TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

terça-feira, 30 de novembro de 2010


SOPA DE LETRAS

ARTE E RELIGIOSIDADE: UM OLHAR PARA O CENTRO DE CULTURA MESTRE NOZA




Desde a Pré-história o homem procurou diversas formas de expressar sua fé, criando objetos artísticos ou rituais envolvendo o próprio corpo para cultuar o divino. Nesse caso, a arte se mistura a religiosidade da arquitetura das igrejas aos altares em homenagem ao coração de Jesus nas salas das casas; A arte e a religiosidade se misturam no artesanato – em cada peça esculpida pelo artesão marcada pelo sentimento de fé e devoção. A arte e a religiosidade se misturam também nos adereços que enfeitam e enfatizam a crença e o culto ao sagrado.
O Ponto de Cultura Mestre Noza em Juazeiro do Norte é um espaço onde podemos encontrar diversos registros dessas expressões artísticas a partir das peças artesanais ali confeccionadas.
O artesanato é uma das principais fontes de renda da região, especialmente por que na época das romarias Juazeiro do Norte torna-se um grande palco da religiosidade popular no Ceará.
Além do aspecto da religiosidade, onde há a predominância da arte sacra como verificamos as inúmeras representações do Cristo, da Virgem, dos santos e do Padre Cícero grande incentivador da cultura popular em Juazeiro do Norte. Os artesãos do centro Mestre Noza representam em suas esculturas outras diversas manifestações culturais típicas da nossa região como: as bandas cabaçais, os personagens do reisado de couro, o maneiro-pau, a lapinha, os trabalhadores, e outras figuras que fizeram história em nossa região como Luiz Gonzaga, Patativa do Assaré, Lampião, etc.
O Centro de Cultura Mestre Noza foi fundado no ano de 1985 e recebeu esse nome em homenagem ao escultor e xilogravador Inocêncio Medeiros da Costa – o mestre Noza. Inocêncio é pernambucano e veio a Juazeiro para conhecer o Padre Cícero que logo percebeu seu talento e criatividade, incentivando-o a desenvolver sua arte, em pouco tempo fixou residência na cidade e se consagrou como primeiro escultor e xilogravador do município.
Seu trabalho ganhou notoriedade na cidade e muitos vieram aprender com ele. Mestre Noza foi o patriarca dos artesãos do município de Juazeiro do Norte e teve muitos discípulos que aprenderam a arte de transformar a madeira e o barro frio em peças que ganham significado e valor ao expressarem a crença, a fé, a devoção e o culto ao sagrado.

ELEMENTOS ESTÉTICOS DA CENA BRINCANTE

Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE)
 
I – Conceituação:

A estética brincante de encenação reside na incorporação de elementos da cultura tradicional popular na concepção de seus traços constitutivos, quais sejam:

a) Dramaturgia que busque temática alinhada aos contos, causos, lendas, romances e aventuras bebidas do vasto imaginário e romanceiro populares, da sabedoria ancestral de base ibérica, ameríndia e africana.

b) Interpretação que se construa a partir do e no universo dos folguedos, dos cantadores, emboladores, rabequeiros, penitentes, cânticos e dançares negros e indígenas, palhaços, pássaros e bichos da nossa fauna, brincadeiras e brinquedos populares, esculturas e objetos artesanais, bonecos e desenhos animados, temperada com elementos do Circo, da Gestualidade Física e Espiritual Nordestina e da Commedia dell'Arte.

c) Carpintaria Técnica que produza cenografia, figurino, maquiagem, coreografia, caracterização, sonoplastia, música e iluminação, fundados na xilogravura, nas inscrições rupestres, nos símbolos rurais, nos desenhos de crianças, nos cantos, danças, cantigas e instrumentos musicais populares, nas cores e sons primitivos da natureza sertaneja.

Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE)


II – Objetivos do projeto CENA BRINCANTE:

1. Difundir valores do folclore e da cultura nordestina através de estética dramática sertaneja, alinhada ao imaginário popular e ao resgate de tradições ancestrais, que remontam aos processos iniciais de formação do povo brasileiro, a partir de matrizes de origem ameríndia, africana e européia;

2. Oportunizar a formação de platéias, especialmente juvenis, inspirando senso crítico e auto-estima em termos de identidade cultural, potencializando-as para o convívio e interação com outras culturas e linguagens artísticas;

3. Estimular a congregação de estudiosos, pesquisadores, produtores, atores, encenadores, mestres da cultura tradicional popular, brincantes, autores e técnicos em torno da discussão de proposta estética de leitura e releitura da história, das tradições e do imaginário do sertão nordestino como fonte inspiradora de criação em artes cênicas, literatura, música, dança e noutros processos de manifestação da alma indômita do artista nordestino;

4. Contribuir na consolidação dos artistas e do produto cultural como importantes e fundamentais na geração de renda e desenvolvimento sócio-cultural com dignidade e valorização humana.


Xilogravura de Carlos Henrique (Crato-CE)


III – Considerações essenciais:

O projeto CENA BRINCANTE, desenvolvido pela Cia. Cearense de Teatro Brincante / Sociedade Cariri das Artes - Ponto de Cultura do Brasil, dirigido por Cacá Araújo, reveste-se de singular importância porque propõe o fortalecimento da tendência de valorizar a cultura tradicional popular nordestina como leitmotiv nas variadas linguagens artísticas. Neste caso particular, na viabilização de dramaturgia encenação alinhadas ao resgate e à difusão de tradições folclóricas, fundada na expressão do imaginário popular, nas lendas, nos causos, nas aventuras, na história, nos mistérios que habitam a alma afoita e brincante do sertanejo, cujo sangue saltitante se perpetua no riso e na dor, na graça e no sofrimento, na desventura e na esperança.

É uma ação de pesquisa e realização cênica de caráter popular e com perspectiva de povo, que também se justificada por beneficiar a comunidade regional com a facilidade de acesso a bens e serviços culturais, encontrando-se e reencontrando-se com e no seu próprio mundo, resultado que é da fusão de três mundos originais que nasceram de outros, revelando-nos o caráter universal de qualquer gesto humano.


Cacá Araújo
Diretor - (88) 8801.0897

Pra quem gosta de MÚSICA DE QUALIDADE - Festival de Choro e Jazz em Jericoacoara


CULTURA: FESTIVAL DE CHORO E JAZZ DE JERICOACOARA


Com as presenças de alguns dos maiores nomes da música instrumental e vocal do Brasil, o II Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara prova que veio para ficar. Presenças de grandes nomes como Hermeto Pascoal, Arismar do Espírito Santo, Banda Mantiqueira, Yamandú Costa, Théo de Barros, Trio Curupira, Moderna Tradição, Dori Caymmi, um dos mais famosos acordeonistas do mundo: Richard Galliano, Renato Braz, Cléber Almeida, o violonista Maurício Carrilho, o cantor Celso Viáfora, a cantora Joyce Moreno, e o pequeno Guiliano Eriston estarão no Festival na praia.

A segunda edição do Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara começa amanhã e segue até próximo sábado. Entre as atrações, Yamandú Costa e Dori Caymmi. Mar, sol, dunas, boa mesa e brisa de tranquilidade. Quer mais? Que tal cinco dias com grandes nomes da música instrumental, nacional e internacional, se apresentando ao ar livre, de graça, na badaladíssima praia do litoral oeste do Ceará: Jericoacoara! Pois é lá mesmo, na antiga vila de pescadores, encravada bem no meio do Parque Nacional homônimo, que começa amanhã, 30, e segue até próximo sábado, dia 4, a segunda edição do "Festival de Choro e Jazz Jericoacoara". Para o evento de 2010, o responsável pela produção da iniciativa, o paulistano Antonio Ivan, mais conhecido como Capucho, destaca que a proposta do Festival é intensificar a integração das linguagens entre chorões e jazzistas.

"Teremos aqui o encontro de nomes representativos da cena musical do Brasil, Argentina e França. Estão vindo artistas antenados com a música contemporânea e tradicional do mundo inteiro. Estamos certos de que, novamente, esse evento proporcionará momentos e experiências bem instigantes", destaca produtor. Quem abre os trabalhos, amanhã, a partir das 20h, no palco montado na praça principal, e única do vilarejo, é o representante da cena local Guiliano Eriston. O garoto virtuose, de apenas 13 anos, nascido em Bela Cruz, Interior do Ceará, acumula no currículo, além de sete anos de carreira, acompanhamentos a artistas como Roberta Sá, Davi Moraes, Toninho Horta, Pedro Luiz e outros. Nessa mesma noite, às 21h, o grupo de solistas "Moderna Tradição" formado por Benjamim Taubkin (pianista), Izaías Bueno de Almeida (bandolinista), Israel 7 Cordas (violonista), Nailor Proveta (saxofonista e clarinetista), e Guello (percussionista), vêm de São Paulo mostrar o que é que o choro tem.

Na sequência, a partir das 23h, a "Banda Mantiqueira", comandada pelo arranjador Nailor Proveta, juntamente com alguns músicos da "Moderna Tradição", garantem a elegância do final da festa com peças de Tom Jobim, Pixinguinha e Cartola, dentre muitos outros.

Programação

As apresentações da segunda noite do Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara fica a cargo do "Trio Curupira", também de São Paulo, formado pelos jovens instrumentistas André Marques, Ricardo Zohyo e Cleber Almeida. Às 23h, ninguém menos que o cearense Manassés, dará o ar da graça no palco montado na Rua Principal.

Na quarta-feira, o acordeonista francês Richard Galliano, vem mostrar sua música globalizada que mescla tango argentino e jazz. Logo após, os irmãos Rudi y Nini Flores, vêm compartilhar o Chamamé, ritmo da província de Corrientes, na Argentina, lugar onde nasceram. Os "hermanos" contarão com a participação especial do gaúcho da fronteira e acordeonista, Luiz Carlos Borges.

Os dois últimos dias serão especiais. Na quinta-feira, 3, o maestro baiano Dori Caymmi chega para lançar seu mais recente CD, "Mundo de Dentro" e divide o palco com o paulistano Renato Braz. Ainda nessa noite, a cantora Joyce Moreno, relança o CD "Feminina", um marco na carreira da intérprete que traz, dentre outras canções, a inesquecível "Clareana", finalista do Festival MPB-80 e que, em 2010, completa 30 anos de lançamento.

A apresentação da diva terá participação especial do violonista carioca Théo de Barros. No sábado, o Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara recebe as estrelas de primeira grandeza Yamandú Costa e Hermeto Pascoal. O evento vai promover também oficinas, cujos horários e datas ainda não estão definidos. Agora é arrumar as malas, atravessar as dunas, garimpar um lugar para se hospedar e aproveitar a mistura de som e música proposta pelo Festival de Choro e Jazz.

Oficinas

Prática de Conjunto e Guitarra
Arismar do Espírito Santo

Violão
Maurício Carrilho

Violão
Alessandro Penezzi

Piano
André Marques

Composição
Celso Viáfora

Sax
Marcelo Bernardes

Panorama da MPB
Pedro Aragão

Flauta
Toninho Carrasqueira

Percussão
Cléber Almeida

Bateria
Márcio Bahia

MAIS INFORMAÇÕES

II Festival de Choro e Jazz de Jericoacoara, de 30 de novembro a 4 de dezembro, às 21h, na Praça Principal da Vila. Contato: (11) 8152.4387

NATERCIA ROCHA
Reportagem do Diário do Nordeste

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Eduardo Campos precisa ser mais Arraes - José do Vale Pinheiro Feitosa

O Governador Eduardo Campos de Pernambuco, eleito no primeiro turno com uma proporção muito alta de votos, neto de um político progressista histórico, Miguel Arraes, precisa ouvir opiniões mais políticas sobre a questão da saúde pública. Uma coisa que destacou Miguel Arraes foi justamente o compromisso com a sociedade. A universalidade dos direitos sociais e uma visão progressista da economia e do bem estar geral.

Eduardo Campos não pode se tornar uma nova marionete do pensamento conservador brasileiro. Jovem, talentoso e um líder bem forjado, não deveria cair neste discurso classe média da saída de alguns sobre a desigualdade geral. Eduardo Campos tem de acordar para o verdadeiro papel de líder nordestino uma vez que seu partido é hegemônico ali e ele tem que se confrontar com a dupla familiar dos Gomes no Ceará. Uma grande oportunidade para quem tem um lado e uma herança histórica.

O primeiro tropeço de um líder político, ou, melhor, o primeiro degrau conservador, é querer tratar a política como uma gerência de empresa ou mera economia doméstica. Ora a questão dos custos crescentes da saúde não é apenas uma questão das contas do Estado. Ela, mesmo nos EUA, com base no negócio privado dos Planos de Saúde, é um problema amplo da sociedade e, portanto, da saúde. O problema da relação de gastos com saúde (pública e privada) e valor do PIB é uma questão política nacional. Os EUA já marcham para 15% do PIB e com resultados absolutamente perdedores em ampla generalidade.

Quem pôs na cabeça de Eduardo Campos que a gestão privada da saúde é mais eficiente, ou é incompetente para assessor um jovem político ou tem má fé e esconde as agruras dos planos de saúde se defrontando com gastos crescentes, margens de lucros decrescentes e os prestadores de saúde o tempo todo insatisfeitos. Qualquer beneficiário de Plano de Saúde reconhece a limitação dos médicos credenciados, as consultas de 10 minutos, as dificuldades de realizar exames, de internar-se e ser atendido pelo seu médico.

O Brasil efetivamente precisa aumentar gastos com saúde e se for pelo direito universal só poderá ser feito com impostos. Igualmente o líder político tem de se preocupar com o equilíbrio social das várias funções do Estado e da sociedade: obras, saúde, educação, segurança etc. Do mesmo modo é preciso regular e dar melhor função de melhor aproveitamento à incorporação e uso das tecnologias sempre caras em saúde. Em terceiro lugar, como um líder que tem vôo para ser nacional, o jovem governador tem de vir para o debate da ganância dos produtores de tecnologia, com contas em Bolsa de Valores e que têm de remunerar capitalistas com grandes margens de lucros. Para isso é preciso uma política de C&T com apoio da sociedade e do Estado para que a tecnologia de saúde barateasse, inclusive com a produção pública de muitos insumos.

Eduardo Campos abandonará a bandeira de Arraes se quiser ocupar o vazio do neoliberalismo. Ele é de um partido socialista e como tal, não deve acreditar meramente na teoria do pêndulo: contra Estado e a favor do Estado. Isso não existe, mas uma sociedade desigual, precisando direitos universais continua sendo um grande e histórico desafio para as lideranças políticas. Eduardo, em que pese o orgulho de ser “Campos”, precisa ser mais “Arraes”. Não pode meramente incursionar nos corredores atapetados que recebem os passos dos prestadores de serviço da velha e arcaica elite brasileira.

"Bateu asas e voou" - José Nilton Mariano Saraiva

Cearense (do município de Boa Viagem), acusado de ser um dos chefes do cinematográfico assalto ao Banco Central (de Fortaleza), anos atrás, o indivíduo conhecido por “Alemão” foi preso depois de uma paciente operação da nossa eficaz e eficiente Polícia Federal (durante meses), no interior do Estado de Goiás.
Condenado à pena integral, foi enviado para um desses “presídios de segurança máxima”, localizado em Mato Grosso, onde deveria cumprir o merecido castigo. Como, entretanto, repentinamente o “coitadinho” não se sentiu à vontade na nova casa, reclamou ao seu advogado (um ex-presidente da OAB-Ceará e conhecido pela exorbitância da remuneração que cobra dos seus clientes) que, conhecedor em potencial dos atalhos e trilhas possibilitados por uma legislação penal caduca, incontinente arranjou-lhe a transferência para um dos inseguros presídios de Fortaleza. De onde, evidentemente, deverá evadir-se mais dia menos dia, se já não o fez, e voltar a delinqüir (alguém duvida ???).
Enquanto isso, à mesma época, a “arraia miúda” e desprovida de posses (elementos participantes do mesmo assalto), que havia sido detida aqui em Fortaleza e lá em Boa Viagem, paulatinamente começou a ser posta em liberdade, em razão de habeas-corpus individuais impetrados pelo mesmo eficiente advogado (quem lhe pagou a conta e de onde veio a grana, ninguém sabe ninguém viu).
Mas, não custa lembrar, esse mesmo “ético” causídico, que vive a ministrar aulas de moral e ética nas universidades, defensor intransigente da lei e dos bons costumes, já houvera sido responsável pela transferência de um perigoso bandido (Alex, o “deficiente eficiente”) um paraplégico especialista em lavagem de dinheiro, da cadeia para um confortável apartamento de um dos melhores e mais caros hospitais de Fortaleza (com vigilância à porta 24 horas por dia), de onde “bateu asas e voou” ligeirinho - é que, segundo posterior depoimento do vigia, ele “dormiu” no trabalho depois de ingerir um cafezinho básico. O certo é que Alex se mandou para a Austrália, onde hoje vive numa mordomia de fazer inveja a qualquer rei árabe, a “torrar” a montanha de grana ilegalmente obtida.
Pois bem, pernóstico e gozador por excelência, Alemão outro dia concedeu
entrevista,“ao vivo”, no programa João Inácio Show, da TV Diário, com audiência recorde em razão das “chamadas” feitas durante toda a semana. E aí, quando em meio à conversa amena mantida com o repórter, este o instou a se pronunciar sobre se tinha idéia do real significado do valor surrupiado do Banco Central (míseros e desprezíveis 167 milhões de reais), “Alemão” mostrou todo o seu sarcasmo e frieza ao afirmar candidamente, para surpresa de todos, que na realidade ele e demais companheiros da quadrilha teriam prestado, sim, um grande “favor” ao pessoal do Banco Central, já que levaram “APENAS” cédulas "velhas" de R$ 50 já desgastadas pelo tempo e que não fariam falta nenhuma, já que seriam incineradas dentro em breve; aproveitou para lembrar o quão magnânimos foram, já que uma outra igual quantidade de dinheiro, composta de cédulas "novas", zeradas, sem uso, tinindo de novas, foram deixadas de lado, humilhantemente desprezadas.
Só esqueceu de lembrar, o "coitadinho" do Alemão, que as cédulas usadas não
permitem “rastreamento”, ao contrário das zeradas, facilmente localizáveis e recuperáveis.
Como se vê, cinismo puro e em estado latente.

ESPETÁCULO IMPERDÍVEL!!!

domingo, 28 de novembro de 2010

GUERRILHA VITORIOSA!!!

Nossos mais sinceros agradecimentos a todos e todas que colaboraram para o êxito da 2ª GUERRILHA DO ATO DRAMÁTICO CARIRIENSE. 

Beijos Brincantes!!!



GUERRILHA CARIRIENSE
Letra de Cacá Araújo / Música de Lifanco

A arte
que brota das veias guerreiras
resgata o passado, tempera o presente e alimenta o futuro

Guerrilha do amor, nação Cariri
teatro no palco, na rua, na arena
a canção, o folguedo, o circo e a dança
da vida e da alma do povo são chamas

A arte
que brota das veias guerreiras
resgata o passado, tempera o presente e alimenta o futuro

Guerrilha do amor, nação Cariri
no sol da batalha conquistando aplausos
atores, atrizes, brincantes, cantores
poetas do drama, do corpo e das cores

A arte
que brota das mãos guerrilheiras traz
amando e lutando, sorrindo e sonhando
a mensagem dos deuses em busca da paz

collage by LUPIN

sábado, 27 de novembro de 2010

Idolatria primária - Emerson Monteiro

Tanto que se dá valor a coisas irrelevantes nesta vida que ao encontrar aquilo que na verdade pede atenção ficam as pessoas meio desconfiadas, achando que esqueceram o que de importante haveria e é essencial para levar aos bolsos e dotar a vida. São os efeitos colaterais da distração impostos pelos instrumentos modernos, vícios inconvenientes da ilusão.
A realidade mesma, a que merece respeito e ocupação dos sentidos, quantas vezes deixamos de lado, o amor aos filhos, aos pais, ao marido, à mulher, ao próximo, que se tornaram assuntos vulgares, matéria das novelas sucessivas da televisão, reino vasto das emoções enlatadas...
Para onde dirigir a visão, o indivíduo cumpre determinações do mercado de consumo, até em termos de crença, que, para muitos, raia campos de mera credulidade, preenchimento das fichas do invisível a preço do imediatismo.
No entanto a fome de justiça e a fé continuam rasgando as entranhas dos tempos e dos costumes. Aceitar o desconhecido precisa de consciência, pois a dureza do solo cotidiano assim exige. Essa atitude conformista de engolir as pílulas douradas do esquecimento da realidade jamais satisfará o desejo de equilíbrio que nasce com a gente e sobreviverá para sempre nos demais.
Preencher o vazio apenas com farrapos desnecessários anestesia durante algum tempo, contudo a cólica volta mais forte na sensação de inutilidade e perda de mínimas condições de amor. Disso anda cheio o mundo, homens impacientes, angustiados e agressivos, sem responder ao para que viessem e sumiram longe na próxima curva, fora de ao menos oferecer outros meios e exemplos aos que os aguardaram, na solução dos dramas existenciais elementares.
Nesse apetite agoniado de música nova os dentes mastigaram fel de pedra e poeira, disparos sem qualquer nexo revolucionário a não ser a intenção de ferir os céus da boca das feras inexistentes da droga, no padrão oficial da vontade.
Correm pelas ruas ventos de medo na forma dos ídolos vagos de quaisquer significados. Gente complexa, desavisada no estágio das consequências do que querem, e fazem lama onde antes havia ar puro, água limpa e esperança. Isso constrange, revira de dentro as barrigas famintas de outros sonhos que não fossem tão só de desespero e temor.
Os tais batalhões de gente agressiva pelo simples gesto de ferir, vingar o que ninguém sabe quando, embalados na ira dos atores no palco gigantesco das florestas das cidades artificiais produzem massas, batatas estragadas e luas cinzentas, que ainda brilham no espaço desses turnos assustados.
Silenciosas, gerações inteiras fixam os olhos nas imagens de terras estranhas, senhores de cicatrizes e tatuagens escuras, vestes andrajosas, garras afiadas, numa praia deserta e maré de esperas insistentes. Só.
As carcaças de barcos antigos projetam suas sombras no pôr do sol envoltas nas águas verdes que estiram os dedos às várias outras estações perdidas nas praias dos mundos enigmáticos.

CARIRI É BRASIL

Brincantes do Reisado Infantil Mestre Dedé de Luna - Crato-CE-Brasil (Foto de Júlio César)

O fortalecimento da cultura popular como fator de identidade e desenvolvimento regional no sentido de favorecer a qualidade de vida de mestres, brincantes e artistas populares, a partir de suas comunidades e da valorização da memória e do folclore como temperos da auto-estima e do redescobrimento de nossas origens, passa necessariamente por um amplo investimento no turismo cultural, e, de certo modo, pela “desespetacularização”  dos folguedos, promovendo distritos, vilas e bairros como destinos turísticos, seja o receptivo para o país e o mundo, seja o de mobilização interna, dotando-lhes de infra-estrutura adequada e gerando oportunidades de ocupação, renda e estímulo à transmissão do saber popular aos mais jovens.

Deve-se entender como sagrado o financiamento da manutenção de nossa identidade cultural representada pelos grupos folclóricos e outras manifestações da cultura imaterial, principalmente através de políticas de fomento e fortalecimento de instituições culturais sérias. Faz-se necessária uma grande cruzada em benefício da divulgação, da informação, da educação. Nós precisamos voltar a reconhecer nosso próprio rosto. Para isso é fundamental que nos vejamos também na televisão, nos cinemas, nos teatros, nos jornais, nas revistas, nas escolas, nas praças, nos ouçamos nas rádios e nos encontremos nos grandes eventos postados nos palcos principais. Temos, por outro lado, que ter assegurada a sobrevivência material dos nossos brincantes, através da adoção de medidas em favor do trabalho, seja no campo, seja na indústria ou em outra frente, o que os deixará livres para preservar e difundir seus saberes em situação de dignidade humana. 

No Cariri é onde reside a alma do Ceará. Os principais elementos culturais formadores da identidade cearense, nordestina e nacional estão presentes em nossa região, vivos e pulsantes. Inquietos e indômitos. Aqui se plantou e ainda brota a ancestralidade ibérica, ameríndia e africana, caldeada através dos séculos, fundida pela força da história.

Portanto, cada gesto, saber ou fazer tradicional tem profundidade universal. É também argamassa para a elaboração da contemporaneidade. Folguedos, religiosidade, história, culinária, mitos, lendas, enfim, nossos saberes e fazeres contribuem significativamente para manter vivo o corpo cearense. A cultura popular caririense, costumo dizer, é um conjunto de antropologia sociocultural que nos revela em nossa mais profunda e remota história; é também a manifestação do espírito brincante, religioso, profano e criativo do Brasil. 

Cacá Araújo
Professor, ator, dramaturgo e folclorista
Diretor da Cia. Cearense de Teatro Brincante













Reisado Mestre Dedé de Luna (Crato-Cariri-Ceará-Brasil)
Fotos de Júlio César

sexta-feira, 26 de novembro de 2010


Rio de Janeiro: tudo pode ficar pior - José do Vale Pinheiro

Quando o helicóptero da Rede Globo, da distância protegida, fechou um zoom imenso sobre o terreno de mata que separa o Complexo da Penha do Complexo do Alemão, focou o ódio de toda a sociedade brasileira.

Um ódio simultaneamente formulado num passado de preconceitos contra pobres e favelados e outro mais sutilmente construído pela psicologia de massa do cinema americano. Mesmo quando mostram loucos no gatilho, o cinema americano tem um prazer estético de eviscerar a destruição capaz pelas armas de fogo. Afinal são grandes comerciantes de armas de destruição.

Muita gente vendo a cena daqueles homens em fuga, carregando armas e mochilas de munição, imaginou alguma algo tipo um Rambo da vida ou um Apocalipse Now, com helicópteros surgindo por sobre o morro, cuspindo balas mortais sobre aqueles desesperados em fuga. Uma varredura de balas destrutivas deixando uma esteira de mortos como as pedras de uma fileira de dominós caindo.

Isso é o que se teme no caso do Rio de Janeiro: a mortandade provocada pelas forças de segurança. Tão criminosa e condenável qual aquelas perpetradas pela ditadura militar. Igualmente se deixaria de justificar toda a juventude e a justa luta de pessoas como Dilma Roussef que foram para organizações clandestinas lutar contra as forças de repressão.

Todos aqueles que pegam e pegaram em armas nas comunidades pobres do Rio de Janeiro têm o direito sagrado à vida e as forças policiais não têm nenhum apoio legal de tirar-lhes a vida. Uma força do Estado de Direito, realmente tem que levar estes homens armados a se renderem e a serem julgados. Nenhum policial, de qualquer patente está autorizado a executar qualquer prisioneiro, a promover tortura e tampouco a dar vazões, por mais razões psicológicas que tenham no campo, ao espírito vingativo.

O soldado para ser diferente do criminoso é aquele que age dentro da lei e para proteger a todos. Por isso continua um clima de muita apreensão de hoje à noite até os próximos dias, especialmente em face do final de semana. O que acontecerá no campo de operações para que se evitem amontoados de cadáveres? Mesmo os blindados não poderão usar suas armas mais potentes, pois seria a destruição física das moradias e da vida de pessoas pacatas.

Uma carnificina, um incursão vingativa, mudaria o patamar militar da ação destas milícias. O crime organizado é um comércio organizado. Violento, mas comércio. Uma sociedade com ódio dentro de si cria uma cadeia de violência numa escalada em que começam aparecer homens bomba, carros explodindo e destruindo muitas vidas. Os danos de violência serão sempre terríveis: Colômbia, México, o Oriente Médio, a Índia e assim por diante.

Todos devem perceber que as ações criminosas nas ruas ou são da esfera do assalto clássico a motorista ou a queima de veículo, sem provocar vítimas. Ainda está assim e é bom que esse seja o limite das ações de vingança dos bandidos. Isso depende muito do comportamento legal da forças de segurança envolvidas nesta guerra. Depende do Presidente Lula, da Presidente eleita e do Governador Cabral. Nenhum Ministro, Secretário ou comandante poderá agir fora a esfera política e esta esfera é uma só: a proteção da sociedade, especialmente da população que se encontra na área de conflito.

Retorno ao assunto, reforçando um pouco o que o Zé Flávio disse no texto que escreveu com referência a esta guerra.

"Para que serve a Utopia?"



"A Utopia está lá no horizonte.







Me aproximo dois passos, ela se afasta dois passos.






Caminho dez passos e o horizonte corre dez passos.






Por mais que eu caminhe, jamais alcançarei.






Para que serve a Utopia?






Serve para isso: para que eu não deixe de caminhar".
 
Eduardo Galeano

Os vândalos do semi-árido demoliram a Escola do São José


Pedro Esmeraldo

C
reio que para tomar decisão, tem de agir, possuindo conhecimento de causa e equilibrar ações, pregando o bom desempenho em todo serviço prestado à comunidade.
A questão é que muita gente só tem cabeça porque prego tem, isto é, só serve para levar pancada.
Dizem que quando ladra o cão, a caravana passa e eu estou metido nesse meio. Como um cidadão servil e honesto, digno e de valor, pois sou favorável a conservação e o respeito às coisas públicas.
Não ando conversando disparates com ninguém e nem utilizo artimanhas fraudulentas para adquirir farturas.
Não procuro ser rico, porque para mim a riqueza é supérflua. Não venham pronunciar desculpas esfarrapadas dizendo que a escola estava fechada há sete anos. Isso é pura balela de pessoas fracas que não tem razão para desculpar-se.
Afirmo que foi ocupada por marginal, mas declaro que por várias vezes a polícia vistoriou o prédio e nada encontrou, a não ser sujeira.
Neste momento, passo a dizer a esse digno senhor orelhudo, sem tecnologia e sem conhecimento dos fatos, que emprega um português macarrônico é pessoa desrespeitadora da consciência alheia.
Agora repito que essa escola não foi fechada há muito tempo não, como dizem. Essa escola foi fechada por um senhor assombrado e incongruente (vindo não sei de onde).
Logo após a queda da doutora Fabíola da Secretaria de Educação, aconteceu o inesperado, que foi o fechamento da escola.
Antes disso, houve uma desavença entre uma senhora da sociedade cratense com as três professoras, que culminaria com a transferência dessas professoras para outra escola mais distante.
No ano seguinte, a escola funcionou novamente com uma professora que amenizava em parte o sofrimento das mães dos alunos, mas não era favorável por completo. Em outras ocasiões muitos tiveram de deslocar-se com seus filhos pra escolas distantes de suas casas.
Depois da saída da doutora Fabíola, o movimento da escola começou a mudar, mas mudar para pior e denegrir a aprendizagem do aluno. Quando acabou apareceram os manda-chuvas que se dizem santinhos e querem é mesmo aparecer, mas com a mente contaminada de embusteiro, dando desculpa, querendo tapar o sol com a peneira. Por essa ocasião, os pais escolheram levar seus filhos para a escola de Juazeiro do Norte.
Lá tem de tudo, motivação, serviços médicos, esportivos para satisfazer a educação física dos alunos. Aqui no Crato nada tem, além de mexerico, intriga e bajulação, não possui motivação alguma; tudo está ao Deus dará e ainda de quebra desrespeitam os professores, como aquela história que contei acima.
Não posso entender como é que um cidadão se diz honesto sem respeitar o patrimônio público e quando acaba se deixa levar pelo caminho de devassidão e destempero administrativo? Vive provocando os homens com palavras ásperas e depois se apresenta com gestos mordazes e ainda diz que não tem aluno e que fez um bem para o município e para a sociedade?
Que senhor é esse que não respeita as leis e vive manipulando pessoas bajuladoras para praticar o mais absurdo dos crimes, que é a demolição de um patrimônio público?
E agora o que resta fazer? Acho que não dá em nada, pois o Brasil, principalmente o Crato, está acorrentado por uma forte força de repressões e ainda confirmo, a maior parte dos políticos vive em conluio junto aos chefões da cidade.

Crato-CE, 24/01/2010.


GUERRILHA DA OUSADIA E DA INSUBMISSÃO!!!

2ª GUERRILHA DO ATO DRAMÁTICO CARIRIENSE
TEATRO RACHEL DE QUEIROZ - CRATO - CEARÁ - BRASIL
DE 5 A 27 DE NOVEMBRO DE 2010

PROGRAMAÇÃO PARA SEXTA-FEIRA, DIA 26.NOV.2010

19h00min - ARMADILHAS (Livre, 40min)
Cia. Armadilhas Cênicas, de Crato-CE


20h30min - NAS GARRAS DO CAPA-BODE (Livre, 35min)
Cia. Wancilu’s Gat Produções, de Crato-CE
 

Chegamos aos últimos dias de nossa gloriosa programação. Não fizemos outra coisa senão declararmos, com arte, devotado e imenso amor à região e ao povo que aqui derrama seus risos, suas lágrimas, seu suor e sua coragem de seguir bravamente em busca da felicidade.

Desde 2009, vimos pelejando na afirmação e defesa das artes cênicas caririenses, crendo que somente a partir da conquista de espaço e reconhecimento em nossa própria terra poderemos ocupar soberana e respeitosamente o coração e o aplauso de outras plateias, de outros povos, assim como continuaremos calorosamente a receber artistas de lugares os mais distantes.  

Somos quase 30 companhias de teatro, dança e circo. Todos do Cariri! Reunimos cerca 400 atores, bailarinos, artistas circenses, dramaturgos, diretores, coreógrafos, técnicos e produtores, em sua grande maioria com registro profissional e vasta trajetória no cenário cultural caririense e brasileiro. A Guerrilha é luta, é talento, é ousadia, é insubmissão, é inclusão!


PROGRAMAÇÃO PARA SÁBADO, DIA 27.NOV.2010

17h30min - Ônibus Juazeiro do Norte/Crato: BUZU-TEATRO (Livre, 25min)
Comunidade Oitão de Teatro, de Juazeiro do Norte-CE

19h00min - AFRODESCENDÊNCIA (Livre, 30min)
Cia. de Dança Vid’Art / Projeto Nova Vida, de Crato-CE

19h30min - O VELÓRIO SHOW (12 anos, 60min)
Cia. dos Sem, de Juazeiro do Norte-CE

20h30min - Seminário “Teatro Brasileiro Caririense”
Entrega de Certificados e Outorga do Troféu Juscelino Leal Lobo Júnior

22h00min - LIFANCO: SHOW VALORES CULTURAIS

Agradecemos aos que nos prestigiaram e prestigiam, àqueles que se orgulham dos artistas e da arte produzida neste sofrido torrão de resistência. A Guerrilha é do Cariri e é no Cariri!

Cacá Araújo
Coordenador Geral
(88) 8801.0897 / (88) 9960.4466 / (88) 3523.7430 / (88) 3523.2168

Realização:
Sociedade Cariri das Artes
Sociedade de Cultura Artística do Crato
Cia. Cearense de Teatro Brincante
Companhias de Teatro, Dança e Circo do Cariri

Patrocínio:
Prefeitura Municipal do Crato
Secretaria de Cultura do Crato
Banco do Nordeste

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

Castelo de Cartas


Entre uma e outra partida de “Buraco”, o menino toma o baralho entre as mãos e, com delicadeza e paciência, começa a erguer o seu castelo de cartas. Os movimentos são leves e cuidadosos, em slow motion. Ele percebe, claramente, que basta um movimento mais brusco, uma expiração mais profunda para que venha a implodir sua sutil arquitetura. Findo o trabalho, o castelo ergue-se impávido, à beira da mesa, meio desengonçado, com um ar de vitória contra a efemeridade e às dificuldades inerentes ao percurso. Como na vida, a argamassa que une todas as peças é a instabilidade, ela é o fio condutor que cola as cartas, aguardando a esperada e próxima lufada de vento.
Pois é , amigos, apesar da aparente filosofia barata do primeiro parágrafo, é sobre castelos de cartas que desejo falar nesta croniqueta de sábado. Nestes dias, temos todos nos chocado com as fortes imagens que saltam da TV : uma verdadeira Guerra Civil que irrompeu no Rio de Janeiro. Carros queimados, tiroteio, tanques subindo morros, correria, confronto entre policiais, exército e bandidos. Mais de trinta mortes computadas até hoje. Como explicar que a bela aquarela da Cidade Maravilhosa teime em tingir-se de rubro, nesta semana? Tínhamos o purgatório da violência diária, em módicas prestações, que macula todas as metrópoles brasileiras. Não nos acostumamos, porém, com esta tragédia por atacado, num país que se vangloria ser isento de guerras e confrontos mais sangrentos. O paraíso e o inferno sequer imaginávamos que fossem tão fronteiriços.
Mas vamos refletir, um pouco, sobre a arte de empilhamento de cartas, enquanto as balas varam os horizontes cariocas e, como sempre, a população mais pobre se vê, incomodamente, metida no fogo cruzado. A urbanização das grandes metrópoles brasileiras foi um reiterado crime cometido contra a população mais pobre e desfavorecida. Essa classe sempre viveu próximo ao centro das grandes vilas, pois ali conseguia emprego e, pela dificuldade de transporte, sobrevivia em cortiços e “cabeças de porcos” . À medida que as cidades iam crescendo e prosperando tangiam os pobres para os morros e favelas. Alijava-os da vida urbana, sem nada lhes dar em troca. O Estado, por séculos, só subia os morros com a polícia. A única política social era a repressão. Nada de saneamento, de energia, de escola, de postos de saúde. Emebelezavam os cartões postais das cidades e escondiam suas chagas sociais em prisões, favelas, sanatórios, cemitérios. No Rio, o primeiro projeto social em uma favela já aconteceu , pasmem vocês, há menos de vinte anos. Com o aumento crescente da desigualdade social , as favelas cresceram e se multiplicaram. E hoje, à histórica ação da elite brasileira de imprensar a favela, se opõe uma reação bem mais poderosa , contrariando a segunda Lei de Newton .
Nos anos setenta do século passado, o tráfico aportou nas favelas. Foi recebido de braços abertos. Ele passou a fazer o papel que o estado brasileiro nunca fez. Deu emprego, envolveu-se em movimentos sociais como futebol e Escolas de Samba, apoiando-os maciçamente e, mais, vendendo sua mercadoria justamente à elite opressora que se repoltreava em mansões a beira mar. Esta atividade, como era de se esperar, teve enorme capilaridade comunitária. E mais: organizou-se invejavelmente, enquanto o estado brasileiro, intencionalmente mantinha-se frouxo e desorganizado para facilitar os trambiques, a corrupção desenfreada. O tráfico, como uma máfia, agiu politicamente, comprando políticos, elegendo deputados, subornando a polícia e autoridades. Claro que, como num castelo de cartas, este equilíbrio é instável e , periodicamente, desmorona como acontece no Rio agora e como ocorreu em 2006 em São Paulo que se ajoelhou sob o julgo poderoso do Marcola e do PCC.
Por que desmorona o Castelo? Simplesmente porque, amigos, existe um acordo tácito entre o Estado e o Crime Organizado, com concessões de lado a lado, favores dispensados e trocados. De repente, o Estado cai na loucura de imaginar que é dono da situação e , abestalhado, pensa que existe lei . Talvez tenha até ciúmes da organização poderosa do Crime. Aí, o vento sopra por entre as cartas e o castelo rui. Instala-se o caos, as ruas se tingem de sangue e há baixas de todo lado. Mas não há vencedores. Aos poucos recomeçam as mesmas negociações, há sessões e concessões de parte a parte e as mãos ensangüentadas começam a de novo edificar o castelo implodido. Um Mito de Sífiso tupiniquim.
Temos dois países em um só. Dois Estados: o da Praia e o do Morro. O da Praia é minimamente organizado para as classes que o apóiam. O do Morro é profundamente organizado e politizado e tem plena consciência que a sua infelicidade não é obra do acaso, da fatalidade. Lá de cima dá para observar perfeitamente os conchavos e as negociatas. O Morro tem plena consciência da instabilidade do Castelo de Cartas e sabe que as cartas foram feitas para se jogar.


J. Flávio Vieira

E agora José? – por Pedro Esmeraldo

(observação: este artigo foi escrito em 5 de dezembro de 2008)

Faz quase dois anos que a Escolinha Maria Amélia, localizada no Sítio São José foi fechada. Considero isto um crime da história escolar do Crato. Pois fecharam esta dita escola em localidade densamente povoada, prejudicando o bom desempenho escolar das crianças daquela localidade.

Hoje mesmo, encontramos com mães dessas crianças que lamentaram a evasão delas para Juazeiro do Norte. Consideramos tudo isso medidas caturras, vez que o Secretário de Educação de Crato praticou um ato danoso ao aprendizado dessas crianças. Já fizemos todo o possível para contornar esse impasse, possibilitando a reabertura destas escola, dotando-a de estruturas dignas e modernas, melhorando o nível no aprendizado daquela unidade escolar.

Não temos mais para quem apelar, mas a nossa decisão é lutar até o fim contra o fechamento da escola. Cremos que nosso objetivo será alcançado, qual seja vermos a escola novamente funcionando, dotada de qualidades técnicas dentro dos parâmetros estabelecidos pelo MEC – Ministério da Educação e Cultura. Por isso, decidimos avançar e nunca recuar neste nosso intento. Continuaremos na luta, sem esmorecimento, custe o que custar, mas lutaremos até o fim. Utilizamos esse dito popular: “nem que a porca torça o rabo”, mas não recuaremos um instante sequer.

Não nos esquecemos jamais das promessas dos políticos dizendo que vão cuidar bem da educação. Agora, dada a oportunidade, lembramos a conhecida poesia de Carlos Drummond de Andrade:

E agora José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, Você?
Você que é sem nome,
que zomba dos outros,
Você que faz versos,
que ama, protesta?
e agora, José?
(...)

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja do galope,
você marcha, José!
José, para onde?

Por isso perguntamos aos secretários que vieram de fora, dizendo que iriam solucionar o problema, mas não cumpriram a promessa: Para onde vamos, José?
Ah, Crato velho sofredor...

Texto de Pedro Esmeraldo

Trio Irakitan canta "Touradas em Madrid" (1959)

Documentário registra a história do mestre Cirilo

O mestre Cirilo do Maneiro Pau da Bela da cidade do Crato desde cedo aprendeu com os mestres a importância da cultura popular. Discípulo dos Mestres Dedé de Luna, Aldenir e Bigode, Cirilo vem há quase trinta anos mantendo a brincadeira do Maneiro Pau na Comunidade da Bela Vista, ele é um dos agraciados com o título institucional de Mestre da Cultura Popular e deve repassar seus saberes para a comunidade como forma de garantir a continuidade da brincadeira para as gerações futuras.

Essa história será transformada em documentário, através do projeto “No Terreiro dos Brincantes” desenvolvido pela Universidade Regional do Cariri – URCA, através da Pró-Reitoria de Extensão – PROEX e o Instituto Ecológico e Cultural Martins Filho – IEC e a parceria do Coletivo Camaradas. O projeto consiste em produzir documentários sobre cultura popular apresentando os contextos de vivência social dos brincantes.

Esse será o quarto documentário produzido pelo projeto. Já foram produzidos os seguintes; Mulheres do Coco da Batateira, Mestre Zulene Galdino, Reisado Dedé de Luna que está em fase de conclusão.

O lançamento dos documentários são realizados nas próprias comunidades nas quais eles são produzidos, como forma valorizar os protagonistas das brincadeiras da cultura popular.

SALVE, SALVE, GUERRILHEIROS DA ARTE E DA VIDA!!!

A 2ª Guerrilha do Ato Dramático Caririense, que vem desde o dia 5 e se encerrará no próximo dia 27, reúne quase 30 companhias de teatro, dança e circo, somando cerca de 300 artistas e técnicos. Todos do Cariri cearense! É um painel de espetáculos e experimentos cênicos que diginifica a arte e o povo da região, dada a importância de seus realizadores no cenário cultural do Ceará e do Brasil. Artistas consagrados e jovens talentos vivenciam a glória de se afirmar como portadores da divina capacidade de reinventar a vida através arte e ou de reinventar a arte através da vida.

PROGRAMAÇÃO DE QUINTA-FEIRA - DIA 25.NOV.2010
TEATRO RACHEL DE QUEIROZ - CRATO-CE-BRASIL

 19h00min: O HÓSPEDE (12 anos, 60min)
Cia. Mandacaru de Artes e Eventos (de Juazeiro do Norte-CE)



20h30min: TERREIRO DE HISTÓRIAS (Infantil, 50min)
Cia. Armadilhas Cênicas (de Crato-CE)
 

Realização:
Sociedade Cariri das Artes
Sociedade de Cultura Artística do Crato
Cia. Cearense de Teatro Brincante
Companhias de Teatro, Dança e Circo do Cariri

Patrocínio:
Prefeitura Municipal do Crato
Secretaria de Cultura do Crato
Banco do Nordeste

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

Um filme para ser visto - Emerson Monteiro

Trata-se de A língua das mariposas, produção espanhola de 1999, do diretor José Luis Cuerda, um drama bem elaborado que retrata a vida pacata do interior da Espanha às vésperas da Guerra Civil, idos de 1936. O roteiro reúne o desenrolar de três contos de Manuel Rivas, exímio escritor que revive histórias populares através de reconstituições da tradição oral recente da Península Ibérica. Em 2007, Rivas esteve no Cariri, juntamente com outro escritor, o contista moçambicano Mia Couto, ambos a proferir palestra conjunta no Salão de Atos da Universidade Regional do Cariri, em Crato.
O filme retrata a história de um garoto de sete anos que inicia seus estudos com um mestre-escola, Don Gregório, de ideias libertárias, vinculado ao Partido Comunista numa fase política contraditória que desaguaria nos traumas profundos e nas grandes tragédias das movimentações revolucionárias posteriores.
A Espanha serviria de campos de testa para as armas sofisticadas alemãs, logo em seguida utilizadas por Hitler na Segunda Grande Guerra. O confronto de pensamentos políticos diversos, socialismo, anarquismo, comunismo, fascismo e nazismo, terminaria ocasionando chagas profundas a centenas de milhares de espanhóis mortos, desaparecidos e refugiados, vincando de dor a paz daquela gente.
O despertar da criança para a vida tem, pois, como pano de fundo essa fase social, do ponto de vista da pequena comunidade e seus personagens, numa película elaborada com fotografia de rara qualidade e ritmo envolvente.
Numa graduação de interesses, o aluno desperta para a realidade sob os olhos atentos e cuidados do mestre, identificando-o com as novidades da natureza que revela nos primores da ciência e encontram na infância território fértil e alegre. No entanto, diante da serenidade aparente daquele universo em fermentação, crepitam temores da insegurança futura e os acontecimentos destruidores da paz, causando mágoas ainda hoje a persistir na alma da pátria.
O belo capítulo de um passado próximo que o tempo destruiu vem no filme e termina quando se iniciam outras situações com o furor que manifestaria rosto nostálgico de ódio e revolta dos seres humanos e seus caminhos desencontrados, afeitos aos valores apenas materiais.
Cenas finais assinalariam fortes emoções no espectador, reflexo e desfecho da amizade que se formara entre aluno e mestre, clímax digno das melhores quadras cinematográficas, quanto vista na sinceridade e no respeito pelas justas crenças.
artwork by LUPIN

COMPOSITORES DO BRASIL

A MPB no Cinema Brasileiro

Por Zé Nilton

Outro dia estive revendo Amarcord, de Federico Felini. Uma ou duas vezes por ano revisito as obras primas do insubstituível mestre. Vivo num tempo em que o bom é voltar pra trás, como diz o mineiro. O passado parece que me revigora. Mas, não seria o novo? Aliás, tenho uma mania feia de não correr para olhar novidades. Deixo o tempo passar, ouço tudo sobre a coisa da hora, aí, bem na frente, depois de muito tempo, eu vou lá, atrás do novo que já passou.

Há coisas novas que vejo, leio ou escuto uma vez só, quando me interessam. Já outras eu firmo uma espécie de compromisso de um eterno retorno. Tipo assim uma dívida divina, é como se aquilo se tivesse um “pedaço de mim”, “metade afastada de mim”, que me crava uma saudade imensa. Por isso eu volto levado pela saudade e ausência, e me refaço porque equilibro todos os meus sentidos.

Voltei a Amarcord também pela bela e penetrante trilha sonora. O talentoso Nino Rota fez demais. E fez para o filme de Felini. Filme de recordação. E quando ouço a trilha “no toca fita de meu carro” bate uma saudade... Mas de que ? De quem ? Não sei explicar. Só pode ser da “metade desgarrada de mim” e de sua inquietante ausência. Aliás, me lembrei do filósofo Rubem Alves; ele fala desses mistérios.

Bom, quem não se emocionou com a música acompanhando as cenas daquele filme? Quantas lágrimas não foram derramadas no escurinho do cinema quando a música criava o clímax? Quem não se lembra de “Al di la”... Com a palavra a poeta Socorro Moreira, o escritor José do Vale, o folclorista Antonio Morais, o maestro Dihelson e você aí que curte tudo isto.

O cinema brasileiro tem um passado de inserção de boas trilhas sonoras e muitas músicas principalmente nos tempos das chanchadas. Mas também nos belos filmes com temáticas urbanas e rurais.

Nesta quinta-feira, no COMPOSITORES DO BRASIL, vamos iniciar uma série de programas com a temática da MPB no cinema. Claro que aceitamos colaborações, porque não é fácil encontrar aquela música daquele filme.

Para o primeiro programa iniciaremos com:

ESTRELA DO MAR, de Marino Pinto e Paulo Soledade com Dalva de Oliveira e a Escola de Samba Império Serrano, do Filme TUDO AZUL, 1952
SODADE, MEU BEM, SODADE, de Zé do Norte com Vanja Orico, do Filme O CAGACEIRO, 1953
VIDA DE BAILARINA, de Américo Seixas e Chocolate com ângela Maria, do filme RUA SEM SOL, de 1953.
ESCUTA, de Ivon Cury com Emilio Santiago e Ângela Maria, do Filme O REI DO MOVIMENTO, 1954
OBSESSÃO, de Mirabeau e Milton de Oliveira com Carmem Costa, do Filme. DEPOIS EU CONTO - 1956
ANDORINHA PRETA, de Breno Ferreira com Hebe Camargo, do Filme RIO FANTASIA , 1956
TRABALHA MANÉ, de José Luiz e João da Silva com Os 3 do Nordeste, do Filme FUZILEIROS DO AMOR.1956
MADUREIRA CHOROU, de Carvalhinho e Júlio Monteiro, com Joel de Almeida, do Filme É DE CHUÁ, 1957
CISNE BRANCO, de Antônio M.E.Santo e Benedito X.de Macedo, com Dilermando Reis, do filme O PAGADOR DE PROMESSA, 1962
VAI TRABALHAR VAGABUNDO, de Chico Buarque com Chico Buarque, do Filme VAI TRABALHAR VAGABUNDO, 1973
PECADO ORIGINAL, de Caetano Veloso com Caetano Veloso, do Filme A DAMA DO LOTAÇÃO, de 1978.

Quem ouvir verá!

Programa: Compositores do Brasil
Rádio Educadora do Cariri (www.radioeducaroradocariri.com)
Todas as quintas de 14 as 15 horas
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Operador high tech: Iderval Dias
Direção Geral: Dr. Geraldo Correia Braga

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Consumo consciente - Emerson Monteiro

Depois da Revolução Industrial, dois séculos atrás, que as sociedades se veem expostas aos caprichos do comércio, principal distribuidor dos bens produzidos nas fábricas. Da necessidade em vender a produção criaram-se motivos feitos pela propaganda, o que virou ciência e arte, denominada mercadologia, ou “marketing”.
A impulsão nas vendas ultrapassa regras corretas do anseio natural das pessoas, provoca faixas mentais abstratas e gera seres dependentes dos supérfluos, ou virtuais, como hoje são denominadas necessidades artificiais criadas pela propaganda.
Alguém disse certa vez do quanto são exóticas as criaturas humanas, pois gastam o que não têm para adquirir coisas de que não necessitam, visando impressionar a quem não gostam. Isso indica bem o momento da oferta e da procura, onde bilhões se atropelam no afã de alimentar ilusões estabelecidas pelas mensagens subliminares contínuas dos meios de comunicação de massa, sugando energias vitais à sobrevivência.
O gesto de comprar exercita o poder para deslocar os objetos da loja para casa, na forma de mercadorias que alimentam o sonho da dominação, atitude criada por máquinas e vendida pelas indústrias.
No entanto, também põe sob risco a vontade das pessoas, a saúde, a moral, a integridade física, tempo e liberdade. Quando, por exemplo, o consumo desperta vício de bebidas, cigarros, chocolates, há flagrante troca desonesta da saúde na doença.
Ao oferecer revistas, filmes e jornais que fazem a apologia dos objetos do desejo, algo de irreal passa a girar na personalidade dos adolescentes, o que ocasiona consequências imprevisíveis, às vezes trágicas, de resultados ainda inavaliáveis.
Porém aquilo que merece relevância na aquisição exige critérios que transformam sorte em azar, vez que milhões perdem o que disso apenas uma minoria se beneficia, no final do processo, os empresários.
Contudo, diante da onda avassaladora que só visa lucros nos balcões da atualidade, surge um movimento defensivo, provando a importância de uma seleção prévia do que se consume por instinto comercial.
O envenenamento do corpo através do açúcar, produtos químicos, aditivos, componentes químicos inorgânicos hostis ao corpo, no uso, materiais tóxicos e de fontes duvidosas acham-se sob suspeita. A humanidade precisa do senso crítico nas aquisições dispensáveis e de pouca responsabilidade para consigo mesma, cliente principal do poder mercantilista. Por isso, a consciência do que fazer cabe em todo lugar.

Gaúcho (Corta-Jaca), de Chiquinha Gonzaga

Uma Biblioteca em Cada Comunidade

O projeto Uma Biblioteca em Cada Comunidade foi iniciado no dia 15 de outubro, às 19h00, no Pólo de Atendimento do Bairro João Cabral, pelo Prefeito de Juazeiro do Norte Manoel Santana e Secretário de Cultura Fábio Carneirinho. Na oportunidade foi inaugurada a primeira Biblioteca Comunitária denominada de Padaria Espiritual Enock Rodrigues, com um acervo de mais de três mil livros.
“Esta será um protótipo para 19 bibliotecas que serão criadas pela Administração até o Centenário de Juazeiro. A Secretaria de Cultura pretende, até o final do ano, criar mais seis, nas seguintes localidades: bairros Vila Nova, Frei Damião, Parque Antônio Vieira, Sítio Gavião, ONG Juriti e Socorro”, enfatiza Franco Barbosa, Assessor Técnico da Secretaria de Cultura, autor do projeto.
Os livros foram doados pela Fundação Enock Rodrigues, através de Elmano Pinheiro Rodrigues. A seleção do acervo para cada comunidade está sendo realizada pela Empresa Junior da Universidade Federal do Ceará, com os alunos do curso de Biblioteconomia. Uma parte das 12 toneladas de livros doados pela Fundação será destinada ainda aos sítios Malhada e Assentamento 10 de Abril, em Crato, como também, às comunidades de Barbalha, Antonina do Norte, Mauriti e Caririaçu.
Neste sentido, Fábio Carneirinho solicita a todos doação de livros para as próximas bibliotecas, não importa a quantidade, pode ser um livro e pode ser uma caixa, ou mais. Dê um presente a Juazeiro neste Centenário.


Franco Barbosa
Assessor Técnico
Secretaria da Cultura
Juazeiro do Norte - Ce
(88) 3511 1999 - 8804 0715.

Um holocausto diante dos olhos de cada um - José do Vale Pinheiro Feitosa

Ontem na CADEG de Benfica (um mercadão cheio de “pé-sujo” com comida ótima) um garçom cearense me dizia: eu sou de Cariré e lá ninguém quer trabalhar mais. Vêm para o Rio, ficam seis meses e chegam lá com uma Hilux (como se vê é o objeto do desejo do cearense). Como pode, só querem roubar. Ninguém pode ter nada que eles tomam.

Quem primeiro levantou o problema foram as seguradoras de automóveis: pessoas seguradas tendiam a ficar mais displicentes com seus veículos. Então as companhias inventaram a partilha do sinistro com o nome de franquia (mas o prêmio não foi partilhado). A esse comportamento humano deram o nome de Risco Moral (Moral Hazard).

A base do pensamento liberal (e os neo são iguais) é que o mercado eficiente funciona por que as pessoas serão felizes pelo que se esforçarão. Estado de bem estar social é como aquele pessoal do Ceará que deseja um atalho pelo roubo e não pelo trabalho. Esquemas coletivos ou mutuais ou de outra natureza como seguros são frouxos por que vicia o cidadão no atalho.

A matriz disso tudo se baseia numa só visão dos seres humanos. São alienados da própria realidade que vivem e não percebem que não existe almoço de graça. É a conclusão com base em meia verdade. O trabalho efetivamente é o grande meio transformador do ser humano. A sua inteligência, o conhecimento do mundo, o poder transformador que como espécie humana tem, além da cultura com língua e tudo é uma potência do trabalho. Por isso mesmo é um besteirol sem limite achar que o Marx sujeitou de modo totalitário todas as coisas à leis da economia política. Mas isso é outro assunto.

Ora aí é que está a meia verdade: vivemos num mundo de classes sociais determinadas pelo apropriação dos capitais. Existe uma classe de gente que trabalha (e quando trabalha), mas leva do trabalho muito mais do que a maioria das pessoas. Elas estão na matriz da volúpia da gastança e da destruição do meio ambiente. Não imaginam o bem comum como igual ao seu. O delas sempre está no topo de uma montanha, com carrões turbinados e gastadores de combustíveis, aviões particulares, ilhas de veraneio, a especulação, o jogo e o desperdício generalizado.

Estas classes se tornam tão poderosas que a democracia é impossível. Vamos fazer um teste? Imagine a Dona da Daslu que desviou uma montanha de recurso em impostos e lesou a sociedade e aquele jovem ladrão que tentou puxar o cordão de ouro do Ministro do STF Gilmar Mendes. Que será apenado com certeza e com todo vigor?

Por isso os jovens de Cariré tentam o atalho. Preferem morrer fuzilado dentro de uma Hilux do que sobre uma moto. Lá na traseira da sociedade desigual, querem chegar ao carro chefe num pulo cujo vôo é tracejado por balas fatais. 80% das vítimas de armas de fogo são jovens, homens, pobres, mulatos ou negros.
die Polarnacht (auf Finnisch KAAMOS, die dunkle

winterzeit) by Paul Tiilila, a mail art friend.
assim caminha a humanidade...