
foto Arquivo NV
Recentemente, no programa que a TV Cultura dedicou ao louco e importantíssimo ano de 1968, o maestro Júlio Medaglia deu um depoimento que não confere com os fatos: ao defender o Tropicalismo e as conseqüências comportamentais que o movimento trouxe, disse que "Geraldo Vandré e suas canções de protesto não incomodaram o governo militar. Vandré nem foi preso. Já Caetano e Gil o foram".
Não foi bem assim, caro maestro. Sabe-se que a ditadura perseguiu tudo que vinha pela frente: tropicalistas, música popular brasileira, cinema, teatro, tudo que viesse caminhando e cantando em sentido contrário. Até os chamados cantores bregas sofreram nas costas de suas canções ingênuas e sinceras a peia dos generais de plantão. Vide o livro "Eu não sou cachorro, não", de Paulo César de Araújo.
Voltando a Vandré, o crítico de cinema Leon Cakoff, que trabalhou com o compositor paraibano, conta que ouviu de Caetano Veloso o testemunho de que os militares procuravam Vandré nas escolas, nas ruas, campos, construções, sem trégua, doidos pra esganá-lo.
Mais: o jornalista Enock Byron de Quevedo, que serviu ao Exército em Brasília, lá pelo final dos anos 60, relata que no quartel era ensinada uma outra lição: a letra de "Pra não dizer que não falei de flores", era colocada em grandes cartazes para os soldados armados, amados ou não, e desmentida categoricamente, verso a verso, em seu mais forte refrão.
Geraldo Vandré só não foi preso mesmo porque a família de Guimarães Rosa o escondeu em sua casa, no Rio de Janeiro. De lá fugiu para o Uruguai.
4 comentários:
Pois eu sempre pensei que Vandré tinha sido preso e torturado.
Tem uma estória de que ele foi preso quando do seu retorno ao Brasil e que foi torturado - de olhos vendados era ameaçado ser jogado de uma janela para fora de um edifício do Doi-Codi/Dops em São Paulo - e por isso mesmo ficou meio louco e até hoje se mantem alienado. Estórias de um lado e o outro podem ser minizadas ou valorizas. Vide o episódio das gurrilhas no Araguaia! Quants vrsões?
Salatiel, essa estória da tortura, olhos vendados, também conhecimento. Numa pesquisa que fiz pra um filme, descobri diversas estória que ficam entre a realidade e a lenda, nunca há uma coisa precisa, muito menos do Vandré, que se nega a falar sobre o assunto, e quando fala é de maneira confusa.
O mesmo acontece com a guerilha do Araguaia, outro trabalho que tô desenvolvendo pra documentário.
corrigindo o comentário acima: "tomei conhecimento", "diversas estórias".
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