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"Vivemos uma época na qual, segundo Lévinas, o ontem agoniza e o amanhã balbucia; uma época que se caracteriza fundamentalmente por transições, translocações, desvios, complexidades, em resposta à crise de fundamentos, de alicerces e de representações que estamos experimentando, pelo menos desde fins do Século XIX. Eu chamo o Século XX, em termos culturais, de século da descoberta radical da temporalidade, em todos os níveis: após a falência das representações e totalidades pretensas de sentido, trmos de nos voltar incisivamente ao propriamente essencial -- a vida em todas suas facetas -- se quisermos sobreviver a graves situações socio-ecológicas que nós mesmos gestamos.
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Mas há que se fazer uma destinção clara: temporalidade -- a emergência do novo, do inusitado, do outro, enfim, em nada se confunde com cronologia, com a vontade de ordenação do que é, em última análise, não ordenável. Trata-se, portanto,de uma era de desconstrução do fixo e de desordenação das lógicas de rigidez mental. Neste sentido -- e aí só os experts no assunto podem asseverar se minha suspeita tem algum fundamento -- os novos parâmetros da ciência contemporânea, ao abrirem determinados âmbitos de imponderabilidade, de variabilidade não-(pré)visível, acabam por materializar, na exploração do empírico e na consequente elaboração de hipóteses e teorias tradicionais, por se articular com esta transformação, em última análise, de nossa prórpia concepção do real."Ricardo Timm de Souza
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