TRIPULANTES DESTA MESMA NAVE

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Zombaria e catarse

Por Maurício Tavares
Lendo a "A arte de ler" tendo a concordar que só se justifica criticar um mau autor quando ele desfruta da graça de todos e, consequentemente, é um erro público a ser retificado. Émile Faguet, autor do livro citado, acredita que falar mal da lietratura ruim (romance, poesia etc.) serve como catarse. "A catarse é a arte de se livrar, sem riscos, de um sentimento que poderia ser nocivo, de se purgar de tal modo que ele não subsista em nós para nos torturar, ou que se manifeste de modo ruim e funesto". A zombaria exercida sobre obras ruins é uma catarse. Exercendo-a nós ficamos satisfeitos, e não temos mais necessidade, talvez, de exercê-la sobre as pessoas. "É uma válvula de segurança. É a parte do fogo. A perversidade recebeu seu alimento; ela se acalma, se apazigua e não mais nos entusiasma".
Sou completamente favoravel a tese de que não se deve zombar de pessoas humildes que não pretendem ser o que não são. É muito mesquinho chutar cachorro morto. Mas aquele "bonito do bairro", aquele cara cafona acostumado a ser cortejado pelas menininhas da rua, quando se arvora a dominar territórios maiores do que as suas qualidades precisa ser detido. No fundo é um bem que se faz principalmente a ele. Ele pode evitar de se expor a rídiculos maiores.
Sempre fui capaz de tomar café com as pessoas de quem critiquei a obra. Escrever mal com a ilusão de que se escreve bem é uma fraqueza muito mais comum do que se imagina. Pena que elas só consigam tomar café com os amigos e os bajuladores. Talvez ser a bonita do bairro seja suficiente para talentos desse porte.

4 comentários:

Anônimo disse...

É uma pena que nem todos tenham sensibilidade suficiente para sentir-se "aconselhados" neste sentido.

Marta F. disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Marta F. disse...

Continuas mau, para o bem.

A borda é um ótimo lugar também.
Gozou na catarse? Que bom. Eu tive um gôzo invertido, tipo masô, tudo pelo princípio da qualidade.
O texto achei meio cruel, seu tipo, mas vi que tentou aliviar...
beijão, querido.

Maurício Tavares disse...

martinha
morder e assoprar é o meu lema!e todo sádico é masoquista, não se sinta invertida!