TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE
domingo, 31 de janeiro de 2010
apenas um crepúsculo
O raio de luz
que se derrama
sobre o teclado
é motivo de louca epifania.
O que mudou
é que agora
meus dedos brincam
de pular amarelinha.
Naquele tempo
na folha de papel
havia algo estranho
mediunidade
olhar perdido.
Hoje, sobre o teclado
os dedos rasgam as túnicas
enlouquecem trocando suspiros.
Enquanto o raio de luz
de final de tarde
continua o mesmo de outrora
sobre a folha de papel
e neste instante
parece milagre
nada muda sobre o teclado.
que se derrama
sobre o teclado
é motivo de louca epifania.
O que mudou
é que agora
meus dedos brincam
de pular amarelinha.
Naquele tempo
na folha de papel
havia algo estranho
mediunidade
olhar perdido.
Hoje, sobre o teclado
os dedos rasgam as túnicas
enlouquecem trocando suspiros.
Enquanto o raio de luz
de final de tarde
continua o mesmo de outrora
sobre a folha de papel
e neste instante
parece milagre
nada muda sobre o teclado.
Chekhov - 150 Anos
29/01/2010 - 16h48
Mundo celebra 150 anos do "imortal" russo Chekhov
Moscou - Os amantes da literatura em todo o mundo celebraram nesta sexta-feira o 150º aniversário de Anton Chekhov, o dramaturgo mais aclamado da Rússia.Fãs de Chekhov disseram que o autor, famoso por combinar um estilo de escrita emocionalmente cru com estudos detalhados da condição humana na virada do século passado, mantém sua relevância mais de 100 anos após a sua morte.O presidente russo, Dmitry Medvedev, viajou até Taganrog, a cidade natal de Chekhov, onde descreveu as histórias e peças do físico que virou escritor como "imortais".Fama internacionalEmbora seus contos sejam muito populares na Rússia, foram suas peças que renderam a Chekhov fama internacional.O dramaturgo britânico Top Stoppard e o norte-americano David Mamet readaptaram obras do russo, enquanto as mulheres o reverenciavam por lhes dar uma voz forte ao criar personagens femininos complexos.O diretor alemão Peter Stein, em Moscou para o aniversário, disse que Chekhov era tão importante para o teatro quanto a tragédia grega e William Shakespeare."Essas são as três colunas básicas do teatro europeu. Shakespeare reinventou os gregos para os tempos modernos e Chekhov para o século 20", disse ele à Reuters.Em seu túmulo coberto de neve no cemitério moscovita Novoderichy, onde está enterrado ao lado da esposa, a atriz Olga Knipper, entusiastas do teatro suportaram temperaturas de 20 graus Celsius negativo para prestar homenagem ao escritor que nasceu em 29 de janeiro de 1860.Nessa semana, a Rússia lançou um festival de seis meses de duração em homenagem a Chekhov. Já o mundo do teatro está usando o aniversário como desculpa para festivais dedicados a um de seus dramaturgos mais amados, que morreu depois de sofrer pela maior parte de sua vida de tuberculose, na Alemanha, em 1904, aos 44 anos de idade.
(Reportagem de Amie Ferris-Rotman e Yuri Pushkin)
AGRADECIMENTOS...
Nós que fizemos o MUSI(CA)MINHOS Show, agradecemos sem exceção a todos que marcaram presença ontem no SESC de Crato, e nos passaram toda aquela energia positiva que fluiu por lá.Tanta gente boa compareceu!
Obrigado aos meus convidados pra lá de especiais: Abidoral Jamacaru, Dihelson Mendonça, João do Crato, Nivando Ulisses e Luiz Carlos Salatiel.
Agradecimentos ao SESC do Crato, nas pessoas de Samuel, Sergio, Alexandre e ao Reginaldo técnico de som!
Gente, muito obrigado mesmo!
Agradecimento a minha galera!
Da esquerda para a direita: Danilo, Aminadaber, Isaias, Nivando e Jairo Starkey
Obrigado aos meus convidados pra lá de especiais: Abidoral Jamacaru, Dihelson Mendonça, João do Crato, Nivando Ulisses e Luiz Carlos Salatiel.
Agradecimentos ao SESC do Crato, nas pessoas de Samuel, Sergio, Alexandre e ao Reginaldo técnico de som!
Gente, muito obrigado mesmo!
Agradecimento a minha galera!
Da esquerda para a direita: Danilo, Aminadaber, Isaias, Nivando e Jairo Starkey
ORGULHAMO-NOS DE SER CRATENSES
Pedro Esmeraldo
Prezados senhores: estamos num dilema que nos apavora enquanto observamos a mudez desse povo cratense em não reagir frente às ameaças descabidas pelos inimigos que procuram controlar o governador para rasgar em pedaços o bom da cidade do Crato, deixando toda a população desorientada, sem poder se pronunciar por falta de apoio moral dos nossos políticos.
Relembramos que, antigamente, Crato era prestigiado e vinha sendo controlada pelos políticos amicíssimos desta cidade que nos iluminavam com bons projetos de larga escala, perfazendo uma série de melhoramentos, deixando-nos glorificados com aquisição de boas ações administrativas.
Glorificávamos, pois éramos mais bem aquinhoados, porque tínhamos bom equilíbrio que satisfazia o bom procedimento justo e moral.
Nos dias atuais, meu Deus, vivemos no esquecimento, causando desespero, deixando o povo esmaecido, já que não temos a quem recorrer, porque os cratenses de agora são diferentes dos que existiam nos tempos passados, vez que aceitam calmamente a desigualdade e não partem para a luta.
Às vezes, o povo tem a mania de dizer que, quando o homem quer e luta com muita ânsia, consegue alguma coisa, isto quer dizer que os cratenses atuais não lutam mais e permanecem atrás de políticos incompetentes, sem nenhum designo administrativo, cruzam os braços, calam e se conformam em receber migalhas que não nos satisfazem.
Infelizmente, parece que o cratense pertence a uma escola fundada pelo filósofo grego Zenon, que dizia: “Um homem pode tornar sensível aos males físicos e morais”, isto é, a escola Estóica. Atualmente o cratense aceita esse pensamento dúbio, sendo que procura estar insensível aos danos provocados pela massa governamental.
O Crato está enquadrado numa microrregião do Cariri, localizada ao sopé da Serra do Araripe, pátria dos primeiros soldados da independência, visto que seus filhos ilustres, guerreiros por natureza, participaram de grandes eventos em defesa da pátria amada. A nosso ver, esta cidade deveria ser respeitada, porque já não suportamos mais esse descaso acometido por homens rudes e que se apossaram por meio da intriga e da perfídia, vem sendo desmoralizada e desmerecida, o que prejudica o crescimento da cidade, visto que os políticos tomam medidas manhosas tentando convencer ao povo que outro lugar é mais populoso e deve merecer melhores ganhos econômicos.
De fato, lá é realmente populoso, nota-se que a população vem sempre prevalecida com propaganda enganosa, “o que não deveria acontecer”, pois todos os cidadãos têm origem na mesma pátria, consideramos cidadãos brasileiros e devem também receber o seu quinhão com metas desenvolvimentistas.
Por isso, os cratenses deveriam praticar os mesmos atos e mostrarem à mídia a sua coragem e gritar que aqui é a verdadeira terra do padre Cícero e ele aqui foi batizado na Igreja da Sé. Relata-se então que parte dos grandes movimentos de romeiros devem ser também processados na cidade do Crato, pois o Crato também merece receber a sua vantagem populacional.
Constata-se, portanto, que permanece no pensamento do povo que alguns políticos só tem cabeça por que prego tem: isto é, só servem pra levar pancada.
Pessoal, parta para a luta, deixe de lado o comodismo, acabe com as picuinhas, trabalhe, mas trabalhe com muita coragem, grite, reclame, exija e diga ao governador que o Crato pertence ao Ceará deve ser respeitada.
Em tempo: todos os dias oramos com muita fé ao Divino Espírito Santo, pedindo que ilumine a esses fracos líderes (da Ponta da Serra) para que tomem decisões acertadas e que não venham prejudicar o Crato. Mudem de idéia e comunguem com toda população cratense. Não se deixem enganar pelos políticos astuciosos. Professor Figueiredo Filho, filho deste distrito, foi o maior defensor do Crato. Por que não o imitam?
Crato, 28.10.2010
Prezados senhores: estamos num dilema que nos apavora enquanto observamos a mudez desse povo cratense em não reagir frente às ameaças descabidas pelos inimigos que procuram controlar o governador para rasgar em pedaços o bom da cidade do Crato, deixando toda a população desorientada, sem poder se pronunciar por falta de apoio moral dos nossos políticos.
Relembramos que, antigamente, Crato era prestigiado e vinha sendo controlada pelos políticos amicíssimos desta cidade que nos iluminavam com bons projetos de larga escala, perfazendo uma série de melhoramentos, deixando-nos glorificados com aquisição de boas ações administrativas.
Glorificávamos, pois éramos mais bem aquinhoados, porque tínhamos bom equilíbrio que satisfazia o bom procedimento justo e moral.
Nos dias atuais, meu Deus, vivemos no esquecimento, causando desespero, deixando o povo esmaecido, já que não temos a quem recorrer, porque os cratenses de agora são diferentes dos que existiam nos tempos passados, vez que aceitam calmamente a desigualdade e não partem para a luta.
Às vezes, o povo tem a mania de dizer que, quando o homem quer e luta com muita ânsia, consegue alguma coisa, isto quer dizer que os cratenses atuais não lutam mais e permanecem atrás de políticos incompetentes, sem nenhum designo administrativo, cruzam os braços, calam e se conformam em receber migalhas que não nos satisfazem.
Infelizmente, parece que o cratense pertence a uma escola fundada pelo filósofo grego Zenon, que dizia: “Um homem pode tornar sensível aos males físicos e morais”, isto é, a escola Estóica. Atualmente o cratense aceita esse pensamento dúbio, sendo que procura estar insensível aos danos provocados pela massa governamental.
O Crato está enquadrado numa microrregião do Cariri, localizada ao sopé da Serra do Araripe, pátria dos primeiros soldados da independência, visto que seus filhos ilustres, guerreiros por natureza, participaram de grandes eventos em defesa da pátria amada. A nosso ver, esta cidade deveria ser respeitada, porque já não suportamos mais esse descaso acometido por homens rudes e que se apossaram por meio da intriga e da perfídia, vem sendo desmoralizada e desmerecida, o que prejudica o crescimento da cidade, visto que os políticos tomam medidas manhosas tentando convencer ao povo que outro lugar é mais populoso e deve merecer melhores ganhos econômicos.
De fato, lá é realmente populoso, nota-se que a população vem sempre prevalecida com propaganda enganosa, “o que não deveria acontecer”, pois todos os cidadãos têm origem na mesma pátria, consideramos cidadãos brasileiros e devem também receber o seu quinhão com metas desenvolvimentistas.
Por isso, os cratenses deveriam praticar os mesmos atos e mostrarem à mídia a sua coragem e gritar que aqui é a verdadeira terra do padre Cícero e ele aqui foi batizado na Igreja da Sé. Relata-se então que parte dos grandes movimentos de romeiros devem ser também processados na cidade do Crato, pois o Crato também merece receber a sua vantagem populacional.
Constata-se, portanto, que permanece no pensamento do povo que alguns políticos só tem cabeça por que prego tem: isto é, só servem pra levar pancada.
Pessoal, parta para a luta, deixe de lado o comodismo, acabe com as picuinhas, trabalhe, mas trabalhe com muita coragem, grite, reclame, exija e diga ao governador que o Crato pertence ao Ceará deve ser respeitada.
Em tempo: todos os dias oramos com muita fé ao Divino Espírito Santo, pedindo que ilumine a esses fracos líderes (da Ponta da Serra) para que tomem decisões acertadas e que não venham prejudicar o Crato. Mudem de idéia e comunguem com toda população cratense. Não se deixem enganar pelos políticos astuciosos. Professor Figueiredo Filho, filho deste distrito, foi o maior defensor do Crato. Por que não o imitam?
Crato, 28.10.2010
"A senhora é deputada?"
'A senhora é deputada?'
Matéria do site PÁTRIA LATINA
"Negra e militante de movimentos sociais, a deputada federal Janete Pietá (PT-SP) foi vítima de discriminação racial por parte de uma funcionária do cerimonial da Presidência da República, na terça-feira 26, em Brasília, durante o lançamento dos programas Bolsa Copa e Bolsa Olímpica, pelo presidente Lula. A deputada foi barrada ao tentar entrar no evento, no auditório do Ministério da Justiça. Ela pegou a fila para retirar o pin que lhe daria acesso ao espaço destinado aos parlamentares e, ao se apresentar, a funcionária a olhou de cima a baixo e exclamou: “A senhora, deputada??? !!!... Eu nunca lhe vi nos eventos presidenciais”.
Pietá ainda comentou, calmamente, que a representante do cerimonial não era obrigada a conhecer os 513 deputados do Congresso, mas deveria, ao menos, saber identificar o seu broche de parlamentar utilizado na lapela. Mas não adiantou. Fundadora do PT, a deputada disse ter sentido dor e humilhação. “Como uma mulher afrodescendente, que ousa fazer um penteado afro, de tranças rasteiras, que não chega arrogante, pode ser deputada? Está mentindo, então!”, protesta Pietá.
A deputada procurou o responsável pelo cerimonial. “De longe, vi a funcionária me olhando com desprezo”, afirmou. Segundo o cerimonial, a funcionária, não identificada, era contratada por uma empresa terceirizada e seria demitida. Pietá intercedeu: “Não precisa ser demitida. Quero que ela aprenda a respeitar as pessoas e não discriminar ninguém”."
Leia, abaixo, o artigo que a deputada escreveu para o site de CartaCapital:
Invisibilidade secular
"Chove em Brasília e na minha face correm lágrimas. Não há consolo para julgamento sumário. Saí com vida, porém a dor, a humilhação, a indignação cidadã me corroem a alma. Em pleno século XXI sinto o açoite da chibata. As diferenças que ferem a cidadania. O milenar olhar de superioridade e de indicação da porta da cozinha ou da senzala. Como uma mulher afrodescendente, que ousa fazer um penteado afro, de tranças rasteiras, que não chega arrogante, olhando de cima, ostentando brancura, ouro, e cercada de um séquito de assessores, é deputada federal!?.. Não pode ser deputada. Está mentindo! Não lhe permito o acesso e com olhar soberbo a humilho frente à platéia que espera a vez de passar pela revista para acessar o evento com a presença do presidente da República. Tenho poder de julgar, esnobar e colocá-la no seu devido lugar. Tenho o poder de poder oprimir deste lugar em que estou, vestida e investida de autoridade.
Cumpri todas as formalidades de quem acessa ao evento. Entrei na fila, esperei minha vez para buscar meu pin de acesso às cadeiras de deputados(as). A única regalia para nós deputadas é não passar pela revista da bolsa e sabe-se como é uma bolsa de mulher... Aliás, hoje quando vou ao Banco também deixo minha bolsa nos armários que ficam do lado de fora. É sempre catastrófico, chaves, celulares, moedas, sombrinha... e a porta eletrônica a trancar e apitar. Eis a mulher que me olhou de cima e me ouviu dizer as palavras inacreditáveis, em tom baixo quase coloquial: “Sou deputada federal”. Ao que ela me interpelou severa: “A senhora, deputada!!!???... Eu nunca lhe vi nos eventos presidenciais!” Calmamente respondi: “A senhora não é obrigada a conhecer os 513 deputados e deputadas, mas como pessoa do cerimonial deveria olhar para minha lapela e reconhecer meu broche de deputada, cartão de visitas aqui e em qualquer ministério”. Ao que me respondeu com grande autoridade: “Sou do cerimonial da presidência”. Ao que respondi: “Vou procurar o responsável pelo cerimonial”. Fui, e ela de longe me olhava com desprezo. Depois descobri que era terceirizada, o que é secundário pelo que o feito revela.
Sei que hoje uma parlamentar que zela por ser séria tem que enfrentar desprezo e zombarias por causa dos que não se comportam com ética, e porque em regra tudo acaba em pizza (ou panetone). É doloroso, porém, esse sentimento generalizado contra os políticos, uma vez que boa parte dos que se elegem são pessoas sérias. Mas a secular discriminação racial e social contra aqueles que foram oprimidos e seus descendentes, ainda mais por quem tem a tarefa de recepcionar na República, é muito mais dolorosa. É intolerável. É de chorar, como chorei copiosamente depois.
A cerimônia, com a presença do presidente Lula, governador e prefeito do Rio, ministros da Justiça, Esporte, Turismo e da Casa Civil, era para apresentar mais um passo num novo paradigma de segurança pública, um avanço para a categoria policial militar, que através da Bolsa Copa e da Bolsa Olímpica trará capacitação e aumento do soldo dos profissionais de segurança e bombeiros envolvidos nas operações de segurança nas sedes dos dois eventos esportivos. Certamente fará parte da capacitação dos agentes de segurança destacar a chaga da discriminação racial no Brasil e os caminhos para evitá-la.
Nós, negros e negras do Brasil, temos o direito à visibilidade e ao respeito em qualquer lugar. Chega de julgamentos sumários, negados quando se exerce o direito de defesa, mas reiterados pelo silencioso e frio olhar seguinte. Chega de ter que fazer sincretismos para sermos aceitos pela casa grande. Chega de invisibilidade forçada.
Acreditem, somos menos de 5% de deputados e deputadas federais negros. É hora de o Senado aprovar o Estatuto da Igualdade Racial, que teve que ser muito atenuado para passar na Câmara. É hora de uma nova educação para aplicar o princípio constitucional de que todos somos iguais. É hora de não se conformar, de protestar em cada caso, num mutirão prático-educativo assumido por dezenas de milhões de negros e negras. Lembrar que assim como lugar de operário também é na presidência da República, nos ministérios, no Parlamento, o lugar do negro e da negra é em qualquer lugar de poder: na política, na administração, no judiciário... A maioria da nação, negros e negras, quer a visibilidade a que tem direito. E, por suposto, quer respeito."
*Janete Rocha Pietá
Mulher e militante negra, política fundadora do PT e atualmente deputada federal pelo PT-SP
Matéria do site PÁTRIA LATINA
sábado, 30 de janeiro de 2010
Ato Tresloucado
Feliz é a lâmpada do quarto
mesmo quando queima
morre feliz.
Nem fumaça
nem barulho.
Enraiveço.
Quebro o interruptor de plástico.
Lúdica é a lâmpada do quarto.
Brinca com minha ira.
Silenciosa,
do alto do teto,
manda-me um beijo.
Pego meu tênis,
o mais sujo,
lanço-lhe ao focinho.
Agora sim,
uma tragédia:
vapor de mercúrio
dentro dos meus olhos.
mesmo quando queima
morre feliz.
Nem fumaça
nem barulho.
Enraiveço.
Quebro o interruptor de plástico.
Lúdica é a lâmpada do quarto.
Brinca com minha ira.
Silenciosa,
do alto do teto,
manda-me um beijo.
Pego meu tênis,
o mais sujo,
lanço-lhe ao focinho.
Agora sim,
uma tragédia:
vapor de mercúrio
dentro dos meus olhos.
A farsa da romaria e as chamas do Caldeirão
Por Alexandre Lucas*
A experiência do Caldeirão baseada na partilha da produção e na religiosidade popular merece o resgate histórico sem a maquiagem das elites e da Igreja Católica.
As vésperas de completar 73 anos do massacre ocorrido na sitio Caldeirão no Crato pelo Exército e pelo Policia Militar do Ceará, com o apoio das elites e da Diocese. Pouco se sabe sobre a história e as atrocidades cometidas contra homens, mulheres, crianças e idosos que almejavam desfrutar da terra que um dia inventaram de cercar.
O Caldeirão foi um exemplo de utopia possível. Em poucos anos cresceu a população da comunidade, chegando a cerca de dois mil habitantes. Camponeses advindos de diversas localidades e fugindo da exploração latifundiária acreditavam que a comunidade do Caldeirão era terra da prosperidade.
Uma comunidade auto-sustentável na qual seguia a lógica socialista de produção social e apropriação coletiva, ou seja, tudo que era produzido passava pela divisão.
Uma terra “emprestada” pelo Padre Cícero, ao Beato José Lourenço e a sua comunidade serviu do pão de esperança e fraternidade, mas após morte do padim, a terra foi requerida pelo uso da força e a pedidos dos salesianos. Vale destacar que quase todos os bens do Padre Cícero foram doados em testamento para Congregação dos Salesianos.
Qual a ameaça que essa comunidade representava para a Igreja Católica e para os latifundiários? A quem interessava a destruição sangrenta destes camponeses? É bem verdade que a história nos aponta algumas pistas, uma delas é a ameaça a propriedade privada. Em Canudos ou na Guerrilha do Araguaia o massacre ocorreu em defesa dos poderosos, sejam eles, os donos das terras e das fabricas ou dos comerciantes da fé.
A revitalização do Caldeirão proposta pelo Governo do Estado em parceria com o Governo Municipal do Crato deve passar pelo resgate histórico e pela garantia de sustentabilidade e da melhoria das condições de vida da população do local, o que deve inclui a valorosa experiência de resistência dos camponeses do Assentamento 10 de Abril e a historiografia dos índios Kariri que residem nas terras próximas ao Caldeirão e que tem histórias semelhantes, a idéia de poder cultivar e manter o meio ambiente como forma de sobrevivência e comunhão.
O povo brasileiro tem o direito a memória e a verdade dos fatos. Neste sentido é preciso não camuflar, nem permitir a hipocrisia como lençol da história. A verdade não pode ser apagada em romarias, como vem ocorrendo nos últimos anos. É preciso fazer uma leitura crítica, pois ainda podemos escutar os gritos dos cristãos que morreram inocentemente por fazerem do discurso uma pratica.
Pela abertura irrestrita de todos os arquivos do Caldeirão e pelo direito a verdade dos fatos!
*Coordenador do Coletivo Camaradas, pedagogo e artista/educador
CONVITE
A Secretaria de Cultura da Prefeitura Municipal de Juazeiro do Norte, convida V. Sa. para participar do 1º Encontro de Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas da Região Metropolitana do Cariri, no dia 04 de fevereiro do corrente ano, às 8h00, no Teatro Municipal Marquise Branca, com a seguinte programação:
8h00-Café da Manhã
8h30-Abertura.
8h50-Palestra: Registros de trabalhos literários na Biblioteca Nacional, ficha catalográfica, direitos autorais entre outros esclarecimentos para a área. Palestrante: Renato Casimiro.
9h30-Palestra: Centenário de Juazeiro do Norte. Palestrante: Daniel Walker
10h20-Reunião de grupos para debate em dois eixos:
a) Participação dos Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas na elaboração do Plano Municipal de Cultura.
b) Participação do segmento nos Festejos do Centenário de Juazeiro do Norte.
Atenciosamente
Glória Maria Ramos Tavares
Secretária de Cultura de Juazeiro do Norte
Franco Barbosa
Gerência de Literatura
Hugo Rodrigues
Presidente do ICVC
8h00-Café da Manhã
8h30-Abertura.
8h50-Palestra: Registros de trabalhos literários na Biblioteca Nacional, ficha catalográfica, direitos autorais entre outros esclarecimentos para a área. Palestrante: Renato Casimiro.
9h30-Palestra: Centenário de Juazeiro do Norte. Palestrante: Daniel Walker
10h20-Reunião de grupos para debate em dois eixos:
a) Participação dos Escritores, Poetas, Cordelistas e Repentistas na elaboração do Plano Municipal de Cultura.
b) Participação do segmento nos Festejos do Centenário de Juazeiro do Norte.
Atenciosamente
Glória Maria Ramos Tavares
Secretária de Cultura de Juazeiro do Norte
Franco Barbosa
Gerência de Literatura
Hugo Rodrigues
Presidente do ICVC
Encontro hoje a noite em Crato dará início a um intercâmbio cultural entre Crato e Sergipe
Numa iniciativa vitoriosa do jornalista Jurandy Temóteo será realizado hoje à noite – às 19h30m – no cine Teatro Salviano Arraes Saraiva um encontro para definir o início de um intercâmbio cultural entre o município de Crato e o Estado de Sergipe.
O evento é resultado de uma parceria entre a revista “A Província” - Departamento Histórico Diocesano Padre Antônio Gomes de Araújo, da Diocese de Crato - Secretaria de Cultura de Crato.
Para presidir o evento chegou ontem a Crato o advogado, historiador e escritor Luiz Eduardo Alves de Oliva, presidente da Imprensa Oficial do Estado de Sergipe, membro do Instituto Histórico e Geográfico daquele estado e vice-presidente da Associação Brasileira de Imprensas Oficiais.
Também veio de Cuiabá – para participar do encontro– o advogado, professor, escritor, historiador e jornalista cratense Pedro Rocha Jucá, membro da Academia Matrogrossense de Letras e diretor por vinte e cinco anos do jornal “O Estado de Mato Grosso”.
É pensamento do Dr. Luiz Eduardo Oliva reeditar o livro “As quatro sergipanas”, do Mons. Francisco Holanda Montenegro, numa edição para distribuição entre as entidades educacional-culturais do Brasil.
Como é do conhecimento geral, muitos dos primeiros desbravadores da região do Cariri, que aqui chegaram no início do século dezoito, eram oriundos da província de Sergipe, conforme ficou amplamente provado no livro “As quatro sergipanas’, fruto de pesquisas feitas pelo saudoso monsenhor Francisco Holanda Montenegro, cuja primeira edição encontra-se esgotada.
O meritório trabalho do Monsenhor Francisco Holanda Montenegro foi fruto de muita paciência e muito amor, pois ele compulsou documentos, alinhou fatos, buscando as raízes mais longínquas dentro de um dos ramos mais difíceis da história: a genealogia. devemos a ele um dos melhores tratados sobre as linhagens das “gens caririenses”.
Todos estão convidados para o evento:
Data: Neste sábado, 30 de janeiro de 2010
Horário: 19:30h
Local: Teatro Municipal Salviano Arraes
Calçadão da Rua José de Alencar - Crato
O meritório trabalho do Monsenhor Francisco Holanda Montenegro foi fruto de muita paciência e muito amor, pois ele compulsou documentos, alinhou fatos, buscando as raízes mais longínquas dentro de um dos ramos mais difíceis da história: a genealogia. devemos a ele um dos melhores tratados sobre as linhagens das “gens caririenses”.
Todos estão convidados para o evento:
Data: Neste sábado, 30 de janeiro de 2010
Horário: 19:30h
Local: Teatro Municipal Salviano Arraes
Calçadão da Rua José de Alencar - Crato
Texto: Armando Lopes Rafael
É HOJE no SESC Crato - Pachelly Jamacaru e convidados.
SHOW: Pachelly Jamacari no SESC Crato - Hoje, Dia 30 de Janeiro
Entrada Franca
Um show imperdível acontece hoje no SESC crato, do músico Pachelly jamacaru, na minha opinião, o maior compositor popular do Cariri e talvez do Nordeste. Unindo estilos diversos a la Caetano Veloso, Gilberto Gil, Pachelly jamacaru possui um arsenal de mais de 300 composições. No show de hoje, temas já consagrados e novas canções. A banda, de primeira qualidade, reúne alguns dos maiores músicos do Cariri.
Conto com a presença de todos vocês! Estaremos lá...
Dihelson Mendonça
sexta-feira, 29 de janeiro de 2010
Quirinos
“ Porque eu vim pôr em dissensão
o homem contra seu pai, a filha
contra sua mãe, e a nora contra sua
sogra; e assim os inimigos do homem
serão os da sua própria casa.”
Matheus 10:35-36
o homem contra seu pai, a filha
contra sua mãe, e a nora contra sua
sogra; e assim os inimigos do homem
serão os da sua própria casa.”
Matheus 10:35-36
--- Padre Quirino foi arrastado para o hospício!
Esta notícia estapafúrdia ecoou na praça principal de Matozinho e, como um eco, reverberou por toda a cidade. Difícil acreditar numa loucura daquele tamanho. A reação da mor parte das pessoas era de total incredulidade , só podia ser mais uma fofoca de D. Filó, injetando veneno mundo a fora como uma cascavel de quinze guizos! Aos poucos, no entanto, as diversas versões da história foram confluindo para um ponto comum e -- aparadas as rebarbas e os penduricalhos acrescentados, de língua a língua -- , a notícia, infelizmente, procedia. Há de se convir que , na verdade, parecia muito improvável o ocorrido. Primeiro pela personagem ímpar que era o Padre Quirino, uma figura séria, compenetrada e que, a maior parte da vida, sempre fora mais cérebro que coração. Depois, pela fonte original, bem pouco fidedigna: Fubuia. Ele havia sido a única testemunha do fato ocorrido. Buscando, madrugada a dentro, uma bodega renitente que ainda lhe desse abrigo, testemunhara o fato: o padre retirado à força da casa Paroquial, enfronhado numa camisa de força, sendo arrastado para dentro de uma ambulância, por vários homens : alguns vestidos de branco e outros metidos numas batinas pretas. Confirmada a aparente história fantasiosa de Fubuia, a Vila caiu numa consternação profunda. Haviam aprendido a amar os dois padres Quirinos que viveram em Matozinho. Dois Quirinos? Que história mais atrapalhada é essa? Bem, paciência, vamos explicar detalhadamente, antes que vocês resolvam também meter este escritor no mesmo manicômio.
Pasmem leitores! Apesar do nome esdrúxulo , Matozinho conheceu dois padres Quirinos. Por incrível que possa parecer, para embananar ainda mais a história, estes dois quirinos eram, na verdade, uma só pessoa. Sei que parece coisa da Santíssima Trindade, mas vamos esclarecer definitivamente as coisas. Uns quinze anos antes do fato , o triste desenlace testemunhado por Fubuia, chega a Matozinho o Padre Quirino , recém ordenado e assumiu o cargo de pároco da cidade. Sério, rabugento, o pastor controlava seu rebanho com mão de ferro. Apesar da pouca idade, formara-se à luz da igreja alemã. Impingia penitências homéricas aos confidentes, não dava comunhão a mulheres vestidas de calça comprida ou com decotes e aos amancebados; enxotava meninos danados da igreja como se fossem vendilhões do templo. Nos sermões, pregava contra a ameaça do comunismo, do protestantismo, contra o uso de camisinhas, pílulas. Tinha , por outro lado, uma opção toda especial pelos ricos. As más línguas já haviam observado as diferenças marcantes das exéquias nos enterros de abastados e miseráveis. Segundo D. Filó, no batizado do neto do Cel Sinfrônio Arnaud, Quirino demorou tanto nas orações que quando banhou o menino já estava no tempo de crismá-lo. Politiqueiro, uniu-se ao prefeito Sinderval Bandalheira e , no período eleitoral, subia no palanque e transformava seus sermões em comícios pró-Bandalheira. Quirino cobrava ainda o dízimo dos fiéis e atrelava os serviços da paróquia à adimplência dizimal. Casamentos, missas, batizados, crisma, encomendações só para quem estivesse em dia . A paróquia parecia até um Plano de Saúde. O certo é que Quirino progrediu, contavam-se muitas fazendas já no seu nome, carro novo e várias casas alugadas na rua , pelo sacristão, comentavam serem suas. Boca-torta, o acólito, era apenas um laranja. Quirino tinha enorme prestígio junto ao bispado e à Cúria da capital. Durante dois anos, inclusive, foi enviado a Roma com fins de estudar Direito Canônico, havia propaladas histórias de que futuramente seria bispo. Durante a Ditadura Militar, Quirino fizera-se um grande informante da polícia e havia dedurado muitos estudantes, inclusive tendo sido o responsável direto pela prisão de Toinho Araguaia, um professor de história que perseguido escondeu-se na Casa de um tio em Matozinho, tenho ficado entocado até que a notícia chegou aos ouvidos de Quirino, durante a confissão de uma beata.
Os matozenses terminaram se acostumando com a fleugma quase britânica de Quirino e aprenderam a amá-lo , mesmo percebendo que no evangelho do nosso pároco, havia sido feita uma pequena correção : era mais fácil uma agulha entrar no fundo de um camelo do que um rico entrar no céu. Tanto que toda Matozinho se preocupou muito quando soube do acidente ocorrido com Quirino, quando seu carro sobrou numa curva, próximo à capital. Foram mais de três meses de orações pelo restabelecimento do padre que passara mais de um mês , em coma, na UTI . A vila só respirou aliviada quando soube que Quirino, uns seis meses depois do capotamento, estava voltando à sua paróquia.
Matozinho recebeu-o em festa, com retreta de banda cabaçal e salva de fogos de Juvenal fogueteiro. Só passada uma semana é que descobriu a verdade: o pároco era novo, se tratava do mesmo, mas de um outro : o segundo Quirino. A pancada no toitiço mudara o homem. Chegou bem mais liberal. Acabou com as restrições às vestimentas das mulheres e às brincadeiras dos meninos na missa. Passou a combater, abertamente, os maus políticos e a denunciá-los no púlpito. Nos sermões, pregava a igualdade entre os homens e que havendo amor, tudo era permitido. Casar mais de uma vez , por que não? Deus não haveria de desejar a infelicidade eterna de ninguém. Casar pessoas do mesmo sexo? Por que não? O amor é que importa, dizia ele, todos fomos feitos à imagem e semelhança do Criador e o amor pleno não tem limites , nem fronteiras de qualquer tipo. Os casais deviam determinar eles próprios o número suficiente de filhos para criá-los dignamente, assegurava. Passou, também, a viver, abertamente, com uma religiosa: Irmã Jovelina. O celibato era contra a natureza de Deus, ele dizia, apenas uma invenção para manter o patrimônio da Igreja. Se Deus quisesse o homem sozinho não teria extirpado aquela abençoada costela de Adão. Buscou ainda uma grande aproximação com outras igrejas da Vila, principalmente os kardecistas, a umbanda, os evangélicos. Quirino falava que todos trilhavam caminhos diferentes, a procura do mesmo objetivo e que, portanto, tinham que ter uma convivência fraterna . Quirino II ensinava aos fiéis a se relacionarem diretamente com o Criador: Deus está em tudo , meus filhos, na montanha, na pedra, no rio, na árvore, em vocês próprios, em tudo existe um templo montado para a celebração e adoração do divino. Ninguém precisa de intermediários! Quirino doou todos os seus bens aos pobres e miseráveis e citava Matheus : “ Não vos provereis de ouro, nem de prata, nem de cobre, em vossos cintos; nem de alforje para o caminho, nem de duas túnicas, nem de alparcas, nem de bordão; porque digno é o trabalhador do seu alimento.”
Consta que após a brusca transformação em de Quirino II , a Diocese mandou alguns padres para investigar a sua estranha conduta. Os matozenses, se aprenderam a amar o Quirino I, passaram à adoração ao Quirino II. Ainda hoje lembram quando em pleno sermão da Missa do Galo, ele prometeu que na semana seguinte iria ao Cartório passar um imenso terreno da sua igreja para o assentamento de mais de cem famílias da Serra da Jurumenha. Elas viviam como posseiros, miseravelmente. Dois dias depois, coincidentemente, Fubuia, testemunhou quando o arrastaram para o manicômio, sob a justificativa de que endoidara de vez.
O certo é que não mais se teve notícia do Padre Quirino. Alguns dizem que ainda se encontra interno num manicômio da capital; outros sustentam que não resistiu ao tratamento e já deixou o mundo dos vivos. Fubuia , no entanto, mantém sua própria versão. Naquele dia mesmo, uma luz fortíssima envolveu toda a ambulância, na saída da cidade e Padre Quirino , como Elias, alçou vôo aos céus, numa grande carruagem de fogo.
J. Flávio Vieira
Raimundo de Oliveira Borges - Por Emerson Monteiro
Isso que dizem de ser a vida humana mera fagulha ao vento exige comprovação, sobretudo diante da existência deste amigo, Raimundo de Oliveira Borges, que ora demonstra de perto a experiência firme de viver durante cem anos uma idade plena de realizações. Ele, sim, pode falar do existir e contar da tradição e da peleja de três gerações sucessivas que testemunha com fidelidade e coragem.
Escritor emérito, publicou mais de uma dúzia de livros. Advogado e professor, marcou de jeito indelével a consciência das centenas de alunos, dentre os quais sou, com satisfação, um deles. Tribuno de rara qualidade, porfiou no júri, praticando fala rica, profícua, no êxito de momentosos processos. Líder comunitário, efetivou importantes funções, em Crato, havendo exercido a direção das Faculdades de Filosofia, de Direito e de Ciências Econômicas. Presidente do Instituto Cultural do Cariri, sobreviveu a nossa simpática academia de letras numa fase das mais dificultosas, quando ao seu lado estive. Se bem que cabe, ainda, considerar o seu desempenho virtuoso de pai extremado, fino de trato e humor, tranqüilo, de espírito desarmado, palestrante versado na melhor literatura, poeta dotado de sensibilidade, pessoa exemplar, afeita sob os princípios dignos e imprescindíveis da civilização que usinou durante todo tempo, conhecendo a história do povo, bem relacionado, cordial e valoroso paladino das causas essenciais, na prática política e nos penhores da liberdade consciente.
Doutor Borges, por tudo isto e outros predicados, marca a sociedade cearense interiorana com personalidade ímpar de quem merece privar o convívio honrado e fértil dos justos. Elencar qualidades que lhe são de dever torna-se tarefa leve, aos moldes do estilo e da pena que maneja no exercício da escrita, por meio dos livros que subscreve, dotados de emoção, memórias produzidas no fogo da responsabilidade social que a isto se obrigou exercitar.
Eu, ainda menino, tomei conhecimento de seu talento através dos júris que, na década de 60, de comum, eram retransmitidos através dos microfones da Rádio Araripe de Crato. Admirado, ouvia seus discursos deveras impressionantes, tanto pela cultura vasta, quanto pela facilidade na argumentação, demonstrações de sapiência jurídica e ilustre universalidade. Fora eleito orador da sua turma de 1937, na Faculdade de Direito do Ceará, contemporâneo de figuras destacadas na vida pública posterior do nosso Estado.
Instalou-se em Crato desde 1942 e aqui até hoje permanece conquistando espaço próprio, ao lado da gente boa, ordeira e laboriosa deste lugar abençoado.
No dia 02 de julho do corrente ano de 2007, época exata do transcurso de um século de sua vida, o doutor Raimundo de Oliveira Borges se nos afigura querido em face de todos os que lhe privam da convivência, ele que representa, em breves traços, um desses personagens inesquecíveis e marcantes dos romances imortais, ricos dos atributos puros e sublimes das almas vitoriosas.
P. S. EM 28 DE JANEIRO DE 2010: Ser humano de reconhecida capacidade para a concretização dos seus ideais. Profissional de sucesso como advogado, administrador de instituições universitárias, professor, escritor, intelectual, líder comunitário, pai de família. Em tudo desenvolveu raros modelos de exemplares conquistas. Sempre jovial, bem humorado, otimista, alegre, laborioso, amigo, dotado de sentimentos benfazejos, valiosos, Raimundo de Oliveira Borges significou dignidade para sua geração e passa à história cearense qual pessoa de ricas e nobres virtudes.
Escritor emérito, publicou mais de uma dúzia de livros. Advogado e professor, marcou de jeito indelével a consciência das centenas de alunos, dentre os quais sou, com satisfação, um deles. Tribuno de rara qualidade, porfiou no júri, praticando fala rica, profícua, no êxito de momentosos processos. Líder comunitário, efetivou importantes funções, em Crato, havendo exercido a direção das Faculdades de Filosofia, de Direito e de Ciências Econômicas. Presidente do Instituto Cultural do Cariri, sobreviveu a nossa simpática academia de letras numa fase das mais dificultosas, quando ao seu lado estive. Se bem que cabe, ainda, considerar o seu desempenho virtuoso de pai extremado, fino de trato e humor, tranqüilo, de espírito desarmado, palestrante versado na melhor literatura, poeta dotado de sensibilidade, pessoa exemplar, afeita sob os princípios dignos e imprescindíveis da civilização que usinou durante todo tempo, conhecendo a história do povo, bem relacionado, cordial e valoroso paladino das causas essenciais, na prática política e nos penhores da liberdade consciente.
Doutor Borges, por tudo isto e outros predicados, marca a sociedade cearense interiorana com personalidade ímpar de quem merece privar o convívio honrado e fértil dos justos. Elencar qualidades que lhe são de dever torna-se tarefa leve, aos moldes do estilo e da pena que maneja no exercício da escrita, por meio dos livros que subscreve, dotados de emoção, memórias produzidas no fogo da responsabilidade social que a isto se obrigou exercitar.
Eu, ainda menino, tomei conhecimento de seu talento através dos júris que, na década de 60, de comum, eram retransmitidos através dos microfones da Rádio Araripe de Crato. Admirado, ouvia seus discursos deveras impressionantes, tanto pela cultura vasta, quanto pela facilidade na argumentação, demonstrações de sapiência jurídica e ilustre universalidade. Fora eleito orador da sua turma de 1937, na Faculdade de Direito do Ceará, contemporâneo de figuras destacadas na vida pública posterior do nosso Estado.
Instalou-se em Crato desde 1942 e aqui até hoje permanece conquistando espaço próprio, ao lado da gente boa, ordeira e laboriosa deste lugar abençoado.
No dia 02 de julho do corrente ano de 2007, época exata do transcurso de um século de sua vida, o doutor Raimundo de Oliveira Borges se nos afigura querido em face de todos os que lhe privam da convivência, ele que representa, em breves traços, um desses personagens inesquecíveis e marcantes dos romances imortais, ricos dos atributos puros e sublimes das almas vitoriosas.
P. S. EM 28 DE JANEIRO DE 2010: Ser humano de reconhecida capacidade para a concretização dos seus ideais. Profissional de sucesso como advogado, administrador de instituições universitárias, professor, escritor, intelectual, líder comunitário, pai de família. Em tudo desenvolveu raros modelos de exemplares conquistas. Sempre jovial, bem humorado, otimista, alegre, laborioso, amigo, dotado de sentimentos benfazejos, valiosos, Raimundo de Oliveira Borges significou dignidade para sua geração e passa à história cearense qual pessoa de ricas e nobres virtudes.
1984:PARA LUPEU...NO OLHAR DA LUPA-WILSON BERNARDO.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
Adeus a Salinger
28/01/2010 - 16h13
Morre o escritor J.D. Salinger aos 91 anos
Morre o escritor J.D. Salinger aos 91 anos
de "O Apanhador no Campo de Centeio", aos 44 anos
Recluso havia muitos anos, o escritor não dava entrevistas desde 1980 nem se deixava fotografar.
O seu livro mais conhecido, "O Apanhador no Campo de Centeio", foi lançado em 1951, quando ele tinha 32 anos.
O personagem principal do livro, o adolescente Holden Caufield, se tornou símbolo da geração de jovens do pós-guerra.
A obra foi um sucesso mundial, e vendeu mais de 60 milhões de cópias em todo o globo.
O anúncio da morte foi feito pelo filho do autor, a partir de um comunicado emitido pelo representante literário de Salinger, nesta quinta-feira.
Quatro décadas sem publicar
Jerome David Salinger completou 91 anos no último dia 1º. Ele estava sem publicar um trabalho havia mais de quatro décadas.
"Amo escrever", disse Salinger em 1974, em uma de suas raras entrevistas, ao jornal "The New York Times". "Mas, só escrevo para mim mesmo e para o meu prazer."
O último trabalho literário publicado assinado por ele foi "Hapworth 16, 1924", em junho de 1965.
O autor, filho de um judeu importador de queijos kosher e de uma escocesa-irlandesa que se converteu ao judaísmo, cresceu em um apartamento da Park Avenue, em Manhattan, estudou durante três anos na Academia Militar de Valley Forge e em 1939, pouco antes de ser enviado à guerra, estudou contos na Universidade de Columbia.
Durante a Segunda Guerra Mundial ele se alistou na infantaria, e esteve envolvido com a invasão da Normandia. Os companheiros de exército de Salinger o consideravam corajoso, um verdadeiro herói.
Em relação a outros escritores, Salinger classificou Ernest Hemingway (1899-1961), que conheceu em Paris, e John Steinbeck (1902-1968) como de segunda categoria, mas expressou sua admiração por Herman Melville (1819-1891).
Em 1945, Salinger casou-se com uma médica francesa chamada Sylvia, de quem se divorciou e, em 1955, casou-se com Claire Douglas, união que também terminou em divórcio em 1967, quando se acentuou a reclusão do escritor em seu mundo privado e seu interesse pelo budismo zen.
Os primeiros contos de Salinger foram publicados em revistas como "Story", "Saturday Evening Post", "Esquire" e "The New Yorker" na década de 1940, e o primeiro romance "O Apanhador no Campo de Centeio" transformou-se imediatamente em sucesso e lhe consagrou aos olhos da crítica internacional.
A fama, no entanto, provocou em Salinger a aversão à vida pública, a rejeição à entrevistas e à invasão de sua vida privada que se mantém até hoje.
Coleção de contos "Nove Histórias", "Franny & Zooey" e "Carpinteiros, Levantai Bem Alto a Cumeeira".
Faleceu Dr. Raimundo de Oliveira Borges aos 102 anos
Dr. Raimundo de Oliveira Borges (centro) ao lado do ex-governador do Ceará Lúcio Alcântara e do vice-prefeito do Crato Raimundo Filho (foto: Dihelson Mendonça)
Faleceu ontem, 27 de Janeiro, em Crato, o advogado, intelectual e escritor, Raimundo de Oliveira Borges. Foi, assim, um dia de dor e tristeza para toda a comunidade caririense. Dr. Raimundo Borges foi sempre um apaixonado defensor das causas da cidade do Crato e da região do Cariri, além de ser um dos maiores juristas Brasileiros aqui na cidade do Crato. O corpo de Dr. Raimundo de Oliveira Borges estar sendo velado no Campus do Pimenta da Universidade Regional do Cariri, da qual foi um dos benfeitores, visto ter sido diretor da Faculdade de Filosofia do Crato, embrião da URCA, e fundador dos cursos de Direito e Ciências Econômicas, hoje integrantes dessa instituição de ensino superior. O enterro dessa ilustre personalidade estar previsto para as 16 horas desta quinta-feira, 28 de janeiro. A opinião pública de todo o Cariri lamenta profundamente essa perda, especialmente pelo grande homem que foi e pela falta que ele fará a toda região. Raimundo Borges manteve-se lúcido e profícuo até o fim. Ele foi ainda fundador e presidente do Instituto Cultural do Cariri e presidente do Rotary Club do Crato.
DADOS BIOGRÁFICOS
Raimundo de Oliveira Borges (Caririaçu, 2 de julho de 1907), foi um jurista e escritor brasileiro.
Filho de Clemente Ferreira Borges e Maria José de Oliveira Borges. Realizou o curso primário na sua terra natal e o curso secundário no Colégio São José do Crato, Instituto Araripe Júnior, Instituto Menezes Pimentel, Liceu do Ceará, em Fortaleza e Ginásio da Bahia, em Salvador.
Foi aprovado e ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1928. Depois, transferiu seus estudos para a Faculdade de Medicina de Pernambuco, sem concluí-los. Direcionou sua atenção para a Faculdade de Direito do Ceará em 1933, tendo sido o orador da turma que colou grau em 1937.
Iniciou sua carreira profissional na função de promotor de justiça nas comarcas de Tauá, Missão Velha e Crato. Depois se afastou do Ministério Público e começou a exercer a advocacia.
Na Câmara do Crato foi vereador e alcançou a suplência de deputado estadual pelo antigo PSP. É cidadão honorário do Crato desde 1975.
Obras
Crime de Injúria verbal (1945)
Interdito Probitório (1963)
A Eloqüência e o Direito (1963)
A Cidade do Crato (1980)
Monsenhor Doutor Eugênio Veiga (1974)
Serra de São Pedro, esboço histórico (1983)
Memórias, fragmentos de minha vida (1988)
A presença de Euclides da Cunha na nossa história (1962)
Visita de Nossa Senhora de Fátima a Caririaçu
A Árvore Amiga (1995)
Euclides da Cunha e a Unidade Nacional
O Coronel Belém do Crato, um injustiçado
Eles e Eu, mensagens gratificantes
O Engenho Taquari
Síntese Histórica da Câmara Municipal de Caririaçu
O Crato Intelectual
Memória Histórica da Comarca do Crato
O Padre Cícero e a Educação em Juazeiro
Clemente Ferreira Borges, Meu Pai
Discursos Acadêmicos
Árvore Genealógica da Família Borges
Os Bispos do Crato, Relembranças Inesquecíveis
Meditações e Saudades
Reminiscências, o Meu Itinerário (2007)
Bibliografia
BORGES, Raimundo de Oliveira. Eles e Eu. Crato: Gráfica Universitária, 1995. pp. 65. 1 v.
Fonte: Wikipédia
Faleceu ontem, 27 de Janeiro, em Crato, o advogado, intelectual e escritor, Raimundo de Oliveira Borges. Foi, assim, um dia de dor e tristeza para toda a comunidade caririense. Dr. Raimundo Borges foi sempre um apaixonado defensor das causas da cidade do Crato e da região do Cariri, além de ser um dos maiores juristas Brasileiros aqui na cidade do Crato. O corpo de Dr. Raimundo de Oliveira Borges estar sendo velado no Campus do Pimenta da Universidade Regional do Cariri, da qual foi um dos benfeitores, visto ter sido diretor da Faculdade de Filosofia do Crato, embrião da URCA, e fundador dos cursos de Direito e Ciências Econômicas, hoje integrantes dessa instituição de ensino superior. O enterro dessa ilustre personalidade estar previsto para as 16 horas desta quinta-feira, 28 de janeiro. A opinião pública de todo o Cariri lamenta profundamente essa perda, especialmente pelo grande homem que foi e pela falta que ele fará a toda região. Raimundo Borges manteve-se lúcido e profícuo até o fim. Ele foi ainda fundador e presidente do Instituto Cultural do Cariri e presidente do Rotary Club do Crato.
DADOS BIOGRÁFICOS
Raimundo de Oliveira Borges (Caririaçu, 2 de julho de 1907), foi um jurista e escritor brasileiro.
Filho de Clemente Ferreira Borges e Maria José de Oliveira Borges. Realizou o curso primário na sua terra natal e o curso secundário no Colégio São José do Crato, Instituto Araripe Júnior, Instituto Menezes Pimentel, Liceu do Ceará, em Fortaleza e Ginásio da Bahia, em Salvador.
Foi aprovado e ingressou na Faculdade de Medicina da Bahia em 1928. Depois, transferiu seus estudos para a Faculdade de Medicina de Pernambuco, sem concluí-los. Direcionou sua atenção para a Faculdade de Direito do Ceará em 1933, tendo sido o orador da turma que colou grau em 1937.
Iniciou sua carreira profissional na função de promotor de justiça nas comarcas de Tauá, Missão Velha e Crato. Depois se afastou do Ministério Público e começou a exercer a advocacia.
Na Câmara do Crato foi vereador e alcançou a suplência de deputado estadual pelo antigo PSP. É cidadão honorário do Crato desde 1975.
Obras
Crime de Injúria verbal (1945)
Interdito Probitório (1963)
A Eloqüência e o Direito (1963)
A Cidade do Crato (1980)
Monsenhor Doutor Eugênio Veiga (1974)
Serra de São Pedro, esboço histórico (1983)
Memórias, fragmentos de minha vida (1988)
A presença de Euclides da Cunha na nossa história (1962)
Visita de Nossa Senhora de Fátima a Caririaçu
A Árvore Amiga (1995)
Euclides da Cunha e a Unidade Nacional
O Coronel Belém do Crato, um injustiçado
Eles e Eu, mensagens gratificantes
O Engenho Taquari
Síntese Histórica da Câmara Municipal de Caririaçu
O Crato Intelectual
Memória Histórica da Comarca do Crato
O Padre Cícero e a Educação em Juazeiro
Clemente Ferreira Borges, Meu Pai
Discursos Acadêmicos
Árvore Genealógica da Família Borges
Os Bispos do Crato, Relembranças Inesquecíveis
Meditações e Saudades
Reminiscências, o Meu Itinerário (2007)
Bibliografia
BORGES, Raimundo de Oliveira. Eles e Eu. Crato: Gráfica Universitária, 1995. pp. 65. 1 v.
Fonte: Wikipédia
Programa Cariri Encantado entrevistará Lupeu Lacerda
Lupeu Lacerda, poeta, ex-carteiro e ex-crooner do Fator RH, pioneira banda de rock caririense, está de férias na região (ele reside em Juazeiro da Bahia há um tempão). E Lupeu na área é sinônimo de farra e curtição. Portanto, o convite para ele ser entrevistado no programa Cariri Encantado é inevitável. Nesta sexta, 29 de janeiro, portanto, Lupeu ao vivo no Cariri Encantado, das 14 às 15 horas, na Rádio Educadora do Cariri AM 1020, que por sinal estar totalmente renovada com novos e modernos equipamentos, com mais potencia e maior qualidade. O programa também é transmitido pela Internet através do blogue cratinho.blogspot.com. Apresentação de Luiz Carlos Salatiel e Carlos Rafael Dias e participação especial de Huberto Cabral, que fará uma homenagem ao maestro padre David Moreira, cujo aniversário de nascimento transcorreu no último dia 18. Para quem não sabe, padre David Moreira é irmão do monsenhor Ágio Moreira, fundador da Orquestra Padre David Moreira, da Sociedade Lírica do Belmonte, localizada no Crato.
Se ligue!
Se ligue!
Os meios acadêmico, jurídico e intelectual caririenses perderam, na tarde de ontem, uma das mais ilustres e queridas figuras deste século: Dr. Raimundo de Oliveira Borges (foto).
A comunidade CaririCult expressa aqui seu sentimento de tristeza e deseja que os seus familiares tenham serenidade para superar tão irreparável perda.
O Crato é um torrãozinho de açúcar?
Lendo Contardo Caligaris na FSP entendi perfeitamente o que significa deixar sua cidade: "Tudo bem, viajei muito. Várias vezes, ao longo da vida, mudei de língua e país, mas o que importa aqui não são os acidentes de minha história. A modernidade se define pela viagem, pela decisão de não aceitar que o lugar onde nascemos seja nosso destino -por exemplo, pela vontade de deixar o campo e ir para a cidade". Muita gente faz o "movimento" contrário, permanece parado em seu torrãozinho de açúcar. Como tudo na vida deve existir vantagens e desvantagens nas duas posições. O que me irrita são os extremismos burros. Algumas pessoas acham que devemos manter, entre outras coisas, o sotaque do lugar de onde viemos como se isso fosse uma profissão de fé e não uma escolha como muitas outras. Por que não posso achar irritante certa forma de falar do lugar de onde vim? Por que não posso abominar certo padrão de comportamento muito comum, dadas as circunstâncias, do pedacinho de terra onde brotei? Desse apego irracional às raízes estou fora. Também sou contra o mimetismo impensado que alguns se submetem, por baixa auto-estima, quando vão morar num lugar maior, mais rico.
Seria muito fácil, bancar o nostálgico e o ardoroso defensor da terrinha. Os bairristas, numa terra que viveu grande parte de sua vida em disputa com o seu vizinho Juázeiro, aindam deve ser maioria entre os filhos do lugar. Lembro que como disse Samuel Johson "o patriotismo é o último refúgio dos canalhas". Bairrismo = Patriotismo. Mas uma coisa me intriga. Sempre vi relatos apaixonados de ex-moradores do Crato. E fico me perguntando será que não sou tão apaixonado assim pelo "cratim de açúcar tijolo de buriti" porque sou diabético? Pode ser. Antes que os bairristas fanáticos me chamem de traidor gostaria de dizer que acho Crato uma cidade simpática e com algum charme. Mas como o José de Drummond não posso me angustiar e querer ir para o Crato. Crato não há mais! O meu, é claro!
quarta-feira, 27 de janeiro de 2010
NOEL ROSA
Parte I
“O amor vem por princípio, a ordem por base
O progresso é que deve vir por fim
Desprezastes esta lei de Augusto Comte
E fostes ser feliz longe de mim”.
Positivismo, Noel Rosa, 1933.
Por Zé Nilton
Muito já se falou e se fala como igualmente se cantou e se canta Noel Rosa.
A atualidade de sua música se deve, a meu ver, pela expressividade das letras e seu perfeito encaixamento melódico, formando um todo bem arrumado, seja nas músicas de gozação, nas paródias ou nas de puro lirismo e seriedade. Tudo muito bem ao gosto do povo e aos ouvidos mais requintados.
Diz-se que a permanência por gerações ad eternum das músicas dos Beatles se deve ao estilo pop, letras simples e harmonia de fácil execução, embora prazerosa a todos os gostos. Em Noel é tudo isto e, por ser coisas nossas, o estilo é samba, ritmo culturalmente assimilado pelo povo.
Noel Rosa viveu pouco, mas viveu intensamente o universo musical de seu tempo. Suas raízes musicais vieram do Nordeste, com João Pernambuco e Catulo da Paixão Cearense e demais músicos chegados à Capital Federal, nos começos da década de 1920.
Suas primeiras composições estão de acordo com essa premissa, e vamos encontrar o poeta da Vila criando emboladas, cateretês e outros ritmos sertanejos, tão em voga naqueles tempos de uma cidade com profundas feições rurais.
O samba havia assumido o status de música urbana, como resultado de uma mistura de ritmos que vinha se processando deste os fins do século 19, havia pouco tempo, e a área cultural de seu domínio ficava longe, mais para o centro da cidade.
Paulatinamente Noel vai palmilhando o caminho do samba e, para tanto, muito contribuiu o Bando de Tangarás, grupo do qual fez parte, formado por músicos de outros lugares do Rio, como Almirante (Henrique Foreis Domingues), Carlos Braga (Braguinha), Henrique Brito (inventor do violão elétrico), e outros.
A partir de 1908, até a década de 1930, vários grupos musicais vão alicerçar a MPB, agregando-a valores de todas as tendências, resultando num complexo cultural de corpo e alma bem brasileiros. Um dos mais antigos era os Oito Batutas, à frente o grande Pixinguinha e seu irmão; Os Turunas Pernambucanos (comandados por Jararaca e Ratinho); os Turunas da Mauricéia (a frente Augusto Calheiros), entre outros. Os grupos iram se refazendo e muitos músicos passaram por vários deles como Donga, Pixinguinha, Heitor dos Prazeres, Caninha...
Em apenas 10 anos de total dedicação à música, à bebida, à boêmia e à falta de cuidados com sua saúde debilitada desde a infância, Noel constrói uma obra exemplar na História da Música Popular Brasileira.
Em Compositores do Brasil desta quinta, 28, no primeiro programa de uma série de três, vamos falar e ouvir Noel Rosa. No primeiro e no segundo apresentaremos suas canções e os motivos de sua inspiração; no terceiro, as músicas que ele fez para seus amores correspondidos ou não, os que lhe trouxeram alegria e sofrimento.
Abriremos a primeira sequencia com:
Minha viola – de Noel Rosa, com o Bando de Tangarás.
Nega, de Noel e João de Barro (Braguinha), com o Bando de Tangarás
Lataria – de Noel, Almirante, com o Bando de Tangarás
Com Que Roupa , de Noel Rosa, com Doris Monteiro
Malandro medroso, de Noel Rosa, com Roberto Paiava
Eu vou pra Vila, de Noel Rosa com Roberto Paiva
Gago Apaixonado - João Nogueira, de Noel Rosa
Cordiais saudações, de Noel Rosa, com Noel Rosa e o Bando de Tangarás
Até amanhã, de Noel Rosa, com Almirante
Vitória, de Noel Rosa, com Roberto Paiva
Cem mil Réis, de Noel Rosa e Vadico, Chico Buarque e Luiza Buarque
Qual foi o mal que eu te fiz, de Noel Rosa e Cartola, com Chico Alves
Positivismo, de Noel Rosa, com Noel Rosa
Filosofia, de Noel Rosa, com Chico Buarque
Quem ouvir, verá!
Programa Compositores do Brasil
Pesquisa, produção e apresentação de Zé Nilton
Todas as quintas-feiras, às 14 horas
Rádio Educadora do Cariri
Apoio. CCBN
Show no Clube dos Democráticos!
Convite show
Lançamento do cd "Cosmópolis" da Banda Sétimo Selo
A banda Sétimo Selo se apresenta no Centro Cultural BNB no IV Festival Rock Cordel lançando seu novo trabalho intitulado "Cosmópolis". O cd tem como proposta mostrar que fora das grandes metrópoles, apesar da influência uniformizadora das mesmas, existe vida e existe arte. Em outras palavras, a idéia do novo cd é mostrar que apesar da massificação imposta pela globalização, que causa alienação cultural e marginalização aos povos não "cosmopolitizados", existe toda uma cultura que precisa ser conhecida, incentivada e divulgada.
O cd já está a venda nas lojas Amilton som e Trilha Sonora na cidade de Crato.
A banda é formada por: Luis Carlos Saraiva (guitarra); Marciel Franklin (contra-baixo); Thiago Bantim (bateria); Micaelson Lacerda (voz e teclado); Manoel Botelho (guitarra).
Local: Centro Cultural BNB - Juazeiro do Norte
Dia: 28/01/2010
Horário: 18:30
Entrada franca
terça-feira, 26 de janeiro de 2010
Marcada para morrer
Marcada para morrer
Por Lúcia Rodrigues
"Geralda Magela da Fonseca, a irmã Geraldinha, pode ser a próxima vítima do terror imposto pelos latifundiários que querem impedir o avanço da reforma agrária no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país. A única plantação de alimentos que existe em Salto da Divisa é a do acampamento do MST. No restante das terras, só capim e poucos bois.
A luta pela terra no Brasil ainda representa risco de morte para quem defende sua divisão. Reforma agrária são duas palavras que quando conjugadas se tornam malditas nos rincões controlados pelo latifúndio. O poder dos coronéis é lei nesses lugares. Domina tudo: desde a política local à rádio que veicula as notícias. Tudo, absolutamente tudo, é subjugado à lógica de uma oligarquia rural que atravessou séculos intacta e permanece com praticamente a mesma força discricionária do passado.
A pequena Salto da Divisa, município localizado no nordeste mineiro do Vale do Jequitinhonha, é o exemplo gritante dessa realidade. Latifúndio e terror se conjugam contra aqueles que ousam se levantar em defesa da reforma agrária. O pavor de retaliações fez com que vários entrevistados pedissem para não ter os nomes revelados. A reportagem acatou a solicitação e decidiu atribuir nomes fi ctícios a todos os entrevistados ligados ao MST, menos a Geralda Magela da Fonseca, a irmã Geraldinha, ameaçada de morte pelo latifúndio.
A freira dominicana que vive há mais de três anos no acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Dom Luciano, onde residem 75 famílias, se transformou no alvo preferencial dos latifundiários. É dela a principal voz que se ergue para denunciar as arbitrariedades dos donos da terra na região. A atitude corajosa rendeu a ira dos que teimam em perpetuar a situação de injustiça.
Irmã Geraldinha convive há meses com o medo de ser assassinada a qualquer momento. No princípio, as ameaças chegavam pelo celular. Em um único dia, recebeu três ligações no aparelho. Do outro lado da linha, a pessoa não identifi cada transmitia sempre a mensagem de morte. O terrorismo psicológico fez com que a freira quebrasse o chip do celular. Agora poucos possuem seu novo número, e as ameaças deixaram de ser feitas por via telefônica. Chegam por companheiros que moram no acampamento e que ouvem dizer na cidade que ela está marcada para morrer.
No latifúndio brasileiro, ameaça de morte é quase a certeza de concretização. Foi assim com Chico Mendes, irmã Dorothy Stang, Margarida Maria Alves e tantos outros que tombaram na luta por justiça social no campo. Como nos outros casos, o medo não afugentou a freira da resistência aos poderosos. Apenas a fez mudar seus hábitos Irmã Geraldinha não repete, por exemplo, o pernoite no mesmo barraco. Alterna o sono em vários locais dentro do acampamento, para impedir que o inimigo invada sua casa e a torne presa fácil da morte. A reportagem de Caros Amigos acompanhou a via crucis da freira durante quatro dias. Dividiu com ela, inclusive, os mesmos barracos."
Por Lúcia Rodrigues
"Geralda Magela da Fonseca, a irmã Geraldinha, pode ser a próxima vítima do terror imposto pelos latifundiários que querem impedir o avanço da reforma agrária no Vale do Jequitinhonha, uma das regiões mais pobres do país. A única plantação de alimentos que existe em Salto da Divisa é a do acampamento do MST. No restante das terras, só capim e poucos bois.
A luta pela terra no Brasil ainda representa risco de morte para quem defende sua divisão. Reforma agrária são duas palavras que quando conjugadas se tornam malditas nos rincões controlados pelo latifúndio. O poder dos coronéis é lei nesses lugares. Domina tudo: desde a política local à rádio que veicula as notícias. Tudo, absolutamente tudo, é subjugado à lógica de uma oligarquia rural que atravessou séculos intacta e permanece com praticamente a mesma força discricionária do passado.
A pequena Salto da Divisa, município localizado no nordeste mineiro do Vale do Jequitinhonha, é o exemplo gritante dessa realidade. Latifúndio e terror se conjugam contra aqueles que ousam se levantar em defesa da reforma agrária. O pavor de retaliações fez com que vários entrevistados pedissem para não ter os nomes revelados. A reportagem acatou a solicitação e decidiu atribuir nomes fi ctícios a todos os entrevistados ligados ao MST, menos a Geralda Magela da Fonseca, a irmã Geraldinha, ameaçada de morte pelo latifúndio.
A freira dominicana que vive há mais de três anos no acampamento do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) Dom Luciano, onde residem 75 famílias, se transformou no alvo preferencial dos latifundiários. É dela a principal voz que se ergue para denunciar as arbitrariedades dos donos da terra na região. A atitude corajosa rendeu a ira dos que teimam em perpetuar a situação de injustiça.
Irmã Geraldinha convive há meses com o medo de ser assassinada a qualquer momento. No princípio, as ameaças chegavam pelo celular. Em um único dia, recebeu três ligações no aparelho. Do outro lado da linha, a pessoa não identifi cada transmitia sempre a mensagem de morte. O terrorismo psicológico fez com que a freira quebrasse o chip do celular. Agora poucos possuem seu novo número, e as ameaças deixaram de ser feitas por via telefônica. Chegam por companheiros que moram no acampamento e que ouvem dizer na cidade que ela está marcada para morrer.
No latifúndio brasileiro, ameaça de morte é quase a certeza de concretização. Foi assim com Chico Mendes, irmã Dorothy Stang, Margarida Maria Alves e tantos outros que tombaram na luta por justiça social no campo. Como nos outros casos, o medo não afugentou a freira da resistência aos poderosos. Apenas a fez mudar seus hábitos Irmã Geraldinha não repete, por exemplo, o pernoite no mesmo barraco. Alterna o sono em vários locais dentro do acampamento, para impedir que o inimigo invada sua casa e a torne presa fácil da morte. A reportagem de Caros Amigos acompanhou a via crucis da freira durante quatro dias. Dividiu com ela, inclusive, os mesmos barracos."
lugar que não existe
Precisava de solo
e tu me deste asas.
Quando abri a porta
tu me lançaste aos olhos
pó de borboleta.
Não fiquei cego.
Ao contrário,
hoje minha vista
dobra horizontes
cruza céus.
Eu só queria paz.
E tu me forjaste um ventre
sempre bule com chá quente.
Não me faltam ancestrais
sentados à mesa
trocando estranho silêncio
nos olhares de outro mundo.
Tu és meu algoz
com pinta de bom mocinho.
Aqueles olhos penetrantes.
Aquele sinal no lábio esquerdo.
Por vez acordo ciente do meu fim,
então tu gargalhas e jogas as chaves
do quarto secreto.
"Só tens três minutos."
Eu enlouqueço:
O que posso salvar de um incêndio
em três minutos?
O primeiro desenho do meu filho?
Meus sete últimos poemas?
Tu sabes como renovar a coragem de um homem.
Como tornar sóbrio o olhar de um Lunático.
Meto-me quarto secreto adentro.
Queimo os braços, antebraços, rosto, cabelo.
Tudo que consigo é mais suor na língua.
É mais frio na nuca.
Não durmo bem,
não me alimento.
Só admirando a repentina euforia.
Tristeza em algum lugar.
e tu me deste asas.
Quando abri a porta
tu me lançaste aos olhos
pó de borboleta.
Não fiquei cego.
Ao contrário,
hoje minha vista
dobra horizontes
cruza céus.
Eu só queria paz.
E tu me forjaste um ventre
sempre bule com chá quente.
Não me faltam ancestrais
sentados à mesa
trocando estranho silêncio
nos olhares de outro mundo.
Tu és meu algoz
com pinta de bom mocinho.
Aqueles olhos penetrantes.
Aquele sinal no lábio esquerdo.
Por vez acordo ciente do meu fim,
então tu gargalhas e jogas as chaves
do quarto secreto.
"Só tens três minutos."
Eu enlouqueço:
O que posso salvar de um incêndio
em três minutos?
O primeiro desenho do meu filho?
Meus sete últimos poemas?
Tu sabes como renovar a coragem de um homem.
Como tornar sóbrio o olhar de um Lunático.
Meto-me quarto secreto adentro.
Queimo os braços, antebraços, rosto, cabelo.
Tudo que consigo é mais suor na língua.
É mais frio na nuca.
Não durmo bem,
não me alimento.
Só admirando a repentina euforia.
Tristeza em algum lugar.
Causas atuais da violência - Por Emerson Monteiro
Vive-se período extremo de criminalidade violenta, isso em todo o mundo, com ênfase nos países mais atrasados, dentre eles o Brasil e toda a América Latina. Antes, o motivo alegado se voltava para as chamadas revoluções libertárias, na época da chamada Guerra Fria.
Hoje, no entanto, qualquer motivo preenche as justificativas das convulsões sociais. Desde a delinquência juvenil até o tráfico de drogas, passando pelos chamados bolsões de pobreza e guerras tribais, lutas raciais, lugares onde o padrão da cultura humana indica descompasso de perversidade e miséria.
Houve tempo quando seria mais fácil encontrar as razões de tanta insegurança. O atraso das mentalidades, as conquistas coloniais, disputas imperialistas, domínio feudal das terras, fanatismo religioso. Tudo servia de pretexto, no decantado anseio de o homem ser lobo do próprio homem. Ou de se querer a paz e se preparar para a guerra.
Acham as autoridades que o problema se revolveria mediante a ampliação dos órgãos de segurança, aquisição de armamentos, modernização e ampliação das penitenciárias, maior remuneração dos efetivos policiais, etc., etc.
Contudo, a questão possui raízes mais profundas. Suas causas reais merecem outros detalhamentos, porquanto procedem vêm de origens as quais acumulam estudos e pouquíssimo, ou nenhum, tratamento.
Conceitos do tipo de que falta educação ao povo, que a tradição nacional dos degredados, escravos e índios, povos sem amadurecimento suficiente, formaram país esdrúxulo, por si só não justificam a famigerada violência das ruas, clima tenso em que se transformou o sonho brasileiro.
De suas causas mais evidentes cabe citar o desemprego que cresce, sem esperança de colocação para a juventude que, todo dia, chega ao mercado de trabalho; a excessiva concentração da riqueza nas mãos dos poucos de há muitos séculos donos dos bens; e a pobreza infinita da cultura de massa.
Enquanto sofre a nacionalidade esse atraso crônico de ética, moralidade e competência, responsáveis pela administração das instituições públicas, em todos os segmentos, jamais se comprometem com mudanças substanciais e inevitáveis.
Como se não bastassem ditas origens, persiste, na macro-estrutura mundial, um conceito voltado aos interesses das nações ricas que investem pesado na preservação do poder, através dos sistemas mundiais de exploração financeira. Gastam fortunas na elaboração de técnicas requintadas de manutenção da ordem injusta. Financiam sucessivos governos serviçais, nos países periféricos.
Portanto, para neutralizar o tal clima superlativo desse drama, outras atitudes cabem aos que precisam urgente se livrar das nuvens escuras dessa história burocrática, quais sejam: criatividade individual; maior comprometimento da participação coletiva, nos grupos sociais prejudicados; união das classes exploradas; e conscientização política.
Abrir o olho e ver que só a educação traz mudanças significativas, após largos esforços da sociedade e seus governantes, eis o instrumento da democracia através do voto que fala alto nestes assuntos, desde que assim pretendam os eleitores, bola da vez na decisão de cada pleito.
Hoje, no entanto, qualquer motivo preenche as justificativas das convulsões sociais. Desde a delinquência juvenil até o tráfico de drogas, passando pelos chamados bolsões de pobreza e guerras tribais, lutas raciais, lugares onde o padrão da cultura humana indica descompasso de perversidade e miséria.
Houve tempo quando seria mais fácil encontrar as razões de tanta insegurança. O atraso das mentalidades, as conquistas coloniais, disputas imperialistas, domínio feudal das terras, fanatismo religioso. Tudo servia de pretexto, no decantado anseio de o homem ser lobo do próprio homem. Ou de se querer a paz e se preparar para a guerra.
Acham as autoridades que o problema se revolveria mediante a ampliação dos órgãos de segurança, aquisição de armamentos, modernização e ampliação das penitenciárias, maior remuneração dos efetivos policiais, etc., etc.
Contudo, a questão possui raízes mais profundas. Suas causas reais merecem outros detalhamentos, porquanto procedem vêm de origens as quais acumulam estudos e pouquíssimo, ou nenhum, tratamento.
Conceitos do tipo de que falta educação ao povo, que a tradição nacional dos degredados, escravos e índios, povos sem amadurecimento suficiente, formaram país esdrúxulo, por si só não justificam a famigerada violência das ruas, clima tenso em que se transformou o sonho brasileiro.
De suas causas mais evidentes cabe citar o desemprego que cresce, sem esperança de colocação para a juventude que, todo dia, chega ao mercado de trabalho; a excessiva concentração da riqueza nas mãos dos poucos de há muitos séculos donos dos bens; e a pobreza infinita da cultura de massa.
Enquanto sofre a nacionalidade esse atraso crônico de ética, moralidade e competência, responsáveis pela administração das instituições públicas, em todos os segmentos, jamais se comprometem com mudanças substanciais e inevitáveis.
Como se não bastassem ditas origens, persiste, na macro-estrutura mundial, um conceito voltado aos interesses das nações ricas que investem pesado na preservação do poder, através dos sistemas mundiais de exploração financeira. Gastam fortunas na elaboração de técnicas requintadas de manutenção da ordem injusta. Financiam sucessivos governos serviçais, nos países periféricos.
Portanto, para neutralizar o tal clima superlativo desse drama, outras atitudes cabem aos que precisam urgente se livrar das nuvens escuras dessa história burocrática, quais sejam: criatividade individual; maior comprometimento da participação coletiva, nos grupos sociais prejudicados; união das classes exploradas; e conscientização política.
Abrir o olho e ver que só a educação traz mudanças significativas, após largos esforços da sociedade e seus governantes, eis o instrumento da democracia através do voto que fala alto nestes assuntos, desde que assim pretendam os eleitores, bola da vez na decisão de cada pleito.
seis horas
É agora
que desabo:
os ossos contra o teto
a carne na bandeja de prata.
Os sinos são todos
irmãos mais velhos
torturando o caçula.
Já não basta o longo corredor escuro?
Seis horas é um breve arrastar de chinelos
em que se deve ter muito cuidado.
Não envergar demais as asas.
Não acolher tantas lembranças.
Ninguém está a salvo
de uma artéria fraca.
As lágrimas damos um jeito.
Mas se o coração pifa é morte na certa.
que desabo:
os ossos contra o teto
a carne na bandeja de prata.
Os sinos são todos
irmãos mais velhos
torturando o caçula.
Já não basta o longo corredor escuro?
Seis horas é um breve arrastar de chinelos
em que se deve ter muito cuidado.
Não envergar demais as asas.
Não acolher tantas lembranças.
Ninguém está a salvo
de uma artéria fraca.
As lágrimas damos um jeito.
Mas se o coração pifa é morte na certa.
A HORA E A VEZ DO NOSSO FUTEBOL
Por Pedro Esmeraldo
Todos os desportistas cratenses se encontram radiantes, alegres, apresentando um quadro vibrante de contentamentos devido o bom desempenho de sua equipe no campeonato estadual da primeira divisão cearense.
Todos os desportistas cratenses se encontram radiantes, alegres, apresentando um quadro vibrante de contentamentos devido o bom desempenho de sua equipe no campeonato estadual da primeira divisão cearense.
Queira Deus que esse quadro não venha mudar de ritmo já que estamos enfrentando uma série de perseguições, causando baixo desempenho de sua equipe, pois a FCF tem como objetivo favorecer outros times em detrimento do Crato, visto que o futebol que estamos esbanjando causa desespero entre as outras equipes, fracas, incompetentes e que não apresentam um bom desempenho futebolístico. O pior é que as nossas autoridades não reagem diante desse descaso, deixam tudo correr frouxo, à revelia, sem esboçar nenhuma reação.
Por isso, o Crato está sendo abençoado por Deus e vem sempre de espírito elevado e consegue êxito, dando mostra de que temos coragem e força suficiente para enfrentarmos o batente e não fugirmos da luta quando aparece qualquer obstáculo.
Houve época em que o Crato possuía grandes craques e que mostrava raça e apresentava bons desempenhos, com jogadas técnicas, pois tinham originalidade e causavam inveja em outras localidades onde se apresentavam, pois tinham originalidade que causavam inveja em outras plagas quando apresentavam magia em suas jogadas céleres em seu magnífico futebol.
Lembramos muito bem desses craques como: Enock, Senhor, Antonio da Pensão, Anduiá, o goleiro Ângelo, o médio Mundinho, o Avante Doutor Ossian, o zagueiro Moacir, o atacante Bebeto, os médios Kleber, Braz e muitos outros, como o armador Peixe e o goleiro Zé Albanito. Deixamos de mencionar outros nomes por falta de espaço.
Agora mesmo, esses valorosos craques do passado merecem figurar no quadro de honra na sede da liga cratense de desportos.
Queremos lembrar que consideramos essa época, como sendo a época de ouro do futebol cratense, já que possuímos os melhores craques mas não tínhamos estádios à altura do nosso futebol, consequentemente jogava em estádios improvisados, causando-nos transtorno para formar uma estrutura digna á altura do Crato.
Em tempos passados no final na década de setenta para o início da década de 1980, um grupo de desportistas organizou e solicitou ao então governador Virgílio Távora a construção do estádio do Crato a altura e que seria a redenção do futebol cratense.
O então governador prometeu e construiu o Estádio com muita ênfase, dando estímulo aos desportistas para que praticassem toda meta de esporte, com intuito que a juventude saísse do vício da embriaguez através da prática do esporte.
Infelizmente, um prefeito cafona, pertencente à era trogloditiana, porque não gostava de esporte, ansiava acabar com o estádio, dizendo ele que o seu sonho era transformar esse majestoso estádio num cercado de gado vacum, retirando esse sonho do povo cratense que há tanto almejava.
Graças a Deus e ao bom senso de alguns prefeitos, esse estádio foi sendo recuperado aos poucos, atingindo a sua glória como atual prefeito que se dedicou de corpo e alma à sua reforma, estimulando a prática esportiva até o Crato conseguir a sua glória.
Crato, 22.01.2010
Humilde Espantalho
Talvez o tempo dure
mais de vinte e um dias
para que o meu sangue limpe
e eu consiga andar sozinho.
Não se preocupe com minha alma.
Esqueça aquela onda:
"cadê minha cervejinha,
cadê meu baseado?"
A única prerrogativa
é a verdade
que vejo tremer
nos seus cílios.
Sei que não tem volta segura
como também sei que o meu lar
é sempre adiante.
Pois alcançado
o estágio
em que a loucura
é um lindo berçário
de boas lembranças
e algum silêncio.
Talvez a eternidade
adormeça nos meus versos.
A alma fora do corpo
dentro do espantalho
em cujos ombros
há tempo não pousam
os corvos
distantes,
apenas observam
a brisa da noite
fechar meus olhos
e a minha boca
entreaberta
suspirar o indizível.
mais de vinte e um dias
para que o meu sangue limpe
e eu consiga andar sozinho.
Não se preocupe com minha alma.
Esqueça aquela onda:
"cadê minha cervejinha,
cadê meu baseado?"
A única prerrogativa
é a verdade
que vejo tremer
nos seus cílios.
Sei que não tem volta segura
como também sei que o meu lar
é sempre adiante.
Pois alcançado
o estágio
em que a loucura
é um lindo berçário
de boas lembranças
e algum silêncio.
Talvez a eternidade
adormeça nos meus versos.
A alma fora do corpo
dentro do espantalho
em cujos ombros
há tempo não pousam
os corvos
distantes,
apenas observam
a brisa da noite
fechar meus olhos
e a minha boca
entreaberta
suspirar o indizível.
Cultura terá maior orçamento da história; R$ 2,2 bilhões
O Ministério da Cultura (MinC) terá pouco mais de R$ 2,2 bilhões para utilizar em 2010. É o maior orçamento da história do ministério. O montante consta na peça orçamentária aprovada pelo Congresso Nacional e representa mais que o dobro do que foi aplicado efetivamente pelo órgão no ano passado. Em relação ao montante previsto no projeto também aprovado pelo Congresso para 2009, o valor é 64% maior (veja a tabela). Os dados não incluem as aplicações da Lei Rouanet.
De acordo com assessores do ministro da Cultura, Juca Ferreira (foto), o aumento da verba da pasta é resultado da necessidade de atingir recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) de destinar, no mínimo, 1% do orçamento do país à cultura. “Este orçamento corresponderá, estimativamente, a cerca de 0,7% das receitas totais de impostos da União neste ano. Em 2003, quando o governo Lula assumiu, a Cultura recebia exíguo 0,2% dessa receita. Constitui-se, assim, em um ensaio que se aproxima do patamar mínimo para a cultura”, diz a assessoria.
Além disso, informa o ministério, o salto orçamentário decorre da efetivação, em 2010, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), criado em 2009, e que implanta a gestão em rede dos museus sob responsabilidade federal. Outro ponto que, segundo a assessoria, justifica o aumento dos recursos é o reforço de orçamento em unidades e programas cujos recursos têm sido “flagrantemente desproporcionais” à sua importância para a cultura e as artes brasileiras.
O principal programa tocado pelo MinC é o “Engenho das Artes”. Em 2010, cerca de R$ 612,2 milhões serão destinados ao programa, cuja finalidade é implantar e modernizar espaços culturais em todo o país, capacitar artistas, técnicos e produtores de arte, fomentar projetos, estudos e pesquisas em cultura, etc. No ano passado, dos R$ 273,8 milhões previstos para o programa, metade foi efetivamente desembolsada, incluindo os “restos a pagar”: empenhos não pagos até o fim do exercício e rolados para o ano seguinte. Se considerados os empenhos (reservas em orçamento), 73% da dotação autorizada foi comprometida.
A assessoria do MinC destaca dados do IBGE, que apontam falta de cinema, teatro ou qualquer tipo de espaço multicultural em 90% dos municípios brasileiros. Sobre a execução do programa “Engenho das Artes”, a assessoria afirma que, em 2009, do orçamento autorizado – R$ 273,8 milhões – foram liberados efetivamente R$ 210,6 milhões. “O ‘orçado’, obviamente, representa uma figura financeira idealizada, enquanto o ‘liberado’ retrata o efetivamente disponibilizado para gastos. Destes, R$ 208,8 milhões foram empenhados, o que corresponde a 99%”, assegura a assessoria, em contestação às informações oficiais registradas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), apresentadas pela reportagem (veja a tabela).
Outro programa que deve ter grande parte dos recursos do ministério é o “Brasil, Som e Imagem”. O programa deverá receber R$ 204,3 milhões para aplicar em ações de modernização de centros técnicos, instalação de escritórios regionais da Agência Nacional do Cinema (Ancine), capacitação de artistas, técnicos e produtores na área de audiovisual, fomento à distribuição e comercialização de obras cinematográficas no país e no exterior, entre outras. No ano passado, o programa aplicou 94% dos R$ 218,9 milhões autorizados no orçamento.
Nos últimos anos
Em média, a verba desembolsada pelo MinC nos últimos sete anos representou 68% do orçamento autorizado para a pasta nos exercícios. Em 2003, por exemplo, dos R$ 634,6 milhões autorizados para o órgão (em valores atualizados), 58% foram aplicados, incluindo restos a pagar. No ano passado, do R$ 1,4 bilhão previsto, 76% foi efetivamente gasto – melhor desempenho desde 2001 (veja a tabela). Nos últimos nove anos, a Cultura já desembolsou R$ 5,8 bilhões.
As despesas globais do ministério com pagamento de pessoal, despesas correntes (água, luz, telefone, etc.), investimentos (execução de obras e compra de equipamentos), entre outros, cresceram 191% desde 2003, primeiro ano de governo Lula. A pasta viu suas aplicações saltarem de R$ 366,2 milhões, há sete anos, para R$ 1 bilhão em 2009.
Não foram considerados os valores investidos pelas empresas estatais (Petrobras, Correios, Banco do Brasil, etc.), que não informam, no Siafi, suas aplicações. Também não estão incluídos os gastos efetuados por estados e municípios e os decorrentes da Lei Rouanet, que canaliza recursos para o desenvolvimento do setor cultural por meio de incentivos fiscais a pessoas físicas e empresas interessadas.
Milton Júnior
Do Contas Abertas
26/01/2010
De acordo com assessores do ministro da Cultura, Juca Ferreira (foto), o aumento da verba da pasta é resultado da necessidade de atingir recomendação da Organização das Nações Unidas (ONU) de destinar, no mínimo, 1% do orçamento do país à cultura. “Este orçamento corresponderá, estimativamente, a cerca de 0,7% das receitas totais de impostos da União neste ano. Em 2003, quando o governo Lula assumiu, a Cultura recebia exíguo 0,2% dessa receita. Constitui-se, assim, em um ensaio que se aproxima do patamar mínimo para a cultura”, diz a assessoria.
Além disso, informa o ministério, o salto orçamentário decorre da efetivação, em 2010, do Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), criado em 2009, e que implanta a gestão em rede dos museus sob responsabilidade federal. Outro ponto que, segundo a assessoria, justifica o aumento dos recursos é o reforço de orçamento em unidades e programas cujos recursos têm sido “flagrantemente desproporcionais” à sua importância para a cultura e as artes brasileiras.
O principal programa tocado pelo MinC é o “Engenho das Artes”. Em 2010, cerca de R$ 612,2 milhões serão destinados ao programa, cuja finalidade é implantar e modernizar espaços culturais em todo o país, capacitar artistas, técnicos e produtores de arte, fomentar projetos, estudos e pesquisas em cultura, etc. No ano passado, dos R$ 273,8 milhões previstos para o programa, metade foi efetivamente desembolsada, incluindo os “restos a pagar”: empenhos não pagos até o fim do exercício e rolados para o ano seguinte. Se considerados os empenhos (reservas em orçamento), 73% da dotação autorizada foi comprometida.
A assessoria do MinC destaca dados do IBGE, que apontam falta de cinema, teatro ou qualquer tipo de espaço multicultural em 90% dos municípios brasileiros. Sobre a execução do programa “Engenho das Artes”, a assessoria afirma que, em 2009, do orçamento autorizado – R$ 273,8 milhões – foram liberados efetivamente R$ 210,6 milhões. “O ‘orçado’, obviamente, representa uma figura financeira idealizada, enquanto o ‘liberado’ retrata o efetivamente disponibilizado para gastos. Destes, R$ 208,8 milhões foram empenhados, o que corresponde a 99%”, assegura a assessoria, em contestação às informações oficiais registradas no Sistema Integrado de Administração Financeira (Siafi), apresentadas pela reportagem (veja a tabela).
Outro programa que deve ter grande parte dos recursos do ministério é o “Brasil, Som e Imagem”. O programa deverá receber R$ 204,3 milhões para aplicar em ações de modernização de centros técnicos, instalação de escritórios regionais da Agência Nacional do Cinema (Ancine), capacitação de artistas, técnicos e produtores na área de audiovisual, fomento à distribuição e comercialização de obras cinematográficas no país e no exterior, entre outras. No ano passado, o programa aplicou 94% dos R$ 218,9 milhões autorizados no orçamento.
Nos últimos anos
Em média, a verba desembolsada pelo MinC nos últimos sete anos representou 68% do orçamento autorizado para a pasta nos exercícios. Em 2003, por exemplo, dos R$ 634,6 milhões autorizados para o órgão (em valores atualizados), 58% foram aplicados, incluindo restos a pagar. No ano passado, do R$ 1,4 bilhão previsto, 76% foi efetivamente gasto – melhor desempenho desde 2001 (veja a tabela). Nos últimos nove anos, a Cultura já desembolsou R$ 5,8 bilhões.
As despesas globais do ministério com pagamento de pessoal, despesas correntes (água, luz, telefone, etc.), investimentos (execução de obras e compra de equipamentos), entre outros, cresceram 191% desde 2003, primeiro ano de governo Lula. A pasta viu suas aplicações saltarem de R$ 366,2 milhões, há sete anos, para R$ 1 bilhão em 2009.
Não foram considerados os valores investidos pelas empresas estatais (Petrobras, Correios, Banco do Brasil, etc.), que não informam, no Siafi, suas aplicações. Também não estão incluídos os gastos efetuados por estados e municípios e os decorrentes da Lei Rouanet, que canaliza recursos para o desenvolvimento do setor cultural por meio de incentivos fiscais a pessoas físicas e empresas interessadas.
Milton Júnior
Do Contas Abertas
26/01/2010
Diálogos
O espírito não tem massa.
É igual a macarrão debaixo da língua.
Não ocupa espaço.
Some.
Só assim se explica
o acúmulo de gente morta
em outra vida
céu ou inferno.
Mas se atravessam paredes
meus fantasmas
quem me garante
que desencarnado
não vou eu querer
atravessar papéis
escrever versos?
Se o meu espírito
é de fato um fiapo
de macarrão mole
entre os dentes
então posso ficar tranquilo:
resolve um cafezinho quente.
É igual a macarrão debaixo da língua.
Não ocupa espaço.
Some.
Só assim se explica
o acúmulo de gente morta
em outra vida
céu ou inferno.
Mas se atravessam paredes
meus fantasmas
quem me garante
que desencarnado
não vou eu querer
atravessar papéis
escrever versos?
Se o meu espírito
é de fato um fiapo
de macarrão mole
entre os dentes
então posso ficar tranquilo:
resolve um cafezinho quente.
cadeira de rodas
De tantos poemas escritos
muitos são apenas vértebras.
Mas há um poema
que é a sétima.
Lá se toca
e fica o poeta
paraplégico.
muitos são apenas vértebras.
Mas há um poema
que é a sétima.
Lá se toca
e fica o poeta
paraplégico.
CONCEPÇÕES DE UMA POÉTICA ...de WILSON BERNARDO...
O CONFLITO DOS PREDADORES!
Indiguinado o cupim devorador
Tira satisfações com a coméia.
O porque da Timbauba está
Com gosto tão amargo.
Satisfeitas por nãoter nada
Com a confusão as Formigas
Estocam para o inverno
O desperdicio da intriga...
O amargo farelo doce de ilusãoes.
Wilson Bernardo(Poema & Desenho)
Indiguinado o cupim devorador
Tira satisfações com a coméia.
O porque da Timbauba está
Com gosto tão amargo.
Satisfeitas por nãoter nada
Com a confusão as Formigas
Estocam para o inverno
O desperdicio da intriga...
O amargo farelo doce de ilusãoes.
Wilson Bernardo(Poema & Desenho)
segunda-feira, 25 de janeiro de 2010
No Coração da Gente - Jacinto Silva
Idealizado por Edson Barbosa e com direção geral de conteúdo e produção de Tiago Araripe, o CD “Jacinto Silva. No Coração da gente”, já está em fase final de produção e deve ser lançado após o carnaval. O CD produzido pela Link e Estúdio Muzak (Candeeiro Records) reúne 16 músicas do repertório de Jacinto Silva. O projeto gráfico é assinado pelo diretor de arte Marcelo Barreto e tem como mote a Feira de Caruaru. Não poderia ser diferente. Jacinto, alagoano de nascimento, morou boa parte de sua vida nessa cidade do Agreste pernambucano, terra também de um dos seus mais constantes parceiros: o compositor Onildo Almeida.
O álbum dá continuidade à tradição da Link em produzir sempre uma peça cultural para comemorar o início de cada ano. Exemplares do disco serão distribuídos aos clientes e amigos da Link, à família de Jacinto Silva e à unidade do centro espírita que o músico frequentava.
Confira as faixas e intérpretes do CD:
1- Aboio de um vaqueiro (Jacinto Silva) - Spok
2- Aquela Rosa (Jacinto Silva) - Margareth Menezes
3- Teste para cantador (Jacinto Silva) - Jacinto Silva e Silvério Pessoa
4- Minha professora (Jacinto Silva) - Targino Gondim
5- Cante cantador (Jacinto Silva/João Silva) - Flávia Wenceslau
6- Moleque de rua (Manoel Alves/Agenor Farias) - Caju e Castanha
7- Plantação (Jacinto Silva/Janduhy Finizola) - Maciel Melo
8- É tempo de ciranda (Onildo Almeida) - Isaar França
9- Justiça Divina (Onildo Almeida) - Tiago Araripe
10- Coco de praia (Jacinto Silva) - Flor de Cactus
11- Filosofia do forró (Jacinto Silva) - Josildo Sá
12- Pisa maneiro (Jacinto Silva) - Xangai
13- Gírias do Norte (Jacinto Silva/Onildo Almeida) - Elba Ramalho
14- Coco do gago (Jacinto Silva) - Tom Zé
15- Imaginação (Jacinto Silva/Idevaldo Nunes Marques) - Petrúcio Amorim
16- Fonte de Luz (Jacinto Silva/José Roberto Souto Maior) - Aurinha do Coco
Resumo da biografia de Jacinto Silva, conforme o site Dicionário da MPB, onde também pode ser encontrada sua discografia completa.
Discípulo de Jackson do Pandeiro. Iniciou a carreira em 1942. Seu trabalho serviu de inspiração para bandas pernambucanas como a Cascabulho. Em 1962 gravou na Mocambo seu primeiro disco com o baião “Justiça divina”, de Onildo Almeida e a moda de roda “Bambuê bambuá”, de Joaquim Augusto e Luiz Plácido. No mesmo ano, teve o rojão “Moça de hoje”, parceria com Ari Lobo gravado na RCA Victor pelo próprio Ari Lobo. Em 1963, na mesma gravadora gravou de sua autoria o coco “Coco trocado” e de Onildo Almeida, a moda de roda “Chora bananeira”. No mesmo período, registrou de Genival Lacerda e Antônio Clemente, o rojão “Carreiro novo”.
Em 1964 gravou dois dos últimos 78 rotações da série 15.000 da Mocambo com a moda de roda “Aquela rosa”, de sua autoria e o coco “Na base do tamanco”, parceria com José Maurício. Na ocasião, os discos foram divididos com Toinho da sanfona, que gravou no lado B. Em 1966 lançou o LP “Cantando”, pela gravadora CBS. Emm 1973 participou do disco “Forró na palhoça” lançado pela CBS no qual interpretou “Tarrabufado”, de sua autoria e Isabel Biluca e “Flor de croatá”, de João Silva e Raimundo Evangelista. Em 1974 lançou pelo selo Tropicana-Cantagalo o LP “Eu chego lá”, que na época recebeu calorosa crítica do jornalista José Ramos Tinhorão, que a respeito do disco afirmou: “… desfilam toadas agalopadas como “Flor de Croatá”, cocos como “Coco do pandeiro”, mazurcas nordestinas como “Eu chego já”, baiões de ritmo acelerado como “Tentar esquecer”, sambas-baiões como “Concurso de voz”, gêneros desconhecidos como mineiro-pau: uma estranha mistura que lembra ao mesmo tempo o ritmo do calango e, mais longinquamente, dos sambas de partido alto cariocas.”
Lançou pela Manguenitude, em 2000, o CD “Só não dança quem não quer”, produzido por Zé da Flauta, com participações especiais de Chico César, Vange Milliet, Mestre Ambrósio, Marcos Suzano, Toninho Ferraguti e Bocato. Destacaram-se no disco, “Fumando mais Tonha”, “Coco trocado”, “Chora bananeira” e “Abaio de vaqueiro”. Ao longo da carreira gravou 24 LPs e dois CDs.
Em 2001 recebeu um tributo do cantor e compositor Silvério Pessoa, ex-líder do grupo Cascabulho, no CD “Bate o mancá”, com músicas de Jacinto Silva, que aparece em algumas vinhetas ao longo do disco. Foram selecionadas 14 músicas do compositor e cantor alagoano, entre as mais de 200 de sua autoria.
Postado por Malu Oliveira no Blink (linkpropaganda.com.br/)
Versos Ralos
Cortei as unhas.
Mas não tirei a barba.
Não tenho anéis.
Nem cavanhaque.
Meus dentes amarelos.
Meu hálito estonteante.
Ocupo-me basicamente
com a renovação do meu harém:
lagartixas se foram,
agora flerto um besouro.
Sou vândalo, pois sim.
Encostado ao canteiro
meu pégaso come capim.
Já mudo de pele.
Deixo o verniz dos sonhos
sobre os ombros do roedor.
Lá vai o esquilo
com minha muda
em volta do pescoço.
Os sapos uivam,
os lobos coaxam:
tarde da noite
na floresta
quem sabe
do poeta?
Cortei as unhas.
Mas não passei esmalte.
O cheiro lembra
meu primeiro ópio.
E eu sequer sabia
que a mentira reina
e o mundo não é distante.
Mas não tirei a barba.
Não tenho anéis.
Nem cavanhaque.
Meus dentes amarelos.
Meu hálito estonteante.
Ocupo-me basicamente
com a renovação do meu harém:
lagartixas se foram,
agora flerto um besouro.
Sou vândalo, pois sim.
Encostado ao canteiro
meu pégaso come capim.
Já mudo de pele.
Deixo o verniz dos sonhos
sobre os ombros do roedor.
Lá vai o esquilo
com minha muda
em volta do pescoço.
Os sapos uivam,
os lobos coaxam:
tarde da noite
na floresta
quem sabe
do poeta?
Cortei as unhas.
Mas não passei esmalte.
O cheiro lembra
meu primeiro ópio.
E eu sequer sabia
que a mentira reina
e o mundo não é distante.
A cultura totalitária
Casimiro De Pina 20 Janeiro 2010
Artigos - Cultura
O totalitarismo não só não acabou como está, em muitos aspectos, muito mais forte.O problema é que muitos não sabem o que é o totalitarismo. Uma das confusões mais deliciosas da "geografia política" cabo-verdiana é a ideia espúria e linear de que o totalitarismo acabou em 1989, com a derrocada dos antigos regimes comunistas da Europa do Leste. Mikhail Gorbachev, com as suas célebres reformas, fechou, pensam as boas almas, o ciclo da tirania que pesava sobre tantas nações. Num ápice, tudo acabou. The game is over...
Por uma espécie de mistério santificante, o totalitarismo seria apenas, para a nossa completa felicidade, uma névoa do passado, resquício irrecuperável após o brado da multidão enfurecida de Berlim, naquele Outono memorável de sonhos e delícias! O imaginário popular alimenta-se, curiosamente, desta visão. Os partidos políticos, cegos pela conjuntural luta de cargos, vão atrás. Totalitarismo na era do Facebook? Não, impossível! Um como que "consenso tácito" e generalizado legitima, pois, a penetrante confusão. A mentalidade revolucionária, com o seu cortejo de iniquidades e destruição, "já não tem" lugar na História. Adeus, Estaline! Adeus, camarada Fidel Castro! Doravante, a disputa política será um acto de puro cavalheirismo, segundo a mais fina tradição democrática britânica, dir-se-ia, com os partidos a esmerarem-se, cada um mais do que o outro, na concretização mundana dos belos ideais da ética e da fraternidade! Infelizmente, essa crença, tipicamente burguesa e alimentada pela mídia bem-pensante, é falsa. E bastante perigosa. O totalitarismo não só não acabou como está, em muitos aspectos, muito mais forte. O problema é que muitos não sabem o que é o totalitarismo. Para aqueles que identificam o totalitarismo com a antiga União Soviética, é claro que a coisa "acabou". É um conforto, aliás, saber que "já não há" mais pesadelos no mundo! Repristina-se, deste modo, a velha ideia de Saint-Simon e Auguste Comte: o progresso é "inevitável". Quando aparece, digamos, um Hugo Chavez a perturbar a marcha da tranquila teoria, recorre-se à ladainha reconfortante: "Aquele tipo é um louco; está a dar cabo da economia". A atitude do ditador de Caracas fica, todavia, sem qualquer justificação. As boas almas, por manifesta incapacidade, recusam-se a pensar a política. É que o comunismo, lembram-se?!, "acabou" em 1989. Na época da "purga estalinista", que custou milhões de vidas e muito sofrimento, muitos intelectuais e políticos do Ocidente recusavam-se também a aceitar a verdade, limitando-se a dizer, num gesto patético mas tranquilizante, que aquilo não existia, era tudo invenção, "teoria da conspiração", anticomunismo primário, etc. e tal! Dura praxis, sed praxis. É o medo de enfrentar as questões que gera todos os monstros, de Hitler a Ahmadinejad. Mas o totalitarismo não é a União Soviética. Não é um império político. Não é uma ditadura em concreto. O comunismo é apenas uma face da cultura totalitária. O totalitarismo (ou talvez melhor: a mentalidade revolucionária) é, pelo contrário, uma forma de pensar, uma cultura, a qual, tendo raízes na Antiguidade, conheceu, porém, um progresso admirável com as seitas gnósticas da modernidade, com a sua mistura de ateísmo militante e absolutismo político. Terá começado, segundo Olavo de Carvalho, no séc. XV e atingido a sua maturidade nos finais do séc. XVIII, desembocando, depois, nas tragédias políticas do séc. XX. A negação de um fundamento transcendente é o primeiro passo para a tirania política. A cultura política totalitária visa atingir o "blueprint" de que falava K. Popper, ou seja, a reconstrução da sociedade e dos costumes de acordo com uma pauta artificial e revolucionária, em nome de um futuro hipotético, libertador e indefinível. Durante o Partido Único em Cabo Verde (1975-1990), o grande objetivo do regime, de pendor claramente marxista, era o de alcançar o famigerado "homem novo", refazendo, para isso, a estrutura social tradicional, de alto a baixo. A sociedade cabo-verdiana, mediante uma experimentação agressiva induzida pela elite revolucionária no poder, entrou, pois, num perigoso processo de perda de valores. Nenhuma instituição ficou de fora. A única moral válida, proclamavam os oráculos do sistema, era "a moral revolucionária". A família, a escola, a polícia, a imprensa - tudo estava ao serviço do partido e do seu estranho ideal de reconstrução social. Já não havia, nem podia haver, qualquer "capital social". O que contava, doravante, era a "palavra de ordem" do partido. A escola, veículo fundamental de formação do cidadão, foi transformada num recinto de doutrinação política, com a finalidade última de inculcar, nos alunos, os valores materialistas defendidos pelo marxismo-leninismo. Não se tratava, desenganem-se, de um mero discurso circunstancial ou apaixonado. Era, antes, um programa político, consistente e sincronizado. E tinha valor de Lei. As Resoluções do III Congresso do PAIGC estabeleciam, já em 1977, que "...a Educação deverá ter um conteúdo e uma forma inteiramente de acordo com as opções e princípios traçados pelo PAIGC e orientar-se no sentido da prossecução dos seus objectivos". A Portaria n.º 76/80, de 23 de Agosto, impunha a chamada "concepção materialista do mundo" e a obrigação estrita de os professores formarem os alunos nesse espírito ideológico. É claro que isso obrigava os professores a ignorar certos cânones tradicionais de convivência, substituindo-os, no fragor do processo revolucionário, pela ideologia "progressista" imposta pelo partido dirigente. A anomia, no sentido proposto por E. Durkheim, é a conseqüência lógica desse tipo de regime. No Leste europeu, que nos servia de referência ideológica, sucedeu o mesmo fenómeno de destruição da "sociedade civil". O partido ocupava todos os espaços, com os seus rituais e a sua ordem hierárquica, numa encenação portentosa e simbolicamente magnífica. Tudo parece funcionar na perfeição, quando a polícia política e os demais aparelhos de repressão impõem, a la carte, a "norma totalitária". Quando o regime entra, porém, em decadência, realiza-se a profecia de Marx: "Tudo o que é sólido desfaz-se no ar". As pessoas percebem que não havia, afinal, ordem nenhuma, nem tampouco justiça, mas sim uma espessa fachada de arbitrariedades e um conjunto de políticas forçadas que destruíram a fibra moral da nação e a noção tradicional do certo e do errado. O "homem novo", proposto inicialmente pela Utopia, é, afinal, um homem corrupto, sem valores, sem espiritualidade, potencialmente delinquente, que abusa dos cargos públicos e despreza o mais elementar sentimento de justiça e dignidade humana. Não conhece nenhum horizonte além do seu radical egoísmo. O "homem novo" é um ser infeliz que não acredita em Deus; um ser desprovido de qualquer sentimento de respeito e piedade. Totalitarismo é sinônimo de niilismo, e nisto Leo Strauss tinha toda a razão do mundo. Entre nós, o processo não foi muito diferente. A sociedade cabo-verdiana entrou numa longa, e ainda não superada, Crise de Valores, mediante a introdução de um "código (a)moral" que desrespeitava, francamente, o seu modo de ser e as suas aspirações de liberdade e tolerância. A reconstituição do "capital social" é um processo difícil e doloroso. Estamos, enquanto sociedade, à altura dos desafios? Quem ousa enfrentar a pesada herança da Cultura Totalitária? O primeiro passo é, naturalmente, este: compreender o que se passou. Esquecer isto é fazer o jogo daqueles que, ontem, tentaram o "blueprint" em Cabo Verde.
Artigos - Cultura
O totalitarismo não só não acabou como está, em muitos aspectos, muito mais forte.O problema é que muitos não sabem o que é o totalitarismo. Uma das confusões mais deliciosas da "geografia política" cabo-verdiana é a ideia espúria e linear de que o totalitarismo acabou em 1989, com a derrocada dos antigos regimes comunistas da Europa do Leste. Mikhail Gorbachev, com as suas célebres reformas, fechou, pensam as boas almas, o ciclo da tirania que pesava sobre tantas nações. Num ápice, tudo acabou. The game is over...
Por uma espécie de mistério santificante, o totalitarismo seria apenas, para a nossa completa felicidade, uma névoa do passado, resquício irrecuperável após o brado da multidão enfurecida de Berlim, naquele Outono memorável de sonhos e delícias! O imaginário popular alimenta-se, curiosamente, desta visão. Os partidos políticos, cegos pela conjuntural luta de cargos, vão atrás. Totalitarismo na era do Facebook? Não, impossível! Um como que "consenso tácito" e generalizado legitima, pois, a penetrante confusão. A mentalidade revolucionária, com o seu cortejo de iniquidades e destruição, "já não tem" lugar na História. Adeus, Estaline! Adeus, camarada Fidel Castro! Doravante, a disputa política será um acto de puro cavalheirismo, segundo a mais fina tradição democrática britânica, dir-se-ia, com os partidos a esmerarem-se, cada um mais do que o outro, na concretização mundana dos belos ideais da ética e da fraternidade! Infelizmente, essa crença, tipicamente burguesa e alimentada pela mídia bem-pensante, é falsa. E bastante perigosa. O totalitarismo não só não acabou como está, em muitos aspectos, muito mais forte. O problema é que muitos não sabem o que é o totalitarismo. Para aqueles que identificam o totalitarismo com a antiga União Soviética, é claro que a coisa "acabou". É um conforto, aliás, saber que "já não há" mais pesadelos no mundo! Repristina-se, deste modo, a velha ideia de Saint-Simon e Auguste Comte: o progresso é "inevitável". Quando aparece, digamos, um Hugo Chavez a perturbar a marcha da tranquila teoria, recorre-se à ladainha reconfortante: "Aquele tipo é um louco; está a dar cabo da economia". A atitude do ditador de Caracas fica, todavia, sem qualquer justificação. As boas almas, por manifesta incapacidade, recusam-se a pensar a política. É que o comunismo, lembram-se?!, "acabou" em 1989. Na época da "purga estalinista", que custou milhões de vidas e muito sofrimento, muitos intelectuais e políticos do Ocidente recusavam-se também a aceitar a verdade, limitando-se a dizer, num gesto patético mas tranquilizante, que aquilo não existia, era tudo invenção, "teoria da conspiração", anticomunismo primário, etc. e tal! Dura praxis, sed praxis. É o medo de enfrentar as questões que gera todos os monstros, de Hitler a Ahmadinejad. Mas o totalitarismo não é a União Soviética. Não é um império político. Não é uma ditadura em concreto. O comunismo é apenas uma face da cultura totalitária. O totalitarismo (ou talvez melhor: a mentalidade revolucionária) é, pelo contrário, uma forma de pensar, uma cultura, a qual, tendo raízes na Antiguidade, conheceu, porém, um progresso admirável com as seitas gnósticas da modernidade, com a sua mistura de ateísmo militante e absolutismo político. Terá começado, segundo Olavo de Carvalho, no séc. XV e atingido a sua maturidade nos finais do séc. XVIII, desembocando, depois, nas tragédias políticas do séc. XX. A negação de um fundamento transcendente é o primeiro passo para a tirania política. A cultura política totalitária visa atingir o "blueprint" de que falava K. Popper, ou seja, a reconstrução da sociedade e dos costumes de acordo com uma pauta artificial e revolucionária, em nome de um futuro hipotético, libertador e indefinível. Durante o Partido Único em Cabo Verde (1975-1990), o grande objetivo do regime, de pendor claramente marxista, era o de alcançar o famigerado "homem novo", refazendo, para isso, a estrutura social tradicional, de alto a baixo. A sociedade cabo-verdiana, mediante uma experimentação agressiva induzida pela elite revolucionária no poder, entrou, pois, num perigoso processo de perda de valores. Nenhuma instituição ficou de fora. A única moral válida, proclamavam os oráculos do sistema, era "a moral revolucionária". A família, a escola, a polícia, a imprensa - tudo estava ao serviço do partido e do seu estranho ideal de reconstrução social. Já não havia, nem podia haver, qualquer "capital social". O que contava, doravante, era a "palavra de ordem" do partido. A escola, veículo fundamental de formação do cidadão, foi transformada num recinto de doutrinação política, com a finalidade última de inculcar, nos alunos, os valores materialistas defendidos pelo marxismo-leninismo. Não se tratava, desenganem-se, de um mero discurso circunstancial ou apaixonado. Era, antes, um programa político, consistente e sincronizado. E tinha valor de Lei. As Resoluções do III Congresso do PAIGC estabeleciam, já em 1977, que "...a Educação deverá ter um conteúdo e uma forma inteiramente de acordo com as opções e princípios traçados pelo PAIGC e orientar-se no sentido da prossecução dos seus objectivos". A Portaria n.º 76/80, de 23 de Agosto, impunha a chamada "concepção materialista do mundo" e a obrigação estrita de os professores formarem os alunos nesse espírito ideológico. É claro que isso obrigava os professores a ignorar certos cânones tradicionais de convivência, substituindo-os, no fragor do processo revolucionário, pela ideologia "progressista" imposta pelo partido dirigente. A anomia, no sentido proposto por E. Durkheim, é a conseqüência lógica desse tipo de regime. No Leste europeu, que nos servia de referência ideológica, sucedeu o mesmo fenómeno de destruição da "sociedade civil". O partido ocupava todos os espaços, com os seus rituais e a sua ordem hierárquica, numa encenação portentosa e simbolicamente magnífica. Tudo parece funcionar na perfeição, quando a polícia política e os demais aparelhos de repressão impõem, a la carte, a "norma totalitária". Quando o regime entra, porém, em decadência, realiza-se a profecia de Marx: "Tudo o que é sólido desfaz-se no ar". As pessoas percebem que não havia, afinal, ordem nenhuma, nem tampouco justiça, mas sim uma espessa fachada de arbitrariedades e um conjunto de políticas forçadas que destruíram a fibra moral da nação e a noção tradicional do certo e do errado. O "homem novo", proposto inicialmente pela Utopia, é, afinal, um homem corrupto, sem valores, sem espiritualidade, potencialmente delinquente, que abusa dos cargos públicos e despreza o mais elementar sentimento de justiça e dignidade humana. Não conhece nenhum horizonte além do seu radical egoísmo. O "homem novo" é um ser infeliz que não acredita em Deus; um ser desprovido de qualquer sentimento de respeito e piedade. Totalitarismo é sinônimo de niilismo, e nisto Leo Strauss tinha toda a razão do mundo. Entre nós, o processo não foi muito diferente. A sociedade cabo-verdiana entrou numa longa, e ainda não superada, Crise de Valores, mediante a introdução de um "código (a)moral" que desrespeitava, francamente, o seu modo de ser e as suas aspirações de liberdade e tolerância. A reconstituição do "capital social" é um processo difícil e doloroso. Estamos, enquanto sociedade, à altura dos desafios? Quem ousa enfrentar a pesada herança da Cultura Totalitária? O primeiro passo é, naturalmente, este: compreender o que se passou. Esquecer isto é fazer o jogo daqueles que, ontem, tentaram o "blueprint" em Cabo Verde.
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