TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007







Luiz Carlos Salatiel disse...
Lupeu,Quando é que você descobriu que não era a cegonha que trazia os "nenêns"?Quero um texto a respeito!Um grande abraço,
30 Novembro, 2007 11:21









ORIGEM INCERTA

Dimitri Yolesko, apesar do nome, nasceu em baturité. Reza a lenda que ele foi gerado a partir de um pastor evangélico russo e de uma prostituta oriunda de sobral. Incerta sua origem, incerta a sua vida. O pai, foi comido pelos índios putiús em um ritual canibal depois de ter prometido – e não cumprir – amarrar o demônio. A mãe, depois do trágico desaparecimento do pastor, mudou-se para o Crato. Foi durante muitos anos uma das putas mais famosas do randevú de glorinha. Era conhecida como priquito abençoado, e o filho, foi matriculado e estudou no conceituadíssimo diocesano. Na escola, dimitri foi rebatizado: virou Lelê Zarolho. Apelido que muito o aborrecia, mas que virou sua marca registrada anos depois, como vocalista e performer.

A PROCURA

Dimitri, do pai só ganhou a cidadania. E assim que completou 18 anos viajou com destino a Paris. Ele sabia que lá estavam as respostas para suas inquietantes inquietações. No quartier latin viu uma pichação que o deixou curioso: uma ave. Grotesca. Uma gárgula? Uma íbis? Uma... uma cegonha. Fotografou o grafite e voltou pro hotel. No outro dia, olhando o sena, ele viu o mesmo desenho nas costas da jaqueta de uma garota que fazia cooper. Aproximou-se e leu: “mulhouse – Alsácia”. Era lá. O caminho brilhou na sua frente.


MULHOUSE

Chegou na rodoviária e pegou uma lista telefônica. Estranho... cinqüenta clínicas de fertilização in-vitro? Trinta e uma maternidades??!!! O indiano realmente sabia do que estava falando...

O INDIANO

Lelê Zarolho conheceu Mahatma em um congresso esotérico em Campina Grande. O indiano proferiu uma palestra instigante! Principalmente depois da dose cavalar de barbitúricos com vinho ingeridos na entrada do evento. Entre outras coisas estranhas ditas pelo indiano, o que mais intrigou Lelê Zarolho foi o fato do indiano repetir cinqüenta e sete vezes: - O mito das cegonhas é real!!! Sigam as cegonhas!!!

MULHOUSE

Lelê Zarolho se hospedou em um hotelzinho perto da rodoviária. No outro dia procurou um tatuador e disse: - quero essa ave tatuada no antebraço. O tatuador olhou o desenho e disse: - é uma tatoo perigosa man... o maço de notas na mão de Lelê calou qualquer dúvida. Tinha que escolher uma clínica. Aquela, com uma asa como símbolo. Entrou, mostrou o antebraço a uma enfermeira e ficou e silêncio.
- você deve ser louco! Como... porque você tatuou essa ave no braço?
- trinitrotolueno.
- como?
- tri-nitro... dinamite! Se você não sair comigo, agora, essa clínica, aliás: esse quarteirão vai virar pó... fumaça... todo mundo morre. Entendeu?
A lanchonete estava vazia aquela hora. Natasha contou a Lelê sobre toda a operação: chips infláveis acoplados a barriga das fêmeas. Nove meses depois a entrega. Por isso a garota com a jaqueta da cegonha em paris... correio da cegonha. Por isso a pichação no quartier latin: um posto de troca e recall.
- em todo o mundo?
- sim!
- qual o propósito disso tudo porra?
- civilizar o mundo man, transformar o mundo em uma grande paris. De luz. Todo mundo, um dia, será francês. Independente do lugar que nasça, ou da fêmea que o gere.
- porra... e deus? E o céu? E o inferno? E minha tv a cabo? E meu uísque escocês?
- ilusão man... tudo ilusão. Viu porque não adianta explodir nada?
- que explodir cara! Que queria era sacar qualé a da existência, atingir o nirvana, descobrir o sentido dos livros do paulo coelho, descobrir que o que faço tem importância...
- você não é um agente?
- agente? Eu sou cearence minha querida. Só um cearense sem eira nem beira, vocalista de uma banda pop, poeta e... porra nenhuma. Porra nenhuma...
A enfermeira aperta um pequeno botão em seu brinco. Alarmes soam. Lelê Zarolho pega uma bicicleta e foge em desabalada carreira.

CRATO

Três meses depois do incidente francês, Lelê está sentado em um banco da praça cristo rei olhando uma mulher grávida passeando. Um chip inflável? Peidos eletrônicos... ele começa a rir sozinho. Um senhor de chapéu panamá se aproxima, tira de dentro do chapéu uma micro pistola e injeta um líquido esverdeado em seu pescoço. Os amigos que compareceram ao velório souberam, por salatiel, que tinha sido infarto fulminante. Só manel de jardim percebeu a pequena cicatriz em forma de pássaro na testa de Lelê. Mas manel sacou que aquilo era um mistério, e de mistérios, ele ta fora. Saiu, foi tomar uma cerveja e pensar no arranjo de sua música mais nova: “mamãe, eu sempre fui um pelicano”.

5 comentários:

Glória disse...

Esse Lêle...soube que antes de partir, foi visto nuns bares daqui do Crato e também foi visto em Tóquio com uma bela mulher, assistindo a uma luta de Sumô e em seguida foi comer sushi no mesmo restaurante do Kil Bill.

LUIZ CARLOS SALATIEL disse...

Lupeu,
Meu irmão, que genial loucura! Você descobriu a fonte da eterna juventude!
Eu esperava um texto a rspeito das cegonhas mas... esse tá demais!!!!!
Um abraço fraterno.

Lupeu Lacerda disse...

madame glória
(de tão famoso nome)
lelê era foda - literalmente -
tudo a ver com kill bill.
um grande beijo.

salatiel, minha cabeça tá voltando ao invés de ir! acho que minha escrita tá adolescendo. se continuar desse jeito, logo logo vou estar re-aprendendo a ler, e esquecendo de escrever. saudades de vocês todos. as cegonhas foi um exercício - você me instigou - de escrever sob encomenda. acho que consigo.
hasta la vista.
um grande abraço mi caro.

Marcos Vinícius Leonel disse...

The Lupas
com o amplificador ligado e no talo! Bem na hora da missa!

Calazans Callou disse...

VUs acima dos 10DBs, finado agosto, OCA, "a toca do bebê sem cabeça". kkkkk