Eu, receptador do pecado alheio,
Cúmplice do gozo efêmero,
Co-autor consciente de inúmeras copulações,
Réu confesso do beijo, da arte e dos vôos para o nada.
Incentivador dos "vaga-mundos" e das "vaga-dias"
Repouso a mente cansada deste mundo do ter
No ventre das meretrizes que nada me cobram.
Deito aqui sobre o chão neste réquiem que vela
Minhas utopias vivíssimas, as lágrimas em virtude
Dos que não pude salvar.
Aqui choro, ao vê-los mortos, zumbis de sua própria exisistêcia... de terno, e gravata voraz, violenta, atando o pescoço do infame.
De cadernos nos seios, passos de colibri, a mente um Saara, um Saara.
Perdoa-me Deus, estes não pude salva-los!
Um comentário:
O Sávio não incorporou um Eu coletivo como parece que ocorre ao primeiro olhar. Na verdade ele como fecha seu cântico com incorporação da revolução que prometia e não entregrou, podia e não foi. Lembra um pouco aqueles versos do Belchior sobre a juventude igual aos nossos pais.
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