TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

sábado, 6 de julho de 2024

E SE O SER HUMANO TIVESSE “PRAZO DE VALIDADE” ??? – José Nílton Mariano Saraiva

Nesses últimos dias, as manchetes dos principais jornais do mundo anunciaram com estardalhaço a verdadeira catástrofe que foi a participação do atual presidente dos Estado Unidos, Joe Biden, no debate televisivo contra o exótico e fanfarrão ex-presidente Donald Trump, já visando a próxima eleição presidencial americana, em novembro próximo.

Claramente “fora de tempo”, retardado, de raciocínio lento e com flagrantes lapsos de memória, sem condição nenhuma de pôr as ideias em ordem, o agora “demente” Joe Biden era o retrato doído, emblemático e cruel do desgaste físico e mental do ser humano com a passagem do tempo (ele está prestes a completar 82 anos). Lucidez e agilidade mental mandaram lembranças. A coisa foi tão vergonhosa e vexatória (e com transmissão para todo o mundo), que os próprios integrantes do partido democrata já se movimentam pra substituí-lo por um outro candidato que tenha pelo menos condições de antepor-se ao adversário.

Ainda a propósito, meses atrás causou estuperfação e deixou muita gente perplexa, a imagem ao vivo, na TV, do senhor Calos Alberto Parreira, ex-treinador da seleção de futebol do Brasil, quando do velório do amigo Zagalo.

Olhar perdido, cadavérico, lento e balbuciante, aquele ex-falante poliglota e ex-atlético senhor era a imagem perfeita e acabada da sofreguidão experimentada pelo ser humano com o passar dos anos (e aí nos lembramos de uma nossa conhecida, “religiosa-raiz” daquelas de rezar o terço todos os dias, assim como diuturnamente frequentar a Igreja que, ao contrair um câncer super agressivo no  pâncreas, ao ponto de ter que receber morfina todos os dias, literalmente urrava de dor no leito hospitalar e perguntava por qual razão o Deus que ela tanto venerara, que ela tanto difundira, em quem ela depositara tanta fé e tanto confiara, lhe impunha agora tamanho sofrimento, impedindo-a, inclusive, de acompanhar o desenvolvimento dos filhos menores).

Após os dois exemplos encimados, dentre tantos outros, não há como não questionar: por qual razão, lá nos primórdios da vida, quando tudo começou do zero, o misericordioso e poderoso “criador” de tudo não contemplou o ser humano com um “prazo de validade”, definitivo e improrrogável (a fim de evitar tanto sofrimento, a posteriori, já que podia antever o futuro ???). 

Por qual razão submeter sua própria criatura a penosos e, aí sim, prorrogáveis martírios (Alzheimer, câncer, Parkinson, demência, impotência, depressão, encurtamento da visão, dificuldade de locomoção, perda a audição, e por aí vai) fazendo-o, em meio à dor e ao sofrimento, perder paulatinamente o próprio sentido da vida e, até descrer de tudo que praticara ao longo da existência (e aqui, o ator francês Alain Delon é a “bola da vez”, porquanto mudou-se da França para a Suíça com o firme intuito de pôr fim à própria vida, quando quiser – lá é permitido por lei – já que cansou de viver e não ver mais sentido em continuar sofrendo).

É evidente que a “morte” é uma parte inevitável da condição humana, pelos padrões estabelecidos lá no alvorecer da vida (já que contempla a questão biológica) mas, e se houvesse a certeza que o fim definitivo seria num dia determinado (por exemplo, na data que completasse 85 anos, que presumivelmente é a partir de quando as mazelas se fazem recorrentes), não seria mais racional e aceitável, já que nesse interregno o vivente aproveitaria a plenitude da vida, porquanto sabedor da extinção do seu “prazo de validade” e, portanto, dali não passaria ???

Afinal, qual o sentido de se viver literalmente em “estado vegetativo” ou tornar-se um inútil “zumbi”, em sendo um ser humano semimorto ???  No decorrer da própria vida, já não terá passado por agruras mil, capazes de pagar todos os pecados certamente cometidos ???

No mais, entendemos não passar de mera masturbação sociológica ou pseudo exibicionismo intelectual (fajuto, evidentemente) a manifestação extemporânea de alguns poucos, ao afirmarem (acreditamos que muito mais na base da gozação), que a velhice é o melhor período da vida e o apogeu da existência; quanto despropósito, quanto cinismo, quanta desfaçatez, quanta hipocrisia, quanta lengalenga.

 

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Post Scriptum:

Dada a complexidade do tema, e em contraponto a tudo que está exposto acima (sobre a origem do homem), em 1871 o respeitado naturalista/cientista britânico Charles Darwin publicou sua teoria sobre “A Descendência do Homem e Seleção em Relação ao Sexo”, onde revolucionou a compreensão cientifica da vida na Terra ao contundentemente  argumentar que... “os humanos compartilham um ancestral comum com outras espécies de primatas”; para tanto, baseou-se nas evidências anatômicas e embriológicas, como semelhanças na estrutura do corpo e no desenvolvimento do embriões.

Daí, em razão da credibilidade do dito-cujo, caberia a pertinente e oportuna indagação: seria o homem, em verdade, um “melhorado/marombado” descendente do macaco ???

Será ???

  


terça-feira, 2 de julho de 2024

E eis que o tal facebook nos brinda (re)postando um nosso texto de meses atrás, que compartilhamos com vocês aí do outro lado da telinha.


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“LA BELLE” (o filme) – José Nílton Mariano Saraiva

Esquecida pelo poder público, nos confins do território americano a pequenina cidade de “LA BELLE” vivia quase que exclusivamente em função de uma mina de prata que garantia sua própria sobrevivência.

Tanto, que todos os homens em condição de trabalho viviam o dia mergulhados em suas profundezas (só retornando à noite), enquanto as mulheres cuidavam dos afazeres domésticos e das crianças.

Mas, de repente, tudo mudou radicalmente, em função de uma tragédia inimaginável: uma explosão no interior da mina soterrou todos os homens da cidade (à época no total de 83). A partir de então, LA BELLE, passou a ser conhecida como a “cidade das mulheres”.

Eis que, na perspectiva de tomar de conta da mina, e vindo de um outro extremo do país, senhores falantes e teoricamente persuasivos, acompanhados da “casca grossa” (bandidos violentos) se apresentam como capazes de desenvolver a cidade, desde que lhes permitam explorar a mina; para tanto, 90,0% do lucro ficariam com eles retidos e 10,0% seriam destinados às mulheres. Claro que não tiveram receptividade, mas, mesmo assim tomaram de conta da cidade, na marra.

Paralelamente, uma viúva não muito querida pelas demais mulheres, que vivia num rancho isolado, contíguo à cidade (junto com o filho e a sogra, uma índia sorumbática), na madrugada é acordada por um barulho suspeito; sai e, de rifle em punho, dispara na escuridão e fere alguém que viera à procura de ajuda. À base da luz de candeeiro, sensibilizada acolhe o forasteiro (que já chegara ferido à bala) e na manhã seguinte encarrega a sogra a dele cuidar.

Durante a convalescença e após recuperar-se, o estranho mostra ser um exímio domador de cavalos selvagens; é que, como no curral do rancho existem vários, ele começa à paciente tarefa de domesticá-los. Aproveita e ensina o filho da viúva, de maneira persistente e insistente (monte de novo, monte de novo), a não só montar como também domar os quadrúpedes; de longe, a viúva e a sogra (a índia sorumbática) embora não verbalizem, mostram extremo contentamento.

E aí começa a “pintar um clima”, quando ele manifesta o desejo de aprender a ler e escrever (era zerado em tudo); assim, enquanto ensina o filho da viúva a domar os cavalos, ele aprende com ela a arte das letras e de gostar das pessoas (a essa altura já houvera posto as fichas na mesa ao identificar-se como um famoso pistoleiro procurado pela Lei).

Entrega-se ao “xerife” da cidade, que voltara de uma perseguição infrutífera a bandidos, mas logo é solto pela própria viúva, que sentira sua falta.

Fato é que, ao ter-se transformado num famoso pistoleiro, fora capaz de romper com aquele que, num passado não tão distante o houvera lhe criado e ensinado tudo; tanto que foi capaz de arrancar-lhe o braço com um tiro de fuzil e roubar-lhe o produto milionário de um assalto a um trem-pagador; e, por essa razão, agora era incessantemente caçado pelo próprio e sua quadrilha, que já descobrira seu paradeiro.

E assim, as mulheres de LE BELLE se organizam e travam um confronto de proporções épicas com aquela bandidagem selvagem; derrotados inexoravelmente, o chefe da quadrilha, que viera se vingar do filho-adotivo (agora um famoso pistoleiro) e recuperar a grana, foge e é perseguido por ele; alcançado, travam um duelo de titãs, que é vencido pelo filho.

Alfim e como o duelo fora assistido pelo filho da viúva, este o traz de volta, onde ele se despede do garoto e daquela que poderia ter sido sua para sempre.

Antes, pede ao delegado (de volta à cidade e que o cientifica que houvera comunicado às autoridades que ele houvera sido morto no duelo), pois bem, ele o orienta a recomendar à viúva a ajeitar uma estaca da cerca de sua propriedade que estaria por cair; e quando ela lá chega e começa a escavar, dá de cara com um alforge de cavalo repleto de dinheiro, muito dinheiro (produto do roubo ao trem-pagador).

E num singelo bilhete, que ele houvera aprendido a escrever com ela, simplesmente um “THANK YOU” (OBRIGADO).