TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

domingo, 18 de janeiro de 2009

Capela de São Sebastião do sítio Currais – por Armando Rafael


para Maria da Glória Cavalcante Ordonez,
residente em São Paulo, descendente do Brigadeiro
Leandro Bezerra Monteiro ela mantém uma
pequena propriedade no sítio Currais em memória de sua mãe.

Quem percorre a estrada Barbalha-Arajara-Crato, em direção à última cidade, é surpreendido — cerca de cinco quilômetros, antes de chegar ao destino — quando avista, no lado direito, uma singela e respeitável capelinha, típica dos templos rurais de antanho. Trata-se da Capela de São Sebastião do sítio Currais, erguida - por um descendente do Brigadeiro Leandro Bezerra Monteiro - para atestar, às gerações futuras, uma grande graça concedida por Deus, à população daquela localidade, na segunda metade do século XIX.
Corria o ano de 1862. Uma doença contagiosa e mortal, causada pelo vibrião colérico, se abateu, e dizimou considerável parcela da população sul cearense. O pânico se espalhou pelas cidades, povoados, fazendas e sítios do Vale do Cariri. Mas, naquele tempo, a fé do nosso povo, diferente de hoje, era patente. As pessoas tinham o costume de se voltar para Deus, nas grandes dificuldades coletivas. Isso ocorria nas freqüentes crises climáticas e nas epidemias. Estas mais raras.
Damos a palavra ao historiador Irineu Pinheiro que fez menção deste fato no seu livro “O Cariri”, página 245:
“Em 1862 prometeu o major Felipe Teles Mendonça erigir uma capela em seu sítio Currais, a uma légua do Crato, dedicada a S. Sebastião, se não morresse de cólera-morbo nenhum dos membros de sua família ou de seus moradores. Naquela época a epidemia do mal asiático abateu milhares de pessoas em todo o Ceará. Nada sofreram o major Felipe e os de sua casa e sítio. Em 12 de outubro de 1863, para cumprir o seu voto, pediu ao Bispo D. Luiz Antônio dos Santos licença para edificar a igrejinha, licença que lhe foi dada no dia 13 do mesmo mês e ano, depois de informação favorável do vigário Joaquim Aires do Nascimento. Mas só em 1888, após ter o segundo Bispo do Ceará, D. Joaquim José Vieira, confirmado a graça concedida por D. Luiz, foi erguida a capelinha e benzida pelo vigário do Crato, Antônio Fernandes da Silva”.
O estado atual da Capela dos Currais
Após a sua construção, a Capela de São Sebastião dos Currais foi conservada com zelo. Os habitantes da redondeza procuravam o singelo templo para louvar, agradecer e fazer seus pedidos a Deus. Com a morte do major Felipe Teles de Mendonça a administração da capela foi passando a sucessivos herdeiros. Segundo informações colhidas junto a pessoas do sítio Currais, a igrejinha foi cuidada até alguns anos atrás, enquanto esteve sob a guarda do Cel. Filemon Teles e de dona Fernandina Teles. Com a morte deles o estado atual da capelinha não é animador.
Não existe bancada para os fiéis. O portão de acesso e as portas do templo, estragadas pela ação do tempo, ao longo dos anos, precisam ser substituídas. O mau cheiro dos dejetos de morcegos que ali mourejam é insuportável. Enfim, uma profunda restauração precisa ser feita na capela, com orientação de técnicos especializados na conservação do nosso patrimônio arquitetônico.

4 comentários:

João Ludgero Sobreira Neto Ludgero disse...

Parabéns pela matéria, um bom historiador faz assim. Tem um ditado interessante no meio arquitetônico que diz "É MELHOR PREVENIR DO QUE DERRUBAR". Que os nossos colegas nas IES façam sua parte para preservação do patrimônio histórico e cultural do nosso Cariri.

Saudações Geográficas!
João Ludgero

Armando Rafael disse...

João Ludgero,
obrigado pelo comentário. Eu já tinha postado esta matéria, mas fiquei sensibilizado com um e-mail de um senhora cratense, residente em São Paulo, que informou manter uma pequena propriedade no sítio Currais. Em homenagem a ela repeti o pequeno texto.
Saúde e bem estar
Armando

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Prezado Armando
Vamos batalhar pela recuperação da capelinha? Você sabia que meu bisavô em duplicidae, o cap. Zeco dos Currais (José Pinheiro Bezerra de Menezes era avô da minha mãe e do meu pai), filho do Joaquim Antônio Bezerra de Menezes e neto do Brigadeiro foi herdeiro daquele terreno? Vamos pleitear junto ao poder público municipal a recuperação dessa capela? Parabéns pelo texto, autêntica pesquisa do excelente historiador que você é.

Armando Rafael disse...

Caro amigo Carlos:
Foi bom saber que você tem raízes no histórico sítio Currais. Aquela capelinha já devia ter sido tombada.Vamos pedir ao vereador Ailton Esmeraldo para ajudar na luta pela preservação do pequeno templo?