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segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Homenagem a meu pai - por Magali de Figueiredo Esmeraldo


Quero fazer uma singela homenagem ao meu pai, Aníbal Viana de Figueiredo, que faleceu há dois anos e nove meses. Ele foi um cratense de privilegiada inteligência que estudou em Fortaleza, mas como amava muito o Crato, preferiu montar o seu consultório de dentista nesta cidade. Casou com minha mãe, Maria Eneida de Figueiredo em 29 de dezembro de 1945 e viveram juntos sessenta anos de casados.
Dessa união nasceram oito filhos. Foi um exemplo de marido e de pai. A saudade é grande, mas fica a certeza de que ele cumpriu a sua missão na terra. E pela minha fé, acredito que está contemplando a face de Deus, pois passou sua vida fazendo o bem aos outros. Um homem digno que plantou nos filhos a semente da honestidade, da responsabilidade, do respeito ao ser humano e do amor ao próximo. Meu pai era uma pessoa que tinha muito amor e entusiasmo pela vida e valorizava a amizade. Lembro-me com muita gratidão que recebi dele muito carinho, amor e apoio em todos os momentos da minha vida, tudo que um ser humano precisa para crescer de maneira saudável.
Embora sentindo muita falta da sua presença física, ele continuará nos guiando com o exemplo de vida e os ensinamentos que deixou para nós, seus filhos, para vivermos no caminho da retidão. Com a sua profissão, conseguiu formar todos os filhos. Jamais se preocupou em acumular riquezas e ter poder, pois era uma pessoa simples e sem vaidade. Sinto que meu pai nos deixou a melhor herança, os valores “que nem a traça e a ferrugem corroem, nem os ladrões assaltam e roubam.” (Mt, 6-19).
Agradeço a Deus por ter me dado um pai tão maravilhoso, presente em todos os momentos da minha vida. A educação que recebi dele era baseada no seu testemunho de vida. Muitas vezes eu presenciei cenas importantes, para o meu crescimento como pessoa humana nas atitudes de meu pai. Na sua profissão, nunca agiu com egoísmo, sempre tratou bem a todos os seus clientes sem fazer nenhuma distinção com os que podiam pagar ou com os que não podiam pagar.
Era solidário com os novos dentistas que se instalavam na nossa cidade, ajudando-os em tudo que fosse possível, sem nenhum temor de sofrer concorrência. São essas e outras qualidades que admiro no meu pai e foram passadas para todos os filhos ao longo da vida, que me fizeram decidir escrever essas palavras de respeito, amor, orgulho e agradecimento por esse pai que fez tudo que pode para fazer de seus filhos pessoas dignas.

6 comentários:

Armando Rafael disse...

Magali,
O Crato é grato à memória de seu pai. Abaixo texto integral da lei aprovada pela Assembléia Legislativa do Ceará:

"ROJETO DE LEI Nº 73/07

Denomina de Anibal Viana de Figueiredo o Centro Odontológico/CEO de Crato.

A ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA DO CEARÁ D E C R E T A:

Art. 1º Fica denominado de Aníbal Viana de Figueiredo o Centro Odontológico/CEO de Crato.
Art. 2º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
Art. 3º Revogam-se as disposições em contrário.
Sala das Sessões, em 10 de abril de 2007.
SINEVAL ROQUE
DEPUTADO ESTADUAL

JUSTIFICAÇÃO

O Projeto de Lei que ora apresentamos para apreciação deste Plenário, visa denominar ANÍBAL VIANA FIGUEIREDO o Centro Odontológico/CEO da cidade do Crato.
Aníbal Viana de Figueiredo nasceu na cidade do Crato, Ceará, no dia 03 de novembro de 1921, filho caçula entre os quatro filhos de José Alves Figueiredo, escritor e jornalista, e Emília Viana de Figueiredo. Seu pai foi prefeito do município no ano de 1926. Era um dos maiores charadistas do Brasil, publicando charadas em jornais de Portugal.
Da sua mãe, Aníbal aprendeu a conhecer o amor a Deus e ao próximo. Inteligente e dotado de espírito aberto, viveu plenamente aqui na terra.
Ainda jovem, ajudava seu pai, Zuza da Botica, na farmácia da família, junto com seu irmão farmacêutico José Alves de Figueiredo Filho.
Aníbal estudou no antigo Grupo Escolar Cratense, atualmente Escola Fundamental Dom Quintino; fez o curso ginasial no antigo Ginásio do Crato, depois Colégio Diocesano. Passou dois anos no Colégio Liceu do Ceará, preparando-se para o vestibular de Odontologia, onde ingressou conquistando o primeiro lugar. Simultaneamente ao ingresso na Faculdade de Odontologia e Farmácia do Ceará, ingressou no Centro de Preparação de Oficiais da Reserva do Exercito Brasileiro (C.P.O.R) de Fortaleza, saindo como Segundo Tenente da Reserva. Concluiu os referidos cursos no ano de 1944.
Retornando à cidade do Crato, foi diretor do Tiro de Guerra local por mais de 16 anos, sendo homenageado por esta instituição em várias ocasiões.
No Crato, exerceu a profissão de Cirurgião-Dentista por mais de 60 anos, sempre com muita dedicação e competência. Foi um dos mais conceituados Cirurgiões-Dentistas da cidade, tendo feito inúmeros cursos de aperfeiçoamento, participando de congressos, simpósios e jornadas científicas.
Em 1945, contraiu matrimônio com Maria Eneida de Figueiredo, filha de João Felipe Ribeiro da Silva e Hemelinda Ribeiro da Silva. Desta união tiveram oito filhos, 20 netos e três bisnetos. São seus filhos: José Ricardo de Figueiredo, Luiz Alberto de Figueiredo, Magali de Figueiredo
Esmeraldo, Maria de Fátima Figueiredo Siebra, Pimentel e Tatiana Figueiredo Siebra.
Anibal Viana de Figueiredo foi Vice-Prefeito da cidade do Crato, durante a administração do Prefeito Pedro Felipe Cavalcante, entre 1963 e 1967.
No ano de 1947 ingressou no Rotary da cidade, distrito 4490, permanecendo por mais de 50 anos. Foi presidente deste clube no período de 1956 a 1957, com muita dedicação e respeito aos companheiros, sendo um dos sócios mais atuantes. Por seu trabalho e dedicação, foi por diversas vezes homenageado pela instituição, chegando a receber a Medalha Paul Harris.
Também foi Acadêmico Honorário, em 12 de dezembro de 1997, da Acadamia Cearense de Odontologia.
Depois de uma vida de intensa doação, Aníbal Viana de Figueiredo faleceu no Crato, no dia 18 de maio de 2006, aos 84 anos de idade, de insuficiência renal aguda, sendo sepultado no cemitério local, com grande participação e homenagens de autoridade e do povo cratense. Viveu e morreu na simplicidade, deixando uma imensa saudade.
Aníbal Viana de Figueiredo foi e continuará sendo, para o povo de sua cidade, um referencial de profissional, homem e cidadão que contribuiu para o engrandecimento da história da sua terra .

Sala das Sessões, em 10 de abril de 2007.

Anônimo disse...

Homenagem justa. Dr Anibal foi um homem que muito enobreceu a nossa Crato.
conheci-o menino lá pelos idos do Lameiro, onde ele morou com sua família. Lembro-me de uma festa em que se via e ouvia o encanto musical dos Irmãos Aniceto, a dançar e tocar pelos terreiros, desviando-se dos tunéis de cerveja gelada com barras de gelo, vindas lá do Bar Social, de Geraldo Magela Bezerra, que estava presente. Vi ali o eminente Figueiredo Filho e outros elustres intelectuais cratenses.
Foi ele que extraiu quase todos os meus dentes. Subia uma escada pela rua Bárbara de Alencar, e dava com um consultório cheirando a hospital, um rádio ligado diuturnamente na Rádio Educadora e um homem de branco, baixo, sorridente e cordial. A ele entregava toda a minha sorte, como ainda hoje o fazem os medrosos pacientes dos dentistas da vida...
A lembrança é de uma família consagrada pela sagração amorosa do casal Dr Aníbal e D. Maria Eneida.
Lembro de Zé Ricardo e Luiz
Alberto jogando bola de batina, dois seminaristas.
Lembro de uma fase áurea de minha vida em que muitos me ajudaram, seja pelo exemplo ou pelo apoio direto, e hoje eu sou imensamente grato a todos. E um deles é o eminente cirurgião dentista Dr. Aníbal Viana de Figueiredo, a quem sua filha Magali lhe presta calorosa homenagem.

Armando Rafael disse...

Grande Zenilton,
Como sempre, interessante o seu comentário.
Você coloca na escrita cenas presenciadas e sentimentos vividos ao tempo de menino – perspicaz e malino – que pervagava pelo Lameiro, local paradisíaco, com seus “sítios de águas soluçantes e árvores acolhedoras” como bem definiu o poeta Gonçalves Dias, ao final de uma temporada em Crato – em 1859, para ser mais preciso – como integrante da “Commissão Scientífica de Exploração” (segundo a grafia da época).
Bonito quando você recorda uma cena da vida de Dr.Aníbal e a repassa, usando a primeira pessoa, com simplicidade e autenticidade. A ver:

“Lembro-me de uma festa em que se via e ouvia o encanto musical dos Irmãos Aniceto, a dançar e tocar pelos terreiros, desviando-se dos tonéis de cerveja gelada com barras de gelo, vindas lá do Bar Social, de Geraldo Magela Bezerra, que estava presente”.

Sua prodigiosa memória de criança já remetia ao artista talentoso e ao mestre em Antropologia de hoje (ao autor da tese “A (Con)Sagração da Vida”, na qual resgata a formação das comunidades de pequenos agricultores da Chapada do Araripe).
Mas, ao lado de tudo isso, você nunca deixou de ser, sobretudo, o “Dedé”. O lameirense estimado por seus contemporâneos e amigos mais recentes, dentre os quais tenho a honra de me incluir.
Grande abraço,

Anônimo disse...

Armando Rafael,
Fiquei muito agradecida por você ter postado esta minha simples homenagem ao meu pai, aqui no CaririCult. Acrescentou a biografia o que enriqueceu muito o meu depoimento. Mais uma vez Obrigada. Um grande abraço para você e Yeda.

Magali

Anônimo disse...

José Nilton,
Suas gentis palavras muito me alegraram e me fizeram recordar o passado.

Abraços para você e Cristina

Magali

Carlos Eduardo Esmeraldo disse...

Prezado amigo Armando Rafael
Para nós foi uma agradável surpresa você ter dado a conhecer aos leitores do CaririCult essa merecida homenagem que Magali fez ao Dr. Aníbal. Ele foi um homem a quem convivi de perto e, observava o quanto o povo do Crato lhe queria bem e o tinha em elevado conceito. Acredito que se ele tivesse se candidatado a Prefeito da nossa cidade, teria obtido consagradora vitória. Aliás, a única vez que ele se meteu em política, foi no cargo de vice-prefeito, ano em que o Sr. Pedro Felício foi eleito pela primeira vez. Naquela época o vice-prefeito era votado separadamente do prefeito e o Dr. Aníbal teve uma grande maioria. Lembro que o meu pai havia se desligado da UDN e se candidatou a prefeito pelo PRP, não tinha candidato a vice-prefeito e mandava seus eleitores votarem no Dr. Aníbal, de quem era grande amigo. O meu sogro lamentava muito meu pai não ter podido ver seu filho casado com uma de suas filhas. Dizia: Zésmeraldo iria ficar muito satisfeito. Pode crer, que ficou! Um grande abraço.