Luiz Carlos Salatiel é um dos mais importantes, atuantes e influentes artistas do cenário cultural cearense. Nado e criado no Cariri cearense, é desse solo, onde estão fincadas suas raízes familiares e culturais, que ele cria, recria, inova, revigora e vanguardiza sua arte extraída das entranhas multiculturais do povo cariri.
Cantor, compositor, ator de teatro e cinema, poeta,
comunicador, militante e produtor cultural desde os anos de 1970, fazendo ainda
incursões esporádicas no campo das artes plásticas e gráficas.
Iniciou sua carreira artística já no final dos anos de 1960
como “crooner” da banda de baile The Hunters, de Juazeiro do Norte.
Viveu intensamente os anos sessenta e setenta, antenado nas
revoluções musicais (ouvia Beatles, Rollingstone, Jimmy Hendrix, Jane Joplin,
Luiz Gonzaga e iniciou o gosto pela música cubana e caribenha... acompanhou
daqui os ecos do Festival de Woodstock), feminina ( fazia eco aos
revolucionários apelos de Bette Friedman em favor da libertação da mulher),
estudantil ( maio de 1968 na Europa e seus desdobramentos no Brasil e no mundo)
e, principalmente, foi um fiel admirador da contracultura hippie.
Achamos mesmo que Luiz Salatiel encarnou todas as
determinações que criaram um novo mundo e suas múltiplas tendências, pela
permanência dos fartos cabelos e barba, sem falar no modo de se vestir, sempre
solto e descompromissado, que muito o destaca na seara humana e cultural desses
Cariris.
Ao longo da década de 1970, Luiz Carlos Salatiel desponta,
enfim, para toda região, como vencedor de vários festivais da canção, que
aconteceram em Crato. Simultaneamente, participou do Grupo de Artes “Por
Exemplo”, ao lado de Rosemberg Cariry, Cleivan Paiva, Jackson Bantim, Jefferson
Júnior e outros, movimento cultural que sacudiu a cena local com a publicação
de antologias de poesia e conto. O ponto alto de sua inquietação cultural foi a
promoção do histórico Salão de Outubro. Esse acontecimento chamou a atenção do
mundo cearense e selou o Crato como “capital da cultura”.
Ainda na década de 1970, participou como cinegrafista e
produtor de vários projetos cinematográficos realizados na região, a exemplo de
um documentário sobre Patativa do Assaré. Como ator, em 1992, fez papel de
destaque no Filme “Corisco e Dadá”, do premiado cineasta caririense Rosenberg
Cariry.
Obrigado a migrar para outros centros urbanos, como Recife,
Fortaleza, São Paulo e Rio de Janeiro,- Salatiel, não obstante, sempre se
manteve conectado com o que acontecia no Cariri. No final dos anos de 1970 e
início dos anos de 1980, foi um dos fundadores e principais colaboradores do
jornal Nação Cariri, que além de editar o referido periódico, editou discos,
filmes e livros, e promoveu diversos eventos artísticos de integração dos
artistas do Cariri com artistas de outras regiões.
Retornando ao Cariri, em meados dos anos de 1980, Salatiel
integrou-se de corpo e alma ao movimento cultural que se desenvolveu em torno
do Jornal Folha de Piqui. Apresentou o hoje lendário programa radiofônico Terra
Brasilis e fundou a OCA - Officinas de Cultura e Artes & Produtos Derivados
– responsável dentre outras realizações, pela gravação e edição de Avallon,
primeiro disco do cantor e compositor cratense Abidoral Jamacaru.
Nos últimos vinte anos, Salatiel mantém-se incansável na sua
militância cultural, mas com o diferencial de ter retornado aos palcos, atuando
em eventos musicais e teatrais, a exemplo dos shows “Soy Loco por ti América
Latina” e “Contemporâneo.” Eeste último tendo como base o repertório do disco
homônimo que lançou em meados desta década.
Este homem de muitas faces e produto de muitas fazes é um
exemplo de generosidade e de desprendimento. Debaixo dos caracóis de seus
cabelos há uma cabeça voltada para viver a vida, mas, com responsabilidade.
Foi, por muitos anos, um exemplo de servidor público, exercendo destacadas
funções no Banco do Brasil.
5 comentários:
Eu estava mesmo precisando de um carinho fraternal de um desses muitos amigos que estão sempre bem guardados no meu coração.
Mestre anjo Rafael
Me botou para falar
Do grande Salatiel
Gostei muito, Rafael.
E Luís é São Luís
Como eu sou São José.
Somos três seres de luz?...
Zé Nilton buscou resumir em algumas linhas um dos maiores nomes da Cultura no Cariri. E fê-lo com aquele preciosismo que lhe é peculiar. Salatiel é um ícone. Toda uma vida dedicada religiosamente à Arte nas suas mais variadas facetas : Teatro, Poesia, Música, Cinema, Plásticas, Literatura.Assumiu isso como um sacerdócio, uma predestinação quase que profética. Trabalha pelo tesão, por simples prazer estético. A arte que entre nós tem tantos e tantos missionários, em Salatiel tem a sua Carmelita Descalça. Para mim, Salatiel é a mais importante personagem das artes no Cariri nos últimos cinquenta anos.
Zé Nilton buscou resumir em algumas linhas um dos maiores nomes da Cultura no Cariri. E fê-lo com aquele preciosismo que lhe é peculiar. Salatiel é um ícone. Toda uma vida dedicada religiosamente à Arte nas suas mais variadas facetas : Teatro, Poesia, Música, Cinema, Plásticas, Literatura.Assumiu isso como um sacerdócio, uma predestinação quase que profética. Trabalha pelo tesão, por simples prazer estético. A arte que entre nós tem tantos e tantos missionários, em Salatiel tem a sua Carmelita Descalça. Para mim, Salatiel é a mais importante personagem das artes no Cariri nos últimos cinquenta anos.
Eu sou suspeito pra comentar qualquer coisa, pois Salatiel é como um "irmão mais velho" pra m mim.
Postar um comentário