A
hoje famosa e temida “Lava Jato” nada mais é que um “genérico”
da operação “Mani Pulite”, desenvolvida na Itália ao alvorecer
dos anos 90, que exterminou tradicionais agremiações partidárias,
levou a nocaute os mais influentes políticos da nação,
desorganizou de forma inexorável a economia e jogou o país numa
convulsão social sem precedentes (mortes, assaltos e abusos de toda
ordem) que ainda hoje é lembrada, mas que, ao final, ante o sumiço
ou vazio de lideranças políticas, fez ascender ao poder o mafioso
Sílvio Berlusconi.
Pois
é bom saber que a Mani Pulite foi a “musa inspiradora” do juiz
de primeira instância Sérgio Moro para “adotar” (deflagrar) por
aqui uma sua “irmã siamesa”, a operação “Lava Jato”,
depois do fracasso rotundo de que se revestiu o rumoroso caso das
“contas C5”, onde os dois principais atores eram os mesmos dos
dias atuais: Sérgio Moro e Alberto Youssef e que ao final deixou o
Brasil com um rombo monumental em suas finanças e os criminosos
livres, leves e soltos.
Mesmo
assim (e até por isso mesmo), frustrado e ressabiado, à época Moro
foi premonitório, conforme nos mostra na peça de sua autoria
“Considerações Sobre a Operação Mani Pulite”, a saber (ipsis
litteris): “No Brasil, encontram-se presentes várias das condições
institucionais necessárias para a realização de ação judicial
semelhante à Mani Pulite; como na Itália, a classe política não
goza de grande prestígio junto à população, sendo grande a
frustração pelas promessas não-cumpridas após a restauração
democrática”.
Para
tanto, preparou cuidadosamente uma espécie de “catecismo”, a ser
seguido a posteriori (hoje), que basicamente contemplaria (contempla)
os seguintes pontos: 01) a “deslegitimação”, de cabo a rabo, da
classe política tradicional (essencial para o sucesso da operação)
que compreendia detonar os partidos e exterminar as suas principais
lideranças; 02) cooptar e fazer largo uso da imprensa (a fim de
vazar para o público informações tidas como “segredo de
justiça”), garantindo o apoio da população às ações
judiciais); 03) prender suspeitos, sem necessidade de provas,
mantendo-os isolados no fundo de uma cela, ad eternum, espalhando a
suspeita que outros já teriam confessado, até que se dispusessem a
“dedurar” quem a polícia desconfiasse (delação premiada); 04)
mandar às favas essa tal “presunção de inocência” na
perspectiva de que a prisão prejulgamento é uma forma de destacar a
seriedade do crime e evidenciar a eficácia da ação judicial
(segundo Moro, não haveria nenhum óbice moral em submeter o
investigado a ela).
Certamente
que o próprio Sérgio Moro não esperava contar com uma espécie de
“bônus” especial ao introduzir tais métodos por essas bandas: a
anuência, chancelamento ou aprovação de métodos tão heterodoxos
por parte do Supremo Tribunal Federal, que esquecendo sua condição
de “guardião da sociedade” permitiu que a Constituição Federal
fosse estuprada diuturnamente, já que desrespeitada em princípios
básicos (assim, Sérgio Moro sentiu-se à vontade para transgredir e
avançar como um rolo compressor sobre o constitucionalmente
estabelecido; ou seja, transformou a nossa Carta Maior em letra
morta).
Sabe-se,
por exemplo, que após mais de um ano fiel aos seus até então
inabaláveis princípios morais e éticos, Marcelo Odebrecht (jogado
no fundo de uma cela já há mais de um ano) capitulou
irremediavelmente e prepara-se para fazer aquilo que anunciou pela
televisão que jamais faria: “dedurar” alguém (delação
premiada); e que Sérgio Machado, mesmo antes de ser preso, sem
nenhum escrúpulo assumiu de vez sua porção mau-caráter e já
botou a boca no trombone entregando meio mundo de gente, na tentativa
de “não descer” pra Curitiba (numa outra postagem trataremos
sobre). Ou seja, a perspectiva de “mofar na cadeia” (e ficar
louco) tem um efeito devastador sobre o ser humano, levando-o até
mesmo a passar por cima da própria mãe, se se tornar necessário.
A
propósito, independentemente de como se veja a coisa, há algo de
positivo nas delações (envolvendo Romero Jucá, Renan Calheiros e
José Sarney) de Sérgio Machado: escancarou de vez a hipocrisia e a
safadeza reinante na arena política (que todos nós imaginávamos,
mas não tínhamos como comprovar); assim é que, enquanto teciam
loas à Operação Lava Jato em declarações à imprensa (a fim de
sinalizar para a sociedade seu irrestrito apoio àquela operação),
entre quatro paredes e na calada da noite os políticos referidos
conspiravam e tramavam para abolir de vez a Lava Jato, na perspectiva
de que pudessem manter o status quo e continuar usando o mesmo modus
operandi corrupto.
E
aqui, desnuda-se de vez o “golpe” travestido de “impeachment”
da Presidenta Dilma Rousseff: em nenhum momento houve qualquer
preocupação dos políticos com supostas irregularidades (até
porque inexistentes) nas tais pedaladas fiscais, decretos
orçamentários ou com o fim da corrupção; o afastamento da
Presidenta objetivava exatamente colocar em seu lugar alguém que não
apoiasse a Lava Jato e, consequentemente, obstasse as investigações
sobre o duto corruptor então vigente e do qual se serviam. E a
Presidenta Dilma Rousseff era a “pedra no caminho” a ser
removida. Como o foi.
Fato
é que, embora não saibamos o que acontecerá daqui pra frente (em
novo trecho da delação Sérgio Machado afirma categoricamente ter
beneficiado um certo político paulista “a pedido” de Michel
Temer), não se pode descartar a possibilidade que venhamos a cair
numa nova ditadura, só que muito mais perigosa, nefasta e apavorante
que a militar: a “ditadura das togas”.
E,
se lá na Itália a “Mani Pulite” resultou em um Sílvio
Berlusconi da vida, com tudo de trágico que isso acarreta, aqui no
Brasil restarão Sérgio Moro e Gilmar Mendes. Estará o Brasil
preparado pra isso ??? Merecemos tamanho castigo ???
Alfim,
pra você, aí do outro lado da telinha, um mote para reflexão: qual
a “forma” ou “método” de tortura mais eficaz e eficiente - a
“física”, tal qual a perpetrada pelos nazistas de Hitler na
Alemanha contra os pobres judeus, ou a “psíquica”, adotada por
Moro e a República de Curitiba, contra quem tiver o infortúnio de
“descer” praquelas bandas ???