programa Arte Retirante o show musical Além da Fronteira , com o cantor e compositor Isaac Cândido (Fortaleza – CE).

O espetáculo faz um passeio por sua trajetória musical (20 anos de carreira), numa mistura de salsa, baião, maracatu e choro, uma miscelânea pop com sotaque do nordeste brasileiro. O show tem a proposta de envolver o público numa atmosfera de delicadeza, liberdade e ousadia, marca registrada deste artista.
O show Além da Fronteira terá início às 20h e será realizado no Teatro do SESC Crato. A entrada é franca para todos os públicos.

SERVIÇO:
Show musical Além da Fronteira, com Isaac Cândido (Fortaleza – CE).
Hoje, 27 de setembro, às 20h, no teatro do SESC Crato.
Entrada franca.

Mais informações:
SESC Crato
Programa Cultura
Rua André Cartaxo, 443. Bairro Cruz, Crato – CE
Fone: 3523.4444.

Pachelly Jamacaru recebe Menção Honrosa no concurso "Leica-Consigo-Fotgrafe Melhor"

Um cratense honrado!

Saiu o resultado do 5º concurso de fotografia: LEICA-CONSIGO-FOTGRAFE MELHOR, que é o concurso que recebe o maior número de inscrição da América Latina. O concurso que traz como tema: Cenas Brasileiras. E, contemplou com a “Menção Honrosa”, um fotógrafo cratense para nosso orgulho, entre os melhores em todo o território brasileiro! Seu nome? Pachelly Jamacaru...


Parabéns, Pachelly Jamacaru, mestre!
Sempre acreditei que para seu talento, essas e muitas outras coisas são e serão possíveis!


Dihelson Mendonça

Potocas - FIGURAÇAS DA SEGUNDA GRANDE GUERRA ! - Hitler



A Segunda Guerra a gente nunca esquece!

O mundo ainda estava em recuperação, depois de levar bomba na Primeira Guerra Mundial, quando os líderes mundiais, entediados com a pasmaceira reinante, resolveram abrir concorrência para mais uma guerra. Neste terrível conflito militar, os povos se superaram em barbaridades e atrocidades genocidas:

Os alemães mataram judeus, os russos mataram os alemães, os americanos mataram os japoneses, e os brasileiros mataram o trabalho para conhecer a Europa. A Alemanha destroçada só foi se recuperar em 1990 com a Copa da Itália. O Japão também capitulou, mas depois vingou-se da derrota humilhante espalhando pelo mundo o Karaokê.


FIGURAÇAS DA SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Adolf Hitler:

Pintor amador e genocida profissional. Hitler nasceu perto de viena , na Áustria, onde fez análise com Sigmund Freud, o pai da psicanálise. Infelizmente, a terapia foi interrompida bruscamente quando o futuro fuhrer alemão tentou colocar Freud dentro de um forno de cozinha. Conheci o Hitler pessoalmente no Reichstag, em Berlim. Naquela época remota, eu cobria, enquanto jornalista investigatvo, a embaixatriz do Brasil na Alemanha.
Hitler até que não era mau sujeito: ele era um péssimo sujeito!

Tarado, maníaco-obsessivo e racista. Hitler só detestava três coisas na vida, os Judeus, os Judeus e os Judeus. Não necessariamente nessa ordem. Injuriado com a derrota do III reich para o negro Jesse Owens nas olimpíadas de 1936, ele invadiu a polônia, um país católico, pelas costas, contrariando assim a igreja que só admite a sodomia com fins de reprodução. Guloso e insaciável, o Fuhrer invadiu todos os países da Europa e só parou na fronteira de Portugal, o único país europeu situado na américa do sul. Inspirado na Disneylândia, Hitler e seus asseclas criaram os campos de concentração de Auschwitz, Sobibor, Treblinka, e a Terra encantada, que faliu depois de ser tomada pelo exército vervelho. Seus sonhos de conquista acabaram por causa da sua ambição desmedida: Depois de quatro anos de guerra, o ditador já havia estourado o cheque especial, devia grana no cartão de crédito, e vivia sendo perseguido por seu gerente de banco e os generais aliados. Trancado no seu Bunker, Hitler preferiu se matar ao ver seu nome no SPC, e, num gesto desesperado, colocou uma bala na cabeça de Eva Braun, uma bala na cabeça de seu cachorro, e uma bala de hortelã na sua boca. Hitler terminou seus dias no interior de Santa Catarina, onde ganhava a vida como porteiro de uma sinagoga.


Fonte: Casseta e planeta.

quarta-feira, 26 de setembro de 2007

Ainda Vanda !


Incrível o poder da Web em unir pessoas. A Vanda Lúcia escreveu, nos comentários, de São Paulo, onde mora, relembrando os velhos tempos. Socorro Moreira a memória viva desta cidade ( uma espécie de Cabral de saia) trouxe da lembrança o desfile de Vanda em Carro alegórico, após ser eleita miss:

"Eu lembro da sua coroação.Como não tinha completado 15 anos, perdi a festa no Crato Tênis Clube.Concorreu com mais outras beldades da nossa sociedade: Climene Correia Vilar, Vera Lúcia Maia( que eu lembre!).
Depois ela desfilou, pela cidade, em carro alegórico, e a gente olhava de queixo caído, a representação da beleza cratense, que havia ganho o título de miss Ceará,entre tantas,inclusive de uma candidata de Juazeiro-" A Ney Sobreira".
Naquele tempo , Crato e Juazeiro , rivalizavam-se em tudo.Essa vitória teve repercussão política. Parecia eleição para Deputado ou Prefeito.
E a gente cantava uma musiquinha, que não sei quem parodiou:"Juazeiro, Juazeiro, me responde, por favor...
Por que foi que tua miss, tão bonita não ganhou
Ai, Juazeiro compreendo a tua dor...
Mas tua miss não deu nada de maiô
Juazeiro tua miss de cara não é feia não
Mas o corpo da Vandinha encantou a comissão!"


Pois bem, aí vai mais essa foto do famoso desfile presenciado por nossa querida Socorro Moreira!

FOTO-MÚSICA

A música traduzida em linguagem visual, ou melhor, as imagens traduzidas em música, como as percebo. Na composição abaixo, "Luz e Sombras" ( light and Shadow ).



"Fazer Música é Traduzir o universo!

A Música como forma de expressão, é uma dádiva. Algumas pessoas nascem com o dom de perceber essa essência, outras nem tanto. Mas podem desenvolver habilidades e trabalhar essa percepção. A Música verdadeira, é espiritual. Para ser um bom músico, é preciso olhar para dentro de si, encontrar-se, e descobrir a realidade cósmica. Fazer música, é conversar na linguagem de Deus!

A verdadeira MÚSICA em maiúsculo é a mais alta expressão da arte sublime, a única coisa que não segue o padrão de representação, e sim, a própria "vontade", que seria a essência de tudo, segundo Schoppenhauer. Infelizmente, poucos privilegiados conseguem entender e captar a verdadeira essência da música. Ela não está nem na técnica, nem nos livros. A música de verdade está em toda parte. Ela é a própria vibração do universo, e que une tudo e todos. Os livros e a escola representam apenas a codificação do universo musical perceptível, palpável, técnico, que pode ser posto em papel ou outra mídia. É o topo do Iceberg, quando a grande imensidão da música não se encontra em papel algum. O músico trabalha com formas abstratas. Tudo pode ser música, nas mãos hábeis daqueles que aprenderam a conversar com o universo.

Aqui na terra, os músicos são sacerdotes, mediadores que apenas canalizam essa informação. Os músicos, visionários que são, conseguem enxergar as formas abstratas mais puras de um determinado padrão universal e apresentá-la de modo que outros possam ver o que o artista vê. Sentir o que o artista sente. É preciso que haja um despertar espiritual pleno, gradativo e inexorável para se compreender a música em sua plenitude e ver que ela é bem mais que o creme, a cobertura, que é aquilo que alguns têm feito até então.

Enquanto o artista não desperta para essa realidade interior, se descobre, e traduz o universo e a sua essência, ele será um impostor, um míope que enxerga formas incompletas e imperfeitas. Sua música não representa ainda a forma perfeita da idéia. Por isso, somente uma profunda introspecção e observação precisa e direcionada faz com que seja possível a descoberta das formas ideais e puras.

Tocar em grupo, é comungar espiritualmente, é partilhar energia. É conversar na própria linguagem do espírito.
E quando esses espíritos se tornam vasos comunicantes, a energia flui e a música verdadeira acontece. "

A Música é o objeto, a vontade, o noumeno e o fenômeno, "o nous, o pneuma, o ego sum qui sum"!


Dihelson Mendonça
21/03/2007

Composição musical e montagem: Dihelson Mendonça
Fotografia: website - webshots desktop.

Aquele que virou anjo! (comentários postados)

José Normando Rodrigues, artista plástico, músico, produtor cultural e amigo.

A minha saudade:

“O cacto” venceu o primeiro Festival Regional da Canção com a inesquecível “Grito de Uma Geração”, de Hildeberto Aquino (um dos irmãos Jamacaru) e como prêmio ganhamos uma viagem pro Rio de Janeiro pela Viação Pernambucana e estadia no Colégio Santo Antonio que ficava no Catete. Viajamos eu, Geraldo (que viria a ser Ghandi, Urano, Efe, etc.), Chico Carlos (irmão de Zé Roberto França) e Hobert (Beto). Por motivos outros, nem o Abidoral nem Louro (Alberto) puderam viajar conosco... Foi no Rio de Janeiro que encontrei o Normando pela primeira vez e foi ele que nos levou até a Cinelândia e Lapa para sentirmos o gosto da boemia carioca. Desse primeiro contato ficou a atenção que nos dispensou naquela primeira estadia na Cidade Maravilhosa. Depois, só fui reencontra-lo quinze anos depois, trabalhando no mesmo banco que eu (o BB) no Centro de Processamento. Aí começou, realmente uma grande parceria. A gente ficava no banco “tramando” produções: Jornal Folha de Pequi, Movimento Confederação dos Cariris (uma rede caririense de grupos com afinidades artístico-culturais), Salões de Outubro, Bolart (sala que o Bola mantinha no centro do Crato para encontros dos artistas), e, pasmem, até decoração de carnaval de clubes, etc.

Quando resolveu sair da cidade foi uma grande surpresa pra todos nós. Foi morar em Brasília e só de vez em quando aparecia para passar poucos dias. A gente foi se distanciando... até que “virou anjo” de asas enormes e voou tanto que o perdemos de vista. Mora agora em cada um dos nossos corações.

Luiz Carlos Salatiel

PS: Uma pequena homenagem lhe prestei quando abri uma galeria de arte que recebeu o seu nome no NaveGarte e que mantive enquanto administrei aquele espaço.

A memória de Carlos Rafael:

A primeira vez que vi Normando, lembro bem, estávamos (uma rapaziada: eu, Geraldo Urano, Deca, Clélio Reis, Sérgio Guevara, Edelson Diniz, Romildo Alves... dentre os que me lembro) numa manhã quase monótona, no Parque Municipal. Chegou Normando, como que saído do nada, com força e personalidade, ocupando todos os espaços ainda vazios, e sem delonga, logo falando (ao observar que as os oitizeiros e eucaliptais do parque estavam pintados com uma barra branca de cal): "esse tipo de pintura é intervenção oficial, a marca do poder. Vamos mudar isto". E saiu, tão impassível e misterioso como chegou. No intervalo, até a sua volta, fiquei intrigado, ou melhor apaixonado por aquela figura esbelta, cabelos e bigodes longos, e jeito único de sorrir, mexendo com charme o canto da boca. Ao voltar, Normando (homem do norte, sim!), trouxe pincéis, trinchas e tintas xadrez em abundäncia, de todas as cores, com aquelas essenciais bisnagas para colorir o pó contido nas tradicionais caixinhas preto-e-branca, estampada por uma peça-cavalo. Era cerca de nove da manhã. Passamos, pois, todo o resto do dia colorindo as barras brancas das árvores (encobrindo a marca da oficialidade e deixando a marca livre da arte). Pintadas todas as árvores, passamos para as paredes dos boxes que outrora eram as jaulas do zoológico que um dia o Parque abrigou. E depois, as paredes externas da Quadra Bicentenário. No final, estávamos cansados e felizes. Normando tinha dado um norte naquele dia que pareceria um dia comum. Mas, não! Tinha chegado, de volta, o homem do norte...

Depois daquele primeiro encontro no Parque, Normando tornou-se um dos nossos gurus. Além dele, tínhamos Salatiel e Geraldo Urano.
(o coletivo do qual trato é referente a uma moçada etariamente mais nova, a exemplo de Lupeu e Calazans).
Ele morava na rua Cel. Secundo, a mesma do Parque. Dizia ter sido um dia filiado ao PC do B, mas agora (aleluia!) era anarquista, artista plástico, ainda casado, com um lindo casal de filhos (lembro do nome do garotinho: Gláuber. E lembro também do rostinho da menininha, com seus cachinhos loiros). Inovidável, também, é a sua esposa de então, Genilce, uma carioca muito charmosa.

A lembrança de Glória:

Me lembro dele encostado na parede da cozinha do meu apartamento, numa manhã de domingo (último dia de exposição) ouvindo um disco (vinil) dos Beatles. Tinha acabado de acordar e acho que estava de ressaca.Pensativo,calado,cabelinho oleosos, óculos em cima da mesa, cigarro entre os dedos. Tive um contato muito breve com Normando, mas o suficiente para perceber sua sapiência diante da vida e sua bondade como ser humano.

A paixão de Socorro Moreira:

Conheci Normando ,em campanha política estudantil. Naquele tempo, eles visitavam as salas de todos os Colégios, para exposição de idéias, e apresentação dos candidatos , que formariam a chapa.Sua figura se destacava, pelo jeito "cavernoso" , irônico e irreverente.Era um idealista! E, embora não estivesse disputando o cargo de Presidente da UEC, sobressaia-se, na sua postura de líder.Não sei por que cargas d'água ou, culpa do seu carisma, conquistou o nosso voto, fácil, fácil...Isso foi em meados dos anos 60.
* Pesquisem essa gestão!
Tenho a impressão que o cargo que ele ocupou foi de primeiro secretário.Mas não tenho certeza...Só sei que fui eleitora de Normando, naquele tempo, depois de muito tempo,agora e sempre!

Depois, ainda nos anos 60, reencontrei Normando, nas escadas do Colégio Estadual, namorando com uma garota chamada "Vera", nos intervalos das aulas. Olhava os dois , pelo canto dos olhos...Formavam um belo par! Ainda escuto a risada em uníssono, denunciando leveza e alegria!
Ele não era exatamente o meu tipo...(risos).Mas incomodava-me bastante, ao ponto de achá-lo, cá com meus botões, o rapaz mais charmoso dos meus tempos! Não tive chance.Existia Vera, existia Lúcia...E eu estava noutras órbitas...Nunca um olhar sequer, nós trocamos!
Era o fim dos anos 60.Todo mundo daquela geração se dispersou: pra casar, estudar fora...E o mundo girou!

15 anos depois, 1984, depois de muitas andanças, trabalhava no Banco do Brasil de Mauriti, quando ouvi sobre Normando! Uma pergunta geral, da moçada que frequentava o Parque Municipal.
-Você já conhece Normando, Socorro? Pô, precisa conhecê-lo!Ele trabalha no Cesec Juazeiro do Norte, e está ilustrando o jornal informativo do Cesec.O cara desenha bem pra caramba, além de ser, super boa gente!
E as notícias sobre a genialidade de Normando, corria nos ventos!
"Normanto separou-se da mulher"; "Normando parece "Pardal", vive inventando coisas"; "Normando vive testando e descobrindo novas técnicas de pintura";" Normando é politizado, anárquico, e de um profundo senso de liberdade, justiça, e humanismo"."Normando é o máximo!"

Uma noite, no Parque , avistei Normando brincando com duas crianças( um casal de filhos).Imediatamente associei sua imagem ao moço que eu conhecera um dia... Mantive distância , e fiquei a observá-lo.Nem se deu conta de mim.Estava absorto em cuidados, e inventava folguedos para distrair as suas crias.Fiquei encantada com a "performance" daquele pai.Putz,que cara!
Todas as vezes que voltei ao Parque, naquelas épocas ( 84 a 87),encontrava Normando com a galera de sempre: Rafael, Geraldo,Pachelly, Terto, etc,etc.
Como prima de Geraldo , eu me introjetei naquele mundo eucaliptizado...Mas nunca Normando me foi acessivo.Era monossilábico,nas respostas, quando eu o interpelava...Enfim,não alimentava papo, embora fosse elegante e gentil!
Mais uma vez, a despeito do tempo, pensava cá com meus botões:Meu Deus, que homem é esse? Confesso que, uma esfriadinha na barriga, eu sempre sentia, quando a gente se topava.Não conseguia interessá-lo...ele tinha o poder de me embobecer.Com um leve sorriso de zombaria, parecia adivinhar, o quanto me ameaçava!

Em 1986, o destino me pregou uma peça. Trabalhávamos em Agências diferentes, mas fomos convocados pra fazer o mesmo curso, em Recife.Ficamos no hotel, em que todos ficavam:Hotel São Domingos, pertinho da Av.Guararapes, aonde ficava o Centro de treinamento(DESED).
Primeiro dia, nos esbarramos, no café da manhã.O cara, nem "thum" pra mim! Um bom dia desligado...e ponto!
Final do dia, quase noitinha, vi que se distanciava com mais dois colegas...Apressei o passo, e emparelhei com o a turma.Iam todos para o Pátio de São Pedro, dançar ciranda, tomar caipirinha de pitanga! Literalmente, convidei-me...e fui!

Nos acomodamos, num dos botecos da área.Era uma mesa enorme com uns vinte colegas, e eu! Chegou um violão, no ombro de alguém.Foi convidado, e tirou as primeiras notas: "Notícia"( uma música antiga de Nelson Cavaquinho).O povo silenciou, conversou...Mas, só eu e o Normando, conhecíamos a canção, e todas as sequentes. Ficamos os dois a cantar, initerruptamente, até as altas da madrugada.Não perdíamos uma dica do "bom cantador".Repertório impecável,boêmio, poético...e aí,as afinidades explodiram, fatalmente!.Bebi todas, e não me embriaguei...nem me embobeci!Ele não era "Judas" pra negar-me! Tornamo-nos camaradas! Já voltamos pro hotel, amigos de infância!

Protegeu-me, como se protege uma irmã.Já no Hotel, cada qual pro seu canto! Sem um beijo...Apenas um sorriso de quem já não negaria ,uma bola de sorvete!
Obedecemos os horários de treinamento, e fizemos programas noturnos, diários:cinema, barzinhos, jogos, etc,etc. Estranhava o cara não me paquerar...Eu estava "gata", na plenitude dos meus 35 anos.
Acho que depois de quase duas semanas, resolveu contar sua história.Estava divorciado, mas comprometido com o seu amor de adolêscência.Depois de vinte anos, Ulisses voltara para Penélope.Que podia fazer, a não ser me ternurizar com aquela história?Transcendi, instantaneamente ,todo meu tesão!
E me coloquei, na linha de amiga,porque já era tarde pra não amar aquela figura..."Tarde demais para esquecer"!

Convivemos na sequência, amorosamente, por (6) meses...Um dia, fui embora pro Mato Grosso do Sul;noutro dia, ele zarpou para Brasília.
Mas antes dessas despedidas, permiti que herdasse a minha amizade pelo João Nicodemos.Grandes amigos ficaram.Amigos de emocionar, até Deus!
Não consigo falar dessa trilogia: Socorro, Normando e Nicodemos, sem chorar...sem me engasgar de saudades!
Por breves 11 anos, nos víamos, nas (4) festas do ano.Sempre, sempre,o amor do mesmo jeito.
Idependente das nossas realidades solitárias, fomos fiéis a tudo que no amor, se aumenta!
Respeitei a escolha amorosa de Normando, e ele conviveu com todas as minhas escolhas ( erradas ou não)!
O sentimento que nos uniu, nunca se quebrou;nunca discutimos, nunca nos aborrecemos, nunca nos entediamos, nunca nos desligamos...Até que a morte nos separou!
Tudo foi ficando mais forte, com o passar dos tempos... Mas perto vai ficando, de um amor eterno!

Namorei muitíssimo, enquanto viveu Normando.Depois de Normando, paralisei meu interesse nos homens...Estranho-me! Como não sei viver sem amar, experimentei, buscando nas semelhanças ,a melhor de todas as trocas humanas: o amor!
E este sentimento que ao contrário de ser contrativo é expansivo, entrego ao mundo,e alimento-me da luz, que consegue gerar!

O respeito de Zé Flávio:

Vi algumas vezes o Normando de relance. Não tive maior aproximação. Estava no Recife nos anos 70 e depois retornei na dura labuta de começar a vida de médico. É uma das figuras que só conheço por descrição dos amogos mais chegados: Salatiel, Rafael, Nikos, Socorro. O diabo é que acabou por queimar a centelha muito rápido: mas como brilhou ! Um continho chamado Ícaro que publiquei no blog foi uma história do Normando, me contada pelo nicodemos e que acabei psicografando.Esta provado que existem pessoas que têm um quê de eternidade.

A admiração de Jackson Bantim (Bola):

Normando foi um amigo e irmão, pensativo, correto diante das amizades. Sabia como ninguém visualizar o verdadeiro amigo. Fui presenteado por ele com a sua única modelagem em argila, da sua astúcia do novo campo das artes, expressando a imagem de um dos maiores poetas populares do Brasil, Antônio Gonçalves da Silva, o amigo Patativa do Assaré.
É, amigo Normando, tenho certeza que estás fazendo artes com os bons anjos do Céu.

Vittorio Di Maio


Em breve, estaremos divulgando, em pesquisa mais aprofundada, sob os auspícios do Instituto Cultural do Cariri - ICC, a merecida memória do pioneiro na exibição de filmes no interior do Ceará. Trata-se de uma das figuras mais interessantes da história do cinema no Brasil, Vittorio Di Maio. Basta dizer que seu empreendedorismo e amor à Sétima Arte, desde os primórdios do audiovisual em solo brasileiro o fez abrir inúmeras salas de exibição desde Petrópolis, no Rio de Janeiro, passando por São Paulo, até outros estados como o Rio Grande do Sul, Bahia e Ceará, terra que aportou para fixar residência e onde findou seus dias.
.
O fato mais curioso a ser registrado sobre o incansável Di Maio é o de ter criado, precisamente no dia 3 de junho de 1911, na cidade de Crato, no Cariri, o primeiro cinema do interior do Ceará, intitulado Cine Paraíso (...)

terça-feira, 25 de setembro de 2007

PÉTALAS DE PLÁSTICO NA ÂNFORA DA VIDA


O que aconteceu a Ifigênia era de alguma maneira previsível. Bonita, charmosa, pôs-se durante toda a juventude a escolher os pretendentes com critérios ultra-rigorosos. Queria-os uma mistura bem dosada de lindo-santo-ricaço-garanhão. Demorou tanto a descobrir que este deus grego não desce do Olimpo para terra que , quando cuidou, já era tarde demais : haviam-lhe murchado as flores sedutoras da juventude.Aí tentou, em vão, simplificar as qualidades esperadas do futuro esposo, mas os homens já fugiam dela como o cão do credo: primeiro porque a beleza antiga já esmaecera, depois todos já tinham por besta, por cu-doce . Chegou, por fim, aquela fase do último tiro da macaca e percebeu que a garrucha, enferrujada , bateria catolé. Seguiu então aquele ritual típico de perua: roupas extravagantes, decotes profundos, maquiagem carregada , adereços douradíssimos.Mal percebia que nada neste mundo mostrava-se capaz de substituir aquele frescor da adolescência, aquela beleza simples e fugaz do desabrochar inefável da rosa primaveril. Murchas as flores naturais, punha-se no jarro da vida aquelas pétalas de plástico: sem cheiro e de brilho fosco e pouco enganador.
Disparado o último cartucho da macaca, fora de algum alvo possível, Ifigênia deu-se conta do seu destino previsível : o caritó , a solidão de titia. Pensou ainda em adotar algum Gianechinni já que como professora não ganhava lá estas coisas, mas tinha, ao menos, recursos certos na conta a cada final de mês. Fez algumas tentativas inglórias de adoção, mas desistiu. A mão de obra pareceu-lhe muito grande : as delícias que por ventura ganhava na cama, não compensavam o trabalho de campear o marido adotivo em festinhas, em farras, em pegas, em outras camas de ficantes.
Mesmo assim , não desistiu. Soube dos milagres de Santo Antonio na arte casamenteira. Há dez anos , botou-se para Barbalha e, sabendo que pouco milagre não resolvia seu problema, usou de tudo. Abraçou-se por mais de meia hora com o santo & profano símbolo fálico. Tirou lascas do pau e, em chegando à casa, por mais de um mês tomou diariamente um chá feito das cascas. Não bastasse isto, ainda fez cataplasmas e banhos de assento com o infusório.Esperou por uns dois meses o milagre matrimonial e exasperou-se, pois nada de importante aconteceu.Por indicações de amigas do mesmo bloco, partiu, por fim, para a simpatia final e definitiva. Tomou uma imagem pequena de Santo Antonio e atou-a com cordões, de cabeça para baixo, no fundo de um copo d´água, às doze horas da noite. Fechou os olhos e disse, solenemente, em voz alta:

“ Amarrei meu Santo Antõin
Com seis cento mil demõin
E se num quiser se afogar
Tu só sai do pelourim
Se arranjar um maridim
Pra Ifigênia se casar ”

Desta vez, mediante seqüestro, Santo Antônio, aparentemente cedeu . Dois meses depois , como por encanto, apareceu um pretendente que preencheu as cláusulas já não tão exigentes de Ifigênia. Fidelis apresentou-se como um rapaz madurão, já aposentado como bancário e, sem mais delongas, levou nossa coroa ao altar. O santo casamenteiro foi liberado da sua tortura e pode respirar aliviado.

Fidelis viveu seis meses com Ifigênia uma lua de mel hollywoodiana. Não se apartavam, viajavam constantemente. Um belo dia, no entanto, o marido saiu para comprar uma carteira de cigarro e nunca mais deu notícia. Ifigênia exasperou-se, procurou por tudo quanto é canto: necrotério, hospital, polícia, TV, Internet. Que marca de cigarro mais difícil de encontrar, meu senhor ! Nunca mais teve notícia de Fidelis.Este ano, ainda desapontada, voltou à festa de Santo Antonio, entrou piedosamente na igreja e , no pé do altar encontrou, um bilhete que parecia até uma resposta do santo milagreiro à sua antiga simpatia:

“Levei o marido de vorta
Sua cara de moura torta
Pois já paguei o resgate
Se tu me prender de novo
Te dou um cabra sem ovo,
Um bêbo , um engraxate.

Um jogador de barai,
Que vive de quebra-gai
Ou um clodovi bem foló
De pircing e de brinquim
Que passa o dia interim
Vendo banda de forró ”


J. Flávio Vieira

Filha da Bruma.


São nos olhos pousados sobre teu corpo como o sol que pousa sobre a terra,
Que perco meus raios sobre ti,
Como as folhas correntes nos ares do outono, como as pedras dolentes nos rios, nas águas de março...
Que assim surjo para ti e tu somes no vazio do espaço
É assim que corro como Apolo, pelos céus, que roubo as asas de Ícaro e grito teu nome do alto da torre de babel, do alto de todos os píncaros.
E assim correm meus dias vendo as flores nascerem como você. Ver cada pétala Invadir-se de cor como você que infesta de vida ao chegar, que vejo as ervas daninhas olharem o viço das flores aspirando matar...
E eis que as lágrimas caídas do rachar do céu não somente inspiram os crimes das ervas,
Não inspiram somente o bradar de trovões.
Agoam sim teu corpo e a água toma-se em veios, suas veias, nutre-as e assim torna Novamente a teu viço impecável, o teu exalar letárgico de perfumes e teus olhos negros a furar-me a alma.
É por a mesma navalha que também sangro e me faço etéreo, agora não mais para te buscar...
Torno-me híbrido, um tiro de festim, a perfurar-lhe o peito e em você me misturar.

Notícias de Zé Menezes




No segundo caderno de O Globo, ontem, segunda feira, um artista de primeira constelação. Zé Menezes, músico e virtuose, de muitos instrumentos: violão de seis e sete cordas, violão tenor, bandolim, banjo, cavaquinho, viola de dez, guitarra amplificada, guitarra portuguesa, contrabaixo e outros tantos instrumentos de cordas dedilhadas. Aos 86 anos, com sua face de velho índio Cariri numa pele de migrante português, Zé Menezes lançou, no Teatro Rival BR, um CD autoral "Gafieira Carioca".


Em 1943 o músico longevo iniciou sua carreira no cast da Radio Mayrink Veiga num regional com gênios inesquecíveis: Tute, Laurindo de Almeida, Lupérce Miranda, Luís Americano e João da Baiana. Atenção companheiros interessados vão ao Google e entendam a importância deste grandes músicos. Zé Meneses trabalhou com o mito Garoto, aquele mesmo que compôs Gente Humilde que Chico e Vinícius puseram a letra. O velho músico diz: "Depois de trabalhar com Garoto e Radamés para mim é difícil admirar alguém". Tocou na Orquestra da Rádio Nacional e participou no quinteto do Radamés com o próprio ao piano, o Vidal no baixo, Luciano na Bateria, Zé no Violão e o famoso Chiquinho do Acordeom. Chiquinho, gauchão alourado, face de boêmio o conheci na AABB do Rio, tomando cerveja e jogando sinuca. Todos os sábados e domingos e costumava tocar nos bailes dos idos dos anos setenta naquele clube. O Chiquinho acompanhou muita gente de sucesso do disco brasileiro, entre os quais se costuma ouvir o velho Lua Gonzaga gritando alguma frase com referência ao acordeonista.

Quase toda gravação em que existia um violão elétrico acompanhando entre as décadas de 50 e 60 quem lá estava era o Zé Menezes. Acompanhou, entre muitos, Ismael Silva, Ataulfo Alves, Luiz Gonzaga, Roberto Carlos, Wanda de Sá. O músico de todas as almas foi do samba ao samba canção, do baião à bossa nova, chegou na jovem guarda. Tocou bandolim para o cantor americano Nat King Cole aquele mesmo da voz que chegou aos anos 90 com Unforgeteable.


Zé Menezes tocou na Sorbonne, na BBC de Londres, passou pelos cabarés e gafieiras do Rio, andou pelos Cassinos dos anos 40 e pelo auditório da Rede Globo, foi um dos bossa-novistas de Tóquio. São 70 anos de profissão.

Na sua entrevista para a matéria de O Globo, Zé Menezes falando sobre o futuro: daqui a 150 anos, quando eu morrer, quero voltar músico. Hoje o músico mora no sopé da Serra do Órgãos, na cidade de Guapimirim, vive otimista e gostando da vida. Teve dois filhos do primeiro casamento e duas filhas do segundo. Antes de ser pai e avô, Zé Menezes, como todos nós, nasceu e como nasceu bem.

Nasceu no alto da Chapada do Araripe, em Jardim, no ano de 1921. Na mesma cidade do Padre Benze Cacete que pretendeu a restauração de Dom Pedro I, surgiu o instrumentista do pinho. Aos 6 anos encantou-se com a Banda de Música da cidade e, em seqüência de vida, completa: no ano seguinte, nós nos mudamos para Juazeiro, também na Serra do Araripe, o nosso Cariri, e lá me iniciei no cavaquinho. Aos 9 anos, já tocava nos saraus da terra. Um dia toquei para Padim Cícero. Ele estava sentado numa cadeira imensa, um trono, com um cajado na mão e pose de Papa – Você ainda vai ser grande músico, - disse, depois de ouvir meu cavaquinho".


Pronto, meus amigos blogueiros, poetas e seresteiros, amantes e amados, o Padre Cícero, como vocês, profetizou e aconteceu. E o mais belo de tudo, aconteceu com alguém que ainda diz: o nosso Cariri.

segunda-feira, 24 de setembro de 2007

LUIZ SÁ





Ao abrir os cadernos do jornal O Globo que apresentam os filmes em cartaz nos cinemas do Rio de Janeiro, o leitor se depara com uma seção em que os filmes são classificados segundo um grupo de críticos. A classificação é orientada por elaborado desenho em estilo gráfico, linhas que formam um assento e um bonequinho. O bonequinho viu, não gostou e foi-se embora; viu, achou monótono e acabou dormindo no assento; viu, se ligou sem entusiasmo e ficou só olhando; viu, entusiasmou-se e sentando mesmo aplaudiu até que, finalmente, viu, era uma obra prima e aplaudiu de pé.

O bonequinho é uma criação do cearense Luiz Sá, um dos maiores cartunistas do século XX no Brasil. E ser cartunista brasileiro é uma referência mundial, pois aqui se projetam grandes talentos. Luiz Sá de sua geração foi o mais completo: trabalhou em jornais, em revistas, fez design como o citado para o Globo, fez desenho animado para os Telejornais que se antecipavam ao filme principal da noite; elaborou material para a saúde pública, fez propaganda, havia uma embalagem de um chiclete bola com variadas cenas dos famosos personagens que ele criou para o A Revista Tico-Tico: Reco-Reco, Bolão e Azeitona.

O reinado de Luiz Sá foi longo. Trabalhou entre 1930 e 1979 quando faleceu. A sua participação na revista Tico-Tico criando um dos primeiros personagens de História em Quadrinhos do Brasil o projeta através de várias gerações dada a importância que a revista teve na cultura nacional. Em 11 de outubro de 2005 a Revista Tico-Tico fez 100 anos: de influência européia, imitando a revista francesa La Semaine de Suzette. A revista já nasceu com uma tiragem de 21 mil exemplares. Já vinha com quatro páginas coloridas e as demais eram monocromáticas mas com cores diferente do preto: vermelho, azul ou verde. Tinha ênfase na literatura, com diversos assuntos culturais (poesia, contos, atrações educativa, jogos, datas históricas e referências a fatos de sucesso no cinema, música, letras de música, peças teatrais etc.) e muito quadrinho. A Tico-Tico era da editora do jornal O Malho. Carlos Drummond de Andrade, Érico Veríssimo, Ruy Barbosa,e Arnaldo Niskier foram marcados pela revista.

Luiz Sá foi funcionário do Serviço Nacional de Educação Sanitária, órgão criado por Getúlio Vargas em 1941. Foi neste serviço que o cartunista elaborou um conjunto de folders orientadores para as questões de saúde. De acordo como os padrões da época, sujeitos ao desgaste do tempo, no entanto, vemos materiais como: "Ovos Leite e Seus Derivados. Legumes, Fígado e Frutos. Inclua na refeição; esse cardápio diário. Dá tudo que é necessário. Do organismo à proteção." Foram elaborados livrinhos para distribuição gratuita falando em doenças, cuidados e proteção da saúde.

Quando o imperialismo tornou-se hegemônico nos quadrinhos brasileiros por volta dos anos 60, Luiz Sá sofreu grandes problemas financeiros. Foi morar na cidade de São Gonçalo, na região metropolitana do Rio e lá contraiu Tuberculose, tendo sido internado no Hospital Azevedo Lima que fica em Niterói no ano de 1974. Durante sua internação preparou um conjunto de desenhos sobre saúde.

Entre 18 de setembro e 04 de novembro, o Centro Cultural do Banco do Nordeste em Fortaleza, realizará uma exposição comemorando 100 anos do nascimento de Luiz Sá com a apresentação de 150 variados trabalhos do cartunista. Os Caririenses que vivem na capital ou passarão por lá, já têm um ótimo programa cultural.

Instituto Atos: A Música para o Bem Comum.



Dias desses estive na minha cidade natal, Araripe, e vislumbrei tempos melhores para a comunidade a partir do trabalho que desenvolve o Instituto Atos. Daí, gravei um clip-filme que agora disponibilizo no CaririCult. Vejam o que é uma ação transformadora, de verdade!
Aproveito para mandar um abraço para o Elisandro, De Freitas e Antonia (secretária). Maiores informações você pode ter visitando o site do Instituto Atos na web.

É Preciso parar de Elitizar a Cultura !! - Vamos às Ruas !

Porra, mermão...

É preciso parar com essa cultura elitizada demais!
Falando ao vento...
É um tremendo desperdício ficar só aqui escrevendo coisas lindas para que meia dúzia de pessoas possam ler.

Eu acho que devemos brigar por espaços REAIS na Mídia, no rádio, na TV, e a idéia dos blogs, embora seja boa e saudável, atinge uma minúscula parcela da população, como qualquer site de internet.

O que é preciso é fazer essas idéias irem parar nas ruas.
Grandes produções.
Levar CULTURA de verdade para o povo, não apenas aquela cultura cabaçal que eles estão acostumados a receber dos políticos ignorantes, e daquele tipinho de bicho louco, estereotipado, de gente que "acha" que entende de cultura porque leu umas orelhas de livro, acha os Anicetos a última gota dágua do deserto, se vestem de vestido de renda, tem cabelo que água não penetra, e usa bolsa e sapatos de couro cru, e só andam com alguma coisa a tiracolo na universidade. Mpb pra eles é Marisa monte ( de bos... ), e Cassia Eller... esses tipos abomináveis, estamos dispensando da nossa luta. São Pseudos!

O que interessa são meios reais, estratégias de ação para abrir espaço na mídia nem que seja de facão, como bem diz o Rafael.

É preciso que façamos projetos, dê sugestões aos homens do poder para que eles possam ter alguma idéia na cabeça, além de pensar em ganhar dinheiro.

Porque...cacête, a gente já não aguenta mais tanta estupidez na mídia!!
E as estações de rádio e TV estão todas nas mãos de gente errada.
Gente estupida!

Falow!

domingo, 23 de setembro de 2007

Dona Assunção




Dona Assunção é o que seu nome anuncia: uma santidade que assoma o céu.
Sua biografia revela o quão grande é esta mulher: afilhada do padre Cícero, artista plástica de mão cheia, hospitaleira...
Mas não existem palavras propícias para definir, definitiva e adequadamente, a sua grandeza, enfim...
Deixemos que os que a conhecem a definam...

Coisa de mulher (humor)


- Você me ama ?
- Amo
- Quanto ?
- Muito
- Quanto é muito ?
- Muito é responder essa pergunta às três horas da manhã. Posso voltar a dormir ?

Obs: Sei que a maioria dos participantes do blog são homens. Todos escrevem muito bem e sobre temas sérios e às vezes, nem tanto. Perdoem-me se fujo da maioria dos temas aqui postados.

Amplidão

Foto: Emerson Monteiro



sábado, 22 de setembro de 2007

Vanda Lúcia e o tempo da delicadeza



"Aromas de jacintos me infinitam
E estes ermos me somam"

Esta nossa primeira Miss Crato e depois Miss Ceará ainda nos anos 60.Vanda era lindíssima e a paixão de toda uma geração. Certo , o tempo escorreu pelas frestas da porta mas ainda é impossível olhar para esta foto sem admitir que a vida é bela e que deve existir um pintor soberbo capaz de debuxar um olhar deslumbrante como o de Vanda.

Esses tempos híbridos




Emerson Monteiro

Houve uma época, no decorrer das fases da história, quando os estilos da Arte se apresentaram bem mais pronunciados nas diversificações pessoais. Seus autores produziam peças de acentuadas características, conforme o espaço restrito aonde viviam, presos a sociedades fechadas e de raras influências externas, porquanto lutavam contra os limites das horas e dos lugares. Por vezes, trabalhavam tão só visando os poucos habitantes de cidades ou pequenos estados.

Vieram os transportes mais rápidos, os primeiros instrumentos de encurtar distâncias na transmissão das mensagens, e, já nos albores do século XX, prevaleceram os decantados meios de comunicação de massa; rádio, cinema, disco, revista, televisão, jornal, livro, elaborados em escala industrial e com acentuada penetração em tudo que é recanto, graças ao ímpeto febril da revolução dos bens de produção.

Aqueles primeiros artistas do teatro, da pena, do pincel e da partitura, contudo, permaneceram vivos, sob os auspícios agora das modernas tecnologias de propagação dos chamados bens simbólicos, os produtos artísticos. Daí, eles passaram a disputar a preferência do público em outras fases, de igual para igual com os demais estilos que surgiram no futuro, até então restritos a feudos particulares e culturas reservas, nas cidades, línguas e nações.

Os dias de hoje mostram, em profusão, isto que se disse. O que antes, por exemplo, representava a literatura russa, aprimorada sob clima de nação cercada de mil particularidades e natureza típica, épocas geladas, províncias afastadas e costumes afeitos em remotos mundos, explodiu nas outras regiões da Terra, traduzida que foi nos mais diversos idiomas e padrões gráficos.

Assim também se deu com os autores de inúmeros outros povos. A novidade atual representa o imediatismo, o consumo fácil, na chamada Aldeia Global, segundo a feliz denominação de Marshall Mcluhan, autor canadense em voga nos anos 70, estudioso emérito dos meios de comunicação de massa, que resumiu na palavra “mídia” o composto formado pela imprensa universal.

Ainda que não quiséssemos, nossa província reverteu-se numa parte integrante do todo dessa aldeia, a receber suas normas e práticas através das chamadas usinas de produção da informação, indústrias que invadem os lares e detém mais poder de convencimento do que a moral oficial, as religiões estabelecidas e a escola tradicional. O Grande Irmão, conforme escreveu George Orwell, no livro “1984”, comanda essa orquestra formada pela raça humana, integrada nos circuitos elétricos, sinais eletromagnéticos de ondas e cabos e condutores de alta precisão.

Por conta disso, ficou quase imperceptível identificar os estilos, vivos num passado recente de alguns séculos, e justificar o que seja classicismo, barroco, romantismo, simbolismo, naturalismo, realismo, impressionismo, modernismo, expressionismo, psicodelismo, etc., tarefa restrita, neste momento, aos estudos das salas de aula. Porquanto a realidade pós-moderna engloba casca e nó, a reunir desde oralidade, cultura popular a tecnicismo artificial, no caldeirão multidisciplinar a ferver, dia após dia, drama cotidiano das espécies, pessoas, bichos e coisas, numa massa informe e processual.

O rebanho das idéias encontrou tantos intérpretes e criadores que a forma consagrada perdeu-se no caldo grosso dessa fertilidade impetuosa dos conteúdos ilimitados.

E para concluir, quero lembrar Paulo de Tarso, São Paulo, o Apóstolo da Cristandade, que certa vez afirmou: “Tudo é lícito, mais nem tudo me convém”. Isto é, a ninguém cabe ignorar a diversidade que apresentam esses tempos híbridos e alegar o desconhecimento das chances que se oferecem de conhecer tudo e escolher, sempre, o melhor que lhe compete, da herança comum a todos nós.

Salatiel, um representante à altura da política cratense


Cumpro o aprazível dever de comunicar o lançamento (este ato é de minha total e exclusiva responsabilidade, agora) da canditadura de Luiz Carlos Salatiel ao Parlamento do Crato. Conclamo todos os cratenses conscientes desse momento histórico e pioneiro a ratificar este desejo de termos um representante legítimo e diferenciado na Política cotidiana (com P maiúsculo) , cuja plataforma nos remeterá ao futuro: de nossa cidade e da nova geração que se apresenta.
Quem concordar com esta candidatura que se manifeste.

Madrugada ao som do Jazz e da MPB - RadioArte!


Como ouvir:

A - Conexão Banda-Larga:
Se vc possui conexão banda larga, vc pode ouvir com excelente qualidade de CD, se tiver o programa Winamp instalado em seu PC. Tendo o winamp, basta clicar no link abaixo. O winamp vai abrir e começar a tocar.

Para ouvir com o winamp, clique no link abaixo:

http://212.72.165.23:9140/listen.pls


B - Conexão Discada:

Se vc só possui conexão discada, ou se não possui o winamp instalado em seu PC, ouça a RadioArte, clicando no player abaixo. Em alguns segundos, o som será escutado. A qualidade do som não é tão boa quanto na versão com winamp. Por isso, meu conselho: Instale o winamp!

Para ouvir, clique no player abaixo:




P
repare a sua bebida predileta. Sente-se ou deite-se confortavelmente, e se delicie com a nossa seleção musical. O programa Noite Cultural vai de 00:00 às 06:00 da manhã, trazendo sempre o que há de melhor na música instrumental e vocal.
RadioArte, 24Hs com você. Há 4 anos, trazendo o melhor do Jazz e da Música Popular Brasileira!

Nota: Para ver os títulos e autores das faixas, instale o programa winamp. Vc pode baixá-lo diretamente clicando em Baixar Winamp .