TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

espuma

O maquinário
o botão
o dedo
a idéia
o contexto
inconteste
a palavra
à sorte, ao tempo
a escrita
a convicção
a crítica
o aplauso
o ocaso
a morte
na estante
a cadeia das páginas
dormem bocas
pedem risos
livros voam abertos
por onde ninguém foi
há folhas brancas
de molho no sabão em pó
nas lavanderias subterrâneas
outros rabiscando afagos
à literatura de cordão
varal lotado
o maquinário
o botão...
vai lavar roupa, mulher!

De quem a responsabilidade ?

A RESPONSABILIDADE DO MUNICÍPIO DO CRATO PELOS PREJUÍZOS SOFRIDOS PELOS PARTICULARES EM DECORRÊNCIA DAS ENCHENTES NO RIO GRANGEIRO

Salientamos de pronto que, neste artigo eminentemente de cunho jurídico propositalmente iremos deixar de lado o aspecto político da questão que envolve o problema previsível das enchentes no canal do Rio Granjeiro, por ser de todo impertinente e inoportuno, na espécie.
Para uma melhor compreensão da responsabilidade do Município do Crato pelos prejuízos acarretados aos particulares em conseqüência do transbordamento do canal do Rio Granjeiro não devemos olvidar que: primeiro, é público e notório que o canal alhures mencionado muito antes da quadra invernosa estava sofrendo um altaneiro processo de assoreamento por conta da sujeira acumulada no seu leito, bem como por restos da obra anteriormente executada na encosta do canal, destarte, tendo sua capacidade de escoamento bastante diminuída; segundo, nos albores de 2003/2004 o Poder Municipal Cratense, verificando a necessidade premente da realização de obras em boa parte da extensão do canal do Rio Granjeiro, bem como, nas encostas que lhe circundam, e prevendo a iminência de um acontecimento calamitoso, abriu processo de licitação para execução de obras, sem, contudo funcionar eficazmente o escoamento das águas, por déficit ou até mesmo por omissão na fiscalização da qualidade do serviço, já que em menos de um ano as obras vieram a se desfazer; terceiro, que as mazelas encontradas no canal do Rio Granjeiro se protraíram no tempo com isto agravando os problemas sem que os administradores públicos dessem a devida atenção e efetiva solução.

Sendo os danos sofridos oriundos de obra mau executada e omissão de fiscalização das obras de contenção e limpeza do canal do Rio Granjeiro, desta forma, consubstanciando-se em um fato administrativo, não faz sentido deixar de responsabilizar o Município pelos danos acarretado aos particulares.

Ademais, não se pode alegar que seja a enchente do canal do Rio Grangeiro conseqüência de fato da natureza, pois, esta alegação haveria que ter todos os elementos configuradores da absoluta inevitabilidade da eficácia lesivas a terceiros, porquanto na espécie haveria um quê de evitabilidade exsurgindo a insuficiência e deficiência do serviço, de modo a não ser dado cogitar do fortuito pré-excludente da responsabilidade civil por parte do Município.

No caso do transbordamento que ocorreu no canal do Rio Grangeiro, em Crato/CE, e, suas conseqüências danosas daí advindas eram evitáveis, inclusive porque previsíveis.
Tanto é verdade que o próprio Prefeito Municipal e o Secretário de Desenvolvimento do Crato, em inúmeras entrevistas concedidas, verbi gratia, ao Diário do Nordeste em data de 25 de março de 2005, deixou claro que eram previsíveis as enchentes e reconhece que o Município necessitava de obras e serviços de limpeza no leito do canal do Rio Granjeiro.

Fica claro cm as entrevistas por parte das autoridades municipais que a enchente ocorrida com seus consectários não se deve exclusivamente ao acréscimo pluviométrico, mesmo porque já foi registrado em anos anteriores até com morte e perda material.

Responde a administração pública, pela conduta culposa, ou seja, pela má escolha dos agentes para a realização de obras e/ou pela falta de fiscalização eficiente na realização de obras construídas fora dos melhores parâmetros técnicos, afastados das cautelas recomendáveis, em dimensões inconciliáveis com as circunstâncias do local e o volume de vazão, portanto, sendo imprudente incidindo na cuppa in eligendo, oriunda da má escolha.

Outrossim, não aleguem que por ter sido a obra de contenção do canal realizado na gestão de ex-prefeito o município não responde, pois, como é de comum sabença na administração pública vige o princípio da impessoalidade, onde, os atos administrativos representam o ente ou o órgão que o realizou, a eles devem sempre ser imputados, pouco importando a pessoa física que o realizou. Ademais, não devemos olvidar que a causa do transbordamento e enchente do canal do Rio Granjeiro foi uma seqüencia causas somado e agravado por omissões e imprudências, tanto, do ex-gestor como do atual prefeito que deixou se prolongar por dois mandados consecutivos os problemas do assaz citado canal, inclusive, dando prioridade a outros projetos como reforma de praças e asfaltamento de várias artérias da cidade, destarte, diminuindo a capacidade de infiltração das águas e aumentando o escoamento das águas para o canal do Rio Grangeiro, sem falar da omissão do serviço de limpeza e desassoreamento do canal.

Como muito bem resume o administrativista José Cretela Júnior, o Estado/Município caracteriza-se por seu dinamismo como o lendário príncipe de Argos, deve ter cem olhos, dos quais cinqüenta permanecerão sempre abertos, quando os outros cinqüenta se fecham, durante o sono. Por isso, entre as funções ativas do Município, que se dividem em espontâneas e provocadas, as primeiras são exercidas pela administração, sempre, continuamente, independentemente de solicitação de quem quer que seja, sob pena de faltar a seus deveres.
Não resta dúvida que por parte dos últimos administradores do Crato sobrou olhos para politicagem e projetos pessoais e faltou olhos para projetos e iniciativas que colocassem a população a salva das mazelas das constantes enchentes no canal do Rio Grangeiro.


Francisco Leopoldo Martins Filho
Pós-graduado em Responsabilidade Civil

SOPA DE LETRAS


E A PEDRA DA BATATEIRA ROLOU...*

 Conto de Cacá Araújo
Foto: Josermano Ferreira Oliveira

Ninguém poderia jamais imaginar que uma antiga profecia indígena pudesse ser concretizada. E o mundo viu...

O relógio marcava exatamente a primeira hora e trinta e três minutos e trinta e três segundos do dia vinte e oito de janeiro do ano que todos recordam.

Um forte e valente trovão anunciou a fúria da natureza. Choveu forte. A terra tremeu, pedras e troncos rolaram nas enchentes do rio revolto que, altivo e cheio de razões, exigiu de volta seu leito violado.

Como uma sinfonia estranhamente harmoniosa, misturaram-se sons da catástrofe e o clamor do povo. E foi triste o quadro de destruição. Casas, prédios comerciais, hospitais, igrejas, escolas, praças, ruas, pontes, postes de eletricidade, carros, tudo virando escombros... E dos prédios e casas as águas expulsando móveis, utensílios, pertences, produtos diversos e gente, umas inteiras outras já aos pedaços de carne e sangue, vitimadas pela agressão do grosso caldo que tudo arrasou e arrastou.  

Foto: Cacá Araújo
Súplicas e orações e preces e ladainhas entoadas em desespero: “Meu Deus! Cristo Jesus! Minha Nossa Senhora da Penha, piedade!”, “Pai nosso que estais no céu...”, Salve Rainha, Mãe de Misericórdia, vida e doçura, esperança nossa, salve! (...) A vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas...”; “Creio em Deus Pai, todo poderoso, criador do céu e da terra...” “A nós descei divina luz...”.

Foto: Cacá Araújo

Foto: Cacá Araújo
Em meio aos estrondos e gritos e gemidos, ecoou a voz grave e temperada de pesar do ancião Cariri, ressurgido na escuridão da tempestade, trazido pelos raios vibrantes que avivavam o movimento das águas, sentado numa onda que nem subia nem caía, derramando gotas de lágrimas ancestrais:

- Viventes deste sagrado vale, provocadores da agonia e morte de muitos e milhares de antepassados, destruidores de florestas e animais, poluidores de nascentes e rios, ouçam e regravem onde couber que dissemos e avisamos há séculos que uma baleia por nós encantada ternamente dormia em sua cama de paz, escorando uma enorme pedra que tapava o grande e majestoso rio que vivia na barriga da Serra do Araripe. Criminosos, exploradores, especuladores! A desgraça que se abate sobre esta terra é uma resposta, uma reação aos desmandos... Vocês espremeram nossas águas num estreito e aleijado canal onde lançam seus esgotos e fezes. Queremos a vida de volta! Saiam do caminho, não se oponham à natureza e permitiremos que vivam os que escaparem da provação de hoje!

Naquele momento, a baleia já acordada se esticou como se espreguiçando e se debateu sacudindo a cauda e desgrudando totalmente o corpo da conhecida Pedra da Batateira. Uma nunca antes vista avalanche de água atirou-se com pedras e troncos sobre a região, quebrando o que restava de inteiro, inundando o que ainda estava às vistas, derribando monumentos heréticos, afogando e rasgando corpos de crianças, homens, mulheres, velhos e velhas, todos que estavam no caminho. Cumpriu-se, então, a profecia, e o sertão virou mar...

Ao cabo de trinta e três dias, as águas do rio baixaram, acomodadas que estavam no seu antigo e vasto leito. Peixes alegremente correndo correnteza acima e abaixo...

Foto: Cacá Araújo

Foto: Cacá Araújo
Num raio de pelo menos cinqüenta metros de cada margem restavam sinais da luta divina. Uma criança se aproximou vindo de longe. Achou um tênis que pertencera a alguém, uma chinela que um dia vestiu algum pé, uma camisa pequenina que havia agasalhado um bebê que se fora nas enchentes. Foi andando, brincando, até que ouviu vozes suaves e meigas em coro balbuciando uma cantiga de ninar. Pôs os pés na água, lavou o rostinho sereno e acompanhou o cântico, tendo ouvido, ainda, um último ressonar da baleia que voltara a dormir guardando águas...      

Foto: Cacá Araújo

Foto: Cacá Araújo

Cacá Araújo
Professor, Poeta, Folclorista, Dramaturgo, Ator e Diretor de Teatro
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante
Crato-Cariri-Brasil,18h31min. do dia 30bde janeiro de 2011.


* Alegoria da lenda cratense da Pedra da Batateira, no contexto da última enchente do Canal do Rio Grangeiro, em Crato-CE, na madrugada do dia 28 de janeiro de 2011, que provocou grandes perdas para a população, não havendo, felizmente, nenhuma morte. Este pequeno conto é um alerta à sociedade e aos gestores públicos, especialmente em níveis estadual e federal, que detém recursos e meios necessários à solução definitiva dos problemas relacionados
ao referido rio.

AINDA QUE FALASSEMOS A LINGUA DE GÁIA...


Quantos de nós já não ouviu falar dos perigos provocados pelos desastres ambientais que assola não só o Brasil, mas todo o mundo, aquecimento global, efeito estufa, ondas de calor todo esse vocabulário emblemáticos das discussões ambientalistas, se apresentam para nós , como uma falação desgastada, “clichês orgânicos”. Por que será?, que motivos nos levam ao total desapego a questões tão importantes e ao mesmo tempo tão renegada aos planos inferiores, que vão desde nossas práticas mais simples , de lavar nossas calçadas até a inoperância de políticas públicas incisivas que dêem cabo das pressões antropicas geradas, seja ,pela construção civil,seja pela interiorização da industria desenvolvimentista.

O que nos leva por exemplo, a ficarmos por alguns instantes emotivos com a situação dramática por que passa as comunidades interioranas das serras do Rio de Janeiro e logo após estejamos festejando a vinda de Ronaldinho Gaúcho para o flamengo por exemplo, sedimentando nossa atenção a outros olhares. A resposta é a mais cética e seca: NÃO É CONOSCO!!!, e esse sentimento tem tudo haver com a forma em que encaramos as nossas vidas, os valores que acumulamos ao longo dela, a disputa pêlo espaço ao sol, a luta diária pela sobrevivência, não nos permitimos em pensar naquele que do lado está. A sociedade de consumo na qual vivemos orquestrada pelo grande capital,nos forja, nos educa e como um dogma de fé, nos aprisiona em nossas próprias mentes para crermos que o ter, o poder, e o conhecimento, é particular, e somente os INDIVÍDUOS abastados e iluminados tem acesso a eles, que fazem pessoas acreditarem que existem humanos melhores que outros, sulistas melhores que nordestinos, intelectuais melhores que proletários, brancos melhores que negros e assim por diante, desde o advento da propriedade privada e o escambo dando espaço a moeda de troca, nós caminhamos da mesma forma, sozinhos, pesando que o mundo é nosso e que podemos escravizar as pessoas e de sobremaneira a NATUREZA.

A ocupação dos espaços, dessa vez, não desordenada, como nos casos das favelas, mas arquitetadamente planejada, burlando-se a frágil legislação ambiental, conseguido com o uso de subterfúgios que só os grupelhos da pequena burguesia política sabem fazer, licenciamentos ambientais de instalação e operação de condomínios luxuosos em áreas de encosta, nos leitos dos rios, gerando mais impactos ambientais, sem se quer manter projetos de ações mitigadoras, onde o Plano Diretor das Cidades são constantemente desrespeitados. Enfim, uma infinidades de ações individuais que trazem enormes conseqüências negativas ao meio ambiente assim como toda coletividade. A prova maior de tudo isso, é o que está sendo noticiado pelos meios de comunicação, onde, até o momento em que debulho em letras esse pensamento já morreram mais de 400 pessoas no Rio de Janeiro em conseqüências das chuvas.

Somente a partir do enrijecimento da legislação ambiental, com penas mais severas aos que insistem em desmanchar a Floresta do Araripe em carvão, por exemplo, secar nossos mananciais, traficar nossos fósseis, caçar nossos animais, e principalmente edificar condomínios em áreas de proteção ambiental, e acabarmos com práticas muitas vezes fisiologistas de órgãos ambientais e Secretarias INOPERANTES Municipais de Meio Ambientes e com políticas publicas que saibam promover ações de fato integradas com vistas a sustentabilidade real com as demais ações de governo, é que quiçá, poderemos enxergar melhor essas ambientais questões, de forma comum aos nosso dia-a-dia e não distantes do nosso vocabulário corrente.


Prof. Samuel Duarte Siebra
Biólogo

Sobre as ondas - Emerson Monteiro

Com este título, Rita Guedes, no dia 28 de janeiro de 2011, lança em Crato, no auditório do Instituto Cultural do Cariri, romance de sua autoria, cuja ação se desenrola nesta cidade durante a primeira metade do século que passou. A autora, graduada no curso de Letras pela anterior Faculdade de Filosofia do Crato, gérmen da atual Universidade Regional do Cariri, exercita a competência de escritora neste livro, ficção calcada em lances da história regional do Nordeste, desenvolvendo trama familiar que apresenta o espírito urbano dos que viveram no tempo considerado pela obra, revivendo valores e conceitos da sociologia da cidade, trabalho preenchido de surpresas e denotando mensagens úteis à religiosidade humana.
Rita Maria Lopes Guedes Santos nasceu em Crato, filha de José Guedes de Sena e Juracimira Lopes Guedes. Nesta cidade formalizou a sua educação, por intermédio do Ginásio São Pio X e do Colégio Santa Teresa de Jesus. Quando se graduou em Letras, especializou-se na Língua Inglesa e lecionaria em escolas públicas e particulares cratenses durante dez anos.
Casada com Felizardo Mendonça Santos, é mãe de três filhas, Osnyeide, Michele e Karenn, e avó de dois netos, Luanna e Thiago.
Em 1985, transferiu-se para Fortaleza, onde seguiu ensinando inglês e, também, português.
Escreve poesia e artigos, com publicações na imprensa da capital cearense, além de participações em revistas acadêmicas e literárias, como Letras em (Re)vista, da Faculdade de Filosofia do Crato, e Nordeste Salesiano, e nos livros Versos diversos e Antologia do Amor.
O desenho e a pintura são outras habilidades artísticas que Rita exercita, das quais utiliza no presente volume, cuja capa e páginas internas trazem ilustrações de sua autoria.
O argumento que conduz a história do livro, encetado com propriedade, revela vivências e pensamentos próprios da formação da autora, com que brinda seus conterrâneos e contemporâneos, familiares e amigos, predicados que perenizam frutos adquiridos e repassados nos protagonistas, espelhos da comunidade interiorana de tempos os quais tantos guardam na memória e nas saudades. Por meio desses retalhos de época rica, movidos em tramas leves e afetivas, testemunhas de perto deste seu primeiro romance, um êxito que lhe consagrar a geração, pelo poder da literatura folhetinista do sertão cearense.
Ensejamos, pois, boa repercussão ao carinho que transmite, ora lançado à apreciação dos leitores da região do Cariri, fonte original desta criação.

ABSTRACTS




UM AVISO AO PESSOAL DA ASFAC

Pedro Esmeraldo

Hoje estava observando uma crônica do cratense amigo José do Vale Pinheiro Feitosa, intelectual residente no Rio de Janeiro, que fez elogios a minha pessoa, pelos quais expresso meus sinceros agradecimentos.

Quisera que houvesse outras pessoas de sua estirpe que viessem ajuntar-se a todos aqueles que desejam modificar o pensamento dos políticos desta cidade, para que tenham a capacidade de governar o Crato com objetividade e amor à terra comum.

Infelizmente, hoje aparecem um bando de aventureiros que só pensam neles mesmos, esquecem a cidade como um todo e procuram entregar-se a uma horda de desinteressados que por ora tomam conta da cidade, desviando do apoio do povo que lhe favoreceu na campanha eleitoral.

Ninguém pensa em solucionar os problemas que há em áreas de risco, como: as casas construídas nas encostas dos morros e das voçorocas, provocadas pelas águas pluviais que constantemente ocorrem nos períodos de chuvas torrenciais, ou seja, de fevereiro a março, que deixa todo mundo preocupado por medo do desabamento de suas residências.

Por isso, alertamos as autoridades com frequência para que cuidem com os poderes centrais a fim de sanar esse problema desta cidade.

Por esse momento, aguardo que hajam outros defensores do tipo José do Vale, Wellington Alves, Armando Rafael, Jurandir Temóteo e outros que deixamos de mencionar por não lembrar neste momento, mas com toda certeza aparecerão outros com muita confiança e arrojo para defender a terrinha esquecida e modificar o comportamento desses políticos junto à sociedade. Com o pensamento positivo elevem a cidade reconquistando todo patrimônio perdido por falta de orientação técnica e não tiveram o pensamento voltado para o futuro.

Desejo oferecer esta crônica ao pessoal da ASFAC (Associação dos Filhos e Amigos do Crato) que não se movimenta com expressão de força de trabalho para defender o Crato com sentimento de afeto já que, nessa ocasião, a cidade precisa de uma reação singela a fim de manifestar-se juntos as pessoas que praticam reação isolada, mas possuem poucos adeptos que só se estacionam em barcos frágeis que mal segura em águas brandas e não atinge as expectativas de trabalho unido e o desejo de expansão econômica e cultural desde município.

Crato-CE, 27/01/2011.

domingo, 30 de janeiro de 2011

O Plástico - Roberto Jamacaru

Desculpe, amigo, se te alcançamos tão pouco.
Bem que queríamos, mas voar na tua imaginação era privilégio dos Deuses da criação.
Tu que vivias um mundo à parte, num plano irreal, com certeza tinhas razão para rir da maneira que rias; para criar do jeito que criavas e imaginar com a riqueza que imaginavas.
Dizem que nos píncaros montanhosos é onde corre a melhor das brisas, mas alcançá-los e senti-las fica para os libertos de espírito que têm na essência artística a verdadeira visão da vida. Tu, no entanto, diferentemente de nós, vagavas costumeiramente no mais alto desses montes.
Quantas e quantas vezes olhamos para ti e vimos o teu corpo em movimento a sorrir marcando presença entre nós, mas, nessa mesma hora, quantas e quantas vezes foi impossível alcançar o vôo da tua imaginação. Estavas, como sempre, em outra dimensão, no além mar, no além céu, no além cosmo, no além espírito, mas sempre perto de Deus.
Era dessas esferas imaginárias que tuas atitudes carinhosas nos surpreendiam. Sempre fomos todos rasteiros em relação a ti, quando o assunto era criatividade e imaginação, enfim, quando o assunto era a arte.
Meu caro poeta das cores e formas, como nos impressionava ver teus pincéis bailarem na brancura de uma tela, definindo e redefinindo o concreto e o abstrato; o belo e o feio; o triste e o alegre com tanta harmonia.
Para “nosotros”, meros grafiteiros de mentes plebes, isso era mágica.
Nas tuas galerias havia olhos que falavam;
Vestes que desnudavam;
Silêncios que protestavam;
Mudez que gritava;
Passos que voavam
E choros que riam.
A tua arte falava mais que mil palavras;
Protestava mais que mil revoluções;
Coloria mais que mil arco-íris;
Embelezava mais que mil arranjos.
De tanto mexer na dramatologia do real com o imaginário, levando-nos ao delírio da contemplação, um dia resolveste fazer parte do sonho.
Assim, moldurado nos teus próprios quadros, nas paredes de nossas vidas, ficastes exposto para sempre, reluzente e colorido, a nos adornar na alegria de tuas fantasias.
Na tua última homenagem, o teu corpo, em cinzas, foi lançado sobre o solo dos antigos índios guerreiros, habitantes do misterioso vale do Quixará.
Eras um artista plástico.
Em telas plásticas pintavas a vida.
Um dia viraste tinta, na imagem te confundiste, e aí, na imortalidade da própria arte, renasceste para sempre.

Tributo ao Artista Plástico, natural de Farias Brito no CE.
- Normando Rodrigues –

SOLIDARIEDADE COM OS CRATENSES

Dois dias depois - Emerson Monteiro


No jornalismo, notícias são acontecimentos de interesse público divulgados pelos meios de comunicação de massa, e existem formas de avaliar a importância das notícias conforme a sua relevância. Uma dessas formas é a proximidade. Entre duas notícias, uma sempre melhor atende a esse requisito de tocar mais de perto a comunidade.
Enquanto avistávamos, no Cariri, as catástrofes climáticas ocorridas em cidades do Rio de Janeiro, as notícias guardavam proporção considerável, porém representavam marcas noutras populações afastadas geograficamente falando. Agora, contudo, diante da cheia desproporcional do Rio Grangeiro, a força das águas nos mostrou outras dimensões, em face da ligação imediata do acontecimento.
Esta madrugada, dois dias depois, circulando nalgumas avenidas que margeiam o Canal e ruas circunvizinhas ainda em fase de arrumação, avaliei de perto a dimensão do fenômeno meteorológico que confrangeu toda a cidade de Crato na madrugada do dia 28 de janeiro de 2011.
A imagem principal da cena deixa às claras o risco constante que representa, a curtos e longos prazos, viver exposto à imprevisibilidade natural de possibilidades antes anunciadas. Longe dos brados alarmistas ou lendários, domar rio de tamanha impetuosidade torna-se, de hoje adiante, o fator determinante das administrações, independente do que passou, perante as transformações causadas pela ação do homem nas encostas da serra nestes dois séculos de aproximação.
Olhar o assunto de frente, encontrar a solução de engenharia que ultrapasse apenas os sintomas e siga direto à base do problema, sem contemporizar, porquanto a tensão persistirá em graus adiantados durante as fases invernosas do futuro. Interessa, pois, a todos, superar os limites desta herança histórica da localização do núcleo urbano que tanto admiramos e queremos.
Somar a potencialidade dos cidadãos e reconstruir as esperanças da tranquilidade sob outros prismas, na vontade política de uma gente trabalhadora e pacífica, civilizada, respeitada na história e dotada de cultura, cheia de boa vontade e amor pela terra em que vivemos nossas vidas. Despertar as novas energias da autoestima para preservar a natureza em volta com equilíbrio e inteligência.
Existirá, com certeza, solução adequada e coerente, desde que se saiba encaminhar estudos e as providências certas.

sábado, 29 de janeiro de 2011

Esse ama o time

Veja como é doce a vida de jogador de futebol. E como é gentil o torcedor brasileiro. Com um exemplo desse de amor ao time, fica a pergunta: por que alguns ainda insistem em ir embora do Brasil? ...

  

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Vivenciar o "ser" terceiro mundo

Produto nacional: favela em um morro 

Viver no terceiro mundo é algo que faz o cidadão pensar. Ou melhor, será que o faz se conformar?
Não apenas o que aprendemos nos livros de geografia ainda no primário (hoje, o ensino fundamental). O terceiro mundismo tem várias características. A desigualdade social gritante, a injustiça social correspondente. E outras mais. São tantas. Mas vou me dedicar a algumas dessas características. 

Uma delas, muito irritante é a péssima prestação de serviços. Por um preço de primeiro mundo.  Te cobram um absurdo para ter energia elétrica, água, telefone. E a qualidade do serviço? Quem é a campeã de reclamações no PROCON? As empresas de telefonia. Eis uma característica de terceiro mundo. Você é mal atendido e paga caro por isso, literalmente. E quando você precisa tirar um documento em um órgão público?

Outra praga é a qualidade do nosso asfalto. Sim, o asfalto brasileiro, de todos nós, na maior parte das cidades que tem asfalto no Brasil, muitas das ruas são esburacadas, o asfalto é péssimo e em todos os lugares os governantes jogam a culpa na chuva. 

Sim, eu sei, esses são problemas mais de classe média, porque os mais pobres do Brasil não tem nem onde morar com dignidade. E o transporte? Assista à reportagem de Luiz Carlos Azenha para o Jornal da Record e me responda com sinceridade: como os seres humanos são capazes de suportar tudo isso e ainda trabalhar? 


E olha que estamos falando da cidade mais rica do Brasil!!! Lugar em que os trabalhadores são transportados pior do que o pobre gado bovino quando vai para o matadouro. 

Para completar o quadro, lembremos dos salários que são pagos em nossa terra. Vergonhosos. E os empresários ainda reclamam do "custo Brasil".  É, o tal "custo Brasil" é a reclamação lamuriosa dos empregadores para continuarem pagando péssimos salários. Segundo eles, se não fossem tantos encargos, os salários poderiam ser maiores. Agora me diga, com toda a sinceridade, se os encargos diminuíssem você acha que os empresários iam repassar essa economia para os salários? 

Eis a vida de terceiro mundista... 



Tromba d´água em Crato - Emerson Monteiro


Após manhã e tarde de sol intenso, a noite de 27 de janeiro de 2011 também se mostrou de tempo aberto e estrelas no céu. É tanto que, às 20h15, estávamos, Igor e eu, nas arquibancadas do Estádio Mirandão assistindo à partida de futebol entre o Crato e o Ceará, pelo Campeonato Cearense. Durante o jogo, no entanto, abriam alguns relâmpagos baixos para os lados do Nascente e do Norte. Ao final, o time cratense saia derrotado pelo placar mínimo.
Recolhera-me às 22h20, observando a preparação de chuva nos sinais do vento e nos relâmpagos por cima da serra, para as bandas de Pernambuco, donde, conforme minhas experiências pessoais de poucos anos, vêm ao vale chuvas de mais intensidade.
Assim, durante a madrugada desse dia 28 de janeiro, acordaria por cinco vezes, considerando relâmpagos e trovões em larga quantidade, mantidos na pancada constante de fortes precipitações, qual ainda não se deu na presente quadra invernosa.
Choveu a madrugada inteira, chuva grossa e persistente. Algumas vezes cortou a corrente elétrica, o que de comum acontece nas situações de muitos raios.
Pela manhã, ao sair para levar as meninas ao colégio, apenas neblinava pouco, no entanto o chão encharcado transparecia o quanto chovera além da conta na madrugada.
Pelos estragos que encontraríamos no percurso da descida, imaginamos as consequências logo em seguida presenciadas às margens do canal do Rio Grangeiro, dentro da cidade.
De máquina em punho, sai fotografando desde a ponte da Integração, próxima à igreja de Nossa Senhora da Conceição, até o término do Canal, imediações do Presídio, num rastro de destruição que jamais verificara nesses 50 anos.
Postes arrancados pelo tronco, carros arrastados na correnteza e jogados contra muros e calçadas, casas invadidas, asfalto eliminado ou levantado, portões de ferro arrombados, prédios em ruínas, móveis encharcados, pontes de ferro destroçadas, pontes de cimento e ferro abaladas nas estruturas, ou com varandas zeradas e substituídas de entulhos, árvores inteiras trazidas na força das águas, e, à medida que desci com lama nos tornozelos, num exercício de equilíbrio e paciência, após a Prefeitura, entrei na Rua Monsenhor Esmeraldo, onde funcionam armazéns de estivas e cereais e outras casas de comércio, testemunhando sempre os danos provocados pela violenta enchente. Houve comércios que registraram por volta de um metro e meio d´água dentro dos estabelecimentos a dezenas de metros do rio. Devido aos riscos da cheia no interior do Presídio, os detentos foram deslocados para Juazeiro do Norte.
A intensidade das chuvas da madrugada chegou a 163mm no centro de Crato, porém escoaram pelo Rio Grangeiro inclusive as chuvas das encostas da Serra, onde estimam-se maiores as precipitações, acima de 200mm, isto para um curto tempo de quatro horas, na ação do fenômeno atípico.

Batista conseguiu salvar a sua guitarra?

Dentre tantas estórias trágicas provocadas pelas águas da chuva torrencial ( 162mm) e a enchente do rio Grangeiro, a do músico Batista se apresenta ainda mais próxima da gente pelo nosso envolvimento com a arte da música. Pois bem, Batista foi despejado com a sua família pelas águas violentas que desciam pelo canal do rio e conseguiu salvar-se do "dilúvio" porque subiu na lage da sua casa. Perdeu praticamente tudo -bens materiais, inclusive equipamentos de som que eram a sua ferramenta de trabalho - mas não a vontade de limpar toda a sujeira e "dar a volta por cima". Entretanto, nessa crucial hora, precisamos manifestar a nossa solidariedade e chegarmos juntos dele para saber de suas carências e da sua família que foi desalojada. Seus colegas da URCA já estão em mutirão para estes primeiros momentos. E você o que pode fazer? Telefone para ele e manifeste a sua disposição de ajudá-lo, também: (o88) 99344681.

Lágrimas entre rios

´

Da varanda fotografo

A textura do barro que se fez homem

O rio que preso se revolta

As caras abismadas

As casas arrobadas

A lama maquiando o asfalto

O rodo espalhando a mágoa

E escondendo as lágrimas

Os pombos pousam no arco em paz

Os pés humanos se pintam de terra e água

Um mangue urbano vai se formando

Uma cratera vai se aflorando

A água vai afogando

As árvores vão se empilhando

Como lastimas de guerra

E o povo vai se ajuntando

Vai se espremendo

Uns assistem a novela do Rio

Outros tateiam a vida

Comungam com as suas mãos

A feitura de uma corrente

Composta de resistência

Entre os caranguejos

Transitamos no lamaçal

Nutrindo o sopro de ser humano castiçal.

Alexandre Lucas




quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Pontes e Baronesas


Eis-me aqui em Recife há quase quinze dias. É como se estivesse de volta à minha casa. Os caririenses carregam consigo essa duplicidade: meio cearenses, meio pernambucanos. O escritor Ronaldo Brito percebe perfeitamente essa dualidade quando define : “Cariri, Capital Recife!” . A Veneza Brasileira faz parte do meu bau de doces sentimentos, mas devo reconhecer que nem sempre foi assim. Simplesmente porque a cidade, retalhada por rios e remendada por pontes, não se entrega facilmente aos primeiros assédios. Amante banqueira e retraída, Recife exige todo um ritual de iniciação. A princípio seus ares parecem irrespiráveis, suas chuvas imprevisíveis, seu povo autista. Só aos poucos desabrocha a cidade que iluminou a poesia de Bandeira, João Cabral, Joaquim Cardoso e Carlos Penna Filho.
Recife carrega consigo um ar senhorial facilmente percebível nos seus casarões, nas suas pontes e também no seu povo. A cidade nos olha, por cima dos seus quase cinco séculos de história, galharda e pomposamente. Talvez seja esse clima colonial que a princípio entorpece os arrivistas , como se fossem espectadores que chegassem já em avançada hora do show. Aí o descompasso parece um visível incômodo. Como retroceder na história ? Como fazer parte do script , se já tantos capítulos foram escritos ? Aos poucos, no entanto, acabamos por perceber que o Recife tem um lugarzinho guardado para cada um que aqui bota os pés. No Recife, o encantamento se faz em módicas prestações mensais, aos poucos a cidade nos entra pelas veias e, um dia, quando jamais pensaríamos nessa possibilidade, compreendemos que já não é mais possível viver sem ele. O Recife nos arrebata mansamente do mesmo jeitinho que a maré carrega as baronesas rio abaixo.
Como isso é possível ? Recife compreende que sua história não é apenas um mero detalhe para ser guardado nos livros de escola. O recifense sabe que a história da cidade é uma coisa viva, palpável e que precisa ser degustada por todas as gerações com o mesmo ímpeto e apetite. A Cultura Pernambucana não é uma peça de Museu, uma ‘ararinha azul’ a ser catalogada pelo IBAMA. Ela vive no povo pernambucano, no seu quotidiano e mais : com o dinamismo próprio de que é feito as coisas vivas. Como não se apaixonar por uma terra que aparentemente séria e ensimesmada, mal chega o Carnaval, traveste-se , anarquicamente, e explode em alegria de viver: nos passos do frevo, na irreverência das troças, na música quase mântrica dos caboclos–de-lança, nos caboclinhos, nos cocos, nos afoxés, no afro Maracatu de baque virado, nos AlA Ursa? E mais, com todas as classes unidas, sem distinção de qualquer espécie e, conseqüentemente, quase sem violência?
É folclórico o bairrismo dos pernambucanos. Mas em termos de Carnaval, de alegria de viver, Pernambuco, com toda certeza, fala do Brasil para todo mundo!


J. Flávio Vieira

Todos eles vão querer

Charge de Amorim para A Charge Online

FESTA BREGA ROCK STYLE


A banda nasceu em novembro de 2006, quando cinco roqueiros que tocam em bandas de João Pessoa - PB, resolveram montar uma banda onde o seu repertório fosse recheado da bela música brega, da jovem guarda e claro, do Rei Roberto Carlos com seus sucessos dos anos 60/70,. Su estilo foi auto-intitulado como sendo "Brega Rock Style".

Os Caronas interpretam as músicas com muito respeito e admiração. Eles fazem pequenas alterações nos arranjos das músicas, mas, sem jamais fugir da idéia principal que o autor quis passar através da sua arte. O objetivo da banda é executar da melhor maneira possível, canções que marcaram um período da música popular romântica (nostalgica) brasileira.

A abertura da festa vai ficar por conta da banda "RED STEEL" de Juazeiro do Norte, que promete agitar a galera com belas canções do rock nacional.

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Crato-CE-Brasil: Obras de arte recuperadas estarão em exposição


Será realizada no próximo dia 30 de janeiro até 3 de fevereiro, Exposição das Obras do Museu de Arte Vicente Leite. Com o acervo restaurado, a exposição será realizada no Hall de entrada do Teatro Municipal Salviano Arraes Saraiva, com abertura às 19 horas do dia 30. Todo o material irá compor o Museu de Artes Vicente Leite, do qual faz parte o acervo a ser exposto. A Exposição será realizada por meio da Fundação Cultural J. de Figueiredo Filho e da Prefeitura Municipal do Crato.

Fonte:
Assessoria de Imprensa da Prefeitura Municipal do Crato
www.crato.ce.gov.br 
http://.prefeituramunicipaldocrato.blogspot.com 

"Inversão de valores" - José Nilton Mariano Saraiva

Embora um tanto quanto longa, entendemos que a "transcrição" do texto abaixo merece ser lida e refletida por todos aqueles que se preocupam com o futuro da nossa família, do nosso povo, do nosso Brasilzão querido. Trata-se do retrato emblemático da lógica perversa e da absoluta e criminosa inversão de valores numa das áreas - EDUCAÇÃO - primordiais ao desenvolvimento de uma nação, à sua arrancada rumo ao panteão de uma das nações líderes do mundo, bem como à obstrução do bem-estar do seu povo.
Um equívoco de tal magnitude, baseado em modismos e invencionices, se não for corrigido a tempo, tende a nos manter presos aos grilhões do subdesenvolvimento, às amarras da miséria, à negritude da falta de conhecimento e, enfim, ao caos absoluto.
E, especificamente pra quem exerce a nobre função do magistério, um aviso: cuidado, você pode ser o próximo !!!

José Nilton Mariano Saraiva
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J’ACUSE !!! (Eu acuso !!!)

Tributo ao professor Kássio Vinícius Castro Gomes - (Mon devoir est de parler, je ne veux pas être complice. (Émile Zola) - Meu dever é falar, não quero ser cúmplice).

Foi uma tragédia fartamente anunciada. Em milhares de casos, desrespeito. Em outros tantos, escárnio. Em Belo Horizonte, um estudante processa a escola e o professor que lhe deu notas baixas, alegando que teve danos morais ao ter que virar noites estudando para a prova subseqüente. (Notem bem: o alegado “dano moral” do estudante foi ter que... estudar).
A coisa não fica apenas por aí. Pelo Brasil afora, ameaças constantes. Ainda neste ano, uma professora brutalmente espancada por um aluno. O ápice desta escalada macabra não poderia ser outro. O professor Kássio Vinícius Castro Gomes pagou com sua vida, com seu futuro, com o futuro de sua esposa e filhas, com as lágrimas eternas de sua mãe, pela irresponsabilidade que há muito vem tomando conta dos ambientes escolares. Há uma lógica perversa por trás dessa asquerosa escalada. A promoção do desrespeito aos valores, ao bom senso, às regras de bem viver e à autoridade foi elevada a método de ensino e imperativo de convivência supostamente democrática.
No início, foi o maio de 68, em Paris: gritava-se nas ruas que “era proibido proibir”. Depois, a geração do “não bate, que traumatiza”. A coisa continuou: “Não reprove, que atrapalha”. Não dê provas difíceis, pois “temos que respeitar o perfil dos nossos alunos”. Aliás, “prova não prova nada”. Deixe o aluno “construir seu conhecimento.” Não vamos avaliar o aluno. Pensando bem, “é o aluno que vai avaliar o professor”. Afinal de contas, ele está pagando...
E como a estupidez humana não tem limite, a avacalhação geral epidêmica, travestida de “novo paradigma” (irc!), prosseguiu a todo vapor, em vários setores: “o bandido é vítima da sociedade”, “temos que mudar tudo isso que está aí’; “mais importante que ter conhecimento é ser ‘crítico’.”
Claro que a intelectualidade rasa de pedagogos de panfleto e burocratas carreiristas ganhou um imenso impulso com a mercantilização desabrida do ensino: agora, o discurso anti-disciplina é anabolizado pela lógica doentia e desonesta da paparicação ao aluno.
Estamos criando gerações em que uma parcela considerável de nossos cidadãos é composta de adultos mimados, despreparados para os problemas, decepções e desafios da vida, incapazes de lidar com conflitos e, pior, dotado de uma delirante certeza de que “o mundo lhes deve algo".
Um desses jovens, revoltado com suas notas baixas, cravou uma faca com dezoito centímetros de lâmina, bem no coração de um professor. Tirou-lhe tudo o que tinha e tudo o que poderia vir a ter, sentir, amar.
Ao assassino, corretamente, deverão ser concedidos todos os direitos que a lei prevê: o direito ao tratamento humano, o direito à ampla defesa, o direito de não ser condenado em pena maior do que a prevista em lei. Tudo isso, e muito mais, fará parte do devido processo legal, que se iniciará com a denúncia, a ser apresentada pelo Ministério Público. A acusação penal ao autor do homicídio covarde virá do promotor de justiça. Mas, com a licença devida ao célebre texto "EU ACUSO", de Emile Zola, eu acuso tantos outros que estão por trás do cabo da faca:
EU ACUSO a pedagogia ideologizada, que pretende relativizar tudo e todos, equiparando certo ao errado e vice-versa; EU ACUSO os pseudo-intelectuais de panfleto, que romantizam a “revolta dos oprimidos” e justificam a violência por parte daqueles que se sentem vítimas; EU ACUSO os burocratas da educação e suas cartilhas do politicamente correto, que impedem a escola de constar falta graves no histórico escolar, mesmo de alunos criminosos, deixando-os livres para tumultuar e cometer crimes em outras escolas; EU ACUSO a hipocrisia de exigir professores com mestrado e doutorado, muitos dos quais, no dia a dia, serão pressionados a dar provas bem tranqüilas, provas de mentirinha, para “adequar a avaliação ao perfil dos alunos”; EU ACUSO os últimos tantos Ministros da Educação, que em nome de estatísticas hipócritas e interesses privados, permitiram a proliferação de cursos superiores completamente sem condições, freqüentados por alunos igualmente sem condições de ali estar; EU ACUSO a mercantilização cretina do ensino, a venda de diplomas e títulos sem o mínimo de interesse e de responsabilidade com o conteúdo e formação dos alunos, bem como de suas futuras missões na sociedade; EU ACUSO a lógica doentia e hipócrita do aluno-cliente, cada vez menos exigido e cada vez mais paparicado e enganado, o qual, finge que não sabe que, para a escola que lhe paparica, seu boleto hoje vale muito mais do que seu sucesso e sua felicidade amanhã; EU ACUSO a hipocrisia das escolas que jamais reprovam seus alunos, as quais formam analfabetos funcionais só para maquiar estatísticas do IDH e dizer ao mundo que o número de alunos com segundo grau completo cresceu “tantos por cento”; EU ACUSO os que aplaudem tais escolas e ainda trabalham pela massificação do ensino superior, sem entender que o aluno que ali chega deve ter o mínimo de preparo civilizacional, intelectual e moral, pois estamos chegando ao tempo no qual o aluno “terá direito” de se tornar médico ou advogado sem sequer saber escrever, tudo para o desespero de seus futuros clientes-cobaia; EU ACUSO os que agora falam em promover um “novo paradigma”, uma “ nova cultura de paz”, pois o que se deve promover é a boa e VELHA cultura da “vergonha na cara”, do respeito às normas, à autoridade e do respeito ao ambiente universitário como um ambiente de busca do conhecimento; EU ACUSO os “cabeça–boa” que acham e ensinam que disciplina é “careta”, que respeito às normas é coisa de velho decrépito; EU ACUSO os métodos de avaliação de professores, que se tornaram templos de vendilhões, nos quais votos são comprados e vendidos em troca de piadinhas, sorrisos e notas fáceis; EU ACUSO os alunos que protestam contra a impunidade dos políticos, mas gabam-se de colar nas provas, assim como ACUSO os professores que, vendo tais alunos colarem, não têm coragem de aplicar a devida punição; EU VEEMENTEMENTE ACUSO os diretores e coordenadores que impedem os professores de punir os alunos que colam, ou pretendem que os professores sejam “promoters” de seus cursos; EU ACUSO os diretores e coordenadores que toleram condutas desrespeitosas de alunos contra professores e funcionários, pois sua omissão quanto aos pequenos incidentes é diretamente responsável pela ocorrência dos incidentes maiores.
Uma multidão de filhos tiranos que se tornam alunos-clientes, serão despejados na vida como adultos eternamente infantilizados e totalmente despreparados, tanto tecnicamente para o exercício da profissão, quanto pessoalmente para os conflitos, desafios e decepções do dia a dia.
Ensimesmados em seus delírios de perseguição ou de grandeza, estes jovens mostram cada vez menos preparo na delicada e essencial arte que é lidar com aquele ser complexo e imprevisível que podemos chamar de “o outro”.
A infantilização eterna cria a seguinte e horrenda lógica, hoje na cabeça de muitas crianças em corpo de adulto: “Se eu tiro nota baixa, a culpa é do professor. Se não tenho dinheiro, a culpa é do patrão. Se me drogo, a culpa é dos meus pais. Se furto, roubo, mato, a culpa é do sistema. Eu, sou apenas uma vítima. Uma eterna vítima. O opressor é você, que trabalha, paga suas contas em dia e vive sua vida. Minhas coisas não saíram como eu queria. Estou com muita raiva. Quando eu era criança, eu batia os pés no chão. Mas agora, fisicamente, eu cresci. Portanto, você pode ser o próximo.”
Qualquer um de nós pode ser o próximo, por qualquer motivo. Em qualquer lugar, dentro ou fora das escolas. A facada ignóbil no professor Kássio dói no peito de todos nós. Que a sua morte não seja em vão. É hora de repensarmos a educação brasileira e abrirmos mão dos modismos e invencionices. A melhor “nova cultura de paz” que podemos adotar nas escolas e universidades é fazermos as pazes com os bons e velhos conceitos de seriedade, responsabilidade, disciplina e estudo de verdade.

Igor Pantuzza Wildmann (Advogado – Doutor em Direito. Professor universitário).

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Cat Stevens - Moonshadow

O espelho deste mundo - Emerson Monteiro


Quem quer saber o que seja o mundo, olhe lá dentro de si e verá apenas o reflexo do que queremos para as ações diárias. Ninguém espere resultado diferente do que aquilo que produz. Por isto, nada de esperar seriedade na política sem participar do processo político na altura certa das oportunidades oferecidas todo tempo através das democracias.
Postular segurança pública e correr léguas do convívio da própria comunidade em que vive demonstra contradição. Reclamar da sorte refugiado por trás de muralhas invioláveis, enquanto drogas e armas correm soltas nas madrugadas, destoa do dever. Falar em união de todos e eximir-se do mínimo em aproximação com os demais do grupo social, animais solitários, engana a si quem age desse modo.
A realidade possui a nossa cara, a minha, a sua, o DNA coletivo. Nada muda se a pessoa não mudar, dizem doutrinadores, todo tempo, porquanto assim é se nos parece. Seja a mudança que quer para o mundo, afirmava com autoridade o líder indiano Mahatma Gandhi, revolucionário de uma nação que acreditou nos ensinos de paz da sua mensagem e reverteu séculos de colonialismo.
Quantas e tantas vezes reclamamos coerência e honestidade dos nossos representantes, e, durante os turnos eleitorais, agimos qual eles agirão depois que os elegemos, bolsos cheios dos cheques em branco dos nossos votos. Nem tudo só desespera, nesses tempos distorcidos que pedem luzes. Há provas incontestes de amor ao bem público nas providências dos responsáveis sérios que ainda existem nos postos-chave, desde que os levemos até esses lugares da mais importante valia. Diz a sabedoria popular que quando virmos um jabuti em cima de uma estaca de certeza alguém o botou na posição, porquanto jabuti não sobe estaca. Quando um político preenche o mandato significa que os cidadãos o levaram ao lugar.
Filtro dessas representações políticas são os eleitores. Caso reclamemos dos mandatários, eles mostram a cara da sociedade, a nossa cara, também. Esta a equação mais simples do que acontece desde que o homem é homem, na história.
Por isso, perante a república em que vivemos, nós e nossas famílias, as mudanças principiam no dia das eleições, ao preço do suor das pessoas que sofrem; dos inocentes que padecem fome; das mães que vendem filhos; crianças que se prostituem pela ausência do respeito das orientações corretas; jovens desencantados e marginais; ruas esburacadas, sujas, abandonadas; padrões conturbados de horas críticas e contradições, e erros sem alternativas; desmandos e servidão.
Receita simples esta, a quem queira rever os equívocos acumulados: Abra os olhos e veja no espelho da consciência; interprete os meios conquistados nas existências; limpe o espelho dentro de si e trabalhe para descobrir e reavivar as esperanças perdidas pelos que esqueceram das chances de melhorar este mundo.

Pré-temporada


Charge de Duke para o Super Notícia (MG)

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Hamurábi Batista – Um artista ponteiro




Os pontos de cultura é uma invenção que deu certo. Um dos exemplos vem de Juazeiro do Norte trata-se do Ponto de Cultura Mestre Noza que é gerido pelo ponteiro Hamurábi Batista. Neste Ponto de Cultura, os artistas agora tem a possibilidade de ter acesso gratuito a rede mundial de computadores, além de puderem fazer o registro dos seus trabalhos e isso é conseqüência do trabalho dedicado que vem sendo desenvolvido pelo artista visual e poeta Hamurábi, que recentemente ingressou no Partido Comunista do Brasil – PCdoB.


Alexandre Lucas - Quem é Hamurabi Batista?


Hamurábi Batista - Poeta, xilógrafo, bicho do mato, fruto da década mentirosa, pós ditadura, punk da década de 80 em Juazeiro do Norte.


Alexandre Lucas - Quando teve inicio seu trabalho artístico?


Hamurábi Batista - 1980, imprimindo as xilos gravadas pelo pai, em seu ateliê no fundo do quintal. No mesmo ano passou a escrever poesias nas capas dos cadernos, motivado pelas aulas de português e literatura do ginásio. Também passou a modelar com argila.


Alexandre Lucas - Quais as influências do seu trabalho?


Hamurábi Batista - O dia-a-dia, o rock’n roll, o jazz, o blues, os telejornais, a cultura popular, Augusto dos Anjos, Drummond, Bandeira, Abraão Batista, Mestre Noza, Chico Buarque de Holanda... Tom Zé, revolução.

Alexandre Lucas - Como você ver a relação entre arte e política?


Hamurábi Batista - A arte é livre, e penetra como o vento em todos os lugares que dêem passagem. Todas as coisas são boas, ruim é quem usa. A arte como instrumento formador de opinião, gerador da revolução. Tudo é política, a arte está em tudo. Reprovável podem ser as atitudes das pessoas, sejam na política, na arte, no convívio, no trabalho...

Alexandre Lucas - Seu trabalho é uma mistura do contemporâneo com o popular?


Hamurábi Batista - Exatamente, tudo que faço é resultado disso. Nasci em 1971, um dos piores anos da ditadura, fui adolescente na transição pra a “democracia”, então, acho estar ali o início da fusão. Não posso deixar de lado a tradição popular. Aquilo que mais quis provar era a liberdade de ser uma pessoa íntegra sem a necessidade de seguir padrão forjado pela ditadura, ou por preconceitos. As pessoas mais legais, são as mais simples... não dá para largar isso: o simples e o complexo, o antigo e o moderno. Uma coisa só existe em oposição a outra. Só existe o “sim” por causa da existência do “não”...


Alexandre Lucas - O que representa para você estar no comando do Centro de Cultura Mestre Noza?


Hamurábi Batista - Poxa, muito massa, sou um cara que dá maior valor para as coisas feitas das formas mais rudimentares, sem obrigação de utilizar os recursos modernos. A Associação dos Artesãos de Juazeiro do Norte, da qual sou presidente eleito pela assembléia geral, é exatamente isso, a auto gestão. Procuro integrar meu conhecimento, e minha escolaridade ao movimento, posso ajudar bastante, já conquistamos boas coisas juntos. O Centro Cultural Mestre Noza, gerido pela associação é esplêndido, magnífico, pua que palavras quando podemos constatar pessoalmente? Visite-nos: rua s. Luis, 96 (antigo quartel) centro.

Alexandre Lucas - Quais os desafios do Centro de Cultura Mestre Noza?

Hamurábi Batista - Todos os desafios estão ligados a um: o escoamento da produção. Este é o foco. Não adianta nada se não superarmos a dificuldade de comercialização dos nossos produtos, não dá nem pra pensar com fome, com dívidas, com planos adiados, frustrações...

Alexandre Lucas - Qual a importância do Centro de Cultura Mestre Noza ser Ponto de Cultura?

Hamurábi Batista - INTEGRAÇÃO, E INTERAÇÃO COM OS DIVERSOS SETORES, LINGUAGENS, E TIPOLOGIAS DA CULTURA E DA ARTE, POR MEIO DA REDE ESTADUAL E/OU NACIONAL DOS PONTOS DE CULTURA, O RECONHECIMENTO POR PARTE DOS GOVERNOS ESTADUAL E FEDERAL, AS OPORTUNIDADES E PERSPECTIVAS QUE SURGIRAM, E PODERÃO SURGIR A CURTO E MÉDIO PRAZOS, INCLUSÃO SOCIAL.


Alexandre Lucas - O Brasil vive um novo momento de caráter progressista na área das políticas públicas para a cultura. Como você percebe essa nova conjuntura?


Hamurábi Batista - Importante demais o fato dos recursos públicos para a cultura estarem passando pelas mãos das comunidades culturais, e dos artistas, através dos editais. Há muitas críticas sobre essa política. Vamos avançar sim, lógico. Vejo que antes não tínhamos nada além do abandono e da indiferença. Vamos em frente aprimorar isso conquistado. Buscar formas mais viáveis, eficazes, inclusivas. Há muita gente ainda sem saber escrever projetos, há muitos compatriotas ainda movidos pelo rancor, pelas seqüelas, vamos incluí-los, vamos libertá-los, já!...


Alexandre Lucas - Qual a contribuição social do seu trabalho, enquanto artista?


Hamurábi Batista - Procuro fazer com que as pessoas tenham a liberdade de utilizar o recurso proibido à minha geração: o pensamento, a libertação do preconceito, o rompimento das amarras. Busco a pitada, apimentada, o tempero para tornar mais quente, mais penetrante, mais perigoso aos decreptos.


Alexandre Lucas - Você agora é comunista?


Hamurábi Batista - Vou responder com uma poesia:

O QUAISQUERES

Qualquer coisa eu sou um monossílabo

Dividido em qualquer rima

Desigual

Qualquer ISTA que eu não seja

Natural

Sou um EIRO

Qualquer e impossível

Um talvez

Um tampouco

Ou um total

Numa medida qualquer

Que for possível.

Hamurábi

O velho punk com tendências anarquistas dos anos 80, recém filiado ao PC do B, simpatizante de Trotsky, puto da vida com Stalin, apaixonado por Dilma.

É isso aí, é isto aqui: artesanato é meio comunista, é auto gestão, é Canudos, é Caldeirão.


Alexandre Lucas - Como você ver a atuação do Coletivo Camaradas?


Hamurábi Batista - Poxa, tenho o Coletivo Camaradas como referência. Adquiri quando estudava na Urca, Letras. Do pouco que se salva naquela bodega. Com todo respeito aos colegas professores, e aos companheiros estudantes. O Coletivo Camaradas sempre será pra mim uma grande referência daquilo que há de bom.