TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 12 de junho de 2025

 

CRÔNICA DE UMA COVARDIA ANUNCIADA (Edward Magro)

Vi apenas um pedaço da oitiva do miliciano genocida. E bastou. Não por distração, tampouco por falta de interesse, mas por respeito aos meus "instintos mais primitivos". Há cenas que, assistidas por tempo demais, comprometem não só o fígado cívico, mas também a flora intestinal da dignidade.

 

Sofro, e não escondo, de uma dupla fragilidade pessoal que muito me limita como espectador do grotesco. A primeira, fisiológica: meu estômago não tolera vermes, sobretudo os rastejantes — essa subcategoria biológica que transita entre a baixeza e o cinismo com espantosa desenvoltura, como é o caso do meliante em "cuestão".

 

A segunda, moral: nutro amplo, geral e irrestrito desprezo por cagões. E não me refiro aqui à frágil condição humana diante do medo legítimo, mas à covardia como método — esse hábito vil de esconder-se atrás de bravatas e fanfarronices, de posar de herói no meio da brodagem enquanto, na vida real, se é apenas um frouxo.

 

Do pouco que assisti, bastou-me a cena do bravo valentão da 5ª série — outrora herói de cercadinhos patrióticos — agora entupido de calmantes, suando mais do que estagiário em entrevista de emprego. Senti pena, sim, mas não dele. Pena de um Brasil que, depois de tudo, ainda oferece crédito moral a um peidorrento dessa magnitude. Um país que tolera esse tipo de bravateiro de fralda emocional precisa urgentemente de um Bolsa-Sanidade.

 

A performance foi exemplar. No pior sentido possível, é claro. O valentão, aquele que prometia resistir à bala e desobedecer a qualquer ordem do STF, portou-se como todo fascista: covarde, mentiroso e, acima de tudo, cagão. Muito cagão. Não há aqui insulto gratuito, mas diagnóstico político. A coragem dos fascistas é sempre performática; a verdade, um risco a ser evitado; a retórica, uma cortina de fumaça produzida, em geral, pelos mesmos gases que propulsionam suas convicções intestinais.

 

E, ainda que breve tenha sido meu tempo diante da tela, vi o suficiente. Suficiente para constatar que o golpista, especialista em montar sua própria forca, lançou-se ao precipício com a corda cuidadosamente enrolada no pescoço. Sua capacidade de autoincriminação foi exuberante, para dizer o mínimo. A mesma toada foi seguida pelos outros três milicos militares e pelo milico civil, todos tão peidorrentos quanto. Cada um deles teve, como exige o devido processo legal, a chance de se defender. Poderiam, com alguma inteligência, um pouco de pudor e respeito à inteligência alheia (e à do juiz), gabaritar o tal standard probatório que os advogados tanto gostam de invocar. Preferiram mentir. Escolheram continuar arrastando uma mentira viscosa e venusiviana, cheia de fantasias exo-esotéricas, coisa de alucino-siderado. A recompensa por tanto empenho virá na forma de uma condenação robusta. E merecida. Pelo grotesco espetáculo que protagonizaram, não há como escaparem das penas máximas.

 

Do ponto de vista estético, foi um dia horroroso para a humanidade. Um desfile de olhos vermelhamente cocainados, orelhas baixas, olhares bovinos, bocas pergoteadas, vozes fracas e trêmulas por excesso de calmantes — típico de quem sempre esbravejou nos bastidores, mas, diante do juiz, se borra como colegial flagrado colando na prova. Curiosamente, porém, para a democracia, foi um dia glorioso. Não pelas respostas — que não foram dadas —, mas porque o próprio teatro-zumbi, por mais grotesco, escancarou a verdade como só o ridículo é capaz de fazer.

 

Há quem diga que o riso é uma forma de resistência. Neste caso, o riso veio acompanhado do asco. Rimos porque não queremos vomitar. Mas não há como não rir, com ironia e desprezo, de quem passou a vida vociferando força e honra para, no momento crucial, se mostrar um rato tremelicante à beira do ralo, em suma, um! peidorrento cagão.

 

O Brasil, nosso querido país de memória curta e estômago de avestruz, talvez se esqueça logo do que viu. Mas seria interessante registrar, em letras miúdas — ainda que aqui, nesse desprezível Facebook — que, naquele dia, cinco peidorrentos sentaram-se diante da nação e confirmaram, com a própria boca, aquilo que os intestinos do poder já sabiam: não há coragem possível em quem vive da mentira. E não há redenção para quem faz da covardia seu suporte existencial.

 

Sim, foi um dia de glória. E o fedor que ficou no ar é apenas o perfume tardio da justiça que se anuncia."

quarta-feira, 11 de junho de 2025

 O ”GATINHO" E SUA “GATOLANDIA DESVAIRADA” – José Nílton Mariano Saraiva


“Nem eu esperava que ia me eleger presidente, tendo em vista quem eu era”. A frase, proferida ontem pela mediocridade de nome Jair Messias Bolsonaro, quando frente a frente com o sério, austero e preparadíssimo Ministro Alexandre de Moraes é, pura e tão somente, o autorreconhecimento do seu despreparo, da sua insignificância, da sua mediocridade, da sua falta de caráter (tanto que jogou a culpa de todo o ocorrido para colegas de farda e tachou de “malucos” todos os que, atendendo ordens dos militares, participaram do quebra-quebra de Brasília no 08 de janeiro). Mas, todos sabemos que não foi bem assim.

Para quem, meses atrás, do alto de um palanque armado em plena Avenida Paulista, gritou a plenos pulmões, sob o aplauso da gatolândia desvairada, que o Ministro não passava de uma “canalha” e que, a partir daquele instante não mais obedeceria ao STF, deve ter sido deprimente vê-lo literalmente “miar” ante o mesmo ministro, (com transmissão ao vivo para todo o Brasil) já que nervoso, trêmulo e balbuciante; assim, por mais de uma oportunidade pediu desculpas pelos excessos cometidos no passado, porque... “era o meu jeito” (não, por favor, nada de compara-lo ao grande Frank Sinatra).

Fato é que, nunca antes na história desse país, assistimos a uma desmoralização pública tão acachapante, tão vergonhosa e tão merecida, renovando nossas esperanças de que a sua condenação está próxima (possivelmente lá pra meados de setembro).

E aí, festa para advogados famosos, que já lambem os beiços e preparam o bote, porquanto sabedores da fortuna (R$ 18 milhões) que o próprio conseguiu, via PIX, dos idiotas componentes da gatolândia desvairada; , irão alegar que, pela idade e devido a problemas de saúde (forjados), o vagabundo deve simplesmente usar tornozeleira e ir para casa desfrutar dos milhões doados por imbecis da sua laia (tai o Collor de Mello, condenado, mas cumprindo pena numa cobertura de tão somente 600 metros, na praia mais famosa de Maceió; a essa altura, a tornozeleira já deve ter sido removida e, assim, na calada da noite, o distinto deve frequentar alguns points privativos de gente cheia da grana).

Portanto, que os integrantes do Supremo Tribunal Federal não caiam nessa, porquanto os crimes cometidos por essa figura horrenda e horrorosa não merecem compaixão; então, deverá ser Papuda ou Bangu o destino futuro desse babaca imprestável, sob pena de uma frustração amazônica tomar de conta de todo o país.

quinta-feira, 5 de junho de 2025

 O “PASSARINHO” VOOU E ALEXANDRE DE MORAES DANÇOU

Certamente que, por não lembrar do velho adágio popular segundo o qual “aos inimigos não se mandam flores, mas, sim, bananas... de dinamite”, (preferencialmente detonadas à distância) é que o diligente ministro Alexandre de Moraes dançou feio e solenemente, e por duas vezes consecutivas, num prazo razoavelmente curto.

Num primeiro momento, quando houve por bem devolver à recorrente provocadora do próprio Supremo Tribunal Federal, Deputada Federal, Carla Zambelli, o seu passaporte, que havia sido apreendido em meio às investigações sobre a invasão dos sistemas eletrônicos do Conselho Nacional de Justiça-CNJ – processo no qual foi condenada no Supremo Tribunal Federal; pressupunha, então, o Ministro, que ela não oferecia risco para a instrução do processo penal". Ledo engano, como se constata agora.

Nos dias recentes, depois que a citada Deputada foi condenada a 10 anos de prisão em razão da sua participação ativa e de arma em punho às vésperas do 08 de janeiro, era perfeitamente previsível que ela não aceitaria passivamente tal decisão e, de alguma forma, tomaria alguma atitude extrema, daí a necessidade de se tomar alguma medida preventiva urgente e drástica, como, por exemplo, a retenção imediata (de novo) do seu passaporte.

Como isso incompreensivelmente não foi feito, só depois de longos 20 dias de condenada o “passarinho voou” pra longe (Itália), e agora, de lá, voltou provocativamente a gorjear, garantindo em suas redes sociais que não mais retornará ao Brasil, devido a uma suposta ditadura do Judiciário (não esqueçamos que, antes, o Deputado Federal Eduardo Bolsonaro fugiu para os Estados Unidos, ao pressentir que também seria enjaulado).

Já por aqui, nesses dias, teremos o depoimento dos “cabeças” do 08 de janeiro e, como as provas são claras, contundentes e cristalinas, a tendência é que sejam condenados, à frente o chefe da gangue golpista, Jair Bolsonaro.

Eis que, um dos generais do exército, amigo do próprio, conhecedor dos meandros e labirintos de Brasília, já teria lhe confidenciado que ele deverá mesmo ser condenado, daí não ser nenhuma surpresa que também ele se mande, clandestinamente, já que lá atrás afirmou com todas as letras que não nasceu pra ser preso.

De uma coisa tenhamos certeza: se alfim de tudo isso Bolsonaro também fugir (a senha já foi dada) e não for pra cadeia, o Supremo Tribunal Federal restará lamentavelmente desmoralizado e o país definitivamente à deriva.

Uma pergunta final: Por que será que os arrogantes bolsonaristas são tão frouxos e fujões, incluindo o próprio ???

 

Post Scriptum:

Circula um vídeo, na Internet, onde a ex deputada Joice Hasselmann, de São Paulo, ex bolsonarista doente, narra de viva voz que, meses atrás, num contato pessoal com a Carla Zambelli, ao ser por ela provocada, teria lhe narrado uma conversa no gabinete presidencial, quando o então presidente lhe inquiriu se era mesmo verdade que ela (Zambelli) era uma prostituta de luxo, na Espanha. Como gosta de prostituta esse Bolsonaro, não ???

segunda-feira, 5 de maio de 2025

 TEMOS PAPA, VIVA O PAPA ! (Dr. Demóstenes Ribeiro) 

          Aos prantos, ela se jogou aos pés de Frei Abelardo e implorou para que a criança ficasse. Era mais um menino consagrado a São Francisco, vestindo marrom desde o nascimento e que a mãe não tinha como criar. Percebendo a minha comoção, o superior aceitou, mas que eu me responsabilizasse. 

          Ele aparentava sete anos e se chamava Raimundim. Logo, os moleques o apelidaram Perna-Santa - apesar do defeito, corria, driblava e chutava de maneira surpreendente. Quem sabe, dali não brotaria um novo Chagas, aquele que começou no Salesiano, brilhou noTreze, voou para Roma e envelheceu nos braços de uma condessa italiana. 

          Mas, se ia bem no futebol, na alfabetização era um desastre. Sempre o pior aluno, jamais aprendeu a ler e a escrever, independente de esforço e de diversas tentativas pedagógicas. Com o tempo, me convenci de que seria impossível alfabetizá-lo e ordená-lo frade. 

          Além disso, como se agravou o defeito da perna e surgiu um problema na coluna, o sonho do futebol foi embora. No entanto, sempre de batina marrom, ele adorava limpar o altar e os santos, tocar a chamada da missa, responder ladainhas, sacudir o turíbulo e estar à frente nas procissões. Tornou-se um agregado da igreja e virou o Irmão Raimundim. 

           E a sua memória prodigiosa invejava a todos, pois sabia de cor os evangelhos e nenhuma liturgia da igreja lhe falhava. Na Semana Santa, apoderava-se da matraca na procissão do Senhor Morto e ficava a noite inteira ajoelhado na Sexta Feira da Paixão.  Ninguém da Ordem Franciscana conseguia acompanhá-lo. E assim, continuou até quando Frei Abelardo faleceu e eu fui promovido a pároco. 

           Curvado sobre a bengala, barba e cabelos grisalhos, ele envelheceu precocemente, tão longe aquele menino que eu um dia vislumbrara um craque. Ao saber que Bento XVI renunciou, Raimundim recolheu-se em orações, aumentou as penitências, mortificava-se com o cilício, não comia nem dormia, cada vez mais introspectivo e solitário. 

            Certo dia, o Bispo convocou o clero para orientações no período da vacância papal. Era um final de tarde, quando voltei e percebi algo estranho. Um povaréu imenso ia da estação ferroviária até à igreja dos Franciscanos. Mil fogos espocando, banda de pífanos, bacamarteiros e maneiro-pau... O badalar dos sinos, um mar de braços erguidos num ondular de chapéus e gritos ritmados de “temos Papa, viva o Papa, temos Papa...” 

             A muito custo, atravessei beatas ajoelhadas e penitentes em flagelação. Cheguei à sacada da igreja e constatei perplexo: era ele mesmo, agora sem marrom, mas de batina, estola e solidéu brancos. O crucifixo pendia do pescoço e Raimundim abençoava a multidão que ecoava “temos Papa, viva o Papa, temos Papa...” 

             Retomei o fôlego, olhei no azul dos seus olhos e fulminei colérico: o que é isso Raimundim, pode me explicar que loucura é essa?  Sereno, ele fitou-me com extrema gravidade e falou para que só eu escutasse: Oxente, Frei Serafim, e eu ia deixar os romeiros sem Papa? 

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OBS: Dr. Demóstenes Ribeiro é médico-cardiologista, natural de Missão Velha-CE, residente e estabelecido em Fortaleza-CE.


segunda-feira, 21 de abril de 2025

O "CONCLAVE" - José Nílton Mariano Saraiva

Com a morte dolorosa e sofrida do Papa Chico, dentro de semanas se realizará o encontro dos cardeais de todo o mundo, objetivando a escolha do seu sucessor. Tal reunião é conhecida por CONCLAVE.

Coincidentemente, dias atrás foi exibido nas telonas dos cinemas o filme com o mesmo nome – CONCLAVE - onde nos é apresentado de forma detalhada e realista o jogo sujo pelo poder, a corrupção desenfreada, a traição e as intrigas entre os cardeais, à busca de serem urgidos. Haja rasteiras e jogo sujo nas suntuosas dependências do Vaticano.

A coisa chega a um ponto tal, que depois de diversas votações que não alcançam nunca o foro necessário, a briga se intensifica de uma maneira intensa, fazendo com que um desconhecido cardeal, oriundo do México, mas atuante no distante e conflagrado Afeganistão, finde levando o cetro. E reinará sine die.

Sem dúvida, tal modus operandi ocorrerá daqui a alguns dias.

Assim, toda vez que da cafona chaminé do Vaticano não emergir a fumaça branca (sinalizadora do “temos Papa”), e em seu lugar pintar no pedaço uma fumaça negra, a certeza é que o “pau tá comendo de esmola, lá dentro” (o jogo tá violento e do pescoço pra baixo é tudo canela).

A dúvida, é: será que, tal qual no filme, algum desconhecido cardeal (um africano, por exemplo), se beneficiará do vale-tudo entre os arrogantes e favoritos europeus (tendo em vista que na eleição passada um argentino nunca dantes mencionado findou passando todo mundo pra trás, se registrando na história como o Papa Chico) ???   

 


domingo, 13 de abril de 2025

ESTADÃO DIZ QUE ANISTIA SÓ INTERESSA A BOLSONARO E ATRAPALHA O BRASIL
O jornal conservador considera que as forças políticas deveriam se preocupar com a crise global e deixar a Justiça cuidar do ex-presidente. “O Brasil tem mais o que fazer”
por Iram Alfaia
Publicado 12/04/2025 13:08 | Editado 12/04/2025 13:33
“Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer”, diz o editorial do Estadão deste sábado (12). O jornal conservador considera que as forças políticas deveriam se preocupar com a crise global, e não com “anistia” do ex-presidente.
O Estadão considera que Bolsonaro, que está internado num hospital do Rio Grande do Norte, já demonstrou que sua preocupação não são os golpistas do 8 de janeiro, mas sua própria absolvição.
“Bolsonaro chegou a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Disse que só lhe interessa a ‘anistia ampla, geral e irrestrita’ – obviamente uma piada de mau gosto”, diz a publicação.
Para o Estadão, o tema da “anistia não deveria nem sequer ser discutido por pessoas serias frente não só às turbulências globais do momento, mas aos problemas brasileiros incontornáveis que afetam de fato a população”.
De acordo com o jornal, “enquanto o mundo derrete em meio à confusão escabrosa criada por Trump, aliás ídolo de Bolsonaro, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e libertar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022, sob sua liderança e inspiração”.
O jornal também critica a reunião, fora da agenda, do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), com o ex-presidente. “Embora esteja resistindo, o presidente da Câmara iniciou conversas com membros do governo e do STF, pregando uma solução negociada entre os poderes para reduzir a pena dos condenados”.
Confira o editorial na íntegra do jornal O Estado de São Paulo (vulgo ESTADÃO):

BOLSONARO ATRAPALHA O BRASIL
As forças políticas deveriam se preocupar com a crise global, e não com “anistia” de Bolsonaro. Está na hora de deixar a Justiça cuidar do ex-presidente. O Brasil tem mais o que fazer.
Jair Bolsonaro – aquele que é, segundo seus bajuladores, o “grande líder da direita no Brasil”, timoneiro do PL, o maior partido da Câmara – não tem nada a dizer sobre a profunda crise mundial deflagrada pelo presidente dos EUA, Donald Trump. Nada. Seu único assunto é o tal de “anistia” para os golpistas do 8 de Janeiro – e, por extensão, para si mesmo. Enquanto o mundo derrete em meio à confusão escabrosa confusão criada por Trump, aliás ídolo de Bolsonaro, o ex-presidente mobiliza forças políticas para encontrar meios de driblar a lei e a Constituição e livrar da cadeia os que conspiraram para destruir a democracia depois das eleições de 2022, sob sua liderança e inspiração.
Admita-se que talvez seja melhor mesmo que Bolsonaro não dê palpite sobre o que está acontecendo, em primeiro lugar porque ele não saberia o que dizer nem o que propor quando o assunto é relações internacionais. Recorde-se que, na sua passagem vergonhosa como chefe de Estado em encontros no exterior, ele só conseguiu falar com os garçons. Mas o ex-presidente poderia, neste momento de graves incertezas, ao menos mostrar algum interesse pelo destino do país que ele diz estar “acima de tudo”. No entanto, como sabemos todos os que acompanhamos sua trajetória política desde os tempos em que era sindicalista militar, o Brasil nunca foi sua prioridade.
Mas o Brasil deveria ser prioridade de todos os demais. O tema da “anistia” não deveria nem sequer ser discutido por gente seria frente não só às turbulências globais do momento, mas a problemas brasileiros incontornáveis que afligem de fato a população – como a inflação, a violência, a saúde pública, os desafios educacionais, os caminhos para garantir o desenvolvimento em bases sustentáveis ou os efeitos das mudanças climáticas sobre a vida nas florestas e nas cidades.

Infelizmente, num Congresso que se mobiliza de verdade quase sempre apenas para assegurar verbas e cargos, Bolsonaro está em seu meio. Parece intuir que a liderança que exerce sobre sua numerosa base popular basta para submeter os políticos pusilânimes a seus caprichos pessoais, e é por isso que o ex-presidente dobrou a aposta, lançando repto às instituições, reafirmando-se como candidato à Presidência – apesar de sua inelegibilidade – e convocando os potenciais herdeiros políticos para se tornarem cúmplices de seus ataques à democracia.
Bolsonaro está a todo vapor: além de mobilizar parlamentares da oposição e fazer atos públicos e declarações quase diárias sobre o tema, reuniu-se fora da agenda oficial com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), para pressioná-lo a colocar em votação a tal “anistia”. Embora esteja resistindo, o presidente da Câmara iniciou conversas com membros do governo e do Supremo Tribunal Federal (STF), pregando uma solução negociada entre os Poderes para reduzir a pena dos condenados pelo 8 de Janeiro com o objetivo de “pacificar” o País. Como demonstra não se preocupar de fato com a massa de vândalos do 8 de Janeiro e sim com a própria absolvição, Bolsonaro chegou a minimizar a importância de uma eventual revisão da dosimetria pelo STF. Disse que só lhe interessa a “anistia ampla, geral e irrestrita” – obviamente uma piada de mau gosto.
Já que a maioria dos brasileiros é contra a anistia, segundo pesquisas recentes, as patranhas do ex-presidente seriam apenas irrelevantes caso se resumissem a ele e ao clã Bolsonaro. Mas é perturbador observar que algumas das principais autoridades do Brasil estão realmente se dedicando ao tema. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, por exemplo, encontrou tempo em sua decerto atarefada rotina para ligar pessoalmente a todos os deputados do seu partido com o objetivo de convencê-los a comunicar o requerimento de urgência para o projeto de anistia, como se isso fosse de fato relevante para os paulistas.
Não é. Se Bolsonaro for condenado e preso, e se os golpistas forem todos punidos, rigorosamente nada vai mudar no País. No entanto, se as forças políticas do Brasil não se mobilizarem rapidamente para enfrentar o novo e turbulento mundo que acaba de surgir, aí, sim, os brasileiros sofrerão todos. Está na hora de deixar a Justiça cuidar de Bolsonaro e seguir adiante. O Brasil tem mais o que fazer.

quarta-feira, 2 de abril de 2025

 

O “BANANINHA” CONSPIRADOR – José Nílton Mariano Saraiva

Arrogante e pavio curto desde sempre, o então Vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, que o conhecia na intimidade e sabia das suas “qualidades” (éticas e morais), o premiou com a alcunha de “bananinha” (insignificante, pequeno, sem importância).

Na realidade, frouxo e covarde, como o próprio pai, seu exemplo maior, o é, Eduardo “Bananinha” Bolsonaro pelo menos honrou tal conceito ao, agora, se mandar (fugir) do Brasil, às pressas, ao imaginar que seria enjaulado (preso) por determinação do Ministro Alexandre de Moraes, do STF.

É que, tal qual o pai, que havia em ato público chamado o ministro e “canalha” e também dito que, na condição de Presidente da República, a partir daquele instante não mais obedeceria a qualquer determinação do STF, para, depois, suplicar clemência e perdão ante a perspectiva de ser preso (o que acontecerá muito em breve) o indigitado “bananinha”, que lá atrás chegara a afirmar que bastaria um cabo e um soldado para fechar o STF e que o ministro não passava de um “ditador”, hoje assumiu a condição de perigoso conspirador e, traindo seus eleitores, foi morar na terra que o clã Bolsonaro tanto admira.

Fato é que, aqui e alhures, devido à morosidade que envolve o processo, já começa a ser questionada esta leniência do ministro Alexandre de Moraes para com os Bolsonaro (pai e filho), com a população desconfiada se medidas efetivas vão ser tomadas.

Porque, se não forem, se houver um mínimo recuo do STF em relação a essa questão tão emblemática (tentativa de golpe de Estado), este (STF) restará desmoralizado ad aeternum, até porque a impunidade não pode se estender para sempre.

Alguma dúvida sobre ???

quarta-feira, 26 de março de 2025

 NÃO É PELO BATOM NA ESTÁTUA, DÉBORA!


Nem pela cagada de Dona Fátima de Tubarão no banheiro do Supremo. Tampouco pelo esfaqueamento absurdo da tela de Di Cavalcante ou pela quebra do relógio histórico do século XVII, presente da corte francesa para Don João VI. Não é o quebra-quebra real e a violência da horda que invadiu os prédios em 8 de janeiro de 2023, na praça dos Três Poderes, que estão sendo julgados.

O quebra-quebra material foi a demonstração de força e desejo dos que participaram do ato. Isso seria um prejuízo monetário (que eles devem pagar e não ficar na nossa conta).
Mas o que está em julgamento é o crime imaterial da quebra da democracia para a implantação de uma ditadura. Esse é o verdadeiro crime em julgamento.

O crime material apenas anunciou o desejo de romper com a democracia. E este é o pior crime que alguém pode cometer por suas implicações na vida cotidiana dos cidadãos de um país que entra em uma ditadura.

A suspensão da democracia – os mais velhos lembram – permite que muitos crimes possam ser cometidos na vigência de uma ditadura. Os discordantes são colocados fora lei, presos e muitos executados sem julgamento. Já vivemos isso, O filme “Ainda estou aqui” pode mostrar aos mais novos o que foi aqueles tempos de trevas.

Imaginemos aquela mesma horda que invadiu a representação material da democracia no 8 de janeiro, vencedores. O que não seriam capazes de fazer com os discordantes? Não teríamos o julgamento que eles estão tendo com direito de defesa. Mas não querem a condenação e alguns se defendem dizendo que fizeram uma pixação com um simples batom para uma pena excessiva. E já encontram defensores na própria esquerda e nos julgadores, o que é pior.

Não custa lembrar que palavras são símbolos. “Perdeu, mané” escrito por Débora, reproduzindo uma frase do Ministro Barroso, significava a virada de jogo esperada e que ele seria destituído, quando não entregue a horda para um “justiçamento” típico de multidões enraivecidas. O ódio provocou aquele movimento que veio do acampamento nos quartéis sem ser detido.

Dona Fátima, na sua simplicidade escatológica gritava que o movimento de 8 de janeiro cagava e andava para a justiça nesse país. O que seria de nós se a consequência do cocô de Dona Fátima tivesse gerado um GLO (Garantia da Lei e da Ordem) e Lula tivesse entregado o governo aos militares ansiosos pelo poder e muito deles organizadores da marcha? Lula seria dependurado num poste junto a Alkmim e Xandão para enterrar a democracia no terror da ditadura.

O assassino de Di Cavalcante e o quebrador de relógio mostraram que a arte não serve pra nada como pregam as ditaduras que todas as vezes no poder começam queimando livros. Machadadas quebraram e destruíram documentos expostos significando que a história é completamente desnecessária nas ditaduras. Foi mostrado ali o que seria de nossa sociedade se eles tivessem vencido. Tudo não seria o que é agora, nem essas míseras linhas seriam escritas.

Entenderam a gravidade dos crimes que Débora, Fátima e seus companheiros cometeram? Não era uma pixação ou uma cagada de protesto. A sociedade estaria na merda por muito tempo e as ideias pixadas e condenadas. Os piores crimes teriam sido cometidos. É essa consequência dos seus atos que eles devem entender.

Portanto, O CRIME FOI GRAVE. SEM ANISTIA.

Texto do Edmar Oliveira

sábado, 22 de março de 2025

 BOLSONARO PRECISA APRENDER PORTUGUES – Ruy Castro


Ele e os seus serão julgados conforme a lei, o que a ditadura que admiram não permitia aos adversários

Bolsonaro precisa aprender português. Quer ser absolvido de crimes que diz não ter cometido. Como ser absolvido de algo de que não se é culpado?

Outro dia subiu a um palanque para pedir anistia para os inocentes que tocaram o terror em Brasília no 8/1 na tentativa de induzir o Exército a dar um golpe. Mas é possível anistiar inocentes?

E ele não admite que se condene a 17 anos uma doce velhinha de Bíblia na mão, saída de seu burgo na roça, apenas porque ela se deixou iludir pelas mentiras que ele próprio disseminou. Como ela poderia saber que estaria em tão más companhias quando lhe ofereceram um passeio a Brasília com tudo pago e uma aprazível temporada num camping diante de um quartel?

O general Braga Netto também deveria ver sua prisão preventiva como uma saison de merecidas férias. Afinal, não está numa cela gradeada e úmida, entre bandidos carentes e mal-intencionados. Está muito bem instalado num quarto com armário, frigobar, TV, ar-condicionado e banheiro exclusivo, no quartel da 1ª Divisão do Exército, na Vila Militar, em Deodoro, Zona Oeste do Rio, a 50 quilômetros de seu antigo apartamento em Copacabana.

Muito melhor do que as celas do tempo de seu chefe nos anos 1970, o general Sylvio Frota, em que os presos políticos, em vez daqueles confortos, só dispunham de pau de arara, máquina de choques, cadeira do dragão, estupros e eventual "suicídio".

Bolsonaro e seus seguidores estão convencidos de que vivemos numa ditadura comandada por Alexandre de Moraes. É refrescante saber que ele e os seus se converteram à democracia, depois de tantos anos louvando a ditadura, cujo defeito foi não ter matado tanta gente como eles gostariam.

E, convictos da parcialidade da Justiça contra eles, deveriam ficar aliviados por saber que serão julgados conforme a lei, em tribunais reconhecidos, com ampla possibilidade de defesa, mil recursos e transmissão pela TV e pela internet. Os réus da ditadura não tinham essa colher de chá.

Isso quando sobreviviam para chegar a réus.

sexta-feira, 21 de março de 2025

A POLÍCIA FEDERAL PEGOU JAIR - Celso Rocha de Barros

Bolsonaro pediu 'Me chama de corrupto!', PF chamou
Bolsonaro gostava de provocar pedindo: "Vai, me chama de corrupto!". A Polícia Federal chamou. Segundo a PF, Mauro Cid, ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, vendia clandestinamente joias doadas ao Brasil e entregava o dinheiro para o ex-presidente.

Nessa movimentação de muamba, Cid teria sido ajudado por seu pai, um general do Exército brasileiro. Em uma mensagem obtida pela PF, Cid diz que seu pai estava com US$ 25 mil, originários da venda das joias, prontos para serem entregues a Bolsonaro. Cid acrescenta que seria melhor fazer a entrega em mãos, sem passar pelo sistema bancário. Se isso tudo for verdade, Jair Bolsonaro é ladrão. Ele vê um negócio que não é dele, pega pra ele, sai correndo.

Ainda segundo a Polícia Federal, Jair colocou toda a estrutura da Presidência para trabalhar para seu esquema. Por exemplo, o pai de Cid, general Mauro Lourena Cid, estava nos Estados Unidos na qualidade de chefe do escritório da Apex (Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos) em Miami. Um dos kits de joias roubados teria sido levado por Mauro Cid aos Estados Unidos no avião presidencial, quando Bolsonaro foi à Cúpula das Américas em junho de 2022.

Ou seja: segundo a PF, o presidente da República do Brasil aproveitou que estava indo se encontrar com Joe Biden para contrabandear joias roubadas que seriam entregues a um general brasileiro, para que ele as vendesse em Miami.

Sinceramente, a menos que o Brasil colonize Marte, não sei se tem como a gente perder a reputação de república de bananas depois dessa.

A responsabilidade jurídica me obriga a reconhecer que sempre é possível que Jair não seja ladrão. Talvez os bolsonaristas tenham descoberto uma conspiração comunista e combinado que, sempre que quisessem se referir ao complô sem despertar suspeitas, diriam "Roubamos joia vamo vendê tudo kkk". Talvez o general Lourena Cid tenha entendido errado o que queria dizer "promoção de exportações": Paulo Guedes pode tê-lo tornado um adepto tão fanático do livre-comércio que o general concluiu que o muambeiro é só a vanguarda do neoliberalismo.

E Bolsonaro, que nega tudo, já declarou que disponibilizará seus dados bancários para provar sua inocência nesse caso em que seus supostos cúmplices disseram que o dinheiro seria entregue em mãos.

Na verdade, ser ladrão nem seria o pior defeito de Jair Bolsonaro.
Seu golpismo e sua tendência a promover assassinatos em massa durante a pandemia foram incomparavelmente mais nocivos ao Brasil. No fundo, o fato de Jair ter envolvido oficiais das Forças Armadas brasileiras –incluindo um general– em roubo de joias é até pior do que a mutreta em si.

Mesmo assim, a revelação de que Jair é ladrão ajudaria a quebrar o transe em que esteve parte do público brasileiro nos últimos anos.
Quando você mostrava aos bolsonaristas os cálculos de especialistas deixando claro que pelo menos 100 mil pessoas morreram durante a pandemia porque Bolsonaro se recusou a comprar vacinas, ouvia que "pelo menos ele não é corrupto". Muita gente tolerou seu golpismo porque achava que os movimentos das instituições para se defenderem de Jair eram jogadas "do sistema" contra um presidente que não roubava.

Talvez agora esse transe acabe. 

O terno marrom (Dr. Demóstenes Ribeiro *)

                                                      (para a Dona Zaíra – minha mãe – in memoriam )

     Éramos uma família rural, sobrevivente de um tempo remoto e deslocado no mundo desde o fim da escravidão. Sem mais vassalo, nem mais senhor nem sinhazinha... Ninguém sabia fazer nada, veio a derrocada, vendeu-se a fazenda por uma ninharia e se deu a fuga prá cidade.

     Mas como sobreviver? Meu pai delirou, se desfez do sítio Pau D’Arco e comprou uma casinha na cidade. Trouxe a mulher e os filhos, mas passava o dia inteiro no baralho onde perdeu o pouco que restou. No desespero, fugiu pro Maranhão e morreu por lá. A minha mãe, coitada, mantinha as aparências com cinco filhas, um filho doente, um arruaceiro, um malandro e um ou outro agregado que vez por outra aparecia por lá.

      Nas noites de angústia, me lembrava da minha infância feliz e do rio Salgado, onde aprendi a nadar com um tronco de bananeira, e alimentava a fantasia pueril de um dia tocar bandolim.

     Mas Deus não nos desamparou por inteiro. Não sei como, um comerciante de bom coração se casou com uma das minhas irmãs, e não mais sofremos tanta necessidade.

     Certo dia ele abrigou um sobrinho adolescente e o empregou na sua loja. Humilde, mas de valor, o rapaz com o tempo passou a gerente. Eu trabalhava no caixa, nos dávamos bem e começamos a namorar. Logo estaríamos casados: o amor e as suas conveniências – teríamos onde morar e eu ajudaria a minha mãe.

     Ele se mostrou um comerciante fino, lutou como um leão e começou o seu próprio negócio. Aos domingos, levava os meninos à igreja e assistia a missa de terno e gravata: uma das minhas melhores lembranças. Nossos filhos foram saudáveis e a vida, um relativo sucesso As mulheres me invejavam e eu era muito enciumada.

     A sua loja se tornou a maior da cidade. Nos dias de feira os sertanejos a freqüentavam, mas também nos outros dias todo o mundo passava por lá. As mulheres o adoravam e os alfaiates o recomendavam.

     Um deles, o Zé Leôncio, especialista em ternos, tinha um xodó com a Chica. Morena vaidosa, sempre de saia justa, batom vermelho e lenço colorido na cabeça, como se fosse um turbante. Tornou-se exclusiva do alfaiate e causava ódio nas donas-de-casa.

      Almir, um mulato delicado e de calça muito apertada, colecionava fotonovelas - Capricho, Fascinação, Sétimo Céu -, e as emprestava à moçada. Gostava de costurar para os rapazes e de tomar as suas medidas, principalmente as do gancho.

     E o Nezinho fazia a roupa do povão. Baixinho, usava brilhantina no topete e tinha um bigode ralo. Com fita métrica sobre os ombros, caderneta no bolso e lápis na orelha, costurava de todo o jeito, fosse qualquer a eventualidade. A sua mulher, Gerolina, peituda e de bunda respeitável, vivia prá cima e prá baixo. Quase não parava em casa.

     O meu marido era assediado e não podia ver um rabo de saia. Alegre e gentil com as mulheres, vez por outra cantarolava ‘’Amada amante”. E Gerolina passava sempre na loja para comprar alguma coisa ou ver as novidades. Nezinho pouco se importava, mas eu não gostava nem um pouco do assanhamento dela.

     Num fim de tarde de um feriado, a loja quase fechada, de longe eu vi que ela entrara. Não me viram. Cheguei sem ruído e fiquei no depósito, atrás de uma pilha de colchões. Os sem-vergonhas se agarraram e o meu marido dizia: ‘’vai, meu amor, tira a roupa, não tem ninguém, não ...’’ Gerolina arfava e sussurrava, ‘’não é perigoso? Nezinho pode chegar...``  E a voz rouca do meu marido, ``não se preocupe, se aparecer a gente dá um terno pra ele...’’

     Então, quase de imediato, pela a porta entreaberta, veio a voz fina e anasalada: ‘’mas só se for marrom!’’

     Gerolina se vestiu às pressas e eu não segurei a gargalhada.


(*) Dr. Demóstenes Ribeiro é médico cardiologista, natural de Missão Velha, atuante e residente em Fortaleza-CE.