No momento em que a Covid 19 ameaça voltar, aqui no Brasil, eis que o Facebook nos premia com a (re)publicação de um nosso texto sobre, postado meses atrás. Confiram abaixo.
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A “CAPITÃ CLOROQUINA” - José Nilton Mariano Saraiva
Depois de fracassar na sua tentativa de chegar ao Senado Federal, mesmo com o apoio do então poderoso padrinho Tasso Jereissati (ainda assim obteve 882.019 mil votos, entre os quais 8.747 no Crato), a médica pediatra cearense Mayra Pinheiro arranjou uma “boquinha” em Brasília e foi nomeada pelo então ministro Luiz Mandetta para um cargo comissionado no Ministério da Saúde (possivelmente por indicação do “gabinete do ódio”), já que bolsonarista de primeira hora.
Conhecida por sua intransigente defesa da cloroquina no combate ao uso da Covic 19, do tratamento precoce, da tese da imunização do rebanho, e por não ligar nem um pouco para o distanciamento social (bandeiras do “chefe”), logo foi apelidada de “capitã cloroquina”.
Inimiga de primeira hora do PT, de Lula da Silva e Dilma Rousseff e seus seguidores, há diversas gravações e documentos onde a “capitã cloroquina” promove o “kit covid” e uma em que ataca os próprios colegas e acusa a Fiocruz de ser um QG de esquerdismo e de “políticas LGBTI” na Saúde; de ter “um pênis” em sua entrada e de financiar a ida de médicos e pesquisadores a Brasília para “andarem nus e fazerem cocô em crucifixos”.
Também participou de deseducadas e barulhentas manifestações contra os médicos cubanos que, contratados pelo Governo Federal para irem servir em áreas remotas do Brasil, não aceitas pelos médicos brasileiros (cerca de 800 localidades), se prestavam a isso.
Chamada a depor como testemunha na CPI da Covid, “amarelou” vergonhosamente ao apelar ao Supremo Tribunal Federal para que lhe concedesse uma habeas corpus desobrigando-a de ser responder às muitas perguntas que decerto lhe seriam feitas; não só conseguiu, assim como teve o direito de se fazer acompanhar por um advogado (o também cearense Djalma Pinto).
Como se previa, enrolou, gaguejou, embromou e só respondeu às perguntas que lhe eram convenientes, fugindo do essencial, além de negar a informação dada pelo próprio ministro de que fora ela responsável por um certo aplicativo, de resultados direcionados e únicos (tanto que quando descoberta a fraude logo foi retirado do ar).
Em 2008, ao participar do processo seletivo para professora de Neonatologia da Universidade de Fortaleza (Unifor), foi desclassificada ainda na primeira fase, por incluir no seu “Currículo Lattes”, como se fosse de sua autoria, um artigo de uma colega médica (covardemente, culpou um seu servidor, que teria cometido um banal e simplório... “erro de digitação”).
É bom recordar tudo isso, no momento em que a médica Luana Araújo, que assumira uma secretaria no mesmo Ministério da Saúde e teve seu nome vetado pelo tal “gabinete do ódio”, ao ser “convidada” pela CPI da Covid para dissertar sobre, nos mostrou com conhecimento, competência, segurança e simplicidade ímpares, “diferenças abissais” entre ela e a “capitã cloroquina”, a saber:
01) “A nossa vida seria mais fácil e feliz se isso (cloroquina) funcionasse; infelizmente, não tem (eficácia)" (sobre eficácia do tratamento precoce);
02) “É como se estivéssemos discutindo de que borda da Terra plana vamos pular; não tem lógica" (sobre o tratamento precoce);
03) "Imunidade de rebanho natural, dentro do Sars-CoV-2 e da doença covid-19, é impossível de ser atingida, não é uma estratégia inteligente" (sobre a tese de imunidade após contaminação em massa);
04) "Pleiteei autonomia, não insubordinação" (sobre possível entrada na Secretaria Extraordinária de Enfrentamento à covid-19 do Ministério da Saúde).
05) "O ministro me chamou e disse que lamentavelmente meu nome não foi aprovado" (sobre sua dispensa após dez dias de trabalho);
06) "Não temos opinião, mas evidências, e elas são claríssimas, transparentes. Somos a favor de uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode se tornar uma política de saúde pública" (sobre a eficácia do tratamento precoce);
07) "Quando disse, há um ano atrás, que estávamos na vanguarda da estupidez mundial, eu, infelizmente, ainda mantenho isso em vários aspectos" (sobre insistência no debate do tratamento precoce);
08) "Não é porque se mata coronavírus no micro-ondas que vamos pedir para paciente entrar no forno" (sobre eficácia do tratamento precoce);
09) "Deve estar faltando informação de qualidade, porque quando se tem a informação, não é um comportamento que a gente espera que aconteça. A mim, me dói" (sobre comportamento do presidente Jair Bolsonaro no enfrentamento à pandemia);
10) "É assim (com a vacinação) que a gente atinge uma imunidade de rebanho. Não posso imputar sofrimento e morte a uma população com uma imunidade de rebanho" (ainda sobre a tese de imunidade por contaminação);
11) "(Copa América no Brasil) é um risco desnecessário para se assumir neste momento" (sobre decisão do governo federal de sediar a competição);
12) "Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação" (sobre a defesa de autonomia médica para prescrição de medicamentos, ainda que estes não tenham comprovação de eficácia);
13) "Ciência não tem lado. Ou ela é bem feita ou mal feita".
Como se vê, uma aula de ciência.