EDITORIAL INFAME – Paulo Moreira Leite
EDITORIAL INFAME - Paulo Moreira Leite - Com o título "Bola Fora", a
Folha de S. Paulo apresenta em sua edição de hoje um dos mais vergonhosos
editoriais da imprensa brasileira em décadas.
O assunto da Folha de S. Paulo é o tratamento que as instituições do Estado brasileiro têm dispensado ao jogador de vôlei Wallace de Souza, aquele que ofereceu uma espingarda calibre 12 a quem desse um tiro "na cara" do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. ume00:01/07:24Truvid
Wallace encontra-se impedido de
retomar suas atividades esportivas até que a Justiça chegue a uma decisão final
sobre seu caso.
Acredite: alegando que tudo não
passou de uma "brincadeira de péssimo gosto", o jornal ataca as
reações legítimas da Advocacia Geral da União para denunciar a ameaça à vida de
Lula.
À procura de argumentos para
sustentar uma tese estapafúrdia, a Folha pede ajuda às banalidades do
pensamento neoliberal e assim ajudar Wallace a escapar das regras do Estado
Democrático de Direito.
É preciso ler para crer: "se
Wallace fosse um servidor público, lotado em órgão federal, haveria pouco
estranhamento na atuação de advogados do Estado num processo administrativo com
vistas a sua expulsão da carreira." Como Wallace "é um profissional
do setor privado, assim como privados são o comitê e a confederação nas quais a
advocacia pública da União pretende se meter, o Executivo federal deveria se
abster de usar o seu enorme poder de pressão e influência".
Resumo da jurisprudência trabalhista
da Folha: embora Wallace tenha oferecido uma espingarda de grosso calibre para
quem estivesse disposto a assassinar o presidente e, depois disso, tivesse se
apresentado com uma pistola no Instagram em posição de ostensivamente
agressiva, o melhor que o governo tem a fazer é conter "o ímpeto
punitivista na reação a ataques ao mandatário".
Vamos ler de novo para entender.
Conforme o editorial, o problema do caso não reside na violência criminosa de
quem oferece uma armas de grosso calibre para cometer um assassinato político,
mas no ímpeto "punitivista" de quem tenta investigar um caso grave e
apontar responsabilidades por uma ameaça de assassinato e crime político.
Parece loucura e é. Mas não é
novidade na história de um grupo que, durante o período mais cruel da ditadura
militar, transformou o segundo jornal da casa, chamado "Folha da Tarde”,
numa publicação que acobertava -- e até embelezava -- crimes de um regime que
torturava e assassinava adversários, contribuindo na sustentação de uma época
que jamais será esquecida pela vergonha e pelo horror.
Este é o risco provocado pelo
editorial "Bola Fora".
Alguma dúvida?